Os sentimentos gerados em idosos com amputação de extremidades inferior proveniente de pé diabético.

The feelings generated in elderly patients with lower extremity amputations from diabetic foot.

Los sentimientos generados en los ancianos con amputación de miembros debajo del pie diabético.


Leuda Siqueira Rodrigues¹
Carmen Jansen de Cárdenas ²

1.Enfermeira, Pós Graduada em Saúde Publica e UTI, Mestranda do curso de Gerontologia - Universidade Católica de Brasília/UCB; Chefe do Núcleo de Enfermagem do CS/SES.
Email:[email protected]

2.Drª em Pedagogia com licenciatura Plena em História, Filosófia e Matemática;Mestre em Psicologia da Educação-UNB.Pós Graduação em Psicologia pela Universidade de Gottingem -Alemanha.Doutora em Psicologia do Desenvolvimento humano - UNB;Docente Adjunto 3- UCB. .
Email: [email protected]



Resumo

A idade avançada não é razão suficiente para o comprometimento da capacidade funcional. Na realidade, o que ocorre é o aumento da incidência de agravos crônico-degenerativo com a evolução desta fase da vida. O texto procurar revelar sentimentos, os quais são refletidos pelo idoso portador de pé diabético que evolui para a conseqüência mais drástica ? amputar um membro inferior. Esta intervenção cirúrgica faz com que o idoso sofra modificações biopsicosociais, estas podendo comprometer diretamente a atuação deste indivíduo frente suas próprias percepções da vida. As mudanças relacionadas ás práticas frente o estilo de vida deste idoso, torna-se um grande problema, quando não bem trabalhadas, pois o idoso passou por desafios ao longo de toda a sua vida e agora torna-se obrigado a vivenciar mais um desafio. São estes desafios que produzem no idoso sentimentos de perdas, exclusão, dificuldades, dependência e solidão, todos estes agregados a impactos diretos em sua nova forma de vivenciar a sua vida a parti de então.

Palavras chaves: idoso, pé diabético, amputação, vida, desafios, sentimentos.


Abstract

Advanced age is not sufficient reason for the impairment of functional capacity. In fact, what occurs is the increased incidence of chronic degenerative diseases with the evolution of this phase of life. The text search reveal feelings, which are reflected by the elderly with diabetic foot that progresses to more drastic consequence - an amputated limb. This surgery makes the elderly suffer biopsychosocial changes, they may directly impair the performance of this individual with their own perceptions of life. Changes related to practice before the lifestyle of the elderly, it becomes a big problem, if not worked well because the old has gone through challenges throughout his life and now it is bound to experience more challenging. These are challenges that the elderly produce feelings of loss, exclusion, difficulties, dependence and loneliness, all of these aggregates to direct impacts on their new way of experiencing life from then on.

Keywords: elderly, diabetic foot, amputation, life, challenges and feelings.


Abreviación

El edad dentado es no Razón bastante por su comprometimento del capacidad eléctrica funcional. De hecho , el un hasta ocorre es el aumento del incidencia desde agravar crônico - degenerativo con el desenvolvimiento de esta fase del vida. El texto averiguar familiarizar sentidos , qué son refletidos por el idoso portador desde pie diabético dar gracias está hasta evolucionar por lo conseqüência more drástico ? amputar un afiliación inferior. Esto intervención quirúrgico él hacía con qué el un idoso sufrir alteraciones biopsicosociais , estos lata ocupar diretamente el un él actos de esta chico vanguardia su costumbre percepción del vida. El mudanzas relacionadas as práctica vanguardia el estilo desde vida de esta idoso , tornado - en caso que um amplio entero cuestión , como usted hacía no bien wrought , por eso el un idoso él ropa interior desafíos a través de su lleno vida y ahora tornado - en caso que gracias el un vivenciar more un desafío. Son estos desafíos dar gracias está hasta producir al idoso sentidos desde pérdidas , exclusión , dificultades , dependencia y soledad , todo de estos agregado el un impacto horrendo pozo a su nova forma de vivenciar ella vida el un yo ola grande desde


Palabras clave: ancianos, pie diabético, amputación, vida, desafíos, los sentimientos.



¹ Enfermeira, Pós Graduada em Saúde Publica e UTI, Mestranda do curso de Gerontologia - Universidade Católica de Brasília/UCB; Chefe do Núcleo de Enfermagem do CS/SES.
Email:[email protected]

² Pedagoda com licenciatura Plena em História, Filosófia e Matemática;Mestre em Psicologia da Educação-UNB.Pós Graduação em Psicologia pela Universidade de Gottingem -Alemanha.Doutora em Psicologia do Desenvolvimento humano - UNB;Docente Adjunto 3- UCB. .
Email: [email protected]











Os sentimentos gerados em idosos com amputação de extremidades inferior proveniente de pé diabético.
Rodrigues, LS.; Cardenas, CJ.

