SETAS NO CAMINHO DA PRÁXIS PEDAGÓGICA DA ALFABETIZAÇÃO

 

 

Luzinete Alves Assunção Silva

Vanessa A. B. de Andrade

Graça Aparecida M. Porto

Rosane Maria M. N. Kempner

Luciana Antunes N. Marques

 

 

 

Resumo

 

 

 

O objetivo deste artigo é, pois discutir de forma bastante simplificada algumas setas no caminho do processo de alfabetização. Sabemos que alfabetizar tem sido para muitos um grande desafio, posto que em muitos momentos não se consiga atingir o objetivo proposto, a saber, o de fazer com a criança aprenda a ler escrever e interpretar. Deste modo iniciaremos um  breve diálogo  que evidenciará alguns elementos importantes e que fazem grande diferença para o processo de alfabetização de crianças. Todavia não dispomos aqui de regra, pois todas as crianças têm uma forma de aprender e cada educador uma práxis que também se firma em uma teoria cientifica. Porém há elementos que são comuns em qualquer pratica e devem estar presente  em todos  processos que levem a alfabetização, e são exatamente este que procuraremos traçar neste diálogo a que nos propomos.

Palavras-chaves: Alfabetização. Métodos. Práxis Pedagógica.

  1. 1.      INTRODUÇÃO

 

 

Muitas são as terias desenvolvidas entorno do processo de alfabetização. Todas primam por uma pratica que seja capaz de fazer deste um processo o mais ameno possível e que de fato os conhecimentos produzidos nesta faze sejam e tenham significados para construção cognitiva dos sujeitos em aprendizagem.

Neste contexto o que propomos aqui é um dialogo que proporcione a evidencia de algumas setas no caminho da alfabetização posto que esta seja uma prática que deva apresentar-se de forma sólida e coesa. Todo processo de alfabetização deve levar não somente a leitura e a escrita mecânica, mas um processo de leitura de mundo que permita lançar o olhar à realidade que circunda os sujeitos.

 Para isto faremos uso de uma metodologia simples, a saber, o estudo bibliográfico e a experiência obtida ao longo da própria práxis alfabetizadora, e a partir destas apontar algumas setas no caminho da práxis pedagógica da alfabetização. O percurso estará embasado nos estudos teóricos de autores como: Cagliari (2005); Carvalho ( 2005); Chinapah (2000); Feldman( 2001); Ferreiro (2005); Lerner, ( 2002) e outro que possam de forma efetiva contribuir com o sucesso deste trabalho.

 

 

  1. 2.      A ALFABETIZAÇÃO

 

 

Cada um de nós tem uma história da sua própria alfabetização. É comum em reunião de professores, ouvirmos seus depoimentos alguns até deprimentes, discorrendo práticas pedagógicas de alfabetização. Não queremos aqui julgar ou fazer juízo de valor das práticas de alfabetização que antecederam as atuais, até porque estamos alfabetizados.

Todavia é importante salientar que quando ouvimos as narrativas de professores que questionam os antecedentes do processo de alfabetização, logo podemos evidenciar uma processo que entendia o fato de decorar letras e símbolos como “alfabetização. Esta idéia de decorar perdurou durante muito tempo, era um processo muitas vezes exigente, afinal a nossa língua é tanto complexa. Com o passar o tempo esta concepção foi sofrendo mudanças, inclusive no que diz respeito à leitura, que até então pouco era cobrada na alfabetização.

 Estas mudanças trouxeram para o palco da educação de crianças as famosas cartilhas. E como não lembrar na mais citada nas narrativas que ouvimos, a saber, a famosa “Caminho Suave” de Branca Alves de Lima, cujo conteúdo além de apresentar os símbolos trazia uma galeria de palavras a serem decoradas. A prática era sempre direcionada com base no decoreba, por isso muito questionada.  A leitura interpretativa e o processo de formação das palavras pareciam um tanto distante para o aluno. Todavia  um fato diferencial estava por traz deste processo que trouxe para a cartilha citada tantos pejorativos, o método usado pelo professor. Pois o material esta subordinado a dinâmica usada pelo professor.

