Tarcísio Renan Pereira Sousa Resende 

Introdução

            A educação no Brasil iniciou-se com a Companhia de Jesus fundada por Inácio de Loyola, em 1534, dentro do movimento da Igreja Católica contra a reforma protestante que ocorria nos países europeus. A chamada “educação da alma” consistia em converter os povos colonizados, porém não era possível converte-los e ao mesmo tempo ensiná-los a ler e escrever (PILETTI & PILETI, 1986).

Após o declínio da educação jesuíta instalou-se no Brasil a educação para elite onde a escola era para poucos, e devido ao baixo número de curso preparatório de professores, os mesmos eram escolhidos a partir de critério como maioridade, moralidade e capacidade. Em 1980 foram instituídas as primeiras escolas normais no Brasil que eram separadas por sexo, porém essa educação elitista entrou em crise, desembocando assim a Revolução de 1930, o que levou a numerosas transformações no Brasil (PILETTI & PILETI, 1986).

A partir de 1930, que se construiu o sistema educativo brasileiro que visava o ensino gratuito e obrigatório, direito a educação, liberdade de ensino, obrigação do estado e família. Foi também nessa época que se criou o Ministério da Educação e as Secretarias de educação. Mas foi também a partir dessa época que a autonomia do estado e dos diversos sistemas educacionais foi limitada, tornando todas as funções e ações mais burocráticas e rígidas (PILETTI & PILETI, 1986).

            Junto às transformações da escola vê se também as diversas abordagens que passam por esse processo, sendo que a escola passa primeira pela abordagem tradicional, sendo o professor severo, rígido e rigoroso, com o principal papel de transmitir e o saber absoluto e inquestionável, a partir do acúmulo de conteúdos, a avaliação é feita com questões que visavam à memorização, e repetição dos conteúdos (BANDEIRA & MENDES).

Em 1964, com o regime militar instalado no Brasil, freou os avanços populares em todos os setores inclusive na educação, as escolas passaram a ser vigiadas por agentes do governo, nesta época foram consolidadas mudanças na constituição com o objetivo de que o ensino de 1º e 2º grau proporcionasse formação necessária ao desenvolvimento de potencialidade e auto-realização, preparação para o trabalho e consciência cidadã (PILETTI & PILETI, 1986).

            No período atual a educação no Brasil passa por um novo processo, sendo a chamada educação inclusiva, A escola pública, se constitui no país, nasceu tardia. Apesar das várias formas de educação pública que surgiram no início da história do Brasil, como se viu anteriormente, chega-se ao consenso de que a construção de um sistema público de ensino é uma conquista recente (século XX), de forma mais específica dos anos 30. Assim, percebe-se a ausência do público no passado e a presença marcante do privado desde as origens (NOGUEIRA & GOMES, 2010).

            Segundo Bandeira e Mendes, a educação passou por uma fase progressista neste período em que se passava por um momento de conflitos, o principal representante brasileiro desse movimento foi Paulo Freire, esta abordagem é caracterizada por uma aspiração a mudança social (BANDEIRA & MENDES). 

Objetivo

            Identificar os principais desafios encontrados pelo educador no ensino médio de duas escolas públicas em Nova Xavantina-MT.

Material Método

Classificação da pesquisa

            A pesquisa classifica-se como um estudo de caso, sendo que este estudo visa à descoberta. Segundo Macedo (2006) o conhecimento é algo inacabado, é algo que se constrói, se faz e refaz constantemente. Tem caráter exploratório, pois visa um assunto que é novo, e que dá subsídios a novas pesquisas (NEUMAN, 2000) 

Área de estudo

Localiza-se na cidade de Nova Xavantina-MT, com uma população de aproximadamente 18.999 habitantes. Faz parte do Estado de Mato Grosso, com cerca de 5.764 kilômetros quadrados de área. Situado às margens do Rio das Mortes, tem suas origens ligadas à Expedição Roncador – Xingu. Foram escolhidas duas escolas estaduais que possuem o ensino médio, sendo elas, a Escola Estadual Ministro João Alberto e Escola Estadual João Mallet.

            A população alvo desta pesquisa são professores que ministram aulas há vários anos na rede pública e, alunos do ensino médio de escola públicas. 

Construção dos dados

            A coleta dos dados foi feita através de entrevistas semi estruturadas com roteiro, onde alguns tópicos são definidos antes do trabalho de campo. Os entrevistados foram escolhidos usando o critério de maior tempo ministrando aulas na rede pública, sendo que cada um dos entrevistados indicava o outro. Os alunos foram entrevistados aleatoriamente, conforme eram encontrados nos corredores da escola.

            As entrevistas foram gravadas com o auxilio de um aparelho de mp4, para que posteriormente pudessem ser transcritas para que fossem feitas análises de seus conteúdos.

 

Organização e análise dos dados

            Logo após a coleta dos dados, as entrevistas foram transcritas e a partir daí analisadas levando-se em consideração o referencial teórico das abordagens de ensino e o histórico da educação no Brasil. Organizando assim os dados de forma sistematizada em um texto. 

Resultados e Discussão

            A partir das analises das entrevistas observa-se que os professores da atualidade encontram grandes dificuldades no seu cotidiano dentro das escolas, sendo a escola ciclada uma das maiores dificuldades apontadas pelos mesmos.que apontam como um dos agravantes a falta da participação da família no cotidiano escolar, como citam alguns entrevistados:

A família, eu creio que a família, é falta da família acompanhar mais os filhos. Não é porque assim, por exemplo, é porque a pessoa não tem emprego, essas coisas toda, não é só as pessoas carentes que os filhos tem dificuldade não. Hoje, por exemplo, suponhamos que seja a classe media, é filho de pessoas que tem condição e mesmo assim não acompanha, talvez são os piores. Eu acho assim que é a falta de interesse da própria familia. A familia tem que acompanhar mais, motivar mais os seus filhos, então eu acho que a base é a família...” (Professor J.)

...Os pais não dão limites aos filhos e acham que é função do professor, e os professores acham que é da família, acho que é por isso que não tem essa parceria escola e família. Quando a escola estiver em parceria com os pais, quando os pais participarem mais do processo da vida escolar do filho, ai as coisas melhoram...” (Professora I.)

            O que tem se percebido no decorrer de todas as entrevistas é que a escola coloca em questão a participação dos pais na educação de seus filhos, sendo que enfatizam que a educação precisa vir primeiramente de casa para depois se complementar na escola, o que não é a real situação das escolas brasileiras. Levando em consideração a afirmação de Dessen e Polonia (2007) que dizem que tanto a escola quanto a família são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento.

            Este tema tem despertado grandes interesses nos pesquisadores que buscam respostas para essa interação que é tão importante no processo de ensino-aprendizagem. É comprovado que a presença da família da construção do conhecimento é de extrema importância, pois a família é composta por uma complexa rese de interações que envolvem aspectos cognitivos, sociais, afetivos e culturais (Petzold, 1996).

            Outros fatores observados nas entrevistas são os fatos do governo e da escola ciclada tirar a autonomia do professor dentro da sala de aula frente a seus alunos e sua própria escola.