FACULDADE RIO SONO DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA COORDENAÇÃO TÉCNICA DE PÓS-GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA GRACILENE PRUDÊNCIA RODRIGUES ROSIVANE ROSÂNGELA DE SOUSA CAMARGO LEITURA E MOTIVAÇÃO: ESTRATÉGIAS DE INCENTIVO À LEITURA DE OBRAS LITERÁRIAS NO ENSINO MÉDIO PÚBLICO EM ITAITUBA ITAITUBA-PA 2012 GRACILENE PRUDENCIA RODRIGUES ROSIVANE ROSÂNGELA DE SOUSA CAMARGO LEITURA E MOTIVAÇÃO: ESTRATÉGIAS DE INCENTIVO À LEITURA DE OBRAS LITERÁRIAS NO ENSINO MÉDIO PÚBLICO EM ITAITUBA Artigo apresentado, à Faculdade Rio Sono como requisito parcial para conclusão do curso de Pós-graduação em Especialização Lato Sensu em Língua Portuguesa e Literatura. Orientador (a): Professor (a). ITAITUBA-PA 2012 ROSIVANE ROSÂNGELA DE SOUSA CAMARGO GRACILENE PRUDÊNCIA RODRIGUES LEITURA E MOTIVAÇÃO: ESTRATÉGIAS DE INCENTIVO À LEITURA DE OBRAS LITERÁRIAS NO ENSINO MÉDIO PÚBLICO EM ITAITUBA Artigo apresentado à banca examinadora à Faculdade Rio Sono, como requisito parcial para obtenção do titulo de Especialista em Língua Portuguesa e Literatura. Orientador (a): Professor (a) Aprovada em ____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Professor (a) Orientador (a) _________________________________________________ 2º Membro da Banca Examinadora _________________________________________________ 3º Membro da Banca Examinadora LEITURA E MOTIVAÇÃO: ESTRATÉGIAS DE INCENTIVO À LEITURA DE OBRAS LITERÁRIAS NO ENSINO MÉDIO PÚBLICO EM ITAITUBA Gracilene Prudência Rodrigues Rosivane Rosângela Castro de Sousa RESUMO A leitura é fundamental no processo de produção de conhecimento daí ser uma das habilidades essenciais a serem desenvolvidas no ser humano, sendo um ato que depende de incentivo e motivação. Este trabalho apresenta um estudo referente a leitura de obras literárias e as estratégias que facilitam a compreensão do texto. É imprescindível o desenvolvimento do processo de leitura por meio de estratégias para que os alunos tornem-se leitores críticos e cidadãos atuantes. As estratégias de leitura são habilidades utilizadas para propiciar a compreensão nos diversos tipos de leitura, e por serem flexíveis os leitores aplicam nas mais diferenciadas situações variando de acordo com o tipo de texto ou abordagem elaborada previamente pelo leitor. O presente artigo pretende analisar sobre as lacunas que a leitura deficitária de obras literárias tem deixado no Ensino Médio, além de formas metodológicas utilizadas sem efeito para esse fim. Analisar ainda estratégias de leitura elaboradas por especialistas na área que podem levar o aluno a fazer uma leitura proficiente capaz de analisar e interpretar textos literários em suas diversas dimensões: recursos de expressão, estrutura, relações entre forma e conteúdo, aspectos do estilo pessoal, contextualização histórico-cultural e tradição literária elementos esses responsáveis pela significação textual, visto que a maioria dos educandos tem concluído os estudos sem hábitos regulares de leitura. Palavras-chave: Leitura. Obras Literárias. Estratégias de leitura. Motivação. Ensino Médio. ABSTRACT Reading is fundamental in the process of knowledge production there to be one of the essential skills to be developed in humans, being an act that depends on incentive and motivation. This paper presents a study regarding the reading of literary and strategies that facilitate the understanding of the text. It is essential to the development of the reading process through strategies for students to become critical readers and active citizens. The reading strategies are used to provide ability to understand the various types of reading and for being flexible readers apply more different situations varying in accordance with the kind of text or approach developed previously by the reader. This article analyzes the gaps that the loss of literary reading has left in high school, and methodological forms used for this purpose without effect. To analyze further reading strategies developed by experts in the field that can lead the student to do a reading proficient able to analyze and interpret literary texts in their various dimensions: resources of expression, structure, relationships between form and content aspects of personal style, context cultural-historical and literary tradition these elements responsible for the textual meaning, since most students have completed their studies without regular reading habits. Keywords: Reading. Literary. Reading strategies. Motivation. High School. 