Edson Silva

É provável que o mundo inteiro esteja atônito ao acompanhar, desde sexta-feira (11), outra tragédia, desta vez o terrível terremoto (seguido de tsunamis), ocorrido no Japão e que atingiu diversos países, deixando rastros de destruição e mortes. Não tenho base técnica para avaliar causas do fenômeno. Também não acho legal comparar fato tão cheio de dramas pessoais com as amplas previsões de escrituras sagradas de religiões. Por isso, creio que seja momento de lamentar e pedir algum tipo de conforto para as pessoas diretamente envolvidas com a tragédia.

Ao ver carros, aviões e navios arrastados pela correnteza como fossem meros brinquedos, casas inteiras sendo destroçadas, pensei na música "As Profecias", que foi composta em 1978 pelo Raul Seixas e o Paulo Coelho. A música começa declamada em tom melancólico, dizendo: "Tem dias que a gente se sente /Um pouco, talvez, menos gente/ Um dia daqueles sem graça/De chuva cair na vidraça..." E foi exatamente assim que comecei me sentir diante da impotência da raça humana nestas situações.

Na música, Raul e Coelho descrevem o que seria o fim do mundo, algo previsto em qualquer profecia feita, seja por pseudo sábio, que viu o futuro ou por o que eles chamam de louco que escreve no muro. " ...Estouro, explosão, maremoto/ A chama da guerra acesa, A fome sentada na mesa... / O anjo surgindo no mar/ Os selos de fogo, o eclipse/ Os símbolos do apocalipse..." A meu ver parece que a música está narrando as imagens que as TVs e sites desfilam para os meus olhos naquele momento.

E para nós que conhecemos toda a música parece que mentalmente continuamos as demais estrofes, mas sem a alegria de seu ritmo contraditoriamente dançante. "...Está em qualquer profecia /Que o mundo se acaba um dia.../Sem fogo, sem sangue, sem áis /O mundo dos nossos ancestrais. / Acaba sem guerra mortais/ Sem glorias de Mártir ferido/ Sem um estrondo, mas com um gemido..."

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

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