Joacir Soares d’Abadia e Agenor Vieira de Brito 

SÍNTESE DE TEOLOGIA DOGMÁTICA

Professor: Pe. André Moffatt

Alunos: Tiago, Pedro Márcio e Bruno

Diáconos: Agenor, Cícero, Alex, Fabrício, Pedro N., Ricardo M., Joacir S., João Paulo, Flávio e Valbério

Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília, 08 de junho de 2010.

Teologia fundamental

DIAC. FABRÍCIO ARAUJO DOS SANTOS

1-            INTRODUÇÃO - DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA

O tratado: Teologia Fundamental aborda como tema central a Revelação e sua credibilidade e, portanto, oferece a base para todo o saber teológico, que adquire sua consistência na possibilidade de que Deus realmente tenha se revelado em Jesus Cristo, o qual é proclamado e vivido na fé da Igreja, e que esta revelação de fato seja digna de fé. Em torno desta tese central se desenvolverá esta síntese.

Inicialmente se faz necessário compreender o termo Teologia.

Etimologicamente o termo indica uma “ciência de Deus”. Esta tem o centro na Revelação de Deus em Jesus Cristo e como objetivo: “compreensão crítica do conteúdo da fé para que a vida da fé possa ser plenamente significativa”. (Dicionário de Teologia fundamental, p. 931)

Diversos Padres da Igreja utilizaram o termo, entre eles destacam-se:

Clemente de Alexandria, que a identificava como um “conhecimento da coisas divinas. Eusébio a entendia como ”a verdadeira doutrina cristã”, que será contraposta à falsa doutrina, ensinada pelos pagãos. Agostinho a considerava como a “inteligência que intervém na compreensão da fé, é contemplação de um espírito crente que, por amor deseja atingir a completude da realidade amada”.

Assim observa-se que no pensamento patrístico se assinala o esforço para penetrar sempre mais na compreensão da Sagrada Escritura.

Todavia a definição mais importante é a de Santo Anselmo: “Fides quarens intelectus”. Que nos ajuda a entender que:

“É inerente a fé, o crente desejar conhecer melhor aquele no qual colocou a sua fé, e corresponder melhor ao que ele revelou, um conhecimento mais penetrante despertará por sua vez uma fé mais ardente de amor. “A graça da fé abre os olhos do coração” (Ef 1,18) para uma compreensão viva dos conteúdos da Revelação, isto é, do conjunto do projeto de Deus e dos mistérios da fé, do nexo deles com si e com Cristo, centro do mistério revelado. Ora, para “tornar cada vez mais profunda a compreensão da Revelação, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa continuamente a fé por meio de seus dons” Assim segundo o adágio de S. Agostinho, “eu creio para compreender, e compreendo para melhor crer” (CIC 158). 

Portanto o termo inicial “fides” indica que a fé é um pressuposto para a teologia. Disciplina esta que possui algumas características fundamentais.

É histórica, pois Deus se revelou na história. Cristológica, ou seja, centrada em Cristo. Pneumática, já que possui um horizonte sobrenatural vivificado pelo Espírito. É também Eclesiológica, uma vez que recebe a palavra de Deus na Igreja, aceitando sua vivência e reflexão. Por fim, Antropológica, pois dirige sua palavra ao homem.

Tem ainda uma função positiva, especulativa e prática.

Positiva no sentido de um “auditus fidei”, que implica conhecimento da Palavra de Deus e sua interpretação na vida da Igreja. Especulativa porque para entendimento e compreensão da fé deve-se sistematizar o dado revelado, buscando conexão entre os mistérios revelados e assim desenvolvendo o “intelectus fidei”. A função Prática refere-se ao dever de tornar esta fé viva, tornando-a compreensível ao homem.

Desta forma a Teologia deve estimular o ministério pastoral da Igreja como observa-se  na afirmação do Documento de Aparecida No 323:

“O Seminário deverá oferecer formação intelectual séria e profunda, no campo da filosofia, das ciências humanas e especialmente da teologia e da missiologia, a fim de que o futuro sacerdote aprenda a anunciar a fé em toda a sua integridade, fiel ao Magistério da Igreja, com atenção crítica, atento ao contexto cultural de nosso tempo e as grandes correntes de pensamento e de conduta que deverá evangelizar. Simultaneamente se deverá reforçar o estudo da Palavra de Deus...”