SoNhO NãO SoNhAdO: O sonho não sonhado do eu.
Publicado em 13 de maio de 2015 por Joacir Soares d'Abadia
SoNhO NãO SoNhAdO: O sonho não sonhado do “eu”.
Um dia o “eu” acordou pela manhã, e percebeu que não havia sonhado nada; ao menos que se lembrasse. Então, pensou que deveria, ao menos, ter sonhado que estava num pouso de Folia. O sonho, todavia, deveria ser assim...
De repente, chega um padre. E, logo, a notícia se espalha...
O povo avisava uns aos outros:
_ “está aqui o padre, que gosta de ricos e odeia pobres!”.
_ “Não, ele não somente odeia pobres, como também, zomba deles”, diz do outro lado, um miserável.
_ “Para!” Diz um homem, angustiado... “Para, pois aquele padre é uma aberração! Além de não gostar dos pobres, zombam dos miseráveis; e sempre se mostra insatisfeito com o salário que recebe da Igreja”.
_ “Seu salário!” – em lágrimas, diz um velho: “Nunca se pagou tão bem a um seguidor do Crucificado. O que ele ganha contradiz com o que prega”.
Ao ouvir tudo isso, o padre sorriu desconfiado e pediu a palavra.
_ “Santificadas sejam as palavras de quem fala sem acreditar!” Assim, começou o discurso do contestado padre. - “Que esta loucura se prolongue de geração em geração, porque são dos frutos de vossos pensamentos que hão de haurir gênios maléficos, os quais poderão pregar um reino de dinheiro e poder para todo o tempo. Lograi-vos! Proclamem-vos reis uns dos outros. Porque estendida é esta geração, doadora de ponte para combates entre os povos”.
Com mais força o padre dizia:
_ “Economizai-vos! Do menor lucro. Sofre para ganhar, em vossas entranhas, o mel que açoita a desilusão da máxima raiva. Poderosas são as palavras que emanam de lábios que não se batizam em castas sombrias. Desses lábios saem nomes de maior drama!”
_ “Suspirai! Suas gargantas estão proclamando o mel” – Continuava o padre: “Falo para que minha garganta não se pareça como as que agora, imóvel, febricitante a entender o que falo. Não. Falo para ouvidos. Ouvido que escuta o que a boca tem a dizer; mas, por causa da doutrina, teme deixar os lábios balbuciarem o que passam nos corações”.
Assim, o “eu” acordou e percebeu que sonhara uma possível realidade trágica (Trecho do Livro: “Contos de Barriga Cheia do Pe. Joacir d’Abadia, 2011).
Pe. Joacir d’Abadia, Pároco em Alto Paraíso-GO,
autor de vários livros