Tecendo a crítica
A crítica literária foi um dos primeiros tipos que surgiram com o propósito de analisar obras como livros, romances, poesia, entre outras manifestações literárias. Ela se dá na medida em que autores consagrados fazem a crítica de seus colegas ou as suas próprias como aconteceu com Victor Hugo, Zola e Machado de Assis.
Assim sendo, crítico literário,- existem outros críticos: como de cinema, teatro etc- então, passa a ser o profissional que avalia, julga, investiga e comenta as obras literárias. Para que isso aconteça é necessário todo um preparo técnico e o conhecimento das diversas escolas e estilos. É preciso saber avaliar a obra, a criação, sem pretender tecer um quadro psicológico do autor. Todavia, é na subjetividade que se desvenda a posição filosófica, política e cultural do autor.
Face à obra, podemos obter as informações biográficas, as considerações históricas sobre a situação sócio-política do momento, a sociedade, o pensamento dos intelectuais. Podemos dizer que, muitas vezes, trata-se de um verdadeiro "garimpo".
Não é à toa que os críticos sejam, na maioria das vezes, mal vistos, criticados com dureza e incluídos em um dos tipos de críticos: os pretensos críticos (que esporadicamente tecem alguma crítica), os escritores/teóricos, aqueles que metodicamente se voltam ao estudo das criações literárias, e aqueles que nunca se aventuraram no ramo da crítica e não aceitam nenhuma intromissão na sua obra.
É bem certo que ainda existe a crítica do elogio mútuo, a crítica mais emocional do que criteriosa e a dos "desmancha-prazeres".
Entretanto, em crítica literária, não devemos ter a pretensão de saber todas as respostas ao texto/obra inquiridos - o importante é possuir uma intuição correta acerca dessas respostas.

O importante é que ao fazer a crítica, através de uma análise criteriosa e investigativa, podemos compreender os textos, tanto literários como técnicos, identificando os elementos críticos e teóricos, comentando e se posicionando criticamente acerca das diferentes correntes teóricas e as características inerentes a cada um dos gêneros textuais.

Podemos dizer que não é uma tarefa fácil. O caminho é árduo e requer muita dedicação e persistência.

Porém, o assunto que me trouxe a essa argumentação, trata-se de pseudo-escritores. E aqui, peço perdão pela expressão que muitos julgarão pejorativa, mas a cada dia mais encontramos pessoas aventurando-se no campo das letras. Escrever é bom, é um exercício, que, somado ao contínuo estudo, ao feedback, à auto-crítica, com certeza vai levar ao crescimento como um todo, à apropriação de conceitos, domínio de vocabulário, entre outras vantagens.

E aqui temos uma palavra-chave: Domínio do vocabulário. Ao nos aventurarmos pelo caminho da criação literária, é obrigatório que tenhamos ao alcance das mãos e olhos, um bom e velho dicionário.
Entre uma e outra pérola da internet, sem nenhum preconceito, até porque encontramos bons textos, artigos e referências nela, há um texto de um escritor, professor de literatura, pós-graduado em crítica literária, onde faz uma apologia ao próprio trabalho desempenhado junto a alunos. O texto entre outras coisas manifesta-se contra "textos de auto-ajuda", mas é, deploravelmente e pateticamente, um texto de auto-piedade. Entre um e outro escorregão literário, emprega erroneamente a palavra "parca"- substantivo feminino que designa um tipo de vestimenta/ ou na mitologia: Cada uma das três divindades que presidiam à duração da vida. O sentido empregado pretendia ser o da pequenez, ou do minimalismo, o que significa total desconhecimento da língua. Nesse caso, o melhor é não arriscar. Na dúvida, é melhor não empregar o termo do que pecar pelo uso inadequado.

Fazendo a crítica, sugiro que o autor reveja o tom se não de auto-ajuda, mas de auto-piedade, indescritivelmente patético, lamurioso e humilhante ao extremo. Coroa essa "pérola" com depoimentos enaltecedores a sua excelentíssima pessoa... Talvez fosse melhor na fluência de versos e não devesse aventurar-se na prosa. Discurso inócuo e indigno de um profissional.

Pode ter a ver com o público ao qual foi direcionado o texto, sem muita erudição ou preocupação literária, mas convenhamos, temos uma obrigação com os leitores: Oferecer material de boa qualidade, afinal, escritores, teóricos, estudiosos ou pretensos literários, são formadores de opinião.

É... Trabalho árduo o de um crítico!