RESUMO DO TEXTO

Sociologia e Educação: um debate teórico e empírico sobre modernidade.

Esse texto mostra que o trabalho da autora Graziella Silva busca contribuir com os estudos entre a sociologia e a educação. Para tanto começa seu trabalho com um contorno histórico que marcaram as relações entre a educação e o desenvolvimento das ciências sociais.

O texto mostra que por um longo período houve um desinteresse da sociologia brasileira pelo tema educação, e com isso fica claro a distancia entre o tema e acadêmicos dessa área.

Silva diz que a sociologia surge no século XIX para explicar as mudanças sociais da modernidade e enfocam a Revolução Francesa, Industrial e a formação dos Estados-Nação como marcos desse processo.

Vários teóricos tentaram explicar essas mudanças com avaliação das diferentes formas destes processos, e com o surgimento também no século XIX de sistemas escolares e da modernidade, a educação começa a fazer parte dos temas das ciências sociais. Perdendo relevância mais tarde, deixando de ser um tema para tornar-se um subcampo da sociologia, contrariando o que defendia Florestan Fernandes. A autora menciona o movimento de autores que ocuparam posições essenciais nessa construção.

Entre outros autores cita as contribuições teóricas de Margaret Archer que se distanciou das analises funcionalistas e estruturalistas, e procurou em suas diversas investigações empíricas articular as relações recíprocas entre ações e estruturas integrando as relações micro e macro e buscando o sistema educacional como disputas entre grupos sociais buscando sua definição.

Graziella Silva cita Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim e salienta que Durkheim foi dentre eles o que mais se dedicou ao tema, e define a educação como uma instituição moralizadora da sociedade.  Para este sociólogo a educação precisa de praticas que se complementem como: disciplina, autonomia e principalmente a moral; através da educação se pode socializar os indivíduos, ou seja, a educação é uma instituição moralizadora da sociedade na visão durkheniana.

Outro autor que segundo Silva pode ser considerado um clássico da sociologia é Talcott Parsons que compartilha da visão macrossociológica dentre as diferentes práticas educativas como as escolas e universidades que se firma e se constrói com outras instituições sociais como a política a economia a divisão de classes e a comunidade societal.  Seguidor das teorias de Durkheim, Parsons defende a educação pela contribuição do individualismo e da integração social.

Para engrandecer a discussão Graziella Silva faz comparações entre autores clássicos e contemporâneos, propondo mostrar como a abordagem macro se distanciou da perspectiva da educação social, - da qual compartilha Parsons -, para tratá-la como uma instituição abstrata passando a ser definida como reprodutora das desigualdades sociais.

Para a autora esta é uma definição que se aproxima da concepção de educação como aparelho ideológico de Estado de Althusser, que se dizia marxista, mas seu pensamento se encaixa na teoria de funcionalista de Durkheim, que analisa a conservação do equilíbrio social, enquanto Althusser busca a ruptura e a revolução, os marxistas tratam à educação como uma “vilã”.

Habermas da tradicional Escola de Frankfurt e Giddens são atores que segundo Silva vêem a educação como instituição vinculada ao desenvolvimento da modernidade e não se dedicam a explorá-la, embora o segundo dê relevância a ação do individuo e reconhece sua capacidade de reflexão da realidade social. Ainda de acordo Silva essa falta de exploração entre os atores e o tema poderia ser explicado pela distancia entre a sociologia e a educação.

Recorrendo novamente a Archer, Graziella Silva comparar a construção dos sistemas educacionais de quatro países europeus, Rússia, França, Inglaterra e Dinamarca, para mostrar como esses sistemas educacionais se transformaram em virtude da ação dos agentes que atuaram em seu interior e da relação que o sistema educacional mantém com outras instituições sociais. Graziella retém da reflexão de Archer a retomada da perspectiva macrossociológica presente em determinados pensadores clássicos da sociologia em oposição às visões individualistas e voluntaristas de algumas abordagens sociológicas contemporâneas, assim como a centralidade do papel dos atores sociais na construção dos sistemas educacionais.

 Dessa forma, o estudo assume o pressuposto de que para compreender a dinâmica histórica dos sistemas educacionais, engendrada pelas disputas de poder no interior das atividades educacionais, é preciso analisar quem ganhou ou perdeu determinadas lutas específicas e quais os custos para os atores dessas disputas.

Norbert Elias outro nome que diferente do que acredita Archer, é o que segundo Silva melhor define o que chamam de movimento sintético, ele não acredita nos ciclos morfogênicos tão pouco na interação cultural e sociocultural. Elias afirma que a sociologia parsoniana, assim como as teorias clássicas, reificam a distinção entre indivíduos e sociedade como coisas distintas.

Para uma melhor compreensão das discussões, a autora traz outra problemática para se entender à sociologia da educação no Brasil que durante a década de 1920, era possível se pensar em uma educação criadora de cidadania liberal, mas com o Estado Novo surge uma educação religiosa e seletiva, porém só após dez anos e que se constrói o primeiro sistema educacional brasileiro. Foi durante esses anos que as disputas em torno do tema educacional foram mais evidentes, e vários projetos sobre a forma mais adequada para se organizar e definir como seria o sistema educacional de um país. Paulo Freire foi desmontado pelo governo militar acusado pela destruição da conscientização política da população brasileira, ou seja, era visto como uma ameaça ao regime instalado. Esse mesmo governo foi quem investiu nas universidades publicas atualmente local de resistência ao modelo neoliberal do governo.

Assim, Silva diz que a educação talvez seja uma das instituições sociais mais suscetíveis á ação humana que ela não existe sem a interação entre alunos e educadores. Pensando sociologicamente uma redefinição para a educação no Brasil, ela propõe rediscutir o sistema educacional buscando novos caminhos e enfatiza que a sociologia deve contribuir significamente para a elaboração desse novo conceito.

Conclui-se então que a sociologia seja o caminho para que haja a integração entre alunos e professores, pois ela proporciona as vertentes necessárias para o estudo dessa temática e nos aponta possíveis soluções para essa dinâmica.

Valdenilze Santos de Oliveira Alves.

Bacharel em sociologia - UNIJUI