O filósofo e teólogo Santo Tomás de Aquino (1225-1274), de linhagem dos condes de Aquino, entrou para a Ordem dos dominicanos. A vida de Tomás de Aquino dentro do claustro se revelava um insulto aos seus companheiros, risadas e piadinhas eram comuns em derredor do filósofo.
Conta que certa vez, Tomás foi chamado às pressas do claustro onde estava enfurnado num livro estudando e um dos seus companheiros disse: "venha ver irmão Tomás, venha ver um boi voando!". No qual Tomás que era todo rechonchudo foi acatar ao pedido do companheiro ao qual todos zombaram dele. "Como podes, o irmão acreditar que um boi pudesse voar?" indignou-se um dos frades do monastério. Ao qual calmamente Tomás disse: "prefiro acreditar que um boi pudesse voar do que um dos meus irmãos pudesse mentir".
Esta passagem cômica revela que Tomás não era assim tão palerma como os frades achavam no que se refere ao saber e visão de Deus que supostamente teria visto.
Tomás de Aquino se encontrava de partida, a convite de Gregório X, a caminho de Lião, para tomar parte do concílio que ali se realizava. Ao chegar a Fossanova, adoeceu na casa de sua sobrinha Francisca de Aquino, que posteriormente o levaram para um claustro para se curar.
No claustro de Cistercense foi encontrado morto no lavatório numa manhã de quarta feira sete de março de 1274, supostamente após ter tido uma visa de Deus. As suas últimas palavras segundo Agnaldo, que era seu escrivão foi: depois do que vi, tudo o que escrevi não passa de palha seca." Tomás de Aquino é o filósofo que mais escreveu a respeito de Deus e dos anjos, é conhecido como Doctor Angelicus ou seja, Doutor dos Anjos.
Não precisamente que ele teria visto a Deus, há uma interpretação exagerada, o que na verdade Tomás de Aquino teria presenciado-vivenciado uma intuição muito forte, uma certeza que se findou no ato da morte, como passara a vida toda refletindo a respeito do que é Deus, poderia ter logrado a uma visão miraculosa de como é sentir Deus na totalidade do espírito.
Deus, sob a ótica filosófica (metafísica) constitui-se num Ser de Princípio Supremo, do Fundamento último, do Infinito e do Absoluto. Algo que pode se alegar que seja o sublime. O sublime é uma beleza incontestável que está além da razão e da imaginação humana, cujo esplendor e realeza se reduzem a um espanto terrificante aos olhos humanos. Em outras palavras, a razão humana, não possui condições de ver a Deus, não há suporte racional para conceber tamanha grandiosidade.
O que leva a crer que Santo Tomás teria mesmo vivenciado uma paz interior muito intensificada decorrente de sua fé e convicção, o que não impede que outras pessoas vivam o mesmo que ele viveu. A fé e a certeza em algo real pode se manifestar conforme a forma do pensamento, sendo assim, o pensamento ordena tal coisa a ponto de uma interpretação misteriosa e fascinante ao ponto de acharmos que a manifestação de Deus e a apresentação Dele diante de nós pobres mortais.
É certo que o ser humano não possui a capacidade de vê-lo, fazendo com que acabe todo o mistério. O mais provável é que nunca ninguém teria visto a Deus. Se o tivesse visto, não teria tempo de contar aos outros.