Neste sentido é preciso entender que no processo de alfabetização o professor conforme Smith (1999) deve experimentar vários métodos, pois todas as crianças aprendem de um jeito. Cada método se constitui uma proposta, uma dinâmica a ser utilizada podendo alcançar ou não resultado esperado. Carvalho (2009) sintetiza os métodos como sintéticos aqueles onde o trabalho se a partir de sistemas fônicos ou seja é um processo que vai da unidade mínima, a letra,passa pela silaba e só depois chega à palavras. Depois o analítico que estrutura a partir das orações e contos e vai até a análise textual, podendo esta ser do todo ou da parte.

Muito embora existam métodos diferenciados devemos nos ater para questão que as pesquisas têm apontado, pois as escolas segundo elas não conseguem alfabetizar 50% de seus alunos. Por outro lado vemos que as cartilhas também não ajudaram muito este processo, ou os alunos e professores não se adaptaram a elas. O certo é que cada aluno aprende de formas diferentes, segue caminhos diferentes na sua construção cognitiva, deste modo são preciso setas que oriente to processo de alfabetização.

  1. 3.      PRIMEIRA SETA: A INTERATIVIDADE NA ALFABETIZAÇÃO

 

É importante que o alfabetizador tenha consciência da importância que tem a alfabetização para toda vida escolar de uma criança. Á alfabetização é o processo pelo qual a criança conhece e decifra o código de uma língua. Sem este conhecimento é praticamente impossível que outras habilidades sejam potencializadas. Na visão de Ferreiro (2005) a criança aprende em meio ao processo de interação que por sua vez deve ser mediado pelo professor que coloca no foco de sua práxis um conjunto de metodologias, ferramenta, diálogos, avaliação, na busca de construir significados contextualizados. Neste sentido conhecer e respeitar as etapas são de suma importância, pois o a escrita é processual e onde se deve como critério “variar as letras nas mais várias palavras, depois mudam as letras usadas de palavras em palavras e outro critério usado é a modificação da posição das mesmas letras sem modificar quantidade”. Ferreiro (2005, p. 24 e 25)

Essa forma de trabalho leva a criança a perceber o processo de constituição de cada palavra, alem de ser da conta da posição que letra pode ocupar em cada palavra. Esta ação irá propiciar o processo de levantamento hipóteses na construção das palavras e conseqüentemente a relação entre a letra e som. Todavia é preciso saber que a interação construtiva se dá a partir das próprias experiências que a criança passa a ter durante o processo de alfabetização. Pois é fato que ao interagir com o meio a criança produz e potencializa conhecimento, deste modo a interação deve esta posta em relação com o objeto de aprendizagem, a saber, a alfabetização, processo no qual a criança esta inserida. A partir daí a criança se apropriará do conhecimento a partir de suas próprias vivencias o que torna a aprendizagem mais significativa e sólida.

É preciso que a alfabetização tenha de fato u significado para crianças para que ela aprenda de forma concisa e sólida. Todavia isso só será possível, a partir da interação entre objeto, metodologias e vivencia cotidiana da própria criança o que implica uma forte contextualização do processo de alfabetização à realidade social da criança. Talvez fosse a falta da interatividade a causa do fracasso das cartilhas escolares, onde os conteúdos eram simplesmente cópias descontextualizadas da realidade imediata dos envolvidos.

Assim Lerner, (2002, p.17) assevera quanto à necessidade de fazer da escola um espaço democrático onde os envolvidos no processo de aprendizagem possam “recorrer aos textos buscando respostas para os problemas que necessitam resolver, tratando de encontrar para compreender melhor algum aspecto do mundo que é objeto de suas preocupações”. Sendo a interação do processo de alfabetização com a realidade social a principal porta de entrada para essa busca. Assim escola cumpre também com sua função social, a saber, a de levar o sujeito a compreender cada melhor os processos de seu cotidiano.

