HISTÓRIAndo

Edevânio Francisconi Arceno

Acadêmico de História – UNIASSELVI

1808-2008

Brasil – Capital do Império

EPISÓDIO II

“A VER NAVIOS”

AS ESTRATÉGIAS de D. JOÃO

Depois do Recado de Napoleão, D. João reuniu o seu Conselho de Estado no Palácio da Ajuda em Lisboa e mandou que preparassem os navios para uma viagem. Primeiramente pensou em enviar para o Brasil apenas seu filho mais velho, que tinha oito anos, o futuro imperador Pedro I, depois mudou de idéia e resolveu partir com toda a sua corte. Arquitetou um plano para ganhar mais tempo, enviando à Paris o Marques de Marialva, prometendo total apoio aos franceses, prendendo e seqüestrando os bens dos ingleses residentes de Lisboa. Como prova das suas boas intenções com a França enviou de presente a Napoleão uma caixa de diamantes, obviamente vindos do Brasil, acompanhados da seguinte sugestão, que D.Pedro o primogênito da coroa portuguesa se casasse com alguma princesa da família de Napoleão. Enquanto isso ele preparava-se para a maior fulga da História. Quando Napoleão percebeu que estava sendo enganado, mandou prender o embaixador Marialva em Paris e mandou publicar em 24 de novembro de 1807, no jornal de Paris, Le Moniteur que a Casa de Bragança havia cessado de reinar na Europa. Era o fim do engodo Português.

O PREÇO DA ESCOLTA REAL

D.João precisava partir imediatamente, pois sabia que o exército de Napoleão com 50.000 soldados franceses e espanhóis, comandados pelo General Junot, estava nas fronteiras portuguesas pronto para invadir. Lord Strangford, o inglês que fazia a ponte entre as coroas Portuguesa e Inglesa, ofereceu proteção para a viagem marítima, em troca, Portugal abriria os Portos Brasileiros para o comércio com outras nações. D. João não titubeou e disse sim. No dia 06 de novembro de 1807, a esquadra inglesa aparece no Rio Tejo, com 7000 homens, com a seguinte ordem, escoltar a corte Portuguesa até o Brasil em segurança, porém se Portugal mudasse de idéia e se juntasse a Napoleão, os ingleses tinham ordens para bombardear Lisboa.

A PARTIDA

Os navios estavam todos preparados, esperando a ordem real, que por causa de muita chuva atrasou a partida por dois dias.O povo abismado e incrédulo acompanhava o vai vem de três dias, das 700 carroças e carruagens que transportavam a corte e seus pertences, todo o ouro, diamante e dinheiro do tesouro Real. Na correria toda a Prata da Igreja e os 60.000 volumes da Biblioteca Real, foram esquecidos no cais de Lisboa. As listas de passageiros são imprecisas para avaliar o numero exato, mas estima-se que entre 10 a 15 mil pessoas acompanharam o príncipe regente nesta viagem ao Brasil. A família real foi conduzida secretamente ao porto. A rainha Maria I, gritava ao cocheiro: “Mais devagar. Vão pensar que estamos fugindo!”. Ao chegar ao cais, foi colocada a força dentro do navio, pois não queria partir. D João apenas deixara um bilhete de despedida ao povo português. Às 07 horas do dia 29 de novembro foi dada a ordem de partida, D. João, ao chegar à foz do rio Tejo, tinha à sua frente o Oceano Atlântico e seus perigos e na sua retaguarda o Exército francês que chegava a Lisboa e o abandonado povo português, que assistia atônito, aquele momento histórico, onde ficaram literalmente a “Ver Navios”.

Na próxima edição acompanharemos detalhes emocionantes desta viagem. Até Lá!