SIGNIFICADO DA ATIVIDADE FÍSICA NA RECUPERACAO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

            

 RESUMO

            A presente pesquisa investiga e relaciona conceitos e suas problemáticas/relações junto ao referencial específico sobre câncer, paciente oncológico e a atividade física. Para tanto, foram pesquisados artigos científicos que colaboraram para a formação deste estudo de revisão. Apresentou-se diversas informações nos estudos investigados, que de forma equilibrada condizem uns com os outros . Conceitualmente, este estudo colabora para a ampliação de visões e significados sobre a posição da Atividade Física no tratamento oncológico, mostrando-se relevante especificadamente a comunidade profissional da área da Saúde.

1 INTRODUÇÃO

            A palavra ``câncer`` foi mencionada à primeira vista nos estudos de Hipócrates por volta de 400 a.C, que reconhecido é como o ``pai da medicina``. Atualmente o câncer/neoplasia representa um conjunto maior de 100 doenças que por fator comum acarretam em um crescimento anormal e desordenado de células em um organismo.

            Sujeitos diagnosticados com câncer apresentam diversos efeitos fisiológicos tanto relacionados com a doença em si quanto ao tratamento e, possivelmente, com seu estilo de vida. Este estudo é norteado pela relação entre o paciente oncológico para com um fator do estilo de vida, especificadamente nominado de Atividade Física.    

            No Brasil a politica nacional de prevenção, diagnostico e tratamento oncológico está sob responsabilidade legal do Instituto Nacional José de Alencar Gomes da Silva (INCA) que calcula ao país uma estimativa de 600 mil novos casos de câncer no biênio 2016-2017. Destes novos casos, cerca de 58.330 estarão concentrados em Homens e Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul.

            Ao estabelecer as relações entre câncer, tratamento oncológico e atividade física, o estudo poderá ser uma ferramenta para ampliar significados e visões acerca do tema por profissionais da área da saúde, principalmente os quais estudam/utilizam da atividade física em sua intervenção profissional. 

2 REVISÃO

2.1 O câncer e suas principais consequências fisio-psicológicas

            Um dos piores agravantes e efeitos no indivíduo diagnosticado com câncer, é a presença de uma condição catabólica intensa denominada de caquexia que irá trazer complicações e alterações no peso corporal e funcionamento dos sistemas.

            Conforme define Silva (2012, p. 55)

 ``A perda de peso e de tecidos corporais, a anorexia e a anemia são condições comuns em pacientes oncológicos. Ainda, diminuição da massa muscular, disfunção imune, anorexia e mudanças na ingestão e má absorção de nutrientes seguidas de alterações metabólicas representam o quadro de caquexia no câncer`` 

            Além funcionamento do organismo prejudicado, pode-se observar outras questões individuais de ordem psicológica/existencial no indivíduo diagnosticado. A baixa autoestima, medo e incertezas são comuns e se apresentam em diversos pacientes o que poderá interferir em sua rotina e forma com que encara a vida. Nesta lógica, Vaisberg, Rosa e Mello (apud VENANCIO; BOTTCHER, 2012, p.758) 

``[...] podemos observar quais são os sintomas e tipos de alterações que pessoas com câncer vivenciam. Dentre elas cito: A) Alterações físicas: mudanças na saúde, mudanças nos níveis de energia, efeitos colaterais do tratamento e mudança na aparência. B) Efeitos sócio econômicos: alterações no desempenho no trabalho, alterações financeiras podem ocorrer. C) Efeitos psicológicos: mudanças pessoais e no ambiente social, alterações de humor, dificuldades nos relacionamentos. D) Preocupação com o futuro: questões relacionadas ao tempo de vida``.        

            Tais alterações e consequências deverão ser controladas por quem? Como será realizada esta abordagem e quais aspectos potencializar no sujeito? Em resposta, Deitos (1997, p. 28) conclui ''A equipe responsável pelo paciente deve compreender a dinâmica envolvida no binômio família-paciente e conhecer a influência que os fatores psicossociais exercem sobre ele''

            Sabemos então que o câncer é iniciado através da transformação e reprodução anormal de células que crescem ignorando as necessidades do corpo. Sobre estas informações básicas os principais tratamentos tomam como norte e buscam a cura e/ou diminuição dos malefícios acarretados no paciente oncológico.

2.2 Tratamentos oncológicos e seus resultados

            Pacientes oncológicos, quando adeptos a algum tipo de tratamento, podem sofrer consequências fisiológicas, psicológicas e sociais que em conjunto irão mudar a vida por completo da pessoa. Sua maneira de enxergar a vida e o seu próprio ``eu`` pode ser abalado levando a uma certa fragilidade.

``A partir da prática profissional, percebe-se que os pacientes com câncer, em geral, submetem-se a tratamento que, na maioria das vezes provoca uma série de consequências físicas, emocionais e sociais. Essas mudanças requerem atenção e suporte maior por parte da família e da equipe multiprofissional `` (SOARES et al., 2009). 

            O portador de câncer apresenta modificações drásticas em seu metabolismo devido ao crescimento da doença bem como os efeitos colaterais de uma possível busca pela melhora. Os principais tratamentos usados para o combate das neoplasias são: quimioterapia, cirurgia e radioterapia, seguidos da Hormonoterapia e Imunoterapia.

