Caminho...
Os corredores são escuros e frios,
Sem vitalidade, sem cores nem sabores,
Eles são extensos, ligeiramente estreitados pela dor...
Os gemidos ensurdecem, amedrontam,
Sons de desespero, de sofrimento...
Lá de fora gritam as sirenes,
Trazendo agonias, e poucas esperanças,
Faltam médicos, atendentes, enfermeiros,
Na realidade, falta tudo...
A doença no Brasil é desesperadora,
Uma única vítima, é vítima constante...

Observo...
Vejo a saúde apodrecer,
O tratamento e a cura, passam a ser um privilégio de poucos...
A saúde não existe. Existem apenas modelos paleativos de assistência para alguns poucos desatinados,
O lixo hospitalar, mistura-se aos escombros da dignidade humana...
Saúde é dejeto que não pode ser reciclado,
Saúde é um bem precioso apenas quando rentável...

Lamento...
Observo um ritual lento e aterrorizante de todos os envolvidos na saúde. E no dia-a-dia insustentável, apenas idealizadores...
Expectadores dessa vergonha que chamam de sistema de saúde...
Vergonha nacional tida  como prioritária em qualquer planejamento social. A realidade, a triste realidade, é o escarro da podridão social na dor do enfermo...
A absurda situação dessa realidade, é a constatação odienta de que não existe nenhum sistema de saúde no Brasil, como já previa o diplomático Valdemar Augusto Angerami...

Sandro Nadine