Subtipos de Vírus da Imunodeficiência Humana encontrados no Brasil

RESUMO

A síndrome da imunodeficiência humana foi reconhecida na década de 80, uma doença que afeta o sistema imune do individuo infectado, mais precisamente as células de defesa T CD4. É uma doença ainda sem cura e o número de infectados no mundo permanece constante, desde seu aparecimento. Foi analisado os principais subtipos do vírus HIV-1 descritos no país nos anos de 2012 a 2013. Com base nos dados levantados, foi possível verificar, maior prevalência do subtipo B em relação ao território nacional, seguido pelo F1. Em algumas regiões do Sul, existe um alto índice do subtipo C, o mesmo é encontrado em menor porcentagem em estados como São Paulo, ao que parece ser a fonte de disseminação desses novos subtipos com relação ao resto do país. É necessário um acompanhamento dos valores desses subtipos, para melhor entendimento da evolução do vírus. Será realizado uma pesquisa dos principais subtipos prevalentes do vírus no brasil, encontrados  no período de 2012 a 2013.

 Palavras chave: HIV, AIDS, subtipo, disseminação, prevalência

 ABSTRACT

The human immunodeficiency syndrome was recognized in the 80's, a disease that affects  the immune system of the infected individual, more precisely the defense of CD4. It is a disease with no cure yet and the number of infected in the world remains constant, since its appearance. We analyzed the major subtypes of HIV-1 virus described in the country in the years 2012 to 2013. Based on the data, we found a higher prevalence of subtype B in relation to the national territory, followed by F1. In some regions of the South, there is a high index subtype C, the same is found to a lesser extent in states like São Paulo, it seems to be the source of the spread of these new subtypes with the rest of the country. Monitoring of the values of these subtypes to better understand the evolution of viruses is required. Will be conducted a survey of the main virus subtypes prevalent in Brazil, found in the 2012- 2013 period.

 Key words: HIV, AIDS, subtype, spread, prevalence


1.   INTRODUÇÃO

 

O relato do primeiro caso da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) registrado no Brasil ocorreu em 1982, apenas um ano depois de relatos oficiais  feitos pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), de pacientes com o perfil da infecção (PINTO, et. al, 2007). Na década de 80 no País houveram grandes momentos históricos desde políticos (fim da ditadura militar em 85, movimento Diretas já em 84, a criação da Constituição Brasileira de 88) culturais, sociais e uma forte consistência da mídia, já que a ditadura estava por acabar junto com a censura imposta pelo governo, mas talvez nos dias de hoje, com relação aos números de casos de doenças, o aparecimento da AIDS tenha sido um dos fatores que menos foram explorados na época, mas com maior influência nos dias atuais (GRANJEIRO, A. et al, 2009).

O número de casos no Brasil se manteve instável nos últimos anos, de acordo com o Ministério da Saúde, desde o aparecimento da doença até junho de 2012, o número de casos era de 656.701, cerca de 20 casos a cada 100.000 habitantes.

Mudanças ocorreram no perfil dos infectados, até a década de 90, a proporção de aparecimento da doença era seis homens infectados para uma mulher, bem como o perfil da transmissão da doença, sendo maior nos homossexuais masculinos, fato que fez com que a população acreditasse tratar de uma doença restrita apenas ao público homossexual (VIRAIS, 2014). Estudos demostram que com relação a forma de transmissão, dos casos registrados de mulheres infectadas, 86,8% decorreram de relações heterossexuais, dos homens, 43,5% decorrente de relações heterossexuais, 24,5% homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante dos casos é proveniente de transmissão por fluídos, podendo ser por compartilhamento de seringas por usuários de drogas, transfusões sanguíneas e de transmissão vertical (PINTO, et. al, 2007).

Muitos fatores contribuem para o aumento do número de infectados ainda ser alto, sendo o vírus um fator que tem desequilibrado esse número de pessoas infectadas, principalmente pelo fato de se recombinar facilmente, tornando-o cada vez mais resistente a novos métodos de cura e aumentando sua prevalência.

É imprescindível fazer um levantamento de dados desses vírus recombinantes que  foram  descritos,  para que  seja  possível ter  um  parâmetro da

capacidade de mutação do agente, visando usar esses dados para contenção da epidemia, verificação do padrão de transmissão e utilização de terapia antirretrovirais.

2.   OBJETIVOS

Analise dos subtipos do vírus HIV circulantes no Brasil, descritos nos anos de 2012 e 2013 por meio de periódicos e documentos publicados.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Levantar dados nacionais, sobre os recombinantes do vírus HIV encontrados e relatados no período de 2012 a 2013.