Trajetória metodológica

O caminho metodológico utilizado para a realização deste estudo deu-se do Tipo Exploratório descritivo, por intermédio de uma busca de textos que compactuam com a temática exposta. Realizou-se uma organização de referencial teórico em busca ativa por Artigos existentes na base de dados da Internet (Pubmed, Lilacs, Medline). Foram utilizadas as seguintes palavras: pé diabético, amputações, idoso, envelhecimento, psicologia e sentimentos. Utilizaram-se ainda livros existentes no acervo bibliográfico da Universidade católica de Brasília, os quais referenciavam a base para o texto: psicologia e envelhecimento.

Objetivo

Este trabalho objetiva-se, em trazer a tona os sentimentos referenciados no contexto bibliográficos frente à temática abordada. Desta forma, vindo a produzir um texto que possa compactuar com as expectativas dos idosos portadores de pé diabético que vivenciam amputação de extremidade inferior.

INTRODUÇÃO

Este trabalho consiste em uma reflexão sobre os sentimentos gerados no idoso portador de pé diabético que evolui para amputação de extremidade inferior. Vivenciamos um período em que este se encontra caracterizado, pela economia capitalista e globalizada. A sociedade apresenta varias modificações, que historicamente demonstram significativos reflexos frente à estrutura etária de seu povo.
A questão do envelhecimento e da longevidade humana é algo que já se fazia presente na mais remota história, seja na busca pela fórmula da eterna juventude, esta associada à felicidade plena; ou como preocupação constante do homem em todos os tempos. Despertando maior ênfase na última década, devido sobretudo a sua expansão tanto a nível mundial, como na realidade brasileira, sendo objeto de investigação na comunidade acadêmica e na sociedade civil (ARAUJO;CARVALHO, 2005).

" Ruga dói!" É a expressão usada pelas pessoas que começam a envelhecer ?expressão do inconformismo com a realidade indiscriminada da natureza humana, aumentada pela idéia que a sociedade faz do homem velho, que, mesmo assim, ainda necessita e tem o direito de continuar, na sua incompletude natural, buscando sua conformação ? senão mais física ? mental, psíquica e social" (LOUREIRO,2000).

Um fantasma amedronta o mundo atualmente e seus ruídos assustadores desafiam o saber e o poder, levando, ao mesmo tempo, o ser humano a uma nova encruzilhada: a velhice. O ambicionado prolongamento à vida transforma-se cada vez mais, em realidade (SANTOS, 2001).
REFERÊNCIAL TEÓRICO:
O Diabetes Mellitus
De acordo com Freitas (2006) a prevalência e a incidência do diabetes mellitus vem crescendo como conseqüência do aumento da população idosa, da urbanização e industrialização, do aumento da obesidade e da inatividade física e do aumento de sobrevida dos diabéticos, principalmente.
Estima-se que a nível global, a prevalência do diabetes mellitus seja em torno de 120 milhões de indivíduos, e que de 4 a 10% destes desenvolvam lesões nos pés. Trata-se de uma complicação que ocorre, em média, após 10 anos de evolução dessa doença, tornando-se a causa mais comum de amputações não traumáticas (KATER, 2001).
O impacto da doença é assustador, é um dos mais importantes problemas de saúde da atualidade, tanto em termos de número de pessoas afetadas, potencial de incapacitação e mortalidade, como em termos dos custos envolvidos no controle e no tratamento de suas complicações (ABARCA, 2001).
Estima-se que na America existam cerca de 16 milhões de pessoas com diabetes. No Brasil estima-se cerca de 5 milhões, dos quase metade desconhece o diagnóstico, destes, a grande maioria só irá descobrir a doença quando na vigência de complicações, muitas vezes com danos irreparáveis ao organismo (SANCHES, 2000).

O Pé Diabético
As alterações vasculares, ao provocarem um menor aporte de oxigênio, facilitam a proliferação de infecções a bactérias anaeróbicas. Além disso, é freqüente a colonização cutânea do pé por fungos, o que pode se constituir numa porta de entrada para infecções graves (PEDRO; FERNANDES, 1997).
A úlcera do pé no diabético pode levar à amputação. Prevenir as úlceras dos pés é a melhor terapia e prevenção, o que deve ser realizado por meio de exame cuidadoso da perna e do pé. Em estudos recentes foram detectadas várias alterações da microcirculação associadas ao diabetes, que, no entanto, não evidenciam lesões oclusivas (DUARTE, 1997).
O pé diabético é uma das mais graves e onerosas complicações do DM e a amputação de uma extremidade inferior ou parte è geralmente conseqüência de uma ulcera no pé (PEDROSA, 2001).
O pé diabético é um conjunto de alterações ocorridas no pé do portado de DM, decorrentes de neuropatias, micro e macrovasculares, aumentando a susceptibilidade a quadros de infecção. A neuropatia leva a insensibilidade, isto é à perda da sensação protetora e, subseqüentemente, à deformidade do pé, com a possibilidade de desenvolver uma marcha anormal. A neuropatia torna o paciente vulneráveis a pequenos traumas, provocados pelo uso de sapatos inadequados ou por lesões da pele ao caminhar descalço, os quais podem precipitar uma úlcera (LOPES, 2003).
O tratamento do pé diabético depende do grau e comprometimento do membro, considerando-se a presença e/ou gravidade de isquemia e/ou infecção. Comprometimento exclusivamente neuropático pode ser tratado com antibióticos e desbridamento. Casos mais graves evoluem para amputações (SMELTZZE, 2008).

