Pyotr Il'yich Tchaikovsky, nasceu no dia 7 de maio de 1840, em Kansko-Votkinsk, cidadela as margens do rio Volga. Menino frágil, entrava em crises nervosas por qualquer coisa. Mesmo com dotes músicais sendo revelados durante sua infância, foi mantido afastado da educação músical por seus pais devido a sua extrema fragilidade.

Filho do segundo casamento do engenheiro viúvo, pai de Zinaida, Ilya Petrovitch Tchaikovsky, que casou-se com Alexandra Andreivna dAssier, em 1833. Alexandra, de origem francesa, considerada muito bonita e de postura majestosa, teve com Ilya seis filhos: Nicolau, Pietr, o compositor, Alexandra, Hipólito e os gêmeos Anatólio e Modesto.

A governanta da família, que teve um convívio muito próximo ao músico durante 1844 a 1848, dizia que ele era uma criança extremamente irritadiça e facilmente levada ao desespero, e que ele jamais teria condições reais de crescer como um adulto mentalmente saudável.

A morte de sua mãe, quando ele tinha 14 anos, e a morte do filho de um amigo da família que contraiu escarlatina do compositor, foram provavelmente os 2 pontos mais cruciais na vida de Pyotr Il'yich. O fascínio por sua genitora de forma quase doentia e o sentimento de culpa em relação à morte do menino de 5 anos foram fantasmas que o acompanharam durante toda a vida.

Em 1848, a família Tchaikovsky foi morar em Moscou, onde ao mesmo tempo em que o compositor se sentia desnorteado, pois nada mais era do que um jovem camponês, ele teve a chance de começar a explorar seus dons músicais e a ter aulas de piano com um pianista profissional.

Poucos anos depois, o jovem Tchaikovsky, seguindo recomendação familiar, foi estudar em São Petersburgo para ser advogado. O compositor nunca parou de estudar música. Mesmo sendo considerado por seus professores como um aluno dotado de talento, ele era visto como um bom músico, porém sem o dom da genialidade e muitas vezes suas composições chegavam a beirar mediocridade.

Tchaikovsky tentou a carreira de burocrata, em 1859 quando se formou em direito, porém não foi muito bem sucedido nesta, tornando-se um péssimo funcionário, calado, descontente e desprezado pelos colegas de trabalho. Meses após entrar na escola oficial de música na Rússia, Tchaikovsky decide largar a carreira burocrática e abraçar sua carreira músical.

Foi nessa época que o jovem compositor se deparou com o que seria um fator marcante pelo resto de sua vida: a questão sobre a própria sexualidade.

Por muito tempo o jovem compositor tentou afirmar a sua masculinidade, convencendo a si mesmo que tinha encontrado o amor de sua vida, fato que aconteceu em centenas de ocasiões, onde geralmente no primeiro encontro ele faria declarações poéticas de amor, tornando-se chacota pública dos locais que freqüentava. 

Financeiramente, a vida do compositor se tornou claramente instável. Vivendo de aulas particulares e acompanhamento músical para cantores medíocres, ele compôs poucas peças e material que, segundo críticos, era de pouca qualidade.

Mesmo sendo considerado como um compositor sem o brilho necessário para se chagar ao estrelato, Tchaikovsky é convidado para dar aulas de música na segunda sede da escola de música de Moscou.

Com o apoio de Nikolai Rubinstein, o trabalho do músico começa ser mais bem aceito pela sociedade, o que ajuda o compositor a levantar seu ânimo e sair do que seria uma de suas primeiras crises de depressão.

Ao começar a compor o que seria a sua sinfonia número 1, Tchaikovsky, devido a um bloqueio mental que o impedia de terminar a obra entra em uma profunda crise emocional, que o leva a beira da loucura. Ele é proibido por seu médico de compor, tocar e qualquer outro contato com música.

Em 1867 ele finalmente conclui sua primeira sinfonia e a composição de uma ópera, Voievode, que foi um fracasso de público e de critica. Desesperado e tomado por um ataque de cólera, o compositor destrói todo o material em sua posse relacionado com a ópera. Aliás, uma das características marcantes de Tchaikovsky era que ele costumava destruir várias de suas obras caso elas recebessem críticas desfavoráveis, especialmente de Rubinstein. Das obras destruídas por ele, podemos citar, como exemplo, a sinfonia número 2 e o concerto para piano e orquestra número 4.

