Introdução

O foco da enfermagem é o bem estar do paciente, é a humanização do atendimento observando o paciente como um todo, a SAE contribui para um cuidado minucioso e sistematizado. Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é a implantação de um processo sistematizado e informatizado para maior segurança do paciente e melhora na qualidade da assistência, e com isso os profissionais de enfermagem têm mais autonomia e respaldo para exercer a profissão. Além de oferecer respaldo cientifico a SAE direciona as atividades realizadas trazendo credibilidade e competência para o profissional de enfermagem. O enfermeiro necessita de conhecimentos científicos e habilidades para a implantação da SAE que é privativo do enfermeiro, é preciso também conhecer a realidade do setor em que trabalha, o perfil dos enfermeiros que trabalham nesta unidade e as características da clientela atendida.
O objetivo é através da literatura entender mais sobre SAE, sua implantação, quais seus benefícios e as dificuldades para a implantação na unidade de saúde.












1. O que é SAE

É sistematização da assistência de enfermagem que visa maior segurança para o paciente e melhora na qualidade da assistência direcionando as atividades realizadas. É fundamental a implantação da SAE porque além de melhorar a assistência enfermagem, contribui para o julgamento clinico e a criação de vínculo com o paciente/cliente. O enfermeiro precisa de conhecimentos científicos e habilidades, ou seja, precisa se capacitar para essa prática assistencial de modo que o contato com o paciente seja mais afetivo observando-o como um todo e que as ações sejam sistematizadas. Também deve haver a educação permanente de todos os profissionais envolvidos nesse processo.
A Resolução 272 do COFEN de 2002, determina que a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) deve ocorrer em toda a Instituição de saúde pública e privada e que os passos dessa sistematização sejam formalmente registrados no prontuário do cliente. Além disso, sua implantação se torna uma estratégia na organização da assistência de enfermagem nas instituições, atendendo, assim, aos requisitos do Manual Brasileiro da Acreditação Hospitalar. A acreditação hospitalar deve ser meta principal de toda instituição de saúde que busca a qualidade dos serviços prestados. Diz-se que um estabelecimento hospitalar é acreditado quando seus recursos, processos e resultados têm qualidade satisfatória.

1.1 Fases da SAE
Processo de enfermagem: é um método utilizado para implantar na prática profissional uma teoria de enfermagem e consiste na investigação através da anamnese e exame físico (o histórico de enfermagem), no diagnóstico de enfermagem, no planejamento, na implementação da assistência e na avaliação.
Para a implementação da assistência de enfermagem, devem ser considerados os aspectos essenciais em cada uma das etapas:
Histórico: Conhecer hábitos individuais e biopsicossociais visando a adaptação do paciente à unidade de tratamento, assim como a identificação de problemas.
Exame Físico: O enfermeiro deverá realizar as seguintes técnicas:
inspeção, ausculta, palpação e percussão, de forma criteriosa, efetuando o levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e anotação das anormalidades encontradas para validar as informações obtidas no histórico.
Diagnóstico de enfermagem
É o julgamento clínico sobre as respostas do individuo, da família ou da comunidade a problemas de saúde/processos vitais reais ou potencias. Constitui a segunda etapa do Processo de Enfermagem, é o momento em que os dados coletados na investigação são analisados e interpretados. Os diagnósticos de Enfermagem (DE) baseiam-se tanto nos problemas reais (voltados para o presente) quanto nos problemas potenciais (voltados para o futuro), que podem ser sintomas de disfunções fisiológicas, comportamentais, psicossociais ou espirituais. A geração de um diagnóstico preciso exige dois tipos de investigações ou levantamento de dados: a investigação completa que abrange todos os aspectos do individuo, família ou comunidade, e a investigação focalizada que se concentra em determinado assunto ou preocupação. É sustentado pelas características definidoras (sinais, sintomas e evidências) que se agrupam em padrões de sugestões ou inferências relacionadas.

