Ser Professor: um desafio

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

A educação do Estado de Minas Gerais nas escolas Estaduais está caótica. A falta de uma política pública, voltado para o aprendizado real e não somente números e índices, que só funcionam nas mesas dos dirigentes do poder. A realidade é outra, as necessidades são muitas, e se diferem da teoria. A prática do ensino é jogada de cima para baixo nas mãos dos professores que são obrigados a fazer “milagre” para dar conta de exercer dignamente o seu trabalho; que é levar os alunos  a analisarem, identificarem e discutirem o conteúdo básico determinado pela elite econômica que controla a politica, a economia, a cultura e a sociedade.

Palavras Chaves

Educação, Poder, Professor, Política Pública, Escola, Sociedade

A educação brasileira sempre foi  fonte de análise e dicções entre os estudiosos do assunto, já que o aprender é diagnosticado como meta para uma sociedade mais evoluída. Sendo assim, a metodologia do professor, a matriz curricular e o espaço físico da escola são fundamentais para a excelência do ensino. Isso já foi analisado e entendido como essencial  na educação.

No entanto, o governo de Minas Gerais trouxe para o ano de 2013, o modelo de ciclo, ou seja, a proposta de uma educação linda e maravilhosa no papel, mas longe da realidade da sala de aula das escolas públicas brasileiras. Antes de uma proposta ser aprovada deveria ser realizada em um laboratório real, e não apenas nos escritórios dos pedagogos ou nas clínicas dos psicopedagogos (muitos que nunca passaram ou estão fora da sala de aula). Mas, esse laboratório nunca aconteceu, devido a uma série de causas, entre elas o descaso com o professor e a arrogância típica de que retém o poder. “Educação contra a educação”: entende-se exatamente isso: a educação é um espaço de luta entre várias tendências e grupos que nenhuma ideologia pode dominar inteiramente”. (GADOTT, Pg. 63)

O descaso com o professor  inicia-se na remuneração indigna à sua função, já que o professor é o pilar do ensino e da aprendizagem. Isso vai além do salário, no ano de 2012 uma ordem da secretaria estadual de educação proibiu o professor comer a mesma refeição dos alunos, com a seguinte explicação: “a verba para a refeição da escola pública é para os alunos e não para os funcionários”. Com esta medida muita alimentação de qualidade vai para o lixo todos os dias em todas as escolas do Estado de Minas Gerais e os professores que trabalham em mais de um escola, devido ao baixo salário, tem que se desdobrarem para ter uma alimentação satisfatória para se manterem “saudáveis” e suportar a grande jornada de trabalho.

Além da aprovação em massa dos estudantes o nível de burocracia das escolas aumenta a cada dia, obrigando o professor ser mais arquivista que produtor e reprodutor de ideias. Esta forma de educação é falida para todos os que estão inseridos no sistema educacional. No entanto, a ditadura funcional do Estado massacra e escraviza os profissionais do ensino. Democracia não existe, diálogo só na teoria, o sindicato dos professores é um verdadeiro “pelego” do governo. Nunca existiu uma crise tão bombástica no ensino público como agora. O que fazer? Os professores estão de mãos atadas diante da injustiça do  poder público. Questões como violência na escola, indisciplina e desinteresse dos alunos são desdobramentos dessa política falida de educação.

A injustiça do governo mineiro vai além da tutela do seu Estado passando por cima da Constituição Brasileira de 1988, mantendo 98 mil funcionários da educação sem concurso público com direitos de efetivos. Isso é uma afronta á isonomia de nosso país. Como uma nação que rege a democracia através do voto pode aceitar a arrogância e a falta de vergonha de uma politica decadente como a da educação mineira? É claro que por traz desta vergonha existe uma politicagem e uma troca de apoio entre os representantes do povo, que só representam a vantagem e o lucro para si próprio.

“A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico.” (MORAES, Pg. 31)

De uma forma ainda mais danosa o governo federal através da política de cotas nas Universidades ajuda o governo Mineiro a continuar  reproduzindo sua política educacional falida. Já que a cota diz diretamente que os negros e os índios não tem a mesma capacidade de competir com os brancos nas universidades públicas. A reflexão é: se eles não têm capacidade, a culpa é do poder público que não investe nos profissionais e na escola pública de base. É claro que é muito mais barato para o governo inserir um grupo na universidade através de uma lei, preconceituosa e injusta, do que reestruturar a escola como um todo.

“Afinal, se aqueles que foram eleitos para representar os cidadãos, pensando na coletividade, defendem exclusivamente seus interesses pessoais, se quem, teoricamente, deveria ter um comportamento exemplar se mostra corrupto, o que resta ao indivíduo? Como e onde aprender a pensar na coletividade se aqueles que são os representantes dos cidadãos não pensam?” (CORTELLA, Pg. 80)

Neste sentido, a escola é um reflexo de nossa sociedade, ou seja, a violência, a ideologia do lucro, do ganho a qualquer preço, que é ensinado pelos homens e mulheres que ocupam cargos de gestão e de poder. Um exemplo vale mais que mil ensinamentos como nos dizia: São Tomás de Aquino. Uma educação de qualidade em Minas Gerais só acontece no bombardeio de Marketing sobre a educação mineira que são apresentados índices mascarados pela política educacional nos meios de comunicação divididos entre áudio visual e impresso.

Educar está sendo o maior desafio de nosso século. Como será nossa sociedade depende de nós, todos sabem disso, ou fingem que sabem. Os professores da ativa são encarados como “bobos”  por reproduzir a canalhice da classe dominante através dessa política educacional de “quinta categoria” que está presente nas escolas de base da rede estadual de Minas Gerais. Porém, todos os homens e mulheres vivem do sonho que é plantado todos os dias nas utopias da vida. Entre estes vários sonhos o de uma politica voltada verdadeiramente à justiça e as necessidades do povo continua em nossos corações.

Bibliografia

CORTELLA, Mario Sergio- BETTO Frei, Sobre a Esperança Diálogo, Ed MARES, 2009, Campinas, SP;

MOAES, Alexandre de, Direito Constitucional, Ed Altas, 2006, São Paulo, SP;

GADOTTI, Moacir, Educação e Poder Introdução a Pedagogia do Conflito, Ed Cortez, 1980, São Paulo, SP;