SINOPSE DAS LOJAS DE PERFEIÇÃO GRAUS 4 A 14

Iniciámos a senda das lojas de perfeição no grau 4 de Mestre Secreto, o primeiro da segunda classe de graus. O Mestre Secreto sem dar a conhecer a sua qualidade deve espalhar os conhecimentos adquiridos na oficina de perfeição e no capítulo e colocá-los ao alcance de todos os maçons de graus menores. Tem também o dever de procurar com discrição e discernimento, os Veneráveis Mestres que, por suas características naturais e e do seu trabalho, são dignos de serem iniciados ao grau superior.

O 4º Grau, ensina-nos o silêncio para entrar no Santo dos Santos e abrir as suas portas com a chave de marfim, em busca da Verdade e da Palavra Perdida, de forma a iniciar a sua acensão até às mais altas de conhecimento espiritual, pela remoção da lápide oculta e pelo cumprimento do dever.

O 5º Grau, Mestre Perfeito, traz a solução para o problema da quadratura do círculo filosófico descobrindo a palavra sagrada JEHOVAH e aprendendo que o cumprimento do dever, no qual fostes chamados, é a realização "dos elevados princípios que estão em nós e não em nosso redor", o Mestre Perfeito descobre que a chave do conhecimento e da verdade absoluta não está na compreensão das coisas mundanas e sim na sua introspecção interna e na vitória sobre si mesmo. Ele aprende que "o homem como ser finito e aparentemente limitado não poderia apreender os segredos mais profundos da natureza nem criar as Ciências e as Artes, não fora a sua mente emanação direta da Primeira Causa "e consequentemente deduz que todos nós somos livres, somos irmãos, somos iguais ".

No 6º Grau, Secretário Íntimo a lenda é derivada dos versículos 11, 12 e 13 do capítulo 9 do primeiro livro de Reis. A lenda apresenta-nos o Rei Salomão e Hiram, rei de Tiro, cuja conversa é surpreendida por Johaben, um favorito do primeiro, que temia pela segurança do seu rei,

Este grau marca a diferença entre duas formas de curiosidade e deixa claro quanto esta pode estimular o intelecto, e é útil no caminho da verdade.

No 7º Grau, Preboste e Juiz o Três Vezes Poderoso representa Tito, Príncipe dos Harodim, os 3600 chefes e condutores que Salomão criou para dirigir os trabalhadores do Templo (11 Crónicas, 18; 1 Reis, V. 16). O desejo de conhecer, discutido no grau anterior, transforma-se aqui em posse de conhecimento, através de um mútuo acordo de lealdade e apoio recíproco que também transmite aos iniciados a capacidade de assegurar a justiça entre os seus irmãos.

No 8º Grau, Intendente de Edifícios ou Mestre de Israel, o 3 x Poderoso representa o rei Salomão e diz-se que este Grau foi criado em memória daquele que foi escolhido para substituir Hiram. Sendo que o Maçon objecto desta alta distinção deve estar completamente familiarizado com as cinco ordens de arquitetura. Alerta-nos também para dois grandes fundamentos civilizacionais: a propriedade e o trabalho, sendo que este, base da existência social do homem, não existe senão com a liberdade; e a propriedade, resultante dos frutos do trabalho, não deverá existir a não ser como seu resultado.

O 9º Grau, Mestre Eleito dos Nove é a continuação da lenda do assassinato de Hiram. O ritual diz-nos que Salomão, depois das exéquias fúnebres de Hiram, junta todos os Mestres e entre eles ele sorteou nove Mestres encarregados de procurar e trazer os assassinos à punição, denunciados pelo corpo de delito e pelas suas ferramentas abandonadas. Neste grau a vingança é realizada pela mão de Joabert e condenada com veemência como um acto emanado pelo orgulho e fanatismo, ambos causadores do também condenável derramamento de sangue.

Este grau postula a defesa da Civilização contra a barbárie, a redenção de todos os que vivem nas trevas, a liberdade de pensamento, a causa do ensino e da eterna luta contra a ignorância e ainda a coragem na luta contra as fraquezas e na defesa da verdade.