-Traçar o perfil desses subtipos que mais estão prevalentes no país e os perfis com relação aos seus respectivos estados.

3.   METODOLOGIA

 

Foi realizada uma busca de dados dos trabalhos mais relevantes publicados no ano de 2012 e 2013, referentes a novos subtipos descritos no território nacional. Para fins de introdução, referencial teórico e definições sobre o vírus e dados históricos, as pesquisas foram filtradas por maior relevância, esclarecimento do assunto e entendimento. Os sites ao qual foram buscados os periódicos para pesquisa serão de trabalhos e pesquisas cientificas, como NCBI, SCIELO, CDC (CENTRO DE CONTROLE DE DOENCAS), PLoSOne e sites governamentais que relatam estáticas sobre o assunto. As palavras chaves que foram usadas na busca são: “HIV”, “subtipos no Brasil”, “História do HIV”, “Origem do HIV”, “Recombinação viral do HIV”, “Replicação viral HIV” e “tratamento HIV”. Foram encontrados resultados em 20 artigos com a descrição dos critérios de pesquisa, realmente apenas sete continham dados de levantamentos de subtipos por regiões. Foram ignorados artigos que não continham informações de subtipos de vírus.

4.   FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

 

Em de junho, do ano de 1981,o Centers for Disease Control and Prevention, divulgou um artigo ao qual documentava o relato de caso de cinco homens jovens, todos com pneumonia, suspeita de Pneumocystis carinii, sendo o único ponto comum entre os envolvidos o fato de serem homossexuas . No meio subsequente a este fato, ocorreu um surto de Sarcoma de Kaposi e pneumonia, novamente por Pneumocystis carinii, em comunidades homossexuais em São Francisco e Los Angeles, nos Estados Unidos. Com base nas coincidências desses dois surtos, a prioridade era a busca por um agente imunossupressor.

Em setembro de 1982, foi publicada também pelo CDC a primeira definição do caso de AIDS, onde o indivíduo infectado sofreu várias infecções oportunistas (infecções que aparecem geralmente com o decaimento do sistema imune). Devido ao fato de não existir nenhum teste específico para o vírus HIV, durante os profissionais não conseguiam identificar a doença, que somente foi realizado em 1985 o teste especifico para a AIDS.

Em 1983, foi então isolado um vírus com forte atividade de transcriptase reversa (capacidade de produção de DNA a partir de amostra de RNA) do qual permitiu-se suspeitar de que a doença seria proveniente de um retrovírus.  Este  vírus é atualmente designado como vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV- 1). Três anos depois outro retrovírus foi isolado, sendo denominado vírus da imunodeficiência humana tipo 2 (HIV-2) (SOAREZ, et. al, 2011).

No ano de 1993, o CDC fez uma classificação base, onde indivíduos com contagem de células TCD 4+ inferior a 200 mm3 e com doenças oportunistas, poderiam ser suspeitos de portarem o vírus HIV.

Segundo COSTA (2009), a fisiopatologia do vírus no hospedeiro teve sua primeira descrição na década de 90. O vírus invade os linfócitos, células responsáveis pela defesa do sistema imune, principalmente os linfócitos T CD4+ onde se instala e modifica seu genoma. Com sua fita de ácido nucléico de RNA usa os componentes da célula do hospedeiro para formar o DNA viral. Com esse processo, a morte das células de defesa é inevitável (ainda por motivos não bem conhecidos).

O primeiro tratamento para a doença surgiu em 1997, com o uso de antirretrovirais (que não causam a destruição do vírus, mas retardam sua replicação) que mostraram um efeito significativo nos indivíduos infectados (SOAREZ, et. al, 2011).

Os últimos dados levantados pelo CDC mostram que em todo o mundo, havia cerca de 2,5 milhões de novos casos de infecção pelo HIV em 2011. Cerca de 34 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, e com registro de quase

30 milhões de pessoas com AIDS, que morreram no mundo desde o início da epidemia (CDC, 2014).

Em relação aos últimos dados da doença no Brasil, 39.185 casos de AIDS foram relatados, pelo Ministério da saúde em 2012 (PEREIRA, 2013).

4.1.    A SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (AIDS)

A síndrome é caracterizada pelo decaimento das células T CD4, para valores abaixo de 200 células. O vírus instala seu material genético nas células do hospedeiro, causando a destruição destas células, e quando isso ocorre, o vírus busca outras células para infectar, que também são destruídas. O resultado é o decaimento da função do sistema imune do infectado, tornando-o propício a  doenças oportunistas (JOÃO, et. al, 2013).

