As emoções são parte fundamental da experiência humana, pois está associada com o relacionamento do ser humano com outras pessoas, nos momentos ou sensações de perigo e na transmissão de alegria, dor, tristeza, podendo muitas vezes causar problemas, como por exemplo, no caso do estresse ou ansiedade diante de algo ou alguém. Conhecemos atualmente, diversas patologias advindas do mau funcionamento das emoções, consequentemente do sistema límbico como estruturas biológicas, não esquecendo, porém de mencionar o funcionamento psíquico do sujeito, tais como: transtorno bipolar, pânico, fobias, ansiedade generalizada, depressão, entre outras.
A compreensão do funcionamento psicobiológico das emoções e suas patologias, auxiliaria o desenvolvimento de pesquisas com a finalidade de tratar esses transtornos, no âmbito psicológico e psicofarmacológico se for o caso, devolvendo aos sujeitos uma melhora em sua qualidade de vida individual e social.
O presente artigo busca descrever o funcionamento do sistema límbico e sua relação com as emoções. A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho foi a pesquisa de artigos científicos, periódicos relacionados ao tema, além de livros que tratam sobre o assunto. a pesquisa portanto, busca descrever o modo de funcionamento neuroantômico e neurofisiológico das emoções.

1.TEORIA DA EMOÇÃO
As emoções referem-se a sensações subjetivas que ocorrem em resposta imediata a estímulos externos que envolvem avaliação subjetiva, processos fisiológicos e crenças cognitivas.
No século XIX, cientistas como Darwin e Freud, consideraram o papel do encéfalo na expressão das emoções, onde eram observados as expressões das experiências emocionais dos animais e humanos. O psicólogo americano William James em 1984, propôs que a emoção era a resposta das alterações fisiológicas em nosso organismo, essa teoria foi contestada por Cannon ? Bard, em 1987 que criticou de modo persuasivo a teoria de James; propondo que a experiência emocional pode ocorrer independente de uma expressão emocional; onde as emoções podem ser experimentadas mesmo quando não sentimos as mudanças fisiológicas acontecerem. Trabalhos subseqüentes demonstram que as teorias propostas desde os tempos de James, Lange, Canon e Bard, tem seus méritos, pois na predição da teoria de Cannon, apesar de o medo e a raiva terem respostas diferentes estam associados por ter respostas fisiológicas distinguíveis, apesar de ativarem o Sistema Neurovegetativo (SNV). Em estudos com homens adultos com lesão na medula, encontrou diminuições relatadas nas experiências emocionais, esse resultado pode ser utilizado para reviver a teoria de James (BEAR, 2002).O termo sistema límbico foi popularido no ano de 1952, pelo fisiologista americano Paul MacLean.
Na metade do século XIX e início do século XX, as relações entre o corpo e a mente começaram a ser investigada pela Filosofia, Psicologia, a Psicanálise e a Biologia, onde voltava o interesse para os processos cognitivos relacionados aos processos mentais, conectadas a memória, raciocínio e aprendizagem (SILVA, 2010).
Com o desenvolvimento de novas técnicas de pesquisas em neurofisiologia e neuroimagem, ficou mais interessante os estudos neurais nos processos das emoções no Sistema Límbico, como também no reconhecimento das áreas relacionadas ao processo da cognição, motivação e memória. Segundo o autor SILVA (2010, p.387) "ademais, as emoções estão geralmente acompanhadas por respostas autonômicas, endócrinas e motoras esqueléticas, que dependem de áreas subcorticais do Sistema Nervoso, as quais preparam o corpo para a ação."

