“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor [...]”, Fp.3.8ª.
O Reino de Deus é feito de paradoxos. É no absurdo de uma porção disforme de barro vermelho de uma região qualquer que, movido pelo amor incontido, o Supremo Criador forja o primeiro homem. É a imagem e semelhança d’Aquele que o criou, coroa da criação, objeto da imensurável ternura e a razão do mais audacioso projeto de toda a eternidade: a Redenção! Eis a mais espetacular de todas as odisseias, a mais sublime de todas as histórias de amor: O Verbo que se faz carne, assumindo a natureza humana, incorporando suas desventuras, mazelas, vicissitudes e, subindo à mais baixa posição na cruz, resgata os homens para Si, chamando-os propriedade exclusivamente Sua (Êx.19.5), menina dos Seus olhos (Sl.17.8), noiva do Cordeiro (Ap.21.9).
É nesse paradoxo que estamos inseridos, pois à medida que somos chamados, somos, concomitantemente, os frutos do Seu penoso trabalho (Is.53.11), preço elevado (1Pe.1.18,19), vasos de barro (2Co.4.7). É na insufiência do que somos e muito mais na magnitude do que não somos que a excelência de Cristo mostra a suficiência absoluta de Deus. É dando que recebemos; é descendo que subimos; é perdendo que encontramos; é perdoando que somos perdoados; é da fraqueza que tiramos força; é depositando o pão sobre as águas que o encontramos; é nos entregando à morte todos os dias que alcançamos a vida para todo o sempre... Eis o paradoxo da jornada com Cristo!
É nos encontros e desencontros desta magnífica jornada cristã que descobrimos a supremacia e a beleza do conhecimento de Cristo. É nos encontros e desencontros que nos desvencilhamos de tudo e a tudo renunciamos pela excelência desse conhecimento. É nesse paradoxo que estamos inseridos. É no absurdo gritante da cruz que tudo faz sentido. É lá que a fé seduz a razão, e a excelência do conhecimento de Cristo Jesus, nosso eterno Senhor, vela e desvela, na renúncia do homem, o Reino de Deus... Nossa mais sublime escolha!
Roberto dos Reis, M.Th.