Sobre aborto e início da vida humana, segundo a Ciência

A lei brasileira criminaliza o aborto, exceto em três casos: risco de vida para a mãe, estupro, ou bebes anencéfalos. Nos demais casos, a mulher que faz aborto e quem o realizou vão para a cadeia. Por causa da proibição, muitas mulheres procuram clínicas clandestinas.

O abortamento ilegal representa a quinta causa de mortalidade materna no Brasil, segundo o Conselho Federal de Medicina. Um estudo não oficial indica que cerca de dez mil mulheres morrem por ano em função de abortos clandestinos em território brasileiro (dados da Wikipédia). Todos os pesquisadores concordam, são as mulheres pobres as maiores vítimas do aborto clandestino; as ricas, que podem ser filhas dos mesmos juízes e políticos que são contra o aborto, procuram clínicas particulares com médicos especializados.

A Igreja se mantém irredutível e condena qualquer tipo de aborto. Alega que a vida começa no momento da fecundação, de modo que praticar o aborto, seja em qualquer etapa da gestação seria equivalente a matar uma pessoa. Será verdade que a vida de um ser humano começa no momento em que o óvulo é fertilizado pelo espermatozoide? A ciência discorda.

A visão embriológica sustenta que a vida humana começa na terceira semana de gravidez, porque até doze dias depois da fecundação, o embrião ainda pode se dividir e com isso gerar duas ou mais pessoas. A individualidade de um ser humano, portanto, só começaria após 12 dias de gestação.

A visão neurológica aponta que o mesmo princípio para a morte vale para a vida. Portanto, se a vida termina quando não há mais atividade elétrica no cérebro, a vida começa quando se inicia a atividade elétrica no cérebro. E quando isso acontece? Para alguns cientistas na oitava semana. Para outros somente na vigésima semana.

Seguindo critérios científicos, não deveria ser considerado homicídio praticar o aborto antes da terceira semana de gestação (visão embriológica) ou antes da oitava semana, quando o cérebro ainda não apresenta atividade elétrica (visão neurológica). Muitas pessoas, religiosas ou não, temem pelo sofrimento que o efeito do aborto poderia causar ao feto. Cientistas tentam provar que até certo tempo de gestação, o ser em evolução no útero não sente dor. Uma equipe de médicos publicou na revista "Associação Médica Americana", um estudo que indica que os fetos provavelmente não sentem dor nos primeiros seis meses de gestação. De modo que não haveria necessidade de anestesia para os fetos no caso de aborto. Mas se eles falam “provavelmente”, é porque, claro, existem dúvidas.

Certeza mesmo só quando o aborto é praticado antes da oitava semana, pois, de acordo com a ciência, a atividade elétrica do cérebro ainda não começou e aí sim, não haverá sofrimento para o feto.

O que seria mais justo? Defender a vida da mulher com projetos, família e vida pela frente, ou a vida de um feto de poucos dias, que não tem consciência de si mesmo e nem pode ser chamado ainda de ser humano?