Substituição de Sal Ferroso por Folhas de Mandioqueira no Combate a Malnutrição

Por: Agostinho Vasco Cardoso Obra 

Introdução

As folhas da mandioca, cultura nativa de grande importância social para o país, apresentam alto teor de proteínas de boa qualidade nutricional. Entretanto, estas proteínas não foram ainda exploradas sob o ponto de vista tecnológico. Estudos posteriores no que tange aos processos de extracção e ensaios de aplicação devem resultar no desenvolvimento de novos produtos baseados nesta matéria-prima. A proteína mais abundante no planeta é de origem vegetal. Trata-se da Rubisco, ou Ribulose difosfato carboxilase/oxigenase (E C. 4.1.1.39), enzima que participa da fixação do CO2 atmosférico durante a fotossíntese. Esta enzima é uma das principais proteínas foliares e representa 0,2 % das proteínas do globo. 

As proteínas das folhas foram descobertas em 1773 por Hilaire Marin Rouelle, então responsável pelo Jardim do Rei (o actual Jardim de Plantas de Paris), as quais estão presentes em toda parte onde a temperatura, a irradiação solar, o fornecimento de água e a natureza do solo permitem o desenvolvimento de vegetais. O interesse por essas proteínas decorre de sua abundância natural, que traduz-se, em termos agronómicos, pela produção por hectare quatro a seis vezes superior à obtida pelas proteínas mais produtivas, vinte vezes superior àquelas do leite e praticamente cem vezes superior aquelas da carne bovina.

A alta produtividade é a razão dos estudos efectuados sobre essas proteínas em contexto de penúria, como durante a segunda guerra mundial ou, mais recentemente, em países onde há malnutrição ou ainda em países industrializados, para alimentação animal.

As folhas de mandioca representam uma excelente fonte de proteínas vegetais. De fato, além da mandioca produzir quantidade elevada de folhas, estas apresentam alto teor de proteínas em base seca (entre 20 e 30 %). Entretanto, o potencial proteico das folhas é desperdiçado pois, normalmente, permanecem no campo após a colheita das raízes. Embora a riqueza proteica das folhas de mandioca seja conhecida há décadas, sua utilização é ainda precária ou mesmo inexistente. Este artigo pretende divulgar alguns aspectos relativos à fisiologia das proteínas foliares, seu valor nutricional e princípios de extracção.