INTRODUÇÃO
O trabalho disserta sobre o envolvimento existente da Sustentabilidade na criação de novos negócios, e como este tipo de relação tem aumentando com o passar do tempo. Inúmeras organizações são criadas e estruturadas baseando-se principalmente nas premissas sustentáveis, fazendo com que uma nova visão seja colocada em evidência junto ao mundo dos negócios.
Portanto, o objetivo da pesquisa consiste em estudar os negócios que surgem a partir de ideais sustentáveis bem como a chamada reestruturação verde de empresas já atuantes no mercado. A fim de identificar como os pro-cessos, estrutura e diferenciais utilizados fazem com que as organizações tor-nem-se empresas atuantes e competitivas junto ao segundo e terceiro setor onde apesar da assídua concorrência mantem o conceito de sustentabilidade como parte das principais estratégias de negócio. E como objeto de estudo analisar a empresa Morada da Floresta.
O trabalho possui a seguinte problematização: Quais as ações implanta-das pela empresa Morada da Floresta para atender a sustentabilidade?
De acordo com Porto (1996):
’O homem, ao conseguir dominar o uso do fogo, acabou por fazer uma grande descoberta, contudo criou um grande pro-blema. Tal descoberta levou à necessida-de de se aprimorar o uso da energia, co-locando em cena os recursos oferecidos pela natureza. Para tanto, não há tal ge-ração sem perturbar, de alguma forma, o equilíbrio da natureza, a serviço de um progresso material’.
Este conceito aplica-se claramente ao tema abordado uma vez que hoje as pessoas e consequentemente as organizações buscam claramente utilizar técnicas que minimizem os prejuízos ao meio, visando o progresso da humani-dade, porém aliado com a sustentabilidade.
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O trabalho foi desenvolvido em três partes. As duas primeiras foram ela-boradas por meio de pesquisa bibliográfica e, na terceira, é apresentado um estudo de caso, conforme descritos a seguir:
A primeira parte aborda brevemente os conceitos básicos de sustentabi-lidade e desenvolvimento sustentável.
A segunda parte discute sobre negócios que aderiram ações sustentá-veis e a nova tendência do mundo verde no mercado.
Na última parte, é descrito o estudo de caso, que apresenta a empresa Morada da Floresta criada exclusivamente com ideais sustentáveis.
1. SUSTENTABILIDADE
Sustentabilidade consiste no “estudo econômico, cultural, social, ambi-ental e principalmente equilibrado que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer su-as próprias.” (CALISA, on line, 23 abri. 2012).
Esta foi a definição encontrada pela Rede de Cooperação para Susten-tabilidade chamada CALISA, onde a principal missão é difundir e implementar técnicas inovadoras onde o homem possa conviver harmoniosamente com a natureza. Consequentemente entende-se como sustentabilidade uma tendên-cia natural do homem moderno, que tende a transformar-se em uma nova ten-dência de negócio.
Sustentabilidade não é um termo novo e encontra-se presente no dia a dia de toda a sociedade. Muitas vezes por necessidade, outras por exigência do mercado em que atuam as grandes organizações estão apresentando uma maior relação com o meio ambiente, criando diversas ações sustentáveis que evidenciam a ideia de que a forma de gerir grandes negócios esta mudando, e a sustentabilidade terá um papel de grande importância neste novo meio de administrar. (PORTO, 2010).
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1.1 Desenvolvimento Sustentável
Milaré (2004) caracteriza o desenvolvimento sustentável como algo que se dá na possível e desejável conciliação entre desenvolvimento, preservação ao meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida.
Há algumas décadas a preocupação com as ações da população em rela-ção ao desenvolvimento do planeta era nítida, e assim começaram as discus-sões sobre os riscos da degradação do meio ambiente (VEIGA, 2006). Este medo, ou em outras palavras preocupação Milaré (2004) denomina como o chamado “pânico universal”. Com as continuas discussões que se mantiveram presentes a ONU (Organização das Nações Unidas) promoveu uma Conferên-cia sobre o Meio Ambiente em Estocolmo, na Suécia no ano de 1972. E já em 1973, com a ajuda do canadense Maurice Strong foi possível conhecer ao con-ceito que hoje conhecemos como desenvolvimento sustentável.
