Por mais que tenhamos as facilidades tecnológicas no alcance das mãos, ainda é muito penosa a busca por um emprego. Digo isso, pois, estou passando por esse calvário nesse exato momento. E não é por falta de vagas, mas não é justo. As ofertas são muitas, mas as condições e salários não são os melhores, acreditem. Para a maior parte das vagas, exige-se pouca qualificação, porem, paga-se mal, poucos benefícios e escalas estressantes que sacrificam nossos fins de semana, bem como o convívio familiar, protegidos pelas leis trabalhistas. As melhores vagas exigem uma qualificação melhor, diga-se nível superior, algumas nem matam o fim de semana, mas também pagam mal, tendo em vista a qualificação exigida. Resultado: exige-se muito e oferece-se pouco. O tempo vai passando e a angústia aumentando. E como estamos numa situação de extrema vulnerabilidade, acabaremos aceitando qualquer coisa, por necessidade. E adivinhem o que vai acontecer? Insatisfação! Digo por experiência própria! Até que se chega ao extremo de pedir demissão, sem medo, sem pestanejar nem olhar pra trás. Ufa, que alívio! Então estou aqui pensando: será que penso e ajo assim por que ainda não me encontrei? Ou por que não tenho filhos que dependam de mim? Ou por que sei que minha família vai me ajudar a segurar a onda, como já aconteceu? Tudo isso pode ser verdade, mas é igualmente verdade que está muito complicado encontrar uma solução: tenho 33 anos, solteira, não tenho filhos (isso conta muito no currículo), sou formada em direito e jamais consegui trabalhar na minha área de formação (exceto pelos estágios na época da graduação), nem como assistente jurídico ou coisa parecida. E pra ajudar, ainda não consegui passar no exame da OAB! Tanto investimento, estudos, cursinhos, renúncias, pra nada! E como dói cada reprova... Desde que tinha catorze anos e estava na oitava série que sou apaixonada pelo direito, sobretudo a área trabalhista (aliás, é a minha opção de segunda fase), mas já cheguei até a pensar que fiz a escolha errada, já que ainda não consegui realizar o sonho de exercer minha profissão. Estou realmente cansada e chateada de ter que trabalhar em coisas que não gosto, por que preciso sobreviver, quando tudo que preciso, é de uma chance. Acredito que cada um de nós precisa e merece uma chance, de mostrar quem é, de provar o seu valor, o que tem pra acrescentar, pra oferecer. O fato de não ter a carteirinha da OAB não quer dizer que não serei uma boa profissional. Gosto de ler, escrever, estudar, e gostaria muito de viver fazendo uma coisa que gosto, de ser boa nisso, de deixar o meu legado, enfim, de me realizar profissionalmente. E quantos de nós não queremos o mesmo? Sei que posso estar errada, ainda mais num tempo em que “tempo é dinheiro” e que as empresas querem um profissional pronto ao invés de preparar um, mas penso que, se as empresas investissem e preparassem seus profissionais, a rotatividade de mão de obra seria menor e seus profissionais seriam mais fiéis e satisfeitos. Também sei que existem outros caminhos, como prestar concurso, mudar de carreira, mas, em qualquer caso, vou precisar de um bom emprego. Sem falar que, em ambos os casos, trata-se de um investimento de longo prazo, ou seja, não serve pra quem sofre de excesso de futuro, como eu, que está vendo o tempo passar e nada acontecer. Então resolvi escrever, não apenas como uma forma de externar minhas inquietações, como também de exercitar uma coisa que sempre gostei de fazer e, quem sabe, ganhar a vida com isso também... Não quero que pensem que sou acomodada, que não gosto de trabalhar, muito pelo contrário! Sempre trabalhei, sempre precisei trabalhar! Já fui operadora de caixa de supermercado, operadora de telemarketing, auxiliar de almoxarifado, já trabalhei em loja de shopping, em banco, e ultimamente, venho trabalhando como auxiliar de cobrança ou negociadora. Isso não quer dizer que não sei o que quero! Isso quer dizer que sempre tive que matar meus sonhos cada vez que me submeti a fazer o que não queria, por que precisava trabalhar. Tive que aprender vários ofícios diferentes ao longo da vida, e isso não teria sido possível, se não tivessem me dado uma oportunidade, um voto de confiança. Tudo isso é apenas pra dizer que, é muito triste você se ver qualificado, estudado, preparado, pronto pra fazer muito mais, e saber que, mais cedo ou o mais tarde, vai ter que acabar aceitando muito menos, por que ainda não teve uma chance... Mas vou continuar tentando!