2. A NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA DO SISTEMA LÍMBICO
O sistema límbico é formado por estruturas pertencentes a região cortical e subcortical, por alguns núcleos nervosos e por conexões nervosas que interligam as estruturas; repetindo as mesmas funções hipotalâmicas com a diferença de as mesmas serem mais elaboradas e, sofrerem ação do neocórtex. O neurologista francês Paul Broca, publicou um artigo no ano de 1878, onde designou que a coleção de áreas corticais encontradas na superfície medial do cérebro, como sendo sistema límbico, pois formam uma borda ao redor do tronco encefálico. Segundo o autor Bear (2002, p. 584) "de acordo com essa definição o lobo límbico consiste do córtex ao redor do corpo caloso, principalmente no giro cingulado, e o córtex na superfície medial do lobo temporal, incluindo o hipocampo."
Por volta de 1930, James Papez, acreditava que houvesse um sistema da emoção que ligaria como o córtex e o hipotálamo, de forma anatômica os componentes do circuito de Papez estam interconectados e essas estruturas envolve a emoção, que é constituído pwlo circuito básico das emoções que composto pelo giro do cíngulo, giro parahipocampampal, hipocampo, fórnix, corpo mamilar, núcleos anteriores do tálamo.
No circuito de Papez, o hipotálamo governa a expressão comportamental da emoção. O hipotálamo e o neocórtex estão arranjados de tal forma que um pode influenciar o outro, ligando, assim, a expressão e a experiência da emoção. No circuito, o córtex cingulado afeta o hipotálamo através do hipocampo e do fórnix (o grande feixe de axônios que deixa o hipocampo), enquanto que o hipotálamo afeta o córtex cingulado pelo tálamo anterior. O fato de que a comunicação entre o córtex e o hipotálamo seja bidirecional significa que o circuito de Papez é compatível com ambas as teorias da emoção, a de James-Lange e a de Cannon ? Bard (BEAR, 2002, p.586).

