IRÃ VERSUS SR TROPEÇO

Ted Cassidy protagonizou durante muitos anos o mordomo Lurch ou Tropeço (foto acima) no seriado Família Addams em exibição em alguns canais pagos ainda hoje.
O personagem, muito engraçado por sinal, tinha a característica de ser extremamente desastrado. Tudo o que tocava acabava virando um problema ou quebrava.
O Brasil age da mesma forma do Sr. Tropeço quando o assunto é o Irã e seus miquinhos amestrados, os tais Aiatolás.
Há um desespero para que o governo federal insista em ocupar um assento no tribunal de exceção chamado conselho de segurança da ONU.
Por conta dessa insanidade, o Brasil vem atropelando as boas relações internacionais a troco de ter um voto no tal conselho que, na prática, não serve para nada.
Entenda o caso.
O urânio é um elemento da tabela periódica com seu lugar numerado na tabela periódica como 238. Só que para construir bombas, usar na medicina e combustível de usinas nucleares esse U238 não serve para nada porque é pouco radioativo.
Entretanto, o U235, que em síntese é o mesmo elemento só que isótopo, ou seja, apresenta menos três elétrons na chamada camada da eletrosfera mantendo o mesmo número de prótons e nêutrons. Isso faz com que o U235 apresenta caraterísticas próprias para o emprego, tanto na medicina como na fabricação de bombas.
Num pedaço de U238 consegue se achar alguns elementos do isótopo U235. Para se enriquecer o U238 é usado um sistema de ultra centrifugação que permite, paulatinamente, juntar mais isótopos aumentando a percentagem do U235.
Com enriquecimento de aproximadamente 3% o U235 serve para abastecer usinas termo-nucleares, já com 20% de enriquecimento pode ser usado na medicina e com mais de 90% consegue-se construir uma bomba nuclear.
O Irã atualmente tem tecnologia para apenas centrifugar até 20% para uso medicinal. O enriquecimento acima de 90% é restrito ao clube de países atômicos do qual o Irã não faz parte. De outro lado, autoridades deste clube privê nuclear temem que aquele País possa enriquecer acima de 90% coisa bem pouco provável.
Imagine um país instável como o Irã, governado por um clã religioso ultra-ortodoxo e hiper extremista, cujo presidente é um violador de carteirinha de todos os direitos humanos ter em mãos um artefato capaz de dizimar uma cidade inteira como Paris.
Nem precisa dizer que o mundo inteiro borra nas calças de medo de uma confrontação nuclear se o Irã decidisse lançar uma bomba dessas em cima de Israel, alvo predileto de países muçulmanos radicais. A coisa iria feder e muito.
O nosso presidente resolveu embarcar na cruzada de convencer o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e não violar os termos dos tratados internacionais que lidam com assuntos atômicos. Há anos que o mundo inteiro tenta convencer o Irã a não construir artefatos nucleares, muitos acordos foram assinados e não seguidos por Mahmoud Ahmadinejad.
O mister Tropeço brasileiro vai mais longe se auto intitulando o Sr. Faz tudo, resolve tudo.
Isso mais parece aquelas historinhas contadas pelo personagem Forest Gump no cinema.
A reunião entre Lula e o presidente russo Dimitri Medvedev acabou sendo mais um prato cheio de vergonha para nós brasileiros e para nossa outrora invejável expertise nas relações exteriores. Sem qualquer conselheiro que pudesse discorrer sobre o que falar e o que não falar, Lula pôs-se a criticar abertamente Dimitri pela invasão do Afeganistão, em linhas gerais um repeteco do Vietnã patrocinado pelo exército vermelho.
Imediatamente Medvedev encerrou a visita pondo fim à conversa do empertigado visitante.
O Sr. Tropeço e seu ministro Celso Amorim mais uma vez perpetraram se meter onde não foram chamados e negociar coisas que não são da sua alçada.
Com isso o Brasil cria há algum tempo atritos nas relações com os demais países, quase todos diga-se de passagem, que não querem ver Teerã com poder nuclear a ponto de explodir o mundo num surto de braveza tipico de Mahmoud Ahmadinejad.
A negociação é letra morta e não serve para nada. Irã vai continuar seu programa de enriquecimento até atingir o ponto dos 90% típicos para uma bomba atômica e já disse isso antes do final da reunião do Sr. Tropeço e Amorim.
Irã acabou sendo o vitorioso na parada nuclear. Negociou através do Brasil a troca de 1.200 kgs de U238 por 120 kgs de U235 a 20% na Turquia ao invés da França ou Rússia como o clube nuclear queria.
Esse material será usado, segundo informa Teerã, na medicina ou como combustível das usinas termo atômicas do Irã. Conversa para boi hibernar anos a fio.
Os especialistas no assunto divergem suas opiniões.
Feldberg, do Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais da USP, discorda. "Sem dúvida nenhuma, podemos dizer que a via diplomática está aberta. Mas qual o problema de negociar, se você não vai cumprir com o que for combinado?", questiona. (fonte g1.com.br)
"No meu entender, esse acordo é uma rota de fuga. O Irã encontrou no Brasil um instrumento para adiar ao máximo possível a imposição de sanções. Mas, do ponto de vista da efetividade e da capacidade de influenciar os acontecimentos ou o comportamento do Irã, ele é completamente inócuo", afirma.
Para Cristina Soreanu Pecequilo, da Unesp, o acordo é positivo por abrir a possibilidade de diálogo em uma mesa de negociações até agora travada. (Fonte g1.com.br).
A base do acordo é a mesma de uma proposta feita pela ONU em outubro de 2009, que previa, no entanto, o envio do urânio iraniano para a França e a Rússia. Na ocasião, o Irã chegou a concordar, mas só se a troca ocorresse em seu território ? o que a ONU considerou inaceitável.
De qualquer forma Mahmoud Ahmadinejad e sua tropa de Aiatolás estúpidos como mulas e que amam uma guerrinha santa tanto faz como tanto fez. O Irã vai continuar sua marcha rumo ao mundo nuclear de bombas e afins.
A manobra brasileira não convence ninguém. Se por um lado é bom negociar por outro o negociador iraniano tem ficha histórica ruim e de nenhuma confiança.
De mais a mais não vejo a participação do país com bons olhos. O Brasil não precisava se envolver nessa polêmica e nesse ninho de cobras. Nosso país não tem nada a ganhar. Não tem questões comerciais importantes a serem resolvidas, não depende do petróleo do Irã. E o custo desse envolvimento é extremamente alto. O Brasil certamente vai ouvir um monte dos Estados Unidos quando ficar comprovado que o Irã não tomou nenhuma atitude, como de fato percebe-se que vai acontecer. Não somente conversa. Obama pretende, em contrapartida da peripécia diplomática brasileira, azedar a vida comercial do Brasil como um todo.
Irá quis ganhar tempo e ganhou. O Sr. Tropeço mais Celso Amorim até que ensaiaram bem a peça de teatro, mas o fim da história todo mundo já sabia na bilheteria, ou seja, com Irã e seus bruxos religiosos não se negocia nada.

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Magno Almeida Lopes, escritor e jornalista free-lancer, administrador de empresas com habilitação em negócios internacionais, tecnólogo de obras e solos, engenheiro de rede Lan, membro efetivo da academia Piracicabana de letras, MBA em comércio exterior. Piracicaba (SP), 18 de maio de 2010.