Talvez um dos maiores problemas que o autor tenha passado músicalmente é que, devido a sua admiração excessiva por compositores ocidentais (Mozart, Weber, Schumann e vários outros), seu estilo de composição sofreu com a critica de não utilizar como inspiração temas de importância para a Rússia, que historicamente passava por uma época de patriotismo extremo.

Devido a sinfonias poéticas e bem trabalhadas, os intelectuais russos de 1870-1890 tiveram que reconhecer o talento e a criatividade do compositor, aceitando a sua mistura de elementos italianos, franceses e russos e as considerando como ao apogeu do romantismo, devido aos seus traços de extrema sensibilidade e melancolia.

Hoje em dia, Tchaikovsky é considerado além de muitíssimo popular, como a expressão perfeita da mais autêntica alma da música Russa, sendo ele reconhecido como um dos maiores e mais famosos compositores do período romântico.

É claro que não faltam opiniões sobre seus trabalhos. Alguns  dizem que o compositor não tinha talento suficiente. Outros dizem que ele era medíocre, que sua música é muito floreada. Porém, por ter criado música acessível ao gosto público e, com suas composições, ter trazido aos palcos a beleza dos contos de fada, como se fossem parte da sua confissão ao mundo inteiro de sua mente repleta de sonhos, esse compositor deixou o seu nome marcado na história para sempre.

A vida pessoal do compositor é matéria para muita controvérsia, devido a sua escolha sexual. Em 1868, em mais uma tentativa de firmar-se perante a sociedade como heterossexual, ele resolve transformar sua admiração pela cantora Désirée Artot em um pedido de casamento. Ela não aceita o pedido e um mês depois, se casa com um cantor espanhol.

Mesmo com seu reconhecimento internacional (o compositor foi quem, em 1891, inaugurou o Carnegie Hall em Nova Iorque) e turnês por toda a Europa, Tchaikovsky ainda sim lutava contra a sua natureza e tentava a todos os custos manter as aparências de heterossexual, chegando ao ponto de se casar com Antonina Ivanovna Miliukova, que era uma de suas alunas.

Em relação à aparência física, Antonina era muito bem dotada, porém o além de sua inteligência ser tanto quanto limitada à escolhida do compositor, ela era megalomaníaca, fato que não afetava Tchaikovsky. O detalhe de que a moçoila já havia tentado se casar antes com homens que geralmente eram ricos e famosos e que sua reputação era de ninfomaníaca, teve um impacto extremo na vida do compositor, que tentou cometer suicídio algumas semanas após seu enlace.

A tentativa de suicídio foi em vão, porém o músico passou dois dias em coma. Seu quadro clínico apontava depressão violenta. O médico do compositor fez com que ele mudasse de casa e recomeça se sua vida.

No ano de 1876, a milionária Nadejda Von Meck, que era fã dos trabalhos do compositor, tornou-se sua protetora. A única condição imposta por ela é que os dois jamais se encontrariam e só manteriam contato através de correspondência.

Porém essa troca de confissões íntimas fez com que Nadejda se apaixonasse pelo compositor, que por seu lado encontrou nessa mulher a figura materna que ele tanto procurava. Por 14 anos os dois se corresponderam e, de certa forma, criaram o que se pode chamar hoje de um amor virtual. Devido a intrigas e fofocas sobre o caráter de Tchaikovsky, a viúva decide acabar com o pseudo-romance e com o envio de dinheiro ao compositor.

Financeiramente, Tchaikovsky não ficou abalado, pois ele na época já era reconhecido e estava ganhando muitíssimo bem. Emocionalmente, o compositor ficou acabado, foi para ele como se tivesse perdido sua mãe pela segunda vez.

Por causa de sua preferência sexual, Tchaikovsky passou a sua vida inteira se escondendo de si mesmo. Lutando contra culpa e desejo, passou por fases de alcoolismo e depressão. O tímido compositor se tornou em um homem solitário, recluso. Seu segredo era contado todas as noites em suas obras, ato após ato.

Devido a sua condição que era tida como anormal, ele possivelmente seria condenado ao exílio na Sibéria. Homossexuais eram vistos como aberração da natureza, homens que iam contra as leis divinas, entregando-se a outros homens. Um homem que criou beleza, que mesmo vivendo uma vida cheia de obstáculos conseguiu deixar um mundo encantado como herança para o resto do mundo.

