Sobre A Verdade Pitagórica
Publicado em 29 de outubro de 2010 por Bruno Azevedo
Os pitagóricos, responsáveis pela criação de um sistema religioso que se baseava na Matemática, como verdade manifesta do Cosmos, tendo o objetivo de através dos números decodificar cosmogonicamente o universal, já que os números, considerados como manifestação do real, ou mais próximos do que se concebera enquanto real, poderiam fornecer por sua concretude, alguma compreensão a respeito do que somos.
O Cosmos, dentro de uma perspectiva matemática, possuía uma dimensão não mais distante a ponto de parecer inconcebível ao humano, passivo de análise, chegando a uma concepção harmônica originária de idéias órficas ? relativo ao Orfismo, baseado no culto de Orfeu, reminescência do culto a Dionisio ? entre natureza e humanidade, a partir de um ordenamento cósmico, onde tudo se manifesta em representação numérica, possibilitando de forma inovadora, conceder ao homem uma ação de libertação da alma, de forma subjetiva e humanística.
A própria evolução humana seria consequência de uma estrutura cognitiva que evolui conforme a compreensão numérica existente, pois os números não seriam apenas símbolos, conforme concepção de nossa sociedade contemporânea, mas alma (anima) de tudo que existe.
O ente passa a ter o numérico como referência, um simulacro de um plano superior, na verdade uma imitação no sentido de mímesis, nada é por si, o que existe é reflexo ou resultado de uma superestrutura numérica, manifesta nas formas observadas. Também se cria uma representação figurada dos números para a concepção das leis pitagóricas, onde é dada uma forma simbólica ao número para facilitar sua compreensão.
Pitágoras fornece a descoberta de uma dependência do som em relação á extensão ? entendida como descontínua, por constituir-se de unidades invisíveis, separadas por um intervalo, resultante da "respiração do universo", pois vivo, inalaria a pneuma ápeiron em que estaria imerso ?, da música em relação à matemática.
A partir do gnomon de Anaximandro, os pitagóricos, através de investigação das diferentes séries numéricas, verificando crescimento gnomônico da série de números pares, criando uma figura oblonga retangular, enquanto a série de ímpares cresce como um quadrado. Assim, o número par é visto como expressão aritmo-geomátrica da "alteridade", enquanto o ímpar o representante da "identidade".
O homem se tornava a medida de todas as coisas e medido a partir de todas coisas, onde o ente humano se torna numérico, o resultado de uma equação divina, avançado em relação ao que lhe é subordinado, simplório se comparado a força que o subordina.
Em meio a uma lógica numérica que se demonstra como algo harmônico, existe um sistema social que não atende a um ordenamento linear, embora a presunção pitagórica seria de aplicar o sistema pitagórico como forma de estruturar a sociedade, onde a normatização segue a "perfeição" numérica.
Entretanto, a perfeição pitagórica foi contrariada por contradições evidenciadas em um sistema limitado que se baseava em números inteiros, como maior contradição, a evidência dos números "irracionais", com expressões inexprimíveis na concepção numérica vigente.
Claro que não se pode negar a importância de Pitágoras, bem como a influência pitagórica que se repercutiu na história humana, um sistema que contribuiu com uma epistemologia em processo de construção, por outro lado, demonstrando a fragilidade por universalizar um princípio matemático, tendo sua verdade numérica como um princípio que está imbuído de sua própria contradição.
Referência Bibliográfica:
PESSANHA, José Américo Motta. Pré-Socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Pensadores)
O Cosmos, dentro de uma perspectiva matemática, possuía uma dimensão não mais distante a ponto de parecer inconcebível ao humano, passivo de análise, chegando a uma concepção harmônica originária de idéias órficas ? relativo ao Orfismo, baseado no culto de Orfeu, reminescência do culto a Dionisio ? entre natureza e humanidade, a partir de um ordenamento cósmico, onde tudo se manifesta em representação numérica, possibilitando de forma inovadora, conceder ao homem uma ação de libertação da alma, de forma subjetiva e humanística.
A própria evolução humana seria consequência de uma estrutura cognitiva que evolui conforme a compreensão numérica existente, pois os números não seriam apenas símbolos, conforme concepção de nossa sociedade contemporânea, mas alma (anima) de tudo que existe.
O ente passa a ter o numérico como referência, um simulacro de um plano superior, na verdade uma imitação no sentido de mímesis, nada é por si, o que existe é reflexo ou resultado de uma superestrutura numérica, manifesta nas formas observadas. Também se cria uma representação figurada dos números para a concepção das leis pitagóricas, onde é dada uma forma simbólica ao número para facilitar sua compreensão.
Pitágoras fornece a descoberta de uma dependência do som em relação á extensão ? entendida como descontínua, por constituir-se de unidades invisíveis, separadas por um intervalo, resultante da "respiração do universo", pois vivo, inalaria a pneuma ápeiron em que estaria imerso ?, da música em relação à matemática.
A partir do gnomon de Anaximandro, os pitagóricos, através de investigação das diferentes séries numéricas, verificando crescimento gnomônico da série de números pares, criando uma figura oblonga retangular, enquanto a série de ímpares cresce como um quadrado. Assim, o número par é visto como expressão aritmo-geomátrica da "alteridade", enquanto o ímpar o representante da "identidade".
O homem se tornava a medida de todas as coisas e medido a partir de todas coisas, onde o ente humano se torna numérico, o resultado de uma equação divina, avançado em relação ao que lhe é subordinado, simplório se comparado a força que o subordina.
Em meio a uma lógica numérica que se demonstra como algo harmônico, existe um sistema social que não atende a um ordenamento linear, embora a presunção pitagórica seria de aplicar o sistema pitagórico como forma de estruturar a sociedade, onde a normatização segue a "perfeição" numérica.
Entretanto, a perfeição pitagórica foi contrariada por contradições evidenciadas em um sistema limitado que se baseava em números inteiros, como maior contradição, a evidência dos números "irracionais", com expressões inexprimíveis na concepção numérica vigente.
Claro que não se pode negar a importância de Pitágoras, bem como a influência pitagórica que se repercutiu na história humana, um sistema que contribuiu com uma epistemologia em processo de construção, por outro lado, demonstrando a fragilidade por universalizar um princípio matemático, tendo sua verdade numérica como um princípio que está imbuído de sua própria contradição.
Referência Bibliográfica:
PESSANHA, José Américo Motta. Pré-Socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Pensadores)