Estudante: Claudio José Bezerra de Aguiar

Tarefa: Posicionamento ético

Obra:Ética teológica e filosófica. Apostila de estudos da INTEGRALIZAÇÃO do curso de

BACHARELADO EM TEOLOGIA. Dr. Claus Schwambach

São Bento do Sul – SC

Suicídio Assistido.

  O suicídio assistido, ou em alguns casos a eutanásia, tratam da questão de usar a morte, como um meio de fuga de uma realidade que se encontra sem esperança. Mais claramente dizendo, é o pedido pela própria morte. Mediante, a ausência de capacidade para realização do ato, pede-se o auxílio de outros. Normalmente, estes casos acontecem em pacientes em fase terminal. O próprio paciente, ou os responsáveis optam pela morte, algumas vezes sob a orientação dos próprios médicos, como uma solução mais viável, do que passar, não se sabe mais quanto tempo, em sofrimento. Neste ponto entra a questão da ética.

  A ética começou a interferir nesta questão, com a entrada do cristianismo. Esse julgava como não sendo da permissão de homem algum tirar a vida de alguém. Porque o poder de conceder e tirar a vida estão nas mãos de Deus. No entanto, antes do cristianismo, muito foi visto sobre o tema em questão. Os gregos eliminavam a vidas de crianças que nasciam disformes, e os idosos. Muitas comunidades do mundo antigo faziam o mesmo, além de tirarem a vida de pessoas com doenças incuráveis. Mas, não eram somente os antigos que realizavam e apoiavam o suicídio assistido. Em 1920, instituições surgem com apoio a eutanásia. Em 1935 médicos  advogados e clérigos tentam a legalização da eutanásia para pessoas que tivessem capacidades psicológicas para optarem por ela. Em muitos países a pratica está institucionalizada. No Brasil, suicídio assistido é considerado crime, sob o pretexto afirmando ser uma indução ao suicídio. E a eutanásia é ação criminal como homicídio.  

  Com base no antagonismo gerado pela eutanásia e o suicídio assistido, surge a bioética. Uma ciência que vai trabalhar a questão da vida e a ética. Com a segunda guerra mundial, o regime nazista, expôs muitas pessoas como cobaias da ciência. A bioética entrou em cena para por em pauta a valorização da vida e saúde humana. Desaprovando as ações que redundassem em algum mal a vida ou a saúde das pessoas. Por isso, experimentos em seres humanos vão de frente com esses princípios. Porque seriam testes, sem um respaldo certo a saúde ou a vida do indivíduo.

  Contudo um drástico cenário se formou a respeito da morte. Alguns anos atrás, as pessoas da família se reuniam ao lado da pessoa enferma, que estava preste a morrer, e transmitiam todo seu apoio e carinho. Mas com o avanço da medicina, criou-se a possibilidade de um prolongamento da vida. Muitas doenças que antes levam a morte, hoje se tratadas a tempo, podem ser curadas. Isso levou as pessoas enfermas a um isolamento. Muitas vezes prestes a morrer, estão trancadas numa “UTI”, recebendo os últimos cuidados médicos. Pessoas que muitas vezes nem sabem o nome. Os médicos estão ocupados com inúmeros pacientes e não tem tempo para se relacionar com cada um deles.  A família e amigos não têm permissão para visitar. Quanto é concedido, somente um por dia, num breve período de tempo. Os enfermos estão deixados de lado, vistos apenas como um objeto, que está ocupando lugar. Pois não produzem, não dão lucro algum, apenas consomem produtos hospitalar, remédios e tempo. Os pacientes que estão a beira da morte passam extremo sentimento de dor, abandono, e falta e esperança. O que lhes indús a pedirem a própria morte.

 A ética cristã vai se posicionar contra essa atitude, visto que Deus é quem tem o poder de tirar a vida. O suicídio seria um pecado mortal, pois a pessoa estaria usurpando o poder de Deus, estaria mostrando falta de confiança nele quanto a seu destino. Por isso, suicídio na ética cristã e injustificado.