1.2 A Conscientização
Segundo Celina Nascentes (2011)
Mais da metade das empresas brasileiras e multinacionais presentes no Brasil (52%) já têm departamentos dedica-dos exclusivamente à sustentabilidade, segundo uma pesquisa do Ibope Ambiental. De acordo com o estudo, as empresas têm lançado estas áreas, sobretudo, para res-ponder às exigências dos consumidores e implementar práticas e políticas sócio ambientais. A pesquisa afirma que 57% das empresas que já trabalham com sustentabi-lidade estão localizadas na região Sudeste e que 40% destas pertencem aos setores da indústria e construção civil.
Claramente perceptível, a importância que toda a população teve e ainda possui perante a grande mudança que ocorre na estrutura das diversas empresas, hoje sustentáveis, provem incialmente de um resultado que de-morou algum tempo para que fosse possível existir. Após muitos anos de conscientização hoje é possível perceber que existe uma inquestionável preocupação com o futuro e um comprometimento individual em fazer a di-ferença. Estes foram apenas alguns dos diversos pontos que fizeram com que as indústrias, os comércios e todas as organizações em um geral com-
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preendessem que era hora de mudar, e adequar-se ao perfil de um novo consumidor, de um consumidor consciente.
2. SUSTENTABILIDADE E OS NEGÓCIOS
Recentemente, uma prática vem ganhando popularidade no meio empresa-rial. Não só pela ajuda a conservação e utilização do Meio Ambiente, mas tam-bém porque pode trazer economia e até mesmo lucros para as organizações. As empresas se mobilizam para desenvolverem estratégias de minimização dos impactos que suas atividades causam no meio ambiente. Par alcançar es-se objetivo, no entanto, elas buscam profissionais capacitados para exercerem tais mudanças. Por isso, a sustentabilidade ganha também status de profissão. 2.1 Ações Sustentáveis Talvez anos atrás, quando o assunto de Sustentabilidade e preservação do Meio Ambiente fosse levantado, os tomadores de decisões das empresas não levariam muito em conta. Porém este cenário tem mudado e nos últimos 10 anos a participação de empresas em programas de responsabilidade social e ambiental tem crescido. Logicamente que os números ainda não são os ideais, e que o nosso país está longe de ser uma potência no quesito, mas somente o fato das empresas visualizarem oportunidades nesse meio faz com que líderes empresariais levem essa questão no planejamento estratégico das empresas. Tudo parece ser tão perfeito se analisarmos o impacto empresarial que a Sus-tentabilidade traz para as organizações e para o mundo. Marketing social, pre-servação ambiental e receitas lucrativas fizeram com que a Sustentabilidade entrasse cada dia mais em pauta. E é por isso que programas de responsabili-dade ambiental foram criados a fim de cumprir com todos esses aspectos que levaram a técnica em questão a ter a popularidade que obtém agora. Para exemplificar: um programa bem comum em empresas é o chamado IT Green (TI Verde). Ele consiste em reciclagem de todos os ativos tecnológicos depreciados nas empresas. Ou seja, se um computador já não tem mais a utili-dade que a empresa necessita, ele é mandado para uma empresa especializa-
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da em reciclagem e reaproveitamento, evitando assim que a empresa jogue esse equipamento no chamado “lixo comum”. Se levarmos em consideração que computadores e aparelhos eletrônicos causam danos inimagináveis se descartados em lugares errados, e que esse processo de envio à empresas de reciclagem gera receita, o IT Green é um dos processos mais rentáveis já cria-dos. Outro programa bastante conhecido que podemos citar, é a “Politica de Desenvolvimento Produtivo”, criado pelo governo federal. O objetivo é instaurar a sustentabilidade em todo o setor industrial brasileiro. Outro programa menos conhecido, mas não menos importante é a criação de um fogão solar no sertão da Paraíba onde donas de casa somente precisam apontar a invenção para o sol para ter suas panelas aquecidas, evitando o uso gás de cozinha e o desma-tamento de lenhas. Tudo isso por um preço considerável.