1 INTRODUÇÃO A sociedade tem exigido cada vez mais que os discentes atualizem seus conhecimentos, busquem novas informações e sejam conscientes de seus direitos e deveres. Esses conhecimentos podem ser encontrados por meio da leitura, auxiliados pelo uso de novas tecnologias de informação e comunicação, possibilitando aos mesmos formar uma concepção de mundo e de si mesmo. Nesse processo de atualização de conhecimentos a educação deve ressaltar a leitura como meio de acesso a inclusão social e melhoria para sua formação, pois o seu sucesso só será garantido por meio do princípio da leitura. A leitura é uma das habilidades essenciais a serem desenvolvidas no ser humano e fundamental no processo de produção de conhecimento, além de ser um ato que depende de incentivo e motivação. Para tanto, é necessário que se desenvolva estratégias que auxiliem o aluno a tornar-se um leitor crítico e intertextual. Sendo que é a partir da leitura de mundo que o aluno pode compreender a realidade em que ele está inserido e chegar a importantes conclusões sobre o seu mundo e seus componentes. Assim, esta deve estar imbuída no resgate da cidadania, devolvendo-lhes a autoestima, visto que ao promover a integração social, estará desenvolvendo um olhar crítico e assim formar uma sociedade consciente. Como afirma Soares: (...) do ponto de vista da dimensão individual de letramento (a leitura como uma tecnologia), é um conjunto de habilidades linguísticas e psicológicas, que se estendem desde a habilidade de decodificar palavras escritas até a capacidade de compreender textos escritos. (...) refletir sobre o significado do que foi lido, tirando conclusões e fazendo julgamentos sobre o conteúdo. (SOARES, 2002, pp. 68-69) A leitura representa uma atividade de grande importância na vida acadêmica e social dos discentes. É através dela que os mesmos podem interagir e entender os fenômenos linguísticos e o mundo a sua volta, auxiliado por atividades que possam contribuir para o seu crescimento pessoal, permitindo-lhes realizar intervenções de forma ativa e crítica na sociedade. No entanto, em relação a leitura de textos literários dificilmente essa prática escolar é concretizada, mormente por concepções errôneas de leitura e de formação de leitores. Como afirma Vieira (2008), existem controvérsias em torno da formação do aluno leitor de literatura evidenciando ainda a necessidade de um letramento literário que leve o aluno não só a leitura de obras literárias, mas também a conhecer textos que tratam da literatura. A formação do aluno leitor de literatura é amplamente discutida, apontando-se a necessidade de um letramento literário que leve o jovem a não apenas ler obras literárias, mas também a conhecer textos que falem da literatura. (VIEIRA, 2008, p. 455). Desta forma busca-se compreender a complexidade da relação interação-estratégia-texto-leitura-leitor-autor no processo de construção de conhecimentos que vai desde conhecimentos lingüísticos ao conhecimento advindo do senso comum. Esse desafio de levar o aluno a ler, refletir, interagir, relacionar, questionar e etc., deve ser um trabalho desenvolvido conjunto entre professor e aluno, e ainda com apoio incondicional da rede de ensino, pois somente deste modo a educação terá sua função de fato efetivada. 2 LEITURA E MOTIVAÇÃO: Desenvolvendo habilidades A leitura é umas das principais habilidades a serem desenvolvidas em sala de aula pelo professor. Levar o aluno a raciocinar, interagir, compreender, analisar, inferir devem ser práticas constantes no momento de compreensão textual. Entretanto, o que tem predominado é a leitura de decodificação, como pode ser constatado e observado com muita facilidade nas salas de aula quando são propostas atividades analítico-discursivas e os alunos não conseguem dar-lhes solução. Em sua grande maioria esses discentes ficam impossibilitados de usufruir de sua vida escolar e sócio-cultural por conta das inúmeras dificuldades de leitura, seja literária ou não. A formação de alunos leitores é um dos principais objetivos do Ensino Médio, e o