 Ao meu ver, como o próprio texto ressalta, o suicídio não é uma opção do ser humano. Colocar o suicídio como um solução viável a dor e sofrimento, estaria abrindo um caminho para a generalização. As pessoas se sentiriam desiludidas, e logo optariam pelo suicídio. Mesmo que muitas já correm para esse caminho. No entanto, tendo consciência, que está é uma opção aprovada pela comunidade, este número aumentaria. Visto que, em suas mentes isto não seria nada de errado. Porque muitos ainda não optaram por esse caminho, com medo das consequencias que podem vir após sua morte. Por isso, a mente cria um mecanismo de defesa, onde a pessoas sentem medo, de realizar algo agora, que não terá como se arrepender depois.

  A única posição ética que não tem aceitado ao suicídio assistido, é a cristã. Pois afirma que o controle da morte e da vida está nas mãos de Deus. E realizar qualquer ato, que só é consentido a Deus realizar, resulta num pecado mortal, pois seria querer se colocar no lugar de Deus.

  E partindo desse ponto, entendo que a ética cristã não deveria se opor ao suicídio assistido. Concordo plenamente que o poder da morte está nas mãos de Deus. Mas, o poder da vida também está. De modo que alguns anos atrás, o próprio texto expressa que as pessoas se colocavam ao redor do moribundo e faziam suas despedidas, e aguardavam a morte do ente querido. Em todos esses casos, já remetiam ao suicídio assistido. Porque todos assistiam a morte daquela pessoa e nada podiam fazer a não ser esperar a morte. Alguém pode argumentar que agiam desse modo, porque a ciência não tinha os recursos que tem hoje. Mas, não é essa a questão abordada pelo suicídio assistido? Dar a morte aqueles que a medicina não pode mais fazer nada, que estão apenas em sofrimento e dor, e a ciência apenas tem prolongado sua angustia.

  A morte está nas mãos de Deus, mas a vida também. Se, é pecado mortal tirar a vida pessoa que está sem solução para a ciência, todos nossos antepassados cometeram pecados mortais. Se pecado mortal é deixar a pessoa morrer, o mesmo é prolongar a vida. Se fossem alguns anos atrás, seria normal deixar a pessoa morrer, porque era da vontade de Deus. Como um médico pode testificar que é da vontade de Deus, prolongar o sofrimento de uma pessoa. Se não há mais solução nenhum diante do homem, a única alternativa que sobra é que é a vontade de Deus tirar a vida dessa pessoa. E se o homem impede isso, logo resulta, no homem indo contra a vontade de Deus. Usurpando o lugar de Deus, querendo dar vida, por mais tempo do que o que Deus quer.

  Com certeza alguém irá exclamar. Mas e as pessoas que Deus tirou do leito de morte, que não havia mais solução para medicina? Com plena certeza digo que, se estivesse no caixão, o que Deus fez no leito de morte, ele faria no caixão. A ética cristã, deve se lembrar que Jesus ressuscitou Lázaro depois de quatro dias. E fazer o mesmo numa pessoa que estivesse no caixão não seria nada de mais para Deus. Pelo contrário a glória seria maior para ele.

  A ética cristã deve ser a favor do suicídio assistido, nos casos restritos, em que a pessoa não tem mais solução para ciência, onde ela está apenas lhe prolongando a vida. Com o avanço da ciência, ela deveria usar os métodos paliativos para minimizar a dor  do paciente, mas não deveria tentar impedir a morte, se não há mais solução.

  O Deus que tira a vida é também o que dá a vida. Somente nos casos terminais e sem solução, o homem deve deixar tudo nas mãos de Deus e esperar o que quer fazer na vida de cada pessoa. Porque se ele quiser dar a vida ele à dará, mas se for a morte ele a concederá.