Tchaikovsky foi também critico músical para o Russikye Vedomosti, que o levou ao primeiro festival de Bayreuth em 1876. Neste festival ele fez declarações que geraram mais do que polêmica ao redor de seu nome: trouxeram para a sua vida, já bem conturbada, mais problemas, algumas de suas declarações foram:

·   A música de Wagner não querem dizer nada para mim

·   Brahms também não me impressiona O fato de que sua mediocridade e presunção como compositor e músico são vistas como genialidade, me deixam furioso.

·   Beethoven produziu alguns trabalhos maravilhosos

·   Mozart foi um Cristo músical

O final da vida do compositor é rodeado por teorias. Ele faleceu no dia 25 de outubro de 1893, supostamente por ter contraído cólera ao tomar um copo de água contaminada. Porém, existem rumores de que a doença foi usada apenas como desculpa para encobrir um forçado suicídio, ou até um suicídio autêntico, uma vez que o compositor sofria de períodos de depressão extrema.

O forçado suicídio, que é a hipótese que mais agrada aos Russos, poderia ser por 2 motivos:

1) Ele teria tido um caso com um membro da família Romanov, e por isso uma suposta corte teria ordenado que ele cometesse suicídio.

2) Seus colegas da faculdade de direito, para defender a virilidade do grupo e a honra da profissão, teriam chamado Tchaikovsky para uma conversa privada com duração de cinco horas, levando o compositor a entrar em uma crise de agonia e vergonha o que o levou a cometer suicídio, com o uso de arsênico.

Nada muda o fato de que durante anos de sua vida, Tchaikovsky foi atormentado pelo fato de ser diferente, de não caber dentro de um universo que foi reinventado usando como protagonistas Adão e Eva, uma história que não é nem merecedora de uma sinfonia. Ele viveu em agonia devido ao conflito entre seu corpo e sua mente, tentando mudar sua natureza e sufocar o que achava ser seu pior inimigo: ele mesmo.

O caso de Tchaikovsky não é um caso isolado e nem extinto. Ainda hoje, nós membros da modernidade, julgamos e condenamos indivíduos a usarem rótulos. Rótulos muito pesados para serem denominados por pessoas sem preparo ou total conhecimento de causa, se é que existem pessoas que possam determinar a rotulação de outro ser. Essas pobres denominações nos levam de encontro com o passado medieval e nos afastam de um futuro que tem tantas chances de ser promissor.

Talvez um dia ainda vá existir uma sociedade que não impõe arsênico como cura para o que não consegue entender. Uma sociedade aonde a beleza exista, como forma de expressão e seja apreciada independentemente da existência de sacrifícios. Quem sabe um dia nós iremos aprender que é possível enxergar com os olhos fechados, desde que se deixe a mente aberta.

Para terminar essa pequena biografia deste compositor, que pode não ter sido um dos maiores gênios da música, porém com suas composições fez muitos de nós rirmos ou chorarmos, sem nada pedir em troca, eu escolhi combinar dois trechos de cartas que ele enviou para o seu sobrinho, segundo filho de sua irmã, e provavelmente o grande amor de sua vida:

Eu te escrevo com um prazer imenso. A idéia de que esse papel vai ser tocado pelas tuas mãos, enche meu coração de alegria e meus olhos de lágrimas. Não te parece curioso que eu extraia prazer em infligir tanta dor a mim mesmo?.

Não te vejo como uma mala vazia. Existe uma imensidão dentro de você, que toda via segue em desordem, vai levar tempo para que aches o que te é importante. Porém não adianta preocupaste. Tudo sempre se resolve. Aproveite a tua mocidade e aprenda há apreciar o tempo; Quanto mais vivo mais assustado fico com a falta dos momentos decepados e não aproveitados que deixei escapar. Essa frase sem sentido não deve ser lida como nada mais que um conselho, leia tanto quanto for possível. Você tem o dom de assimilar o que lê, em outras palavras, não te esqueces do que leu, apenas guarda a informação obtida até que precises dela. Em meu caso, não existe um local no qual dentro da minha mente eu guarde memórias. Para ser honesto, eu não guardo nenhuma.

Sobre a suíte quebra-nozes:

Ao contrário do que se pensa, desenvolver esse maravilhoso ballet não foi aceito por Tchaikovsky como s braços abertos. Em 1891, a comissão do teatro de São Petersburgo contratou o compositor para escrever uma opera de apenas um ato, que pudesse ser apresentada com um corpo de bailarinos para a próxima temporada do teatro.