4.2.      VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV)

O HIV é considerado um membro da família Retroviridae, subfamília Orthoretrovirinae, gênero Lentivirus, essa classificação é dada pelo fato do vírus ser capaz de usar seu RNA viral para codificar DNA atraves das celulas do hospedeiro, fazendo justamente o inverso do processo de replicacao normal (JAGODZINSKI, 2014).

Existem dois tipos de vírus HIV, o tipo 1 e o tipo 2. O HIV-1 é o vírus que foi inicialmente descoberto, sendo considerado mais virulento pelo fato de sintetizar mais partículas virais que o HIV-2, e consequentemente infeccioso, é o que provoca a maioria das infecções por HIV a nível mundial. Já o HIV-2 de menor poder de transmissão, sua infecção se limita a África Ocidental (CHAKRABORTY, 2014).

As vias de transmissão do HIV são principalmente por fluidos corporais, por meios de transmissão por relação sexual, feridas abertas, por amostras de sangue infectadas e transmissão vertical (JÚNIOR, 2009).

O HIV-1 é caracterizado por um elevado grau de diversidade genética e é dividido em quatro grupos M “major”, Grupo O “outlier” e o grupo N “non-M, non-O  e

P. O grupo M pode ainda ser dividido em nove subtipos (A, B, C, D, F, G, H, J, K) essa grande diversidade se da ao fato do ciclo de replicação rápida do vírus, juntamente com a taxa de erro elevada da sua enzima transcriptase reversa (RT) (CHAKRABORTY, 2014).

O vírus mede cerca de 120 nm, possui forma esférica, composto por duas fitas de RNA, que codificam cerca de nove genes do vírus, onde pode-se focar principalmente o gene gag, que codifica três principais proteínas, matriz (p17), do capsídeo (p24) e nucleocapsídeo (p7). O gene Pol, é responsável pela protease, transcriptase reversa, integrasse e o gene Env, codifica a glicoproteína (gp160) que posteriormente é clivado em duas proteínas: gp120 de superfície e gp41 proteína transmembranar (CHAKRABORTY, 2014), como é caracterizado na figura de COSTA, 2009.

 FIGURA 1: ESTRUTURA DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA. FONTE: COSTA, 2009

 Genes de regulação também são importantes para o vírus, Tat (transativador transcricional) e Rev (regulador da transcrição do gene viral) são de fundamental importância para transcrição viral, além de proteínas acessórias Vpr, Vpu, Nef e Vif, que tem um papel importante na patogênese do vírus, pois são responsáveis por partículas virais importantes para o HIV (COSTA, 2009).

4.3.    REPLICAÇÃO VIRAL

A adesão do vírus no hospedeiro é de grande importância para o entendimento da patogênese, visto que uma vez que esse processo seja interrompido, não existe maneira do vírus se instalar no hospedeiro, sendo fonte de ataque da TARV (terapia antirretroviral) (LAVINE e JUNE, 2014).

Muitas discussões sobre o funcionamento do mecanismo de invasão do agente ainda não foram resolvidas, porém estudos relatados até o momento mostram que a invasão é mediada por meio das glicoproteínas gp120 e gp41, onde provavelmente gp120 teria uma grande afinidade pelas células T CD4, necessitando do co-receptor da membrana das células do hospedeiro sendo o CCR5 ou CXCR4 e a gp 41 teria o papel de integrar o envelope viral com a membrana da célula (JANEWAY, 1997).

Após a entrada do vírus, o RNA viral é utilizado para formar DNA dentro das células do hospedeiro. O processo se dá por meio da transcrição reversa, que é mediada por ribonuclease H juntamente associada a TR, que são as responsáveis pela degradação do RNA viral. A partir da sequência de uma fita de ssRNA (sequência simples de RNA), o invasor usa os componentes da célula do hospedeiro para a síntese de uma fita de ssDNA (sequência simnples de DNA composta por apenas uma fita) que serve como molde para a fita dupla de DNA. A partir dessa fita dupla são sintetizados novos RNAm (RNA mensageiro), que servirão para formar novos núcleos do vírus. Durante esse processo, o vírus também utiliza componentes da célula, fazendo com que o metabolismo da célula seja interrompido. Quando o vírus completa esse processo, ele promove um rompimento na membrana da célula através da formação da lisozima (enzima capaz de romper membrana das células), fazendo com que os novos vírus se espalhem e destrua as células rompidas (BUDIHAS, et. al, 2005). A imagem a seguir descreve todo o processo de replicação viral.

FIGURA 2: EXEMPLO DE REPLICAÇÃO DO VIRUS HIV FONTE: BRUNTON, L.L. et al, 2010.