Ao contrário disto seria, condizer a criança em processo que se configura apenas a partir da codificação e da codificação, num vai e vem de cópias e meras reproduções sem vínculo com a realidade é o mesmo de considerar que a criança é uma mente vazia incapaz de construir e dar significado ao seu mundo.

E com relação a isso enfatiza Ferreiro, (2001, p.40)

Temos uma imagem empobrecida da criança que aprende: a reduzirmos a um par de olhos, um par de ouvido, uma mão que pega um instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons. Atrás disso há um sujeito cognoscente, alguém que pensa que constrói interpretações, que age sobre o real para fazê-lo seu.

 

 

  1. 4.      SEGUNDA SETA: A QUESTÃO DO MÉTODO

 

 

Um fato muito importante que de forma algum poderia ficar fora deste diálogo é a forma com que se dá o processo de alfabetização. Primeiro devemos entender que não são os livros, cartilhas ou outra ferramenta que conduz este processo tão importante na vida da criança, mas sim o professor. Sendo ele o principal responsável pela dinâmica e sucesso das ações que se desenvolvem.

 A partir desta deste contexto e também da idéia de que cada criança é mundo em construção e por isso aprende na suas especificidades, o professor não pode conceber uma práxis cerrada em um único método. Pois estes são formados por um conjunto de ações e orientativos que podem ou não serem os ideais para uma turma ou criança em especifico. Devendo então o professor como mediado, buscar entre os vários já desenvolvidos, os elementos necessários a sua prática alfabetizadora. O que implica um busca pessoal que o levará ao conhecimento de vários métodos e dinâmicas e tornará suas aulas mais atrativas e eficazes.

Pois segundo (CARVALHO, 2009, p.18)

É fundamental que o professor alfabetizador conheça vários métodos existentes para que possa aplicá-los de maneira eficiente na aprendizagem dos diferentes alunos. Muitos desses métodos foram experimentados, em diferentes contextos, com resultados diversos [...] os métodos, por mais estapafúrdios que pareçam, dão certo com algumas crianças, mas nenhum deles é eficaz com todas.

               Diante desta realidade é, pois necessário que o professor possa mediar a sua aula levando em consideração a individualidade e forma particular que criança aprende o lhe ensina. E assim sempre estar aberto aos vários métodos que estão dispostos para a construção cognitiva. Afinal não existe por assim dizer, o método certo ou errado, mas sim o que deu certo de acordo com realidade imediata do cenário de aprendizagem.

  1. 5.      TERCEIRA SETA: LER ALÉM DOS CÓDIGOS

 

 

 

 

Ferreiro (2001) no coloca em diálogo muito importante a respeito da alfabetização e nos permiti lançar um olhar mais aguçado à escola seus processos. Uma vez que ao ir a escola a criança participa de u processo que a possibilita a construção da língua escrita e conseqüentemente dos elementos em seu entorno, ou seja, novos conceitos também vão se construindo a partir da interação com escola. Assim o que fica claro neste processo é que não basta descobrir com funciona a escrita. É preciso dar vida para esta escrita, relacionando com a realidade imediata da criança, e exatamente isto que na sua maioria a escola não faz. Assim a criançapercebe que a vida na escola é diferente da vida lá fora”. Deste modo não se pode fragmentar disciplinas e conteúdos e muito menos as letras na hora de se alfabetizar, pois as crianças necessitam conhecer palavras e não só seus pedaços, porque só com pedaços a criança não consegue decifrar e dar sentido ao que lê (FERREIRO 2001P. 38).