2.2 O mundo empresarial ficou verde
De onde surgem as oportunidades de negócios sustentáveis?
Segundo John Maynard,
‘A maioria, provavelmente, de nossas decisões de fazer algo positivo (…) só pode ser tomada como resultado do espírito animal – uma vontade espontânea de ação ao in-vés da apatia, e não como o resultado de uma média ponderada de benefícios quantitativos multiplicados por sua probabilidade quantitativa.’
As primeiras empresas criadas com objetivos sustentáveis ou em outras palavras que visavam uma menor degradação do meio ambiente surgiram a partir dos anos 60. Durante a segunda guerra mundial e consequentemente com a industrialização, a ideia de que os recursos naturais eram infinitos e que a capacidade da terra de se regenerar era imensa, fez com que o número de desmatamentos, quantidades de lixos e gastos de matérias primas aumenta-ram consideravelmente.
Com o pós-guerra, e a dominância da lógica de consumo rápido a forma como os produtos eram fabricados foi alterada fazendo com que as indústrias se preparassem para atender um novo tipo de consumidor, aquele que com-
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prava, logo descartava e surgia a necessidade de um novo produto. Assim, a partir deste novo cenário surgiram as primeiras empresas com preocupação ambiental, visando à conservação dos recursos naturais.
Após este primeiro momento a sustentabilidade percorreu mais duas no-vas fases junto ao mundo dos negócios. Após o primeiro contato de negócios voltados a uma visão ambiental foi possível diagnosticar a existência de um novo nicho de mercado e assim entramos na fase (verde 2.0), onde diversos empresários visionários perceberam que trabalhar em prol do meio ambiente seria também muito rentável. Já a terceira etapa considerada o período atual (verde 3.0) as empresas começam a lançar linhas de produtos totalmente sus-tentáveis e claramente percebem o diferencial competitivo que existe uma vez que a organização possui junto a suas metas, uma estrutura sustentável.
2.3 Novas tendências
‘É tanto espaço para crescer que o empreendedorismo verde está sendo comparado ao boom da internet, quan-do empresas como Yahoo! e Google começavam a ga-nhar dinheiro da noite para o dia. Nessa corrida pelo ouro, muitas afundaram; mas também foi a hora em que surgi-ram gigantes como o próprio Google. "Das startups ver-des de hoje surgirão os Googles e Facebooks do futuro." (Glenn Croston)
Com base na afirmação acima, podemos considerar que as empresas que hoje se adequarem ao mundo verde farão parte de uma nova geração de mercado, onde serão competitivas e ao mesmo tempo se destacarão diante dos seus concorrentes. Com isso, a nova tendência do mercado é investir em responsabilidade socioambiental, que assim como o facebook, será o grande boom da vez.
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3. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso deste artigo foi feito com base em uma casa ecológi-ca, localizada na Zona Oeste de São Paulo, Brasil. Conhecida como “Morada da Floresta”, hoje uma casa-empresa que fornece produtos, cursos, soluções ecológicas e serviços sociais que incentivam em práticas sustentáveis cotidia-nas, valorizando a consciência natural através de uma nova modernização.
A morada começou em 1957, e contou com a iniciativa de estudantes que tomaram consciência do seu papel no planeta e começaram a buscar por soluções para diminuir o impacto ambiental. De uma rotina de estudantes, pas-sou a ser uma comunidade urbana e hoje, além de ser uma empresa e atuar no terceiro setor como instituto, é o lar de Cláudio Spinola e Ana Paula Silva.
