Já não chove há algum tempo. Aos poucos, as evidências da seca vão se revelando na paisagem. Árvores amareladas de sede perdem suas folhas e seus galhos retorcidos, nus, entrelaçados, parecem buscar no espaço um ponto de fuga desse sufoco. Um vento quente aumenta ainda mais a sensação desértica do lugar.
Margeando as águas do Capivara, que agora corre lento, sem forças, ainda se vê um verde empoeirado, pálido, serpenteando pelos vales e campinas dos arredores de Nerópolis. Animais esquálidos, sob rala sombra de árvores desfolhadas, ruminam o fraco alimento que ainda encontram nas pastagens. No intenso azul do céu, impiedoso, impera o sol. Seca brava! Tudo parece perdido! Entretanto, Deus fez sábia a natureza. Alimentando a esperança de dias melhores, no pó ardente da terra seca, as sementes esperam resistentes pela chuva para, enfim, como a fênix, ressurgirem exuberantes, cheias de vida, deixando, de novo, tudo belo.