 4.4.    RECOMBINAÇÃO VIRAL

O grande potencial de diversificação genética do HIV-1 dificulta nas pesquisas para produção de vacinas (JÚNIOR, 2009). As novas formas desse vírus são denominadas formas recombinantes circulantes (CRF, de circulating recombinant forms) e Unique Recombiant Form (URFs) (SILVEIRA, 2011).

Os vírus do grupo M são os maiores causadores de infecções no mundo e apesar de ter vários subtipos, esses estão diversificados em todo o mundo, como o subtipo B que é o mais prevalente na América do Norte e do Sul, na Europa, Austrália (GROTTO, 2006), na África e Ásia, são encontrados os subtipos A, C, D e E, e o subtipo B apresentando menos prevalência. No Brasil, o maior índice e do subtipo B, seguido de F e C (este em grande concentração na região sul do pais) (SIMON, et. al, 2010).

O simples fato da enzima Transcriptase Reversa (RT), não possuir capacidade de correção, como acontece na replicação do DNA de outros organismos, inclusive em humanos, faz com que a formação de novas combinações seja extremamente propícia. Outro fator importante é o alto índice de replicação do vírus, que gira em torno de cerca de 1018 partículas novas por dia (SILVEIRA, 2011).

A co-infecção também é um fator importante a ser destacado. Quando mais de um tipo de vírus invade um hospedeiro, durante a replicação, a enzima TR pode pular de sua fita de RNA original de leitura, para a do outro invasor, esse processo auxilia no aparecimento de vírus heterozigotos e mutantes (SILVEIRA, 2011).

As primeiras pesquisas no Brasil, sobre essas mudanças do vírus, tiveram início na década de 90, com base na região do envelope viral. Os estudos  mostraram que as primeiras cepas analisadas eram do subtipo B, na região Sudeste do país (São Paulo e Rio de Janeiro), logo, nas partes sul e sudeste, subtipo F e B, seguido do recombinante B/F (indicando que esse seja o primeiro subtipo recombinante encontrado no país, de acordo com estudos citados até momento) (SILVEIRA, 2011), o subtipo C que está mais prevalente na região Sul (MELO,  2011).

4.5.    TRATAMENTOS ATUAIS

O principal tratamento para a doença hoje é a terapia antirretroviral (TARV). A terapia tem como objetivo suprimir a replicação viral, porém não consegue destruir o vírus, fazendo com que o paciente infectado tenha uma vida com maior qualidade (SAÚDE, 2008).

Existem duas classes principais de fármacos TARV para o HIV, os inibidores da transcriptase reversa e os inibidores de protease. Que visão interferir justamente na replicação do vírus. Uma significativa melhora em pacientes é dada pela terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART), que consisite na interação dos anti- rretrovirais (ARV) para inibição da total replicação do vírus (ABREU, 2014).

O principal medicamento ainda é o zidovudina (AZT), um inibidor da transcriptase reversa. Foi desenvolvido em 1986, é fornecido pelo governo gratuitamente para todos os portadores da doença (PINTO, et. al, 2007).

5.   DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

Ao todo foram encontrados oito estudos reportando o estudo da prevalência dos subtipos do vírus HIV-1, como segue na TABELA 1. Foi encontrada uma heterogeneidade entre os estudos principalmente quanto ao número de amostras.

 TABELA 1: Subtipos de HIV descritos no período de 2012 a 2013.

 

AUTOR/ANO

ESTADO

NUMERO DE AMOSTRAS

REVISÃO CASOS/TRATAMENTO

RESULTADOS

SILVEIRA, J.

et al /2012

Rio Grande do Sul

245

Indivíduos soropositivos maiores de 18 anos (desconhecido)

B 20,8%

C 5,3%

F1 17,6%

GASPARETO,

K. V. et al / 2012

Paraná

61

Indivíduos soropositivos (sem tratamento)

B 39,6%, C

25% , F 18,3%,

B/F1 12,5%,

B/C 10,4%,C/F1 2,1

% e B/C/F1 2,1%

ALCALDE, R,

et al / 2012

São Paulo

302

211 (sem tratamento)

82 (tratados)

B 79,1%, F1

7,6%, C 5,3% e

B/C 8%

SANABANI,

S. S. et al

/2013

São Paulo

51

51 (desconhecido)

B 52,4%, BF1

38,6% E F1

9,5%

JUNQUEIRA,

D. M. et al

/2013

Rio Grande do Sul e Santa Catarina

278

278 (desconhecido)

B 55%, C 39%,

F1 5% A 1%

COSTA, Z. B.

et al /2013

Goiás

18

18 (desconhecido)

B 66,7%, C

16,7%, B/F1

11,1%, F1

5,5%

FERREIRA, V.

et al / 2012

Pernambuco

19

19 (tratados)

B 68,4%, F1

26,3, D 5,3%

ALENCAR,

C.S. et al /

2013

São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Pernambuco.