O 10º e 11º Graus são a continuidade da lenda iniciada na exaltação a mestre e com o Grau 9 iniciam-se os chamados Graus de 3ª classe, portal para os importantíssimos graus de 4ª classe. São também denominados os graus dos Eleitos e deram lugar a interpretações substancialmente tendenciosas, por força do conceito de vingança que os caracteriza. Na verdade, foi-nos ensinado que os três maus companheiros assassinos de Hiram foram a ignorância, o orgulho e a ambição e que a aludida vingança representa tão só o triunfo sobre as imperfeições da nossa natureza espiritual, que não são necessariamente em número de três, o qual não é mais que um número simbólico, para todos os obstáculos que o espírito humano encontra na busca da verdade, onde os inimigos não estão fora dele, mas sim nele.

O Gr 10, Ilustre Eleito dos 15 mostra-nos a Loja decorada com cortinas pretas, pontilhadas com lágrimas vermelhas e brancas e 15 luzes acesas, incluindo 5 no Oriente e 5 a Oeste em cada vigilante.

Três esqueletos estão dispostos representando os três assassinos de Hiram, ou seja, um a Leste (Jubellum Akiroph ou Abiram), armado com o martelo de homicídio, um no Oeste (Jubella Gravelot), armado com a alavanca, e o último no Sul (Jubellos Gib), armado com a régua de seu crime.

Salomão havia mandado embalsamar a cabeça de Abiram e mantê-la exposta até descobrirem os outros dois criminosos, o que acontece seis meses após a morte de HIRAM-ABIF, quando BENGUEBER, um dos administradores de SALOMÃO toma conhecimento, durante uma visita ao país tributário de Gath, que Jubella Gib e Jubellos Gravelot, os outros dois assassinos de HIRAM-ABIF, estavam ali escondidos e em aparente segurança.

Perante esta notícia, SALOMÃO imediatamente escreveu a Maachah, rei de Gath a manifestar o seu desejo de descobrir e punir os culpados e os punir. Num segundo tempo SALOMÃO escolheu quinze Mestres entre os mais dignos e zelosos, incluindo os nove que tinham anteriormente procurado e encontrado Abiram numa caverna das montanhas a Oriente de Japa.

Esses quinze partiram no dia 15 de SIVAN (que corresponde ao mês de junho vulgaris) e chegaram ao país de Gath a 28 do mesmo mês. Entregaram a carta de SALOMÃO a Maachah que imediatamente deu ordens para se procurarem os dois bandidos e encontrados os entregarem aos israelitas, declarando também ficar feliz por livrar o país de tais monstros. As buscas e interrogatórios decorreram durante cinco dias, findos os quais ZERBAL e HELEHAM descobriram os assassinos na pedreira de BENDICAT.

Os celerados foram então postos a ferros e nos pesos das correntes gravados os crimes de que eram culpados e a punição que os esperava. Chegaram a Jerusalém no dia quinze do mês seguinte (reparem que eram 15, saíram no dia 15 e regressaram no dia 15 seguinte) e logo foram conduzidos a SALOMÃO a quem confessaram o seu crime sendo encarcerados na torre de ACHIZAS até ao momento da sua excruciante execução. Na manhã seguinte, às 10 horas, os dois vilões foram amarrados a dois postes, pelo pescoço e pés, braços atados atrás, os corpos cruelmente abertos do peito ao osso púbico e aí ficaram expostos ao Sol por 8 horas, enquanto as moscas e outros insectos lhes devoravam o sangue e as entranhas. Às 6 da tarde os carrascos decapitaram-nos, lançaram os corpos mutilados sobre as muralhas aos corvos e bestas e expuseram as suas cabeças, como estava a de Abiram, nas portas da cidade: Abiram (Jubellun Akiroph) na porta do Oriente, Jubello na do Ocidente e Jubella na do Sul de acordo com os locais onde cada um deles havia ferido o Mestre, respectivamente com o martelo (ou malhete), a alavanca e a régua.

Palavra de passe: Elohim

Palavras sagradas: Zerbal e responde Bem-Iah

11º Grau, Sublime Cavaleiro Eleito

Efectuada a punição dos três assassinos de Hiram, Salomão quis recompensar o zelo e lealdade dos Ilustres Eleitos dos Quinze. A fim de não fazer qualquer preferência ou favor, resolveu optar por escrutinar doze entre eles. Todos os nomes foram colocados numa urna e dos primeiros doze retirados formou um Grande Capítulo e colocou-os a liderar as doze tribos de Israel

Deu-lhes o título de Excelente, Emech ou Emerech, que significa homem de verdade em todos os momentos, mostrou-lhes as tábuas da Lei escritas por Deus e dadas a Moisés junto da sarça-ardente no Monte Sinai, bem como os preciosos objectos à guarda do Tabernáculo, após o que os armou com a espada da justiça dizendo-lhes que tinham como missão proporcioná-la e fazer cumprir a Lei em todas as circunstâncias.

