Um muro de indiferença separa diferenças
Construído com tijolos bem distintos
Empilham-se aos pedaços
Dor, ciúme, competição
Raiva, inveja, compaixão
Ódio, mágoa, decepção
Rancor, tristeza, solidão.

Muro torto e desconexo
Em parte côncavo em outra convexo
Em total desalinho parece fortaleza
Alija os diferentes em sua imortal fraqueza.

A massa que os reúne não comporta sedução
Não contém qualquer semente de qualquer admiração
Expõe defeitos esquecidos outrora adormecidos
Esconde o que ainda de bom habita o coração.

Não há emboço nem pintura
Nesse muro torpe ignóbil criatura
Não há fenda nem desvão
Ou outra forma de comunicação.

Devaneios tontos debilitam a implosão
Quimeras fúteis a abalar a explosão
A vontade de um não começa a demolição.

O muro só vai ao chão
Pelo ataque em comunhão.

Só o amor destrói.