Carolina Jesuino Rodriguez

O papel do Estado em garantir liberdade e justiça social é claro. Entretanto, a eficácia deste papel ainda não fora alcançada.

A partir da década de 80, com o surgimento de novas tecnologias e conseqüentemente da globalização, o Estado vem se perdendo em sua função. O sistema de coordenada muda, todavia, a política e a economia nacional não evoluem.

As multinacionais tomam cada vez mais o espaço das pequenas e médias empresas, fazendo com que haja exportação de produtos, bem como de capitais.

Com a intensificação da globalização, a divisão do trabalho não se restringe mais a um único lugar, espalhando-se pelo mundo, acabando com a taxação de made in Germany e passando a ser made in Mercedes, como expõe Robert Kurz, na sua obra Os últimos Combates, 1997. Ou seja, a empresa toma o lugar do país de origem do produto.

Ressurge uma discussão antiga. Muitos aduziam que apenas com o livre comércio, como o NAFTA, MERCOSUL e a Comunidade Européia, poderia haver um crescimento econômico. Contudo, não existiu até hoje um crescimento efetivo. Ao contrário! A globalização do livre-comércio, faz com que haja uma inversão do setor publico, que visa a liberdade e a justiça, e o privado, que visa exclusivamente o lucro. Observa-se, destarte, que o público acaba tornando-se uma parte do privado.

Neste ponto, os problemas começam a tomar forma real. As multinacionais não estão interessadas no aspecto social do país onde vão se instalar, buscam, apenas, absorver tudo que lhe é favorável e depois saem para uma nova busca capitalista.

Segundo a revista alemã WERTSCHAFTSWOCHE, as multinacionais "produzem onde os salários são baixos, pesquisam onde as leis são generosas e auferem lucro onde os impostos são menores" (apud KURZ, Robert, 1997). Ou seja, por causa da concorrência desleal, as empresas Estatais estão cada vez mais sendo privatizadas e conseqüentemente o desenvolvimento social deixado para segundo plano.

O papel do Estado é o de liberdade e de justiça social, sendo assim, dever-se-ia visar pela igualdade, desenvolvimento e dignidade social. Todavia, em meio ao mundo capitalista, o Estado, e seu verdadeiro papel, vem se enfraquecendo e perdendo-se atrás de pequenos detalhes, como por exemplo a baixa da inflação e a queda do risco Brasil, com a intenção de demonstrar um crescimento que não é verdadeiro.

Faz-se necessário que se abra mão de um sistema falido e promova o protecionismo, buscando valorizar o nacional, para, dessa maneira, alavancar o PIB (produto interno bruto), desenvolver os empregos e aumentar a economia nacional. Mas para tanto, é preciso acreditar no país!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KURZ, Robert. Perdedores Globais. Os últimos combates. Petrópolis. Vozes, 1997; p135-141.

ROSSI, Cloves. Basta de fingimento. Folha de São Paulo; 12/02/04; p.02

ROSSI, Cloves. Um risco na democracia. Folha de São Paulo; 03/12/03; p.02