contato contínuo com textos literários atua de forma positiva para que esse objetivo seja atingido. Como ratifica Wiliam Cereja “o ensino de literatura não tem atingido os objetivos a que se propõe que é a formação de leitores competentes de textos literários ou não literários e a consolidação de hábitos de leitura” apontando assim para a necessidade de se rever as metodologias utilizadas a fim de garantir uma leitura proficiente. Segundo LEFFA (1999) a leitura é um processo de interação entre o leitor, autor e conhecimentos prévios. Esses elementos se modificam no processo de interação em função um do outro, uma vez que a leitura acarreta uma mudança em quem lê e consequentemente no mundo em que este interage. O que se pretende é descrever a leitura como um processo de interação. Parte-se do princípio de que para haver interação é necessário que haja pelo menos dois elementos e que esses elementos se relacionem de alguma maneira. No processo da leitura, por exemplo, esses elementos podem ser o leitor e o texto, o leitor e o autor, as fontes de conhecimento envolvidas na leitura, existentes na mente do leitor, como conhecimento de mundo e conhecimento lingüístico, ou ainda, o leitor e os outros leitores. (...) (LEFFA, 1999 p.2) Cabral (1986) afirma que a leitura passa por quatro etapas: decodificação, compreensão, interpretação e retenção. A autora explica cada uma dessas etapas assim, a saber: a primeira etapa é a decodificação que é a leitura superficial realizada na maioria das vezes apenas como identificação visual de sinais gráficos; a segunda é a compreensão que depende do tipo e do gênero textual, o assunto tratado no texto e a síntese das ideias do autor; a terceira a interpretação que ocorre quando se abstrai acontecimentos implícitos do texto; e por último a retenção que vem a ser o armazenamento das informações retidas na memória. Nessa fase final após a superação de todas as etapas é essencial que o discente realize comparações, analogias, compreenda o sentido de linguagens plurissignificativas, e principalmente aplique os conhecimentos em outros contextos por meio da intertextualidade, para que a partir disso elabore suas próprias concepções. Silva (2002) descreve alguns passos que tornam a leitura eficiente partindo do princípio de para desenvolver alunos autônomos, o professor não pode ficar restrito ao significado do texto por meio de roteiros, esquemas e resumos. Deve-se ir além desses aspectos, buscando a multiplicidade de sentidos através da aproximação do leitor com o texto. Uma vez que para o autor o campo de leitura do aluno se amplia quando este consegue abstrair o que está implícito no texto, completando funcionalmente o seu papel ao dar-lhe possibilidades de realizar diversas interpretações. "Compreender a mensagem, compreender-se na mensagem, compreender-se pela mensagem - eis aí os três propósitos fundamentais da leitura, que em muito ultrapassam quaisquer aspectos utilitaristas, ou meramente 'livrescos' da comunicação leitor-texto. Ler é, em última instância, não só uma ponte para a tomada de consciência, mas também um modo de existir no qual o indivíduo compreende e interpreta a expressão registrada pela escrita e passa a compreender-se no mundo" (SILVA, 1981, p.45). Em relação ao ensino de leitura voltada a obras literária as habilidades exploradas são de nível complexo, exigindo que além de localizar informações, levantar hipóteses, fazer inferências, etc. o aluno realize também comparações e transfira conhecimentos nas diferentes áreas por meio da intertextualidade. Como se percebe, ter habilidades para a leitura nos dias de hoje, significa ir além da decodificação de um texto, pois requer a busca do seu sentido por meio da experiência do leitor, segundo os seus objetivos e intenções. Deste modo para se formar leitores críticos é necessário ter consciência de que o ato de ler se configura numa busca por informações lingüísticas e extralingüísticas, aliadas à percepção da intencionalidade do autor, bem como a abstração do significado. Essa reflexão permite observar que há necessidade de a escola repensar sobre a formação de seus acadêmicos no que se refere à atividade de leitura, uma vez que uma de suas principais atividades no processo de ensino é a formação de leitores competentes. Como afirma Cereja (2005) “a grande parte dos alunos, por exemplo, tem concluído o ensino médio sem hábitos regulares de leitura, seja de textos literários, seja de textos não literários”. Portanto, cabe ao professor o papel de buscar meios para transmitir conhecimentos capazes de formar o cidadão a fim de atender às demandas sociais. Para isso o este precisa estar suficientemente instrumentalizado, que esteja dotado de melhor embasamento teórico sobre como formar um aluno leitor e principalmente esteja disposto a realizar mudanças na sua prática pedagógica. 