A direção do teatro aceitou o tema proposto por Tchaikovsky, porém escolheram a adaptação francesa de Alexandre Dumas para ser usada ao invés da fábula original escrita por E.T.A. Hoffman, O quebra-nozes e o rei dos ratos.

Tchaikovsky não estava nada contente com essa escolha. Ele preferia usar a história original, que era mais forte e marcante, do que a adaptada por Dumas. Os historiadores ligados à área de dança dizem que, quando Marius Petipa percebeu que a montagem seria um fracasso, ele pediu para sair de licença médica, deixando seu assistente em seu lugar, Leon Ivanov. Porém o crédito do espetáculo é dado a ambos em conjunto.

Na primeira apresentação do espetáculo, os críticos não foram nada generosos, dizendo que pior que o ballet somente a música. Isso não impediu que o espetáculo tivesse 18 apresentações.

A montagem se espalhou pelo mundo a fora, tomando várias formas e estilos de produção. Em  1928, na montagem de Fyodor Lopukhov,  o texto original de Hoffman foi utilizado e era recitado pelos bailarinos. A única coisa que permanece fiel a primeira montagem é a trilha sonora que foi criada por Tchaikovsky, que é reconhecida como uma das peças mais populares e famosas da música clássica. A versão resumida da suíte quebra-nozes é provavelmente a obra clássica mais gravada da história da música clássica, podendo até poder ser comparada a nível de popularidade com álbum Bad de Michael Jackson.

História tradicional do ballet quebra-nozes

A história se passa na Europa oriental em meados de 1800. O início da peça acontece durante uma festa de natal na casa do médico que também é prefeito da cidade. Uma árvore de natal enorme enfeita a sala de estar da casa. O médico tem dois filhos, Clara e Fritz. Todos esperam ansiosos a chegada dos convidados, a atmosfera é festiva e agradável.

O padrinho de Clara chega à festa em grande estilo. Relojoeiro e desenvolvedor de brinquedos, traz consigo maravilhosas bonecas do tamanho de pessoas de verdade que dançam sozinhas e deixam todos impressionados.

Todas as crianças recebem presentes do adorado Drosselmeyer, porém Clara se mostra enciumada com o presente ganho por seu irmão, e cobra de seu padrinho seu presente, que dá a menina uma ratinha com um bebê rato preso em seu avental. Fritz agora enciumado puxa e estraga o presente de Clara, que desconsolada recebe um segundo presente de seu padrinho, algo muito mais especial: um colorido boneco quebra-nozes em forma de soldado. Fritz mais uma vez arranca o presente de clara e acaba por quebrá-lo.

Mesmo após o quebra-nozes ter sido consertado pelo gentil cavalheiro, Clara continua triste, recusando-se a ouvir o que Drosselmeyer, seu padrinho, estava lhe dizendo, para que ela não se preocupasse que tudo acabaria bem.

Quando todos os convidados se retiram, Clara e seu Irmão são mandados para a cama, porém a menina preocupada com seu boneco volta à sala de estar e, com o boneco nos braços, ela adormece. Neste ponto é que a história realmente começa, dentro do sonho de Clara:

Acontece um ataque de roedores, comandados pelo rei dos ratos. O boneco quebra-nozes se transforma, e uma legião de soldados aparece para tentar defender Clara, porém o rei rato esta ganhando a batalha contra ele, até que Clara joga seu sapato no rei dos ratos e o derruba. Os soldados do rei rato pegam o corpo de seu líder do chão e saem correndo.

O príncipe-quebra nozes esta caído no chão, Clara gentilmente da um beijo nele. Quando esse beijo é dado, tudo se transforma, e o príncipe-quebra-nozes se transforma em um lindo príncipe.

O lindo príncipe leva Clara para conhecer a terra da neve, uma floresta encantada, dentro de um mundo mágico onde são recebidos por flocos de neves dançantes. Ele também leva Clara para conhecer a terra dos doces, local onde eles encontram a belíssima fada. Relatos da batalha contra o rei rato são feitos e a fada, para celebrar a vitória dos nossos heróis, presenteia a todos com uma festa de danças.

A primeira dança é a dança espanhola, seguida pela dança árabe. Logo após, uma série de bailarinos executam todas as outras danças, até chegar à dança final que é feita pela fada e pelo príncipe.

A história termina quando Clara acorda, abraçada com o seu boneco quebra-nozes embaixo da árvore de natal da sua sala de estar.

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