Santo Agostinho em Solilóquios busca através de um diálogo com a sua razão, conhecer a Deus e a alma, nesta perspectiva a busca final era uma vida feliz. Com efeito, para alcançar a felicidade, é impossível se afastar do amor, porque está ligado a Deus e devemos amar aquele que nos criou, ou seja, o próprio Deus.

Agostinho nos escreve tendo como objetivo principal: procurar tudo o que foi pedido em sua oração, de forma resumida, é conhecer a Deus e a alma. Dentro deste contexto, ele e sua razão dialogam o que é preciso para chegar a este fim e perante este contexto Agostinho ressalta que se existisse algo semelhante a Deus ele também o amaria, mas como não existe, ele não pode amar nada além de Deus e a Alma. Contudo irá nos dizer que é possível amar também aos amigos, pois possuem alma, porém os animais não, porque não possui uma alma racional, mesmo que haja humanos ladrões, é possível amá-los, pois estes também possuem alma, mesmo que neles a razão está fazendo o mal.

            Ao decorrer do diálogo, a razão lança um importante argumento, para ele o amor é fundamental para a compreensão de Deus. Vemos a grandiosidade  Dele e veremos o seu amor simples, singular e verdadeiro. Almejaremos amar cada vez mais consequentemente, enquanto a alma habitar no corpo, e no anseio pela busca de Deus se tornará cada vez maior, sendo ela chamada de fé, pois é esta que da força para crer e amar a Deus. Deste modo surge a alma feliz, pois ela cada vez mais conhece a Deus e assim nada a abalará, nem mesmo a morte, por que quando chegar este momento esta alma voltará a Deus, o amor permanecer entrelaçado. Portanto, nesta vida, a Alma necessita destes três pontos: fé esperança e amor, mas apenas o amor depois da vida subsistirá.

O amor também reside em um amor a si próprio, e neste conceito Agostinho mostra amor pelos amigos e familiares, de modo que teme perdê-los ou até mesmo vê-los adoecer, assim como teme também pela sua própria vida ou até pela dor.

Agostinho muda sua visão sobre o amor nas coisas corporais e exteriores, ele com sua conversão, renunciou ao desejo carnal e a procriação, uma de suas inspirações foi o livro de Cícero, que dizia que as riquezas não devem ser através da ambição, mas sim administradas com cautela. Haja vista, Agostinho renuncia a todas as iguarias, por mais que seja de seu desejo ter uma amada bela de bons costumes e de tantos dons, ele decidiu que deve evitar a coabitação conjugal, pois ali há presença de um amor e de uma entrega ao outro, desta forma Agostinho renuncia pois quer ser livre de corpo e alma para servir a Deus completamente, porém, os desejos ainda permanecem, mas o que não lhe convém, ele menospreza sendo um prazer carnal quanto o prazer por beberias e alimentos, pois o seu maior desejo é possuir uma boa saúde.

 

Agostinho, Santo A Vida feliz. 3. ed. Trad. Adaury Fiorotti. São Paulo: Paulus, 2007.