3 Obras Literárias: estratégias para uma leitura proficiente Observa-se que um dos entraves no processo de aprendizagem é a dificuldade que os educandos têm de ler e compreender textos. Esse tipo de problemática é assinalado tanto por professores do campo de Linguagens, Códigos e suas tecnologias como também de outras áreas. Diante de tantos desafios na busca de uma leitura eficiente e funcional capaz de questionar o texto, predizer, inferir, esquematizar, sumariar e etc., torna-se imprescindível a realização da escolha de caminhos que levem o educando a esse propósito. Assim, um desses meios que podem propiciar essa leitura proficiente é a aplicação de estratégias de leitura. Estas habilidades utilizadas para propiciar a compreensão nos diversos tipos de leitura, e por serem flexíveis os leitores aplicam nas mais diferenciadas situações variando de acordo com o tipo de texto ou abordagem elaborada previamente pelo leitor (Serra & Oller, 2003). O termo “estratégia” é usado deliberadamente para se referir à ação de domínio e escolha dos leitores no alcance de metas ou objetivos desejados e, portanto, é considerada tanto uma habilidade cognitiva quanto metacognitiva (Bolívar, 2002; Kopke, 2002; Paris, Lipson & Wixson, 1983). Para Solé (1998) uma estratégia de leitura subsidia o aluno dos recursos necessários à aprendizagem por meio da enumeração das estratégias fundamentais, tais como: a definição de objetivo da leitura, atualização de conhecimentos prévios, inferência e resumo. De acordo com a autora a utilização dessas estratégias permite aos mesmos interpretar e compreender os textos tanto apoiados em leitores mais experientes como de maneira autônoma e afirma: "Se as estratégias de leitura são procedimentos e os procedimentos são conteúdos de ensino, então é preciso ensinar estratégias para a compreensão de textos. Estas não amadurecem, nem se desenvolvem, nem emergem, nem aparecem. Ensinam-se – ou não se ensinam – e se aprendem – ou não se aprendem. Se considerarmos que as estratégias de leitura são procedimentos de ordem elevada que envolvem o cognitivo e o metacognitivo, no ensino podem ser tratadas como técnicas precisas, receitas infalíveis ou habilidades específicas. O que caracteriza a mentalidade estratégica é sua capacidade de representar e analisar os problemas e a flexibilidade para encontrar soluções.” (SOLÉ,1998,p.70). Para tanto, a introdução do uso de estratégias de leitura deve estar direcionada para três âmbitos: ajudar o aluno no uso de seu conhecimento, realizar inferências e explicar o que ainda não conhece. Estas são responsáveis por realizar o processamento do texto e acionar os diversos conhecimentos do leitor, como os lingüísticos e os de mundo. Os conhecimentos lingüísticos são aqueles que se se referem à língua materna e correspondem as estruturas sintáticas. São elementos que aparecem na superficialidade do texto, essenciais na leitura ativando o conhecimento retido na memória, ou seja, o conhecimento de mundo. Portanto, o bom desenvolvimento linguístico atrelado ao conhecimento de mundo proporciona ao educando uma aprendizagem contínua e de qualidade. Essas estratégias quando aplicadas a leitura de obras literárias, consideradas enfadonhas e tecnicistas, podem torná-la prazerosa e de fácil compreensão, visto que a leitura de literatura tem sido feita de forma mecanizada em cima apenas da análise superficial de elementos da narrativa, privilegiando a leitura ditada por processos seletivos em vestibulares. Por isso, essas estratégias devem ter em vista esse fim, tornando a leitura acessível e de fácil entendimento, abarcando a significação em sua totalidade, e não apenas como mero meio de se estudar características e obras das escolas literárias. 