É com atos sustentáveis que esses moradores vivem, cada dia fazem uma descoberta e trazem algo valioso para a natureza, além de fazer um bem nas suas próprias rotinas com o meio espiritual, devolvem para a natureza tudo de melhor que ela oferece. Podemos considerar que atos como esses vieram de antecedentes e de uma cultura diferenciada do geral, pois, para eles é im-portante relacionar nossos costumes com o meio em que vivemos, o meio am-biente, e repassar o conhecimento que o homem também pode construir algo na natureza.
Na casa foram evoluindo suas estratégias na finalidade de proporcionar para o mundo a fora como fazer impactos socioambientais positivos na socie-dade brasileira, propiciando o bem estar e principalmente repassando os co-nhecimentos de sua cultura, e com isso descobriram um negócio, onde poderi-am trazer novidades e assim criar sua própria marca. A Morada tornou-se uma grande atração sustentável para aqueles que desacreditam que ser sustentável é possível.
Sabem – se que a sustentabilidade tem sido benéfica no meio corporati-vo, e para aproveitar dessas experiências vivenciadas diariamente, os morado-res da casa decidiram investir e expandir suas experiências com a natureza abrindo uma loja sustentável, onde vendem diversas marcas ecológicas, volta-do para crianças, mulheres e adultos.
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Além disso, fazem compostagens domésticas para gerar água que servi-rá de adulbo, e através da comunicação formaram uma coleta coletiva na rua onde residem para que os vizinhos próximos passassem a fazer reciclagem com o auxílio deles. A casa também possui reservas de água da chuva para torneiras dos quintais e descargas, essa água passa por tubos onde são retira-dos as impurezas, para que essa água possa ser reutilizada. Quanto à energia, durante o dia grande parte da casa é adaptada para uso da energia solar atra-vés de clara-bóias, e durante a noite utilizam lâmpadas 10% mais econômica das econômicas.
Para afirmar a utilização e rotina desses recursos, fizemos uma visita acadêmica na casa, em que pudemos ter certeza de que existe esse ato sus-tentável, e que a cultura deles é diferente das demais, é interessante como eles acreditam que podem mudar o mundo através dessa conscientização, e que 1% de participação nessas mudanças positivas para a natureza será gratifican-te, um exemplo para todos nós.
Segundo Gabriel Morales, 25 anos, funcionário do projeto, os visitantes do local conseguem ver na prática que a sustentabilidade não é utopia. “A mo-rada é um exemplo de que é possível viver na cidade em harmonia com a natu-reza”, afirma.
Hoje, o que eram apenas atitudes, transformou-se em um grande negó-cio, com as vendas das fraldas ecológicas “bebês ecológicos”, caixas de com-postagens (sistema de reciclagem de resíduos com minhocas), produtos feitos com recursos da natureza, cursos diversos de culinária, agricultura, permacul-tura, jardinagem, habitação sustentável e construção com tecnologia de baixo custo, além disso, a casa conta com visitas eco pedagógicas e orientação para mulheres que desejam ter um parto normal.
“A morada é um exemplo de que é possível viver na cidade em harmo-nia com a natureza”
A Morada da Floresta fica na Rua Diogo do Couto, 47, Jardim Bonfiglioli, São Paulo.
www.moradadafloresta.com.br
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após todos os relatos sobre o conceito de sustentabilidade, seus benefí-cios, os números de crescimento da prática e alguns exemplos, pode-se con-cluir que ela é presente no mundo coorporativo, fazendo com que todas as par-tes, incluindo meio ambiente, pessoas e empresas, saem lucrando das con-quistas alcançadas.
As tendências do mundo verde ou em muitos casos chamadas de ten-dências sustentáveis encontram-se em um estado de mudança permanente, onde somente através do tempo será possível dizer se tais tendências perma-neceram transformando a realidade das organizações e influenciando seus cli-entes ou não.