O que está implícito aqui é que alfabetizar não é apenas ensinar códigos, mas também compreender que estes são representações da fala, todavia possui diferenças em vários aspectos que podem ser percebidos através da leitura do código escrito da vida. Nesta ótica Cagliari (2005) argumenta que o processo de escrita e leitura não se dá de forma isolada um do outro, mas numa relação de interdependência que possibilita a compreensão de como funciona o próprio sistema da escrita através da leitura e vice versa. É preciso entender que o segredo da alfabetização está na aprendizagem da leitura. Aprender a ler, aqui, significa aprender a decifrar a escrita. Para saber decifrar a escrita é preciso saber como o sistema de escrita funciona e quais os seus usos.  (CAGLIARI, 2005, p.100).

O importante é que os métodos utilizados pelo professor ajudem a potencializar a leitura além de o simples decifrar dos códigos, pois ler é também interpretar a vida e isso vai além das letras e formas que escola ensina. Todavia é preciso que escola seja menos cinza, e possa se colorir com as realidades imediatas de seus alunos.

Assim a melhor forma é possibilitar a criação de mecanismos que permitam a relação do ensino, do aprendido com o real. Ou seja, levar a alfabetização para o cotidiano da criança trazendo para o processo cognitivo todos os elementos significativos para o cognitivo em construção. Assim a leitura da realidade torna a escrita um processo real nem além nem aquém da vida cotidiana na criança, mas no centro da relação dando significados á práxis pedagógica.

 

 

  1. 6.      CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

Diante do diálogo que se travou sobre a prática alfabetizadora, onde os esforços se mantiveram na perspectiva de evidencia as setas no caminho da alfabetização foram possíveis perceber que se trata de um processo complexo por se tratar da construção de conhecimentos e também de significados.

Todavia para que este processo de fato seja potencializador de habilidades o professor precisa conhecer os caminhos a serem seguidos, o que leva a uma busca pessoal na construção de sua práxis pedagógica. Neste sentido é preciso que o alfabetizador tenha claro seu papel de mediador no processo cognitivo e levar em consideração que sua pratica deve estar embasada em três pontos fundamentais.  A interação que deve estar presente na alfabetização, posto que esta não pode se dar distante da realidade imediata dos alunos, pelo contrário deve buscar cenários que constituam significados e permitam a relação com a realidade social e imediata da criança.  Fica evidente a necessidade de conhecer os vários métodos que podem dinamizar aula e as práticas, posto que cada criança tenha uma forma especifica de aprender e enxergar a vida, assim à ação que possibilita o conhecimento é especifica e individual a dada ser.  A última evidencia que colocamos aqui é a leitura,             que na alfabetização transcende o simples ato de codificar e decodificar, indo até a esfera da interpretação do escrito em relação a realidades imediata do individuo.

Assim conclui-se que alfabetizar é um caminho de múltiplas escolhas e que nos leva a inúmeros lugares com o mesmo objetivo e que independente dos caminhos tomados, e das fermentas utilizadas a meta será sempre a mesma. Neste sentido é, pois preciso que a escola mude seu olhar, sua prática em torno da alfabetização, na busca de consolidar as setas que aponta no caminho para alfabetização sólida e eficaz.

 

 

 

  1. 7.      Referencia bibliográficas

 

BRASIL. Referencial Curricular Para A Educação Infantil. v. 1,  Brasília: MEC/SEF, 1998.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o bá-bébi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 2005.

CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre teoria e prática.2 ed. Petrópolis:

Vozes, 2005.

CHINAPAH, Vinayagum. Rendimento da Aprendizagem: construção de competências.

Campinas: Autores Associados; Brasília: UNESCO,2000.

FELDMAN, Daniel, Ajudar a ensinar: relações entre a didática e ensino. Porto Alegre: Artmed, 2001.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 24.ed. São Paulo: Cortez, 2005.

LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.

KRAMER, S. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. 5. ed. São Paulo:  Cortez, 1995.

LUCKESI, Carlos Cipriano. Gestão Democrática da escola, ética e sala de aula. ABC Educatio, n. 64. São Paulo: Criarp, 2007.

LUCK, Heloísa. Gestão educacional: uma questão paradigmática. v. 1. Petrópolis: Vozes, 2006.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis, Rj: Vozes, 2003.