4 OBRAS LITERÁRIAS: LEITURA VERSUS HISTORIOGRAFIA Segundo CEREJA (2005), a introdução da história da literatura começa com a inclusão de programas no colégio Pedro II, em 1860. Dirigentes e professores tinham intuito de modernizar o ensino de português, atualizando-o em relação ao que já vinha sendo praticado no âmbito da literatura, da crítica e da historiografia literária. Essa escolha pelo enfoque histórico da literatura nesse contexto objetivava a inovação e ainda atender ao desejo de D. Pedro II, que almejava por tornar moderno tanto a educação do país, como também o próprio Estado. Desde aquela época, os professores do ensino da história da literatura já enfrentavam a falta de materiais didáticos e por vezes tinham que produzir seu próprio material didático. Em vista disso, o material resultava em resumos, lições, manuais, apostilas, tratados muitos deles provenientes de teses que reuniam lições de retórica e poética, coletâneas de trechos literários e história da literatura. Em 1925, a reforma do ministro João Luís Alves decretou que o curso secundário passasse a ter seis anos e que fossem introduzidas várias cadeiras entre elas a de Literatura Brasileira, que voltava a ser uma exigência no exame vestibular para direito. Em 1938, a interferência do Estado na condução do ensino e de suas práticas foi notável a “criação do conselho Nacional do Livro Didático com o papel de examinar e avaliar livros didáticos”. A partir daí, a escola ficou proibida de adotar um material didático que não apresentasse na capa um número de registro e o aviso. Os conteúdos de história da Literatura firmaram-se nos programas escolares desde 1870, e a partir disso a história da literatura foi alvo de várias influências, assim como as outras disciplinas, umas dessas começou com as das reformas de ensino empreendidas pelo Estado e a outra a dos materiais didáticos adotados. A valorização, expansão, ou até exclusão do programa escolar, a historiografia literária consolidou-se como conteúdo, disciplina e como prática de ensino de literatura. A leitura é uma forma de aproximação da cultura. É por meio dela que conhecemos a nossa história, as grandes produções literárias e descobrimos a essência de outras civilizações. É com esse objetivo que a escola deve trabalhar a leitura, como instrumento de aprendizagem, e não uma técnica com fórmulas pré-estabelecidas ou instruções a serem seguidas. Esta deve possibilitar ao aluno refletir, levantar hipóteses e interagir sobre o objeto de conhecimento. Para isso o professor deve estabelecer uma base de preparação para aprendizagem da leitura procurando conhecer o estilo de vida e as experiências vividas pelos seus alunos, valorizando seus gostos e sua opinião. Diante disso percebe-se que a literatura deve fazer parte do cotidiano de qualquer raça ou classe social, pois se que o objetivo for formar bons leitores é preciso dar acessibilidade as camadas populares, visto que o texto literário propicia inúmeras funções como aprender, amadurecer, comparar, questionar e principalmente, transformar e desenvolver a sensibilidade estética. A literatura ainda proporciona o desenvolvimento do ser humano em seus múltiplos aspectos social, cultural, educacional, e percorre por meio da linguagem, mundos inexplorados, cria e recria realidades, expande seus conhecimentos e lapida seu senso crítico. Seja em qual for sua posição, de escritor ou de leitor, a literatura desenvolve potencialmente seu poder de criação, atendendo assim sua necessidade de ficção. Entretanto, o que tem predominado no seu ensino é a historiografia, isto é, um estudo cansativo e exaustivo das características no que concerne às escolas literárias, além de informações sobre autores e obras, que na maioria das vezes requer um estudo mais aprofundado de biografias, e isto sem mencionar ainda o fato de que algumas antologias já trazem sublinhado o que os alunos deveriam ler. Daí ser importante assinalar a leitura de obras literárias relacionando-os a aspectos atuais de forma a contextualizá-los em detrimento do ensino da historiografia, visto que só se chega à literatura pela sua leitura, e não pela sua história. Cândido (1995) afirma que se a grande massa não lê, não é por incapacidade, e sim por privação. Não permitir que a população mais carente tenha acesso aos clássicos e às leituras que causam polêmica é uma atitude autoritária, pois pressupõe a imposição de uma parte da sociedade sobre a outra. “Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades, em todos os níveis é um direito inalienável.” (idem, 263). Hoje se observa que a literatura está em segundo plano. Ainda há necessidade de resgatar os diferentes olhares de leitura de um texto. Portanto, faz-se necessário o ensino da literatura que leve em conta não só a historiografia, mas, sim, a relação diacrônica e sincrônica entre autores, obras e contexto social e político. 