Por Sonia Jordão

Diz um ditado popular: “Se continuarmos fazendo o que sempre fizemos, vamos continuar obtendo o que sempre obtivemos”. Geralmente em tempos de crise, quando há algum risco, precisamos assumir nossas responsabilidades, ser ágeis, capazes de comunicar e antecipar os acontecimentos. Crises têm sido uma constante em todos os âmbitos, por isso não é bom que sejam vistas como catástrofes; mais adequado seria que a considerássemos como uma purificação ― que, aliás, é o significado etimológico da palavra crise ― momento de crescimento. A vida é cheia de altos e baixos, por isso nos períodos bons precisamos nos preparar e nos guardar para os períodos ruins.

Os trabalhadores precisarão se ver como empresários independentes, ter uma marca especial: “você”. Terão que “vender” seus serviços, seu trabalho. Mesmo sendo para um só cliente: seu patrão.

Nesse mundo globalizado, fazemos diversas escolhas, mas precisamos aprender a nos conhecer, a gerir nossos atos e a nós mesmos. Em breve, muito do que sabemos hoje não será tão importante. O difícil é saber o que esquecer. Temos que gerenciar o presente, esquecer as coisas do passado de maneira seletiva e procurar ter combustível suficiente para o futuro. É importante entender que atualmente o conhecimento tem “prazo de validade” cada vez menor. Por isso, precisamos identificar nossas prioridades.

É bom aprender a fazer perguntas, perguntar o que ninguém perguntou e perguntar as coisas certas. Imagine-se em um deserto com uma lâmpada mágica como a do Aladim. Você esfrega e aparece o gênio lhe concedendo um pedido. Você mais que depressa fala: “Quero a melhor mulher do mundo”. Imediatamente aparece a Madre Tereza de Calcutá. Era isso que você queria? Saiba o que perguntar e o que falar, caso contrário agüente as conseqüências.

Com o fim da estabilidade, o que temos é um ritmo frenético de mudanças. Surgiram novos valores como auto-estima e responsabilidade individual. Para ser o bom profissional precisaremos criar um novo mundo desde já. Aprender com o passado e esquecer o que não tem importância. Gerenciar o presente e planejar o futuro. Teremos de ter mais flexibilidade para mudar e muito mais tolerância com as diferenças que surgirão.

Precisaremos destruir as barreiras erguidas no passado e construir pontes. A propósito, se alguém quiser aprender a pensar por si mesmo, primeiro precisa ser intelectualmente curioso. E não se consegue ser assim se não se submeter a uma certa “zona de desconforto”.

O grande diferencial competitivo será a velocidade de reação da Organização, e essa depende das pessoas que a compõe. Precisamos ser capazes de mudar rapidamente o que acontece dentro da Empresa, além de traçar novas estratégias com precisão e agilidade, mesmo sem ter todos os indicadores necessários. Precisamos ser intuitivos e não ter medo de correr riscos. São muitas as informações disponíveis, não temos tempo para esperar o outro se desenvolver. É como se levantássemos vôo e só depois nos ajustássemos à rota. Podemos dizer que ou você corre em busca do seu desenvolvimento, ou passará longe das oportunidades.

Para ter chances de sucesso em tempos de mudanças, precisamos também perseguir a excelência técnica, demonstrar iniciativa e vontade de aprender, além de ter fôlego para desenvolver a habilidade de gerenciar projetos. O grande diferencial desse pacote, no entanto, é juntar a essas competências uma dose de emoção ― e até de paixão ― no trabalho.

Quando pensamos em enfrentar as pressões do dia-a-dia, sabemos que para nos manter motivado é preciso gostar do que fazemos. É importante procurar fazer com que as pessoas percebam que você procura resultados, mas que não funciona como uma máquina.

Precisamos enxergar o emprego como um meio, e não um fim, encarar o trabalho como aprendizado, desafio intelectual. Mas, tenha cuidado para não deixar de fazer aquilo que você mais gosta. Fazer a diferença numa Organização é não se esconder atrás da mesa de trabalho, mas mostrar seu valor, defender suas idéias, buscar soluções, fazer o trabalho sempre de maneira excepcional. Só assim seremos respeitados. E precisamos, também, nos adaptar às transformações provocadas pela nova forma de gestão.

Embora muita coisa tenha mudado, a necessidade de bons profissionais permanece constante. Aqueles que tiverem sucesso nessa difícil transformação se descobrirão em novos papéis que são muito mais recompensadores, tanto pessoal quanto profissionalmente. 

Sonia Jordão é especialista em liderança, palestrante, consultora empresarial e escritora. Autora do livro “A Arte de liderar – Vivenciando mudanças num mundo globalizado”, e do livro de bolso “E agora, Venceslau? Como deixar de ser um livro explosivo”.

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