Em 1949, McLean propôs que o conceito de cérebro visceral, era composto pelo rinencéfalo, giro do cíngulo, giro parahipocampal e hipocampo; essas hipóteses foram corroboradas em 1977, por Lockard, que afirmou que estas áreas anatômicas eram comuns a todos os mamíferos e responsáveis plas funções de comer, beber e reprodução (BARRETO, 2010).
O hipotálamo é uma parte importante do sistema límbico, pois controla a temperatura corporal, o impulso para comer e beber, o controle do peso corporal e algumas funções vegetativas do encéfalo que está intimamente relacionada ao comportamento. O hipotálamo é uma estrutura distinta do sistema límbico, sendo um dos elementos centrais do sistema e ao seu redor ficam as estruturas subcorticais, incluindo o septo, a área paraolfativa, o epitálamo, o núcleo anterior do tálamo, parte dos gânglios da base, o hipocampo e a amígdala. E, circundando estás áreas, encontram-se o córtex cerebral, área orbitofrontal que fica situado na superfície ventral dos lobos frontais, entendendo-se para o giro subcaloso, anterior ao corpo caloso e o giro do cíngulo; e, por fim, descendo para a superfície ventromedial do lobo temporal para o giro para-hipocampal e o uncus. O paleocórtex, que é um anel que circunda as estruturas profundas intimamentes associadas ao comportamento geral e ás emoções, funcionando em comunicação bidirecional e ligações associativa entre o neocórtex e as estruturas límbicas inferiores (GUYTON, 1991).
O sistema límbico está relacionado às emoções, em uma complexa relação entre a emoção-razão que se tornou recorrente no pensamento de diferentes filósofos. A origem dos estudos da emoção no cérebro é algo recorrente na neurociência que nos remete a época de Aristóteles que falava de uma alma sensível ligada à emoção e uma alma racional ligada a cognição. Desde muitos anos, que fisiologistas, filósofos, neurocientistas vem descobrindo os avanços da emoção no cognitivo. Recentemente cientistas da Universidade de Stanford, Robert Zajonc e da Universidade de Berkeley, Richard Lazarus entraram em debates sobre os sistemas neurais da emoção. O cientista Zajonc afirma que o julgamento emocional era fruto da preparação dos organismos para lutar e fugir e que viam da amígdala, e que respondiam sem o processo da cognição. Enquanto Lazarus arguiu que a emoção não pode ocorrer sem uma avaliação cognitiva se experimentarmos sinais de alerta no sistema nervoso autônomo, nossa resposta vai depender da situação em que é enfrentada pelo indivíduo. As pesquisas da neurociência têm respondido que os dois cientistas estão certos, por incrível que pareça, pois os sistemas neurais da emoção e cognição são independentes e interdependentes. O sistema límbico é ampliado em um circuito neural que juntos invocam um papel em diferentes tarefas emocionais, onde é formado pelo hipocampo, hipotálamo, giro do cíngulo, amígdala, tálamo, núcleos somatossensorial e córtex orbitofrontal (GAZZANIGA, 2006).
A amígdala possui o papel de processar o significado emocional dos estímulos e gera reações emocionais e comportamentais imediatos. Interagindo com outros sistemas da memória, particularmente o de memória hipocampal, quando existem eventos explícitos ou declarativos das propriedades emocionais dos estímulos é de fundamental importância para aquisição e expressão do aprendizado emocional adquirido na resposta condicionada aversiva, existe dois modos principais de interação da amígdala com a interação da memória declarativas dependentes do hipocampo. O córtex orbitofrontal tem o papel de regular nossas habilidades de inibir, avaliar e agir com informação emocional e social, dependendo da tarefa a ser decidida, alguns fatores desses pode ser mais importante que outros. Se nossa habilidade de processar qualquer informação está prejudicada, a tomada de decisão ficará alterada, possuindo uma relevância para processar, avaliar e filtrar informações sociais e emocionais (GAZZANIGA, 2006).
Podemos observar a importância do sistema límbico no papel das atividades realizadas pelo indivíduo, e no processamento dessas atividades, armazenamento e avaliação.
3. AS BASES NEURAIS DAS EMOÇÕES
As vias neuronais do sistema límbico são conectadas entre si, integradas funcionalmente, ao nível do sistema nervoso autônomo, onde são processadas e ocorrendo um refinamento ao nível das vísceras.
3.1 Prazer e Recompensa
É uma das emoções mais antigas a ser estudadas pelos os neurofisiologistas devido a finalidade do estabelecer a relação do funcionamento cerebral e o circuito encefálico específico. Alguns cientistas relatam que o centro de recompensa pode ser prolongado até o tronco cerebral.
O centro da recompensa está relacionado ao feixe prosencefálico medial, nos núcleos lateral e ventromedial do hipotálamo, havendo conexões com o septo, a amígdala, algumas áreas do tálamo e os gânglios da base. Já o centro de "punição" é descrito com localização na área cinzenta entral que rodeia o aqueduto cerebral de Sylvius, no mesencéfalo, estendendo-se às zonas periventriculares do hipotálamo e tálamo, estando relacionado à amígdala e ao hipocampo e, também, às porções mediais do hipotálamo e às porções laterais da área tegmental do mesencéfalo (BARRETO , 2010, 389-390).


3.2 Alegria
É associado ao amor, com respostas de expressões faciais de felicidade. Os gânglios basais, incluindo o estriado ventral e o putâmen, são ativados com a indução da alegria.
Os gânglios basais recebem uma rica inervação de neurônios dopaminérgicos do sistema mesolímbico, intimamente relacionados à geração do prazer, e do sistema dopaminérgico do núcleo estriado ventral. A dopamina age de modo independente, utilizando receptores opióides e gabaérgicos no estriado ventral, na amígdala e no córtex órbito-frontal, algo relacionado a estados afetivos (como prazer sensorial), enquanto outros neuropeptídeos estão envolvidos na geração da sensação de satisfação por meio de mecanismos homeostáticos (BARRETO, 2010, p. 390).

3.3 Medo
A amígdala e o hipotálamo estam relacionadas a sensação de medo e raiva e, é a amígdala responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo.
A lesão da amígdala em humanos produz redução da emotividade e da capacidade de reconhecer o medo. [...] A amígdala é uma estrutura que exerce ligação essencial entre as áreas do córtex cerebral, recebendo informações de todos os sistemas sensoriais. [...] Os núcleos basolaterais são as principais portas de entradas da amígdala, recebendo informações sensoriais e auditivas; já a via amigdalofugal ventral e a estria terminal estabelecem conexão com o hipotálamo, permitindo o desencadeamento do medo (BARRETO, 2010, p. 390).


