SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: ELEMENTO PARA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
Publicado em 11 de abril de 2011 por Arismar Maneia
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: ELEMENTO PARA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
A Sociologia da Educação surge do encontro entre a pedagogia e a sociologia, como um conhecimento científico aplicado à interação sociedade-educação, que dispõe de um corpo teórico particular, expressado em um sistema conceitual específico.
O primeiro trabalho de Sociologia da Educação foi do Francês Émile Durkheim (1858-1917), que publicou "Educação e Sociologia". Pouco depois, John Dewey, em 1899, publicou "Escola e Sociedade", refletindo sobre o meio social e a escola, sendo uma busca da transformação da sociedade, considerando os conhecimentos científicos. A riqueza das definições e problemáticas abordadas por estes clássicos é uma expressão da complexidade das relações dialéticas entre a sociedade e a educação, que se manifestam claramente na realidade na qual vivemos no sistema educacional da América Latina.
A ênfase dada à sociologia na Inglaterra era uma tentativa de interferir na política educacional em vigor, e, deste foco, se irradiou para todo o mundo a relação entre o nível social e a oportunidade educacional. Assim:
A Sociologia da Educação entrou no currículo da formação de professores. As novas influências teóricas, que afetaram os rumos da sociologia geral, afetaram também a Sociologia da Educação [...] Uma nova Sociologia da Educação nasceu e estabeleceu seu principal objetivo de estudo: o currículo escolar, aproximando-se assim a sociologia do conhecimento (MOREIRA; SILVA, 2000, p. 19).
O ensino da Sociologia da Educação no Brasil se intensificou a partir dos anos 60, pelos motivos de mudanças na formação dos professores, buscando maior qualidade de ensino, ampliando o tempo de estudo e investigações nas Ciências Sociais.
Na leitura dos Parâmetros Curriculares da Educação Ambiental se destacam os objetivos sociológicos muito claros, sobre os quais nosso educando deve refletir:
- Compreender a cidadania como participação social e política, assim como o exercício de direitos e obrigações políticas, civis e sociais, adotando no dia a dia atitudes de solidariedade, compreensão e repudio à injustiça, respeitando o outro exigindo respeito para si mesmo.
- Considerar-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e interações, para contribuir ativamente na melhora do meio ambiente.
- Desenvolver o conhecimento de si mesmo com sentimento de confiança em suas capacidades efetivas, físicas, cognitivas, éticas, relação pessoal e inserção social, para atuar com perseverança na busca do conhecimento e no exercício da cidadania.
É muito importante que o curso de Sociologia da Educação se converta no espaço para a preparação do futuro educador como cidadão, tratando as questões sociais na perspectiva da cidadania, preparando sujeitos críticos dentro de sua realidade. Os educandos de Pedagogia necessitam poder situar-se como educadores e cidadãos, reconhecendo seus direitos e obrigações.
Segundo os PCNs (1998, p. 32), o desafio consiste em não esperar por professores que só depois de "prontos" e "formados" possam trabalhar com os alunos. É possível, durante sua formação, prepará-los para a implantação de projetos educativos especiais que façam um trabalho de formação de professores dentro da realidade social. A instituição tem que estar presente no dia a dia da comunidade.
A formação da cidadania somente se faz diante seu exercício, por isso é tão importante trabalhar com a possibilidade de que o aluno do curso de Sociologia da Educação se prepare para ocupar seu espaço como professor suficientemente preparado para ensinar a prática de cidadania.
Para garantir que as participações se desenvolvam é conveniente uma intervenção sistemática dos professores e através de suas disciplinas, devidamente planejadas e mudando ou transformando-se de acordo com o desenvolvimento dos educandos. Durkheim (1979) diz:
A educação é a ação feita pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram, todavia preparadas para a vida social, tem o objetivo de suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política em seu conjunto, e para o meio especial a que a criança particularmente se destina (p. 25).
A educação é fundamental para a vida de uma sociedade, se pode afirmar que ela tem o nobre objetivo da socialização sistemática, proporcionando-lhe condições para participar e desempenhar sua função no grupo.
A educação é um processo contínuo, que exige do indivíduo uma posição de vida, requer ajustar-se gradualmente e adquirir novas atitudes, obrigações e responsabilidades sociais.
É muito importante distinguir a educação informal e formal. Na educação informal o indivíduo aprende pela convivência, já na educação formal há necessidade de um processo educacional que acompanhe as mudanças sociais, econômicas e tecnológicas. As instituições educacionais são instituições formais, partes de um sistema educacional que representa o completo universo de relações e contradições sociais, sendo esta forma de educação escolarizada a tendência dominante das sociedades modernas.
As instituições educacionais, através de manifestações concretas, buscam formas de conhecimentos socialmente úteis, um verdadeiro universo cultural para construir um conjunto de conhecimentos que o homem moderno tenta dominar.
Na educação formal a função educativa das instituições educacionais (escolas) é a transferência cultural, conhecida como cultura, o conjunto de conhecimentos, crenças, moral, hábitos e costumes incorporados no indivíduo que faz parte da sociedade (MARTINS, 1998, p. 25). A educação na escola realiza seu papel na transmissão da cultura geral tanto de maneira conservadora como inovadora, assegurando a transmissão dos valores que sejam considerados úteis.
A inovação educacional é uma profunda transformação da qualidade educativa, totalmente feita para uma sociedade justa. Quando falamos de sociedade justa nos referimos à estrutura de um processo educativo que permite uma atitude crítica dentro do sistema social, com o objetivo de capacitar o educando para que possa analisar a realidade individual ou social, como membro do grupo social em que vive, sempre associado aos conceitos básicos ambientais. Azevedo diz: "Quando sugiro uma transformação profunda de nosso processo educativo, o faço por estar seguro de contribuir para a organização social" (1980, p. 19).
A inovação educacional real do Brasil é possível através de modificações iniciadas com a Lei das Diretrizes Básicas (LDB) promulgada em 1998, e em discussão, pelo Ministério da Educação, em que se mostram passos para melhorar a formação de professores nas diversas instituições e universidades do Estado ou de iniciativa privada para educadores de ensino fundamental, médio e superior.
REFERENCIAS
AZEVEDO, Marcelo De Carvalho. Sociedade de educação e justiça. São Paulo: Loyola, 1980.
MARTINS, José de Souza. O poder do atraso. São Paulo: Hucitec, 1998.
UNESCO/UNEP/IEP. Enviromental education: module for pre-service training of science teachers and supervisors for secondary schools. New York, 1983, (Enviromental Education Series, V. 7).
______. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais, Ensino Fundamental. Disponível em: . Acesso em: 12 de mar. 2000.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais ? ética. Vol. 8 Brasília: MEC, 1997.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio ambiente e Saúde. Vol. 9. Brasília: MEC, 1997.