A lista dos Eleitos é a seguinte, começando pelos nove que primeiramente demandaram Jubellum Abiram:

Joabert, Stolkin, Tercy, Zabud, Alquebart, Dorson, Kerim, Berthemer e Tito, aos quais se adicionaram Zerbal, Benachard e Tabor para perfazer os Doze Eleitos a governarem respectivamente as tribos de Judá, Benjamin, Simeão, Efrahim, Manasses, Zebulom, Dan, Asher, Naftali, Ruben, Issachar e Gade.

Palavra Passe: EMETH

Palavra Sagrada: ADONAI

De notar que este escrutínio pelo cálculo de probabilidades não terá sido de 12 em 15 e sim de 3 em 6 uma vez que se mantêm os primeiros nove que encontraram Abiram na caverna.

Os graus 12, 13 e 14 são de uma profundidade gnóstica e cabalística impressionante e segundo os rituais do séc. XIX eram os últimos e aqueles onde terminava a formação maçónica sendo revelado o segredo no 14, isto é, a palavra perdida e sua pronúncia.

Gr 12, Grão Mestre Arquitecto

A construção do Templo de Salomão simboliza que o maçom deve construir o seu próprio templo, como Hiram e os seus trabalhadores ergueram o que Salomão havia patrocinado. Contudo, sabemos tratar-se de uma alegoria, de uma metáfora e é importante recordarmos que os símbolos são apenas meios para despertar ideias e linhas de pensamento. O templo que devemos construir em nós é o nosso sistema de conhecimento, as nossas ideias e a nossa conduta, num todo harmonioso, que almeje a perfeição, tanto quanto permita a fraqueza humana.

Entre os antigos, o templo, era uma imagem reduzida e simbólica do Universo. É por isso que o templo maçónico se estende do Oriente ao Ocidente, do Norte ao Sul, do fundo dos Céus ao centro da Terra, pelo que cada parte do Templo, como era com os antigos, corresponde a uma parte do Universo.

Obviamente, que se trata de uma construção alegórica, que procura dizer que qualquer construção tem um projecto, um plano. Qual é o plano da Maçonaria? É o entendimento, a intelectualização da Obra do Grande Arquitecto do Universo, isto é, a construção de um templo em nós à sua medida e Glória através da aquisição, diria mesmo da gnosis.

O grau na maior parte dos rituais vai ainda mais fundo nas perspectivas gnóstica, idealista, kantiana e fenomenológica ao expressar o plano para a construção interior do edifício espiritual e esotérico, como um sistema de ideias acessórias em torno da ideia principal – o Templo Universal – que os Grão Mestres Arquitectos são chamados a construir em si e em nós.

Nessa perspectiva, de todas as coisas, apenas percebemos os fenómenos, ou seja, as aparências, já que nunca podemos ter certeza de que as coisas que percebemos pelos nossos sentidos sejam a realidade nem tampouco existam tal como são percebidas. A realidade não é a percepção que temos das coisas, mas sim o que a nossa mente por si é capaz de criar. Logo a realidade é percepção, sendo este tema passível de trabalho suplementar numa prancha a apresentar futuramente.

Para isso, para a construção do templo universal, é necessário procurar a razão por que a maioria dos homens está impedida de bem raciocinar. E aí, o primeiro e mais importante conhecimento que temos de ter remonta à prescrição de Sócrates e àquela inscrição aposta no frontão do oráculo de Delfos – conhece-te a ti mesmo – para que nas palavras do Evangelista “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (VIII, 32) e “sereis Deuses” (X,34).

Em síntese neste grau os mestres aparecem-nos com uma missão civilizadora, transformadora e espiritual da construção do templo universal para o qual eles serão os Grão Mestres Arquitectos.