Exemplos de diagnósticos (NANDA 2009-2011):

 Manutenção do lar prejudicada caracterizado por distúrbios repetidos por falta de higiene e relacionado a conhecimento deficiente.
 Icterícia neonatal caracterizada por esclerótica amarelada e relacionado a idade do neonato entre um e sete dias.
 Volume de líquidos deficiente caracterizado por diminuição do turgor da língua e relacionado à perda ativa de volume de líquido.
 Eliminação urinária prejudicada caracterizada por retenção urinária e relacionado a obstrução anatômica.
 Risco de choque relacionado a hipovolemia.
 Risco de perfusão renal ineficaz relacionado à acidose metabólica.
 Padrão respiratório ineficaz caracterizado por bradipneia e relacionado a dor.
 Risco de sangramento relacionado ao trauma.
 Risco de pesar complicado relacionado a morte de pessoa significativa.
 Risco de infecção relacionado a procedimentos invasivos.
 Automutilação caracterizada por cortes relacionado a estado psicótico.
Prescrição de enfermagem

É o conjunto de medidas decididas pelo enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção de saúde.
A prescrição de enfermagem deve conter:
 Data, hora, ser escrita com verbos que indiquem ação no infinitivo, deve definir: quem, o que, onde, quando e com que frequencia ocorrerão as atividades propostas;
 Deve ser individualizada e direcionada aos diagnósticos de enfermagem específicos do cliente, tornando o cuidado eficiente e eficaz;
 A sequência das prescrições deve obedecer a primeira elaborada logo após o histórico de enfermagem, e as demais sempre após cada evolução diária, tendo assim validade de 24 horas, fundamentado em novos diagnósticos e análise;
 Assinatura do Enfermeiro;
Evolução de Enfermagem

É o registro feito pelo enfermeiro após a avaliação do estado geral do paciente. Desse registro constam os problemas novos identificados, um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas subsequentes.

2. Dificuldades na implantação da SAE
Existem alguns fatores que dificultam a implantação da SAE, entre eles estão a falta de conhecimento sobre a realização do exame físico, falta de treinamento sobre o tema nas instituições de saúde, falta de registro adequado da assistência de enfermagem, dificuldade de aceitação de mudanças, falta de credibilidade nas prescrições de enfermagem, carência de pessoal e falta de estabelecimento de prioridades organizacionais. Contudo, há enfermeiros engajados na sua aplicação, dispostos a transpor as dificuldades. Os principais fatores que contribuem para a
implantação da SAE são o trabalho em equipe, encontros de reflexão sobre a temática e conscientização da necessidade de mudança no processo de trabalho da equipe de enfermagem como um todo.


3. Estudo de caso

Paciente T. S. S. 49 anos, feminino, 66 kg, amasiada, doméstica, 1º grau incompleto, procedente do pronto socorro chega a sala de recuperação pós anestésica (RPA) da Santa Casa de Jacutinga de cadeira de rodas, dispnéica, relatando náuseas, refluxo e cansaço. Já teve infarto e é diabética.
Anamnese e exame físico: estava consciente e orientada, relatou que ingeriu 28 comprimidos de rivotril, não se entende com a filha e está sofrendo pela morte do cunhado, tem dificuldade para fazer serviços domésticos porque sente falta de ar e desânimo, não tem ninguém para ajudá-la, acha que é ruim com os filhos, evita carinhos, sente-se aborrecida com a vida, é a terceira vez que tenta suicídio. Tem dificuldades para dormir a noite, mas dorme duas horas em média durante o dia. Exame físico geral: PA 90x70mmHg, FC 80 bpm, T 36,7 0C, FR 16 rpm, sem presença de edemas, acianótica, no momento apresentava padrão respiratório normal e sente se bem no ambiente hospitalar "melhor do que em casa".
Exames realizados: eletrocardiograma, creatinina: 1,10 mg/dl, sódio: 136mEq/l, glicemia: 106 mg/dl.
Medicações: soroterapia, oxigenioterapia.
Sinvastatina - indicação: para reduzir os níveis plasmáticos de colesterol total e LDL, reduzir o risco de morte por doença coronariana e de infarto do miocárdio, reduzir o risco de acidente vascular cerebral, retarda a progressão da aterosclerose coronariana. Reação adversa: as mais frequentes são dor abdominal, diarréia, constipação, flatulência, cefaléia, náuseas, dispepsia e fadiga.
Monocordil - indicação: terapia de ataque e de manutenção da insuficiência coronária, tratamento e profilaxia da angina de esforço, angina de repouso e angina pós infarto, terapia de ataque e de manutenção da insuficiência cardíaca aguda e crônica.
Reação adversa: Pode ocorrer cefaléia que desaparece com o tratamento contínuo, bem como náusea e hipotensão.
Losartana - indicação: é usado após infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca primariamente em pacientes que não toleram os inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina), inibe os efeitos da angiotensina ll pelo bloqueio dos receptores para a enzima.
Reação adversa: erupções cutâneas, edema facial, insônia e mialgia.
Sustrate - indicação: é indicado em todas as condições que exijam um vasodilatador coronariano de ação imediata e prolongada, com início em 55 a 150 segundos.
Reação adversa: rubor, tontura, taquicardia e dores de cabeça de baixa intensidade. Altas doses podem causar vômitos, inquietação, hipotensão, síncope, cianose e metemoglobinemia, pode seguir- se pele fria, respiração prejudicada e bradicardia.

