"La théorie c'est bon, mais ça n'empêche pas d'exister".
Não era Charcot um pensador, mas uma natureza de dotes artísticos ou, como ele próprio dizia: um "visual". Sobre seu método de trabalho comunicou-nos um dia o que segue:


Costumava considerar "detidamente" uma e outra vez aquilo que não lhe era conhecido e robustecer assim dia a dia sua impressão até o momento em que chegava de súbito à sua compreensão. Ante sua "Visão Espiritual" se ordenava então ante ao CAOS, fingido pelo constante retorno dos mesmos sintomas, surgindo os novos quadros patológicos, caracterizados pela contínua conexão de certos grupos de síndromes. Fazendo ressaltar, por meio de certa esquematização, os casos complexos e extremos, ou seja os "padrões", passava depois destes para a longa série dos casos mitigados; isto é, das "formas frustras", que tendo o ponto inicial em qualquer dos sinais característicos do tipo, se estendia até o indeterminado.


Charcot falava deste labor mental ("método"), em que nínguém se igualava a ele, que era fazer "sonografia", e disto se mostrava orgulhoso.


Muitas vezes o ouvimos afirmar que a maior satisfação de que um homem podia gozar era ver algo "novo"; isto é, RECONHECÊ-LO COMO TAL E EM OBSERVAÇÕES CONSTANTEMENTE REPETIDAS; VOLTAVA SOBRE O MÉRITO E A DIFICULDADE DE UMA TAL "VISÃO", INDAGANDO-SE A QUE PODIA OBEDECER O FATO DOS MÉDICOS SÓ VEREM AQUILO QUE APRENDERAM A VER, E FAZENDO RESSALTAR A SINGULARIDADE DE QUE FORA POSSÍVEL VER DE REPENTE COISAS NOVAS -- ESTADOS PATOLÓGICOS NOVOS -- QUE, NÃO OBSTANTE, ERAM PROVAVELMENTE TÃO ANTIGOS QUANTO A MEMÓRIA DA HUMANIDADE.

É indiscutível que o progresso de nossa ciência, aumentando nossos conhecimentos, desvaloriza parte dos ensinamentos de Charcot, mas nenhuma mudança nos tempos nem das opiniões diminuirá a fama do homem cuja perda se chora na França e fora dela. (Viena, agôsto 1893)


Referências:


Obras completas de Freud.

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