PS: ADONAI

PP: RAB BONE (significa Mestre Construtor)

O Grau 13 do Cavaleiro do Real Arco remete-nos para Enoch um dos grandes iniciados da antiguidade, descendente directo de Adão, pai de Matusalem e avô de Noé. Não foi um qualquer patriarca, a Bíblia refere expressamente que “andava com Deus”, não terá falecido e sim como Cristo e Maomé ascendido aos céus em vida. Também à semelhança de Cristo curava os enfermos e fazia milagres. O Livro de Enoch e o Livro dos Segredos de Enoch são apócrifos para a Igreja mas são basilares para os judeus, e para a Cabala onde é apontado como o arcanjo Metraton. É também pela Cabala que encontramos a inspiração para o universo enquanto estrutura pensada pelo GADU e construída pelos anjos e mestres pedreiros, ao encontro dos filósofos gnósticos e da maçonaria espiritualista.

Este capítulo deve reunir-se num lugar próprio que além de secreto deverá estar no subsolo, de preferência numa cripta e conter várias alegorias como um alçapão secreto, 9 abóbodas e sobretudo um triângulo luminoso com os caracteres יהוה (YHWH).

História

Deus apareceu a Enoch numa visão e revelou-lhe o seu nome num triângulo de ouro e também a correcta pronúncia. Na sequência desta revelação Enoch construiu nesse mesmo lugar, Canaã, um templo no subsolo, constituído por 9 arcos sobrepostos e coloca nele um triângulo de ouro encastrado em Ágata, gravou-o com o sagrado יהוה e depositou-o no 9º arco. Quando o templo estava terminado Enoch recebeu de Deus a seguinte ordem: “Faz uma porta de pedra por cima do 1º arco e coloca-lhe um anel de ferro, pelo qual ela possa ser ocasionalmente aberta, a fim de proteger o conteúdo da iminente destruição que se avizinha (o dilúvio). Com receio que todas as artes e conhecimento se perdessem quando da anunciada catástrofe Enoch construiu no topo da mais alta montanha dois pilares, um em bronze, para resistir à água e outro em mármore para resistir ao fogo, e gravou no primeiro todos os segredos das artes e ciências, particularmente os da maçonaria e no segundo indicações sobre o templo subterrâneo e o seu sagrado conteúdo. Posteriormente Matusalém seu filho constrói um templo no mesmo local embora à superfície, que viria a ser destruído quando do dilúvio assim como todas as construções sobre a Terra e também o pilar de mármore, sobrevivendo apenas o de bronze com os conteúdos das artes e ciências.

Muitos anos mais tarde quando Salomão decide construir o templo e escolhe o melhor local de Jerusalém para o fazer, os Mestres descobrem no subsolo a antiga construção de Enoch recheada de tesouros que foram entregues ao rei. Pensando tratar-se de um templo pagão Salomão mudou a localização do templo mas mandou fazer uma cripta por debaixo do Santo dos Santos onde colocou um pilar de mármore a que chamou Beleza por suportar a Arca. Nesse local tinha o costume de se retirar com Hiram de Tiro e Hiram Abiff. A morte de Hiram Abiff veio interromper este costume pois apenas 3 poderiam entrar na sagrada cripta. Porém na sequência de uma audiência aos Mestres que lhe solicitaram acesso à cripta, os Mestres Joabert, Stolkin e Gibulum voltaram às antigas ruínas e por acaso encontraram o anel de ferro que servia a abertura da porta de pedra. Aberto o alçapão desceu Gibulum primeiro que atravessando algumas das passagens de arco para arco chegou junto ao sexto, decidindo aí voltar aos seus companheiros para os persuadir a descer com ele.

Quando desceram e após atingirem o 9º arco Gibulum vislumbra o triângulo com a sagrada inscrição ricamente adornada e ajoelha-se fazendo o sinal de admiração do secretário ´íntimo, ao que os outros dois, ao vê-lo naqueles preparos, dizem HAMALACH GIBULUM (Gibulum é um bom homem). Decidem então levar o achado ao rei que ao vê-lo ajoelha-se em êxtase, faz o mesmo sinal de admiração e quando se ergue repete as mesmas palavras HAMALACH GIBULUM. Como recompensa da enorme descoberta que eles haviam realizado e sem lhes comunicar o significado da inscrição, Salomão nomeia-os Cavaleiros do 9º arco mais tarde denominado Real Arco, o mais sublime e misterioso grau da Maçonaria.

Disse

Alarico CKH (30)