331

331 (desconhecido)

B 76%, F1 15

15%, C 5%

 

Os dados levantados pela pesquisa relacionam a forte presença do subtipo B, sendo o mais prevalente entre todos os estudos, fato que se dá por conta desse subtipo ser o primeiro a ser identificado no país (SILVEIRA, 2011).

GASPARETO (2012), mostra um forte aparecimento do subtipo C no estado do Paraná, fato ocorre devido a distribuição ecológica do vírus, além do alto índice de replicação. Esse subtipo foi primeiramente identificado no estado do Rio Grande do  Sul  na  década  de  90,  JUNQUEIRA  (2013),  também  descreve  alta  taxa   de prevalência nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Porém, SILVEIRA (2012), não descreve números similares aos de JUNQUEIRA (2013), onde a prevalência do subtipo C foi de apenas 5,3%, talvez a diferença ocorra apenas por questão geográfica. Um alto número de pacientes com subtipo C também é descrito no estado de Goiás, por CAMPOS (2013), com uma porcentagem de 16,7 %, seguido por F1 e BF1. As pesquisas direcionadas a grande metrópole de São Paulo, mostram que o subtipo B é o mais prevalente, ALCALDE (2012), coloca F1 em segundo, SANABANI (2013) mostra maior prevalência do subtipo BF1, que vem em segundo lugar em suas pesquisas com 38,6% de prevalência. Pode-se considerar que o subtipo BF1 apresenta grande prevalência por ser uma combinação dos primeiros subtipos de cepas analisados no país. Também a ocorrências desse subtipo nas pesquisas de COSTA (2013), com 11,1% e GASPARETO (2012), com 12,5%, números conhecidamente equivalentes mesmo em distintos estados, onde podemos ter uma interação talvez comercial, por conta dos ramos de economia dos estados serem do mesmo ramo (agropecuária).

Com relação ao nordeste brasileiro, FERREIRA (2012), mostra resultados com relação a Pernambuco, onde o subtipo B é o mais frequente, seguindo o padrão brasileiro, seguido por F1 e a presença do subtipo D, um subtipo bem distinto dentre os resultados, possivelmente sua presença deve existir por conta da distribuição geográfica e alto índice de turistas no nordeste brasileiro.

Outro subtipo que foi descrito, também sendo distinto, é o A, que foi visualizado em um único individuo por JUNQUEIRA (2013), nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a existência desse subtipo na pesquisa talvez se deu historicamente como foi o subtipo C, que apareceu também no Rio Grande do Sul, pelo alto nível de replicação do vírus geograficamente.

Os resultados acima de ALENCAR, C.S. (2013),, tem certa singularidade com os outros autores, pela alta prevalência do subtipo B, seguido de F1 e C (que tem seu número maior em São Paulo e Santa Catarina), seguido dos recombinantes de B/F1 e C/F1. Também relatou um indivíduo com A em São Paulo (aparentemente São Paulo é a capital do pais que possui o maior número de subtipos, onde fica então mais fácil a presença de subtipos raros) e um com o subtipo D (Rio de janeiro segue a mesma lógica do estado de São Paulo pela variedade de subtipos). Segue abaixo tabela de subtipos desenvolvida por ALENCAR, C.S. (2013).

TABELA 2 – RESULTADOS DOS GENÓTIPOS POR HEMOCENTRO

 FONTE: ALENCAR, C. S. ,2013

6.   CONCLUSÃO

 

Com o estudo realizado, é notável concluir que o subtipo mais frequente no país é o subtipo B, o que é justificado por ser o primeiro a ser identificado historicamente no Brasil, seguido por F1 e C. O fato do subtipo B ser o mais prevalente durante esses anos todos é um resultado favorável, tendo em vista que por mais que existam diversos subtipos no solo nacional, não temos um núemro crescente de mutações e identificação de novos ou misturas de cepas (o que o torna cada vez mais virulento). Em algumas regiões (principalmente em metrópoles) existe ainda as variantes com BC, BF1 e BCF1. Com relação ao estudo, alguns autores citam a constante evolução do subtipo C, principalmente no Sul do país e no sudeste, mais precisamente São Paulo, que aparenta ser a fonte de disseminação desse subtipo ao restante do pais.

O levantamento dos dados desse estudo tem como objetivo o auxílio do melhor entendimento da evolução do HIV, para fins de melhores tratamentos e possível cura.

 7.   REFERENCIAS

 

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