Hoje estive a ver um filme na televisão que contava com a presença de Nicole Kidman, o título em português julgo ser “Mulheres Perfeitas”. Neste filme, vemos a história de uma mulher que apresenta um programa que é um sucesso de audiências (não dos melhores a nível de qualidade mas sim aqueles em que separam casais apaixonadíssimos e cujos episódios estão recheados de intriga e traição), após um escândalo devido a um dos participantes do programa, a personagem interpretada por Nicole é despedida e a sua vida dá uma volta de 180º. Entra em completo pânico, tudo aquilo que fazia parte do seu dia-a-dia, do seu trabalho, termina de repente. É aí que ela, o marido e filhos se mudam para uma vila, longe do local onde residiam inicialmente e onde os mistérios começam. As mulheres nessa vila são a hipérbole da “perfeição”. A mulher que sorri ininterruptamente, que trata da lida da casa 24 sob 24 horas e que obedece totalmente ao marido; que faz tudo o que ele exige e que, acima de tudo, não discute qualquer comentário que faça. A mulher perfeita é a mulher que aceita sem questionar e o pior é que, neste filme, os maridos eram quem levava as mulheres “imperfeitas” para a vila e quem decidia torná-las robots (pessoas telecomandadas, pessoas “perfeitas”).

Apesar de saber que não passa de um filme, a mensagem que transmite (apesar de ser levado ao exagero e acabar por ser uma crítica àquilo que é considerada a “perfeição” do ser humano) deixou-me indignadíssima. A mulher que aceita e não critica, que não trabalha (para não ser “melhor” que o homem, não receber um ordenado maior que este) e cuja única função é decorar os detergentes com que limpa a casa é a mulher ideal? Ainda bem que isto não passa de ficção e de uma ficção levada ao extremo. A mulher, hoje em dia, é tudo menos isso; se nos compararmos com este tipo de perfeição então atrevo-me a dizer que somos super-mulheres: brincamos, estudamos, namoramos e casamos com quem escolhemos, temos filhos e cuidamos da casa (há quem tenha uma ajudinha, mas melhor ainda!), fazemos tudo! Este filme prova que nós não somos só “perfeitas” por fazermos todas estas tarefas mas que ainda temos opinião, capacidade crítica e os homens não querem mulheres sem isso; os homens também não são quem procura pessoas ocas, que só sirvam para ir buscar uma cerveja e para deixar ver o futebol (pelos menos não é assim a generalidade! Há que admitir!) Pode haver quem fuja de compromissos, quem se envolva só por se envolver, mas não é isso que se procura na pessoa com quem queremos passar o resto da vida. As pessoas que se anulam, que não se “revoltam” e opinam quando o têm que fazer podem parecer fantásticas ao início por nos fazerem as vontades todas mas, depois, não representam qualquer desafio. Uma relação seja de amor ou de amizade, um namoro ou um casamento tem que ser, sem dúvida, desafiante em qualquer altura das nossas vidas!