Diagnóstico de enfermagem:
Risco de envenenamento relacionado a dificuldades emocionais e medicamentos armazenados em casa.
Náusea caracterizada por sensação de vômito relacionado a fármacos e ansiedade.
Risco de suicídio relacionado a historia de tentativa de suicídio anterior e culpa.
Padrão de sono prejudicado caracterizado por insatisfação com o sono e relacionado à falta de controle do sono e depressão.
Sentimento de impotência caracterizado por dependência de outros que resulta em irritabilidade e relacionado ao regime relacionado à doença.

Prescrição de enfermagem:
Realizar banho de aspersão as 9:00 h;
Estimular a alimentação;
Verificar os sinais vitais três vezes ao dia no mínimo;
Atentar para padrão respiratório;
Manter vínculo com a paciente e orientar sobre medicação e a importância do auto cuidado e auto estima elevada;
Proporcionar ambiente calmo e tranqüilo na hora do sono;
Administrar medicamentos de acordo com a prescrição médica.

Evolução de enfermagem:
Paciente em regular estado geral, se alimentando melhor, calma e consciente, eupnéica, evacuação presente, ausência de dor e com pensamento de auto cuidado, o que antes não se observava, porém ainda sente náuseas.
















Conclusão

A implantação da assistência de enfermagem (SAE) é de suma importância para a melhora na qualidade da assistência prestada no serviço de saúde, além de estabelecer vínculo com o paciente é uma forma informatizada que pode oferecer respaldo ao enfermeiro. Porém ainda observamos a resistência para sua implantação devido à falta de conhecimentos específicos e dificuldade na aceitação de mudanças e trabalho em equipe, mas vale lembrar que a implantação da SAE é uma exigência do Cofen (conselho federal de enfermagem) e deve ocorrer em instituições públicas e privadas. Para isso basta conhecer as necessidades da instituição e o perfil da equipe de enfermagem, ter embasamento em uma teoria e conhecimento científico e pensar sempre no bem estar do paciente/cliente.















Referências

1. Tannure M. Chucre; Pinheiro A. M., SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem: Guia Prático, 2ª Ed. ? Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
2. http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/2953/sinvastatina, acessado em 23 de abril de 2011.
3. http://www.bulas.med.br/bula/4624/sustrate.htm, acessado em 24 de abril de 2011.
http://www.unipam.edu.br/perquirere/images/stories/2010/Sistematizacao_da_assistencia_de_enfermagem_SAE.pdf, acessado em 28 de abril de 2011.
4. Asperheim,M. K, Farmacologia para Enfermagem [ tradução Ana Maria Rossini Teixeira... et al]. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
5. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009-2011/ NANDA International; tradução Regina Machado Garcez. Porto Alegre: Artmed, 2010.
6.http://www.corenmg.gov.br/sistemas/app/web200812/interna.php?menu=0&subMenu=5&prefixos=272, acessado em 06 de maio de 2011.