Supermercados: Mentiras, verdades e a hipocrisia do governo

O atual governo conseguiu impregnar em nossas mentes influenciáveis a idéia de que os preços, principalmente dos alimentos, encontram-se "tabelados". Ou seja, vai-se ao supermercado hoje, depois amanhã, assim sucessivamente, e os preços são os mesmos, iguais. Nada de alteração e o barulho ensurdecedor dos "remarcadores" do "Governo Sarney" (piores tempos, piores dias. Isso, hoje, repete-se no Senado) desapareceu.

Mentira. Como pai de família migro ao supermercado, às vezes na companhia de minha filha, outras com minha esposa, mas o passeio ideal ao supermercado é estarmos os três reunidos – a tríade (nesse caso os preços inflacionam-se). Confesso que há cinco anos não prestava tanta atenção aos preços como venho prestando atualmente. Elevação dos números de produtos em supermercados era sinônimo de falas pronunciadas pelos telejornais. Outras eram os jornais escritos que me mantinha informado. As seções "Dinheiro" ou "Economia" nunca foram às prediletas. Abasteço-me nas que tratam de cultura, educação, comportamento, cinema, música, crônicas etc. Essa falta de atenção para com os preços é típica do adolescente ou adulto que apenas deposita seu dinheiro, ao final do mês, nas mãos do patriarca e não faz contas, deixa os números aos mais velhos, conseqüentemente mais responsáveis. E quem sempre controlou os gastos e investimentos em casa foi minha mãe, que até hoje os direciona muito bem. Linha dura. Uma espécie de Margareth Tatcher e suas "mãos de ferro".

Agora à frente de uma família (não é machismo) comparo os preços incansavelmente e noto que o aumento é constante. Elevam-se com um piscar de olhos. Hoje se compra com algumas moedas; amanhã, não mais. Os níqueis são objetos históricos, obras de colecionadores e artigos reunidos em "porquinhos".

Com tantas mentiras blasfemadas é fácil acreditar que um dia nosso povo voltará a lutar. Reivindicar os seus direitos, apoiar a justiça. E, principalmente, soletrar que a verdade é o melhor caminho. Desculpem-me, tenho que encerrar esta crônica para me destinar ao supermercado.