3.4 Raiva

A raiva é manifestada por comportamentos agressivos, sendo uma das emoções bastante diferenciadas, pois possui como objetivo de um conjunto reflexos de atacar, lutar e ganhar. Está associada ao hipotálamo, no século XX em um estudo realizado por Flynn (1960), foi "identificado que esses comportamentos agressivos eram provocados pela estimulação de áreas específicas do hipotálamo localizadas no hipotálamo lateral e medial, respectivamente" (BARRETO, 2010, p. 391).

3.5 Reações de luta-fuga

O Sistema Nervoso Autônomo está diretamente envolvido com a situação de luta-fuga e no processo de imobilização, onde é caracterizado pela capacidade do indivíduo de percepção a respeito da segurança ou ameaça ao meio em que se encontra.
Em um ambiente ameaçador a amígdala estará livre para desencadear estímulos excitatórios sobre a região lateral e dorsolateral da substância cinzenta periaquedutal, que então estimula as vias do trato piramidal, produzindo respostas de luta e/ou fuga (BARRETO, 2010, p. 391).


3.6 Tristeza
A tristeza gera lentidão nos processos fisiológicos e pode está conectada no mesmo pólo da depressão, apesar de a tristeza ser algo fisiológico e a depressão, algo patológico, mas estam relacionadas neurofisiologicamente. Segundo Barreto (2010, p. 391), "esse sentimento relaciona-se a ativação de áreas centrais, como os giros occipitais inferior e medial, giro fusiforme, giro lingual, giros temporais póstero-medial e superior e amígdala dorsal, ressaltando-se, também, a participação do córtex pré-frontal dorsomedial"
3.7 Emoção e razão
As informações passam pelo sistema límbico e paralímbicas, para adquirirem significado emocional, que regiões do córtex frontal e pré-frontal estam relacionadas com a tomada de decisão e no processo de autonomia. No complexo Córtex Órbito-Frontal (COF) / Córtex Pré-frontal (CPF), mantém importante papel com a amígdala, a ínsula, hipotálamo e córtex cingulado anterior e o córtex orbital, na integração entre a emoção/razão (BARRETO, 2010).













4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A identificação das estruturas anátomo-funcionais do Sistema Límbico é algo, que está sempre em estudos e investigações, pois é algo que contrapõe a razão e é caracterizado pela dissociação da mente humana.
O sistema límbico está relacionado com o processo das emoções, da motivação, memória e aprendizagem. Os componentes do sistema límbico trabalham em conjunto e estam conectados com os demais sistemas neurofisiológicos. O comportamento emocional faz parte sistema nervoso autônomo, principalmente da musculatura somática. Essa pesquisa contribui bastante para discussão entre a equipe e retiradas de dúvidas a respeito do tema.



5. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
ARTHUR C. GUYTON M.D. Neurociência Básica ? Anatomia e Fisiologia. Coord. Trad. Charles Alfred Esbérad ... [et al.] 2º Ed.- Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S. A, 1991.
BARRETO, Façanha J. E.; SILVA, P. L, Sistema Límbico e as emoções ? uma revisão anatômica. Ver. Neurocienc. 2010; vol. 18 n.3 pp. 386-394
BEAR, Mark F. Neurociências: desvendando o sistema nervoso / Mark F. Bear; Barry W. Connors e Michael A. Paradiso; coord. Trad. Jorge Alberto Quillfeldt... [et al.]. 2º Ed. ? Porto Alegre: Artmed, 2002.
ESPERIDIAO-ANTONIO, Vanderson et al. Neurobiologia das emoções. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2008, vol.35, n.2, pp. 55-65. ISSN 0101-6083.
GAZZANIGA, Michael S., IVRY, Richard B.; MANGUN, George R. ? Neurociência Cognitiva ? A Biologia da Mente. 2º Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.