            2.2.1 Quimioterapia

            A quimioterapia é uma modalidade de tratamento que utiliza medicamentos atuantes em várias etapas da metabolização celular objetivando a destruição das células cancerígenas. 

``A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica`` (I.N.C.A, 1993). 

            Os efeitos da sua utilização atingem todas as células do corpo pois a quimioterapia intervém no tecido epitelial - revestimento da superfície externa e internas do organismo - ocasionando, por exemplo, queda de cabelos, pelos e úlceras. Neste sentido, reconhecendo a quimioterapia quanto sua contribuição e atuação no paciente oncológicopara , Schulze (2007, p. 19) define:

``De acordo com as suas finalidades a quimioterapia pode ser classificada em:

  • Curativa: com objetivo de se conseguir o controle completo do tumor.
  • Adjuvante: quando se segue à cirurgia curativa, com o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes, diminuindo a incidência de metástases.
  • Neo-adjuvante ou prévia: quando indicada para se obter a redução parcial do tumor, visando a permitir uma complementação terapêutica com a cirurgia e/ou radioterapia.
  • Paliativa: não tem finalidade curativa, é usada com a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida do paciente.`` 

            O objetivo deste tratamento oncológico é inibir a multiplicação de células anormais durante sua reprodução utilizando de substancias químicas para uma reação curativa ou paliativa.

            2.2.2 Cirurgia          

            Segundo o I.N.C.A - Instituto Nacional José de Alencar Gomes da Silva (1993) o médico é o responsável por tomar a decisão de quando proceder com cirurgia através de um diagnóstico positivo de câncer em fase inicial, que pode ser ``removido``. O tratamento cirúrgico se mostra uma boa opção e vai trazer uma resposta curativa ou paliativa no paciente.

            A cirurgia Curativa objetiva uma remoção completa do tumor. Já a cirurgia Paliativa reduz a quantidade de células estruturantes da neoplasia ou no mínimo controla algumas situações que apresentam risco de morte, como por exemplo, a hemorragia.

            2.2.3 Radioterapia

                As vezes o câncer permanece em seu local de origem e/ou também pode estar localizado em uma região anatômica de difícil alcance para uma eventual cirurgia que pode afetar o funcionamento normal do organismo.

            ``A radioterapia é um tratamento localizado, que usa radiação ionizante, produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais. É, na sua grande maioria, feita em regime ambulatorial`` (DIEGUES Apud LORENCETTI; SIMONETTI, 2005, p. 945).

            Tendo como principal objetivo a pausa do crescimento e da ploriferação das células anormais, este tratamento também poderá alcançar células normais/sadias, ocasionando alterações e desconfortos físicos, instabilidade psicológica e diminuição na funcionalidade necessária para o dia-a-dia.  Nesta lógica, POROK et al. (apud LORENCETTI; SIMONETTI, 2005, p. 945)

``Os pacientes tratados com a radioterapia podem experimentar diversos efeitos colaterais como dor, fadiga, alterações cutâneas, perda da auto-estima e confiança, mudanças na mobilidade e sensação no lado afetado, choque emocional, confusão, ansiedade, angústia, medo, sentimentos de isolamento e mudanças na rotina``. 

            2.3 Atividade Física

            O ser humano tem em sua naturalidade o movimento corporal para realizar todas e quaisquer atividades durante sua vida. Uma grande parte da população mundial possui diversas tarefas em trabalhos, estudos, lazer e demais necessidades que na teoria o faz se movimentar naturalmente. Este movimento corporal necessário denominamos de atividade física. ``Entende-se como atividade física do ser humano qualquer movimentação corporal voluntária capaz de produzir um gasto energético acima do estado de repouso'' (NAHAS, 2010, p. 141).

            Esta definida Atividade Física, pode ser qualificada conforme seu objetivo e estrutura, sendo um deles o Exercício Físico. Este, é constituído por atividades organizadas e sistematizadas para buscar algum determinado fim ou objetivo do praticante. Conforme Nahas (2006) ''Exercício físico, é uma das formas de atividade física, planejada e repetitiva, que tem por objetivo a manutenção, desenvolvimento ou recuperação de um ou mais componentes da aptidão física''.

            2.3.1 Atividade Física e câncer

            De acordo com o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos - N.C.I (2000), 72% a 95% dos pacientes oncológicos em tratamento apresentam um crescimento nos níveis de fadiga, o que resulta em diminuição da capacidade funcional e na perda significativa em qualidade de vida.

            Considerando o significado e benfícios da Atividade Física para o ser Humano traçamos a relação com o Estilo de Vida do paciente oncológico.

            Questões que influenciam no estilo de vida individual estão relacionadas com o sujeito e suas atividades,  suas oportunidades e seu estado de saúde. Conforme o conceito de Estilo de vida (NAHAS, 2006, p.20)  ``conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades de vida das pessoas``.

            Já que o Estilo de vida é a maneira com que cada ser humano encara e leva sua vida, a posição do paciente em tratamento contra o câncer fica prejudicada. Este sujeito sofre por muitas influencias/barreiras psicológicas, físicas e sociais que o afastam da busca pela melhor qualidade de vida.

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