É madrugadinha no Bispo.

Das árvores vão descendo

as sombras que se arrastam

em meio às grandes rochas.

 

E seu silêncio entra em simbiose

com o marulho da beira,

fronteira onde água e areia

em conjunção orgásmica

transfundem-se, tão interpenetradas

em si quanto aquele

duplo vulto notívago e insone,

na contínua cópula escultórica

de horas a fio: em pé, sobre as rochas,

em decúbito no solo praieiro,

sentados com água pela cintura,

felicíssimos na dança

das águas cadenciadas

da mística praia, já

no lusco-fusco do alvorecer.

 

Ali há líquidos fluindo

de dentro para dentro,

não só dos corpos suados,

mas a introduzir-se

pelas ribanceiras e

de lá se precipitando,

pelos galhos pendentes,

como se gotas etéreas fossem,

esguichadas gotas cristalinas

de sêmen jorradas e

nascidas de sombra & luz.