5 A LEITURA DE OBRAS LITERÁRIAS: analisando a realidade no ensino médio público Em pesquisa realizada sobre a leitura de obras literárias foram entrevistados alunos do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Profª Maria das Graças Escócio Cerqueira, localizada sito à Rua 3ª do Bairro da Floresta s/n nesta cidade de Itaituba Pará, com o objetivo de propor alguns questionamento sobre a leitura de obras literárias e as estratégias de leitura que podem propiciar aos alunos caminhos norteadores para a compreensão de textos literário. A presente investigação pautou-se na concepção de que os textos literários devem ter seu espaço, principalmente nas atividades de leitura. Assim, a metodologia aplicada foi a pesquisa qualitativa para se buscar uma compreensão eficiente dos procedimentos adotados nos momentos de leitura, a fim de propor ações a partir das respostas obtidas para ajudar na melhoria das práticas textuais no Ensino Médio. Essa opção se deu em virtude de proporcionar a compreensão da realidade social, fornecendo subsídios para que se possa construir e aprimorar novas concepções, tendo em vista uma análise crítica. A pesquisa de campo foi realizada por meio de questionários numa amostra de 43 discentes com o objetivo de averiguar se as estratégias aplicadas para a compreensão de leituras de fato são satisfatórias. O público alvo desta pesquisa foram alunos de 1ª e 2ª série que estudam no Ensino Médio na modalidade de ensino regular. Os dados socioeconômicos obtidos que são de suma importância foram os seguintes: Em relação a idade dos entrevistados, tanto os alunos da 1ª série quanto os da 2ª obtiveram um percentual de 100% com idade entre 13 e 20 anos e por se tratar de turmas na modalidade Regular era esperado que a maioria dos alunos se enquadrasse nessa faixa etária. No quesito escolaridade da pessoa com a qual reside na 1ª série observou-se os percentuais maiores no Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries e o menor com Ensino Superior apenas 10%. Já a 2ª série teve um percentual maior de 51% com o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries, enquanto que a minoria 5% possui Ensino Superior. Constata-se por meios desses dados que por se tratar de alunos da rede pública a maioria dos alunos advém de famílias de classe baixa e média, daí essa escolarização, já que o investimento no ensino de pessoas que se enquadram nessa condição econômica é bem precário. Quanto a renda familiar por se tratar de uma Escola localizada em perímetro periférico e também por ser pública, 90% da renda familiar dos alunos da 1ª série bem como os da 2ª é menor que 5 salários mínimos e somente 10% é de 5 a 10 salários mínimos. Esses dados só comprovam e ratificam a condição financeira que a maioria dos alunos que estudam na rede pública de ensino que é como é o caso da escola alvo desta pesquisa. Partindo para as questões sobre leitura e literatura os dados obtidos foram sobre hábitos de leitura, 90% dos alunos da 1ª série e 92% da 2ª série afirmaram que são leitores, 10% (1ª) e 8% (2ª) não leem regularmente. Essa questão por ter sido generalizada sobre qualquer tipo de leitura era de se esperar que o maior percentual fosse de pessoas que tem o hábito de ler já que a maioria do público alvo desta pesquisa é composta por adolescentes que se interessam por diversos tipos de leitura. Em relação aos diversos tipos de leituras os alunos da 1ª série os alunos da 1ª série preferem a leitura de revistas enquanto que os da 2ª leem mais os romances. Os outros tipos de leituras como obras literárias, jornais e livros foram opções inexpressivas em porcentagem. Essa é uma realidade constatada em que a preferência diversificada de leituras ainda ocorre por conta da acessibilidade. Sobre os critérios para a escolha de leituras os dados foram nas duas séries 36% de acordo com o conteúdo e 0% textos científicos. Quanto a leitura de obras literárias já lidas a maioria nas duas séries já lidas foi: O Guarany, Os Lusíadas, Senhora, Iracema sendo na 1ª série 24% responderam sim como leitura obrigatória e 76% não, enquanto que na 2ª série 82% foram indicadas pela escola e 18% por livre escolha. Quanto ao posicionamento em relação a leitura obrigatória de Obras Literárias em torno de 40% a consideram interessantes, 30% úteis , 25% necessárias , 5% arbitrárias e 0% monótonas. Na questão sobre para quê lhe serve o ensino da Literatura nas duas séries foram obtidos os seguintes percentuais: 84% aprender a compreender e interpretar textos literários; 10% conhecer épocas e estilos literários; 5% conhecer as culturas por meio da leitura de textos literários; 1% conhecer a biografia dos principais escritores e 0% reconhecer características das escolas literárias o que nos permite concluir que apesar de o foco estar direcionado para a enumeração de características, obras e autores literários, os alunos demonstram por meio das respostas que o interesse maior ainda é a busca pela compreensão de leituras literárias e não só por questões historiográficas. Sobre a metodologia utilizada pelos professores para o ensino da literatura 52% informaram que os alunos realizam a leitura dos textos e em seguida são propostas questões de entendimento do texto; 23% o professor realiza leitura conjunta com os alunos auxiliando-os na compreensão de textos literários; 15% o professor é mediador nos momentos de discussões individuais e coletivas e 10 % a leitura é feita sob orientação do professor ajudando-os na compreensão total do texto. Essas são metodologias são constantes e comuns nas aulas de Literatura, porém o que os alunos consideram como prioridade nas aulas de literatura é que o professor busque relacionar o contexto dos movimentos literários com a realidade atual ou ainda compreender textos literários contextualizando-os nos diferentes períodos, opinião essa unanime nas séries entrevistadas. Quanto ao modo de como os conteúdos são trabalhados nas aulas de literatura é avaliado em torno de 90% afirmaram que é feito por meio de provas e trabalhos que ainda é uma prática enquanto predominante enquanto forma de avaliação. Diante dos dados constatou-se que os alunos entrevistados pertencentes ao ensino regular enquadram-se numa faixa etária adequada a essa modalidade de ensino. A sua grande maioria é composta por alunos pertencentes a classe popular e por conta disso não tem acesso a internet, a bibliografias diversificadas , e isso implica no tipo de leitura que os mesmo tem acesso. Mesmo sendo comprovado que quase 100% possuem hábitos de leitura o tipo de leitura que tem contato pode não ser tão instrutiva ou ainda tão valorizada. Especificamente nas leituras literárias os alunos já tem contato com obras literárias, ou por imposição da escola como leitura obrigatória ou por escolha própria e apesar de se tratar de leituras que exigem habilidades complexas de leitura a maior parte dos entrevistados considera esse tipo de leitura interessante e útil para o conhecimento. Quanto ao que o aluno espera sobre o ensino da Literatura os alunos preferem interpretar e compreender os textos literários a memorizar nomes e datas. Assim, os discentes devem pautar suas aulas naquilo que é de interesse do aluno, apesar de ainda persistir o ensino historiográfico. Buscar estratégias de seleção, de inferência e de checagem do texto citadas ao longo do texto de forma a se chegar a uma compreensão textual satisfatória, procurando metodologias que possam subsidiar o aluno com esse propósito. No que tange a forma de avaliação dos conteúdos trabalhados ainda é predominante a forma quantitativa por meio de provas e trabalhos. Por conta disto os alunos são levados a memorizar conteúdos e não a absorver ideias, ter posicionamento, adquirir conhecimentos de modo a fazer parte da vida cotidiana dos mesmos. Esses dados revelam que o ensino de Literatura precisa ser revisto quanto as estratégias de leitura, as metodologias e os objetivos em prol de um ensino que leve o aluno a formar opinião, construir conhecimento, rever posicionamentos, ou seja, atenda de fato os seus anseios na busca pelo conhecimento. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A leitura proficiente de obras literárias no Ensino Médio tem sido uma questão muito discutida por Especialistas da área educacional, em virtude dos vários problemas que comprometem a funcionalidade do processo de leitura. A leitura é uma das habilidades que são imprescindíveis na aquisição do conhecimento, porém precisa de incentivo e motivação. Para tanto, faz-se necessário o uso de estratégias que tornem o a aluno um leitor crítico e intertextual. Diante de tal problemática tem se buscado formas de tornar a leitura além de um hábito, uma forma de adquirir e ampliar conhecimentos. Na busca de uma leitura eficiente e funcional capaz de questionar o texto, predizer, inferir, esquematizar, sumariar e etc., há muitas formas que podem levar o educando a esse propósito, um desses caminhos que podem levar o aluno a essa leitura proficiente é a aplicação dessas estratégias de leitura. Estratégia essas que podem fazer com que o aluno amplie seus conhecimentos realize inferências e explique o que ainda não conhece. Aplicadas à leitura de obras literárias, leitura essas vistas como desinteressantes e tediosas, podem tornar-se prazerosas e compreensíveis. Para tanto cabe a escola dar suporte técnico e material e ao papel do professor a responsabilidade de adequar estratégias de leitura de acordo com o tipo de leitura a ser trabalhada. Como se observou essa deficiência se evidencia por conta da introdução de estudos de textos literários, que geralmente exigem habilidades complexas de leitura, como a análise, a comparação e a interpretação. Porém, isso não ocorre na prática, pois o que se vê é uma análise superficial e sem propósito real de se trabalhar o texto. Essa é uma realidade que pode ser modificada, em favor de uma educação de qualidade, que leve realmente o educando a construir conhecimentos críticos, e não só absorver informações dadas como verdade única e incontestável. Para tanto, é necessário que se desenvolva uma compreensão primeira sobre o próprio ato de ler, envolvendo os vários tipos de leitura que se pode fazer e os objetivos de cada um deles, além de indicar as várias estratégias de seleção, de inferência e de checagem das informações do texto. Dessa forma, nesse processo de ensino-aprendizagem cabe ao professor ler e interpretar textos, conhecer o acervo literário e cultural e todo o aporte teórico que norteará sua prática pedagógica. Por outro lado, é de responsabilidade das escolas prover as bibliotecas de material bibliográfico adequado, atualizado e diversificado para todos os níveis de ensino, pois sem esse apoio é impossível realizar um trabalho responsável e com resultados satisfatórios. Para isso é vital o uso de textos literários nos momentos de leitura, pois não ler literatura e não entender o que se lê pode comprometer a visão de mundo e a capacidade de criação do aluno. Portanto, faz-se necessário a compreensão das etapas que orientam o processo de ensino-aprendizagem e as estratégias a serem desenvolvidas para facilitar a compreensão da leitura que é parte integrante nesse processo e o fio condutor no desenvolvimento cognitivo. Dada a amplitude do problema, este artigo buscou enfocar especificamente estratégias que tornem a leitura de obras literárias compreensíveis, estabelecendo estratégias que facilitem a compreensão de texto e que possam melhorar a capacidade leitora dos educandos. Em suma, pode-se pontuar que só por meios de atitudes que visem o aprimoramento de leitura que a educação, e consequentemente o ensino, tornar-se-á de qualidade. REFERÊNCIAS CABRAL, L. S. Processos psicolingüísticos de leitura e a criança. Porto Alegre: Letras de Hoje, v. 19, n. 1, pp. 7-20, 1986. CÂNDIDO, Antonio. NA SALA DE AULA Caderno de análise literária8a edição, 9a impressão, editora: ática São Paulo, 2000. CEREJA, William Roberto. Ensino de Literatura: Uma proposta dialógica para o trabalho com a literatura. São Paulo: atual, 2005. COSTA, Maria Armanda, “O processo de compreensão na leitura e o conhecimento linguístico”, DELGADO-MARTINS, Maria Raquel et alii, 1992. 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