O Pé Diabético que evolui para Amputação
A amputação é o mais antigo de todos os procedimentos cirúrgicos e, durante muito tempo, representou a única possibilidade cirúrgica para o homem. O termo designa, em cirurgia, a retirada de um órgão, ou parte dele, situado numa extremidade, porém, quando usado isoladamente, é entendido como amputação de membros. Seu conceito atual é de cirurgia que reconstrói para que desta forma o indivíduo possa ter o seu retorno normal e produtivo na sociedade (GUIMARÃES, 2001).
As amputações freqüentemente vêm precedidas de problema neuropático, que de inicio se manifesta pelo surgimento de calos e feridas nas plantas dos pés, resultantes do atrito e da pressão excessiva em certas áreas e do modo inadequado de pisar (KOSTUIT,1981).
Os sentimentos gerados em idosos com amputação de extremidades inferior proveniente de pé diabético.
Rodrigues, LS.; Cardenas, CJ.

Aproximadamente 50% das amputações não traumáticas de extremidades inferiores ocorrem em pessoas com DM. A amputação é freqüentemente necessária nos casos em que os pacientes apresentam infecção ou gangrena extensa, candidato à amputação. Esta solução extrema às vezes é o único recurso para salvar a vida desses pacientes. As amputações salvam vidas de pacientes e podem conduzi-los à reabilitação, deambulação e boa qualidade de vida (LUCIA, 2004).
Segundo Mayall (2002) uma amputação não deve ser tão precoce que anule a possibilidade de recuperação de uma extremidade, nem pode ser tardia, pois quando a toxemia já está instalada, aumenta o risco de morte após a cirurgia.
Segundo Campedelle (1992) as pessoas amputadas preocupam-se com a dependência e apresentam dificuldade em visualizar as ações que podem executar. Os idosos, principalmente, mostram-se dependentes para a realização de atividades diárias, sendo importante que o profissional de saúde estimule o paciente ao auto-cuidado, à aceitação de suas limitações e ao retorno às atividades.
O relato de Smeltzze (2008) sobre a assistência de enfermagem evidencia a importância imprescindível para os pacientes, nos períodos pré e pós-operatório da amputação. A atuação profissional vai desde o apoio psicológico até a realização de técnicas, as quais tratam as feridas impostas pela intervenção cirúrgica.
O idoso e seus familiares merecem uma atenção priorizada nesta fase de reabilitação, orientando-os no processo que se intenciona exclusivamente à sua independência e autonomia na realização das atividades da vida diária, satisfazendo a boa qualidade de vida.
A amputação é o mais antigo de todos os procedimentos cirúrgicos e, durante muito tempo, representou a única possibilidade cirúrgica para o homem. O termo designa, em cirurgia, a retirada de um órgão, ou parte dele, situado numa extremidade, porém, quando usado isoladamente, é entendido como amputação de membros. Seu conceito atual é de cirurgia reconstitutiva e não de simples ablação e deve ser o primeiro passo para o retorno do paciente a um lugar normal e produtivo na sociedade (LUCCIA,2001).
A cirurgia deve ser vista como mais uma fase do tratamento, sendo a mutilação Os sentimentos gerados em idosos com amputação de extremidades inferior proveniente de pé diabético.
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apenas do membro e não da alma dos doentes (RAMACCIOTTI,2002). Não há estatísticas precisas sobre o número de amputados existentes, ou o número de amputações realizadas anualmente, porém, aproximadamente 85% de todas as amputações realizadas ocorrem em membros inferiores (LUCCIA,2001).
Essas amputações são comuns em diabéticos com ulceras de membros inferiores(GIL,2000).


A qualidade de vida do idoso com Amputação de extremidade inferior
As teorias do envelhecimento bem sucedido vêem o sujeito como pró-ativo, regulando a sua qualidade de vida através da definição de objetivos e lutando para alcançá-los, acumulando recursos que são úteis na adaptação a mudanças e ativamente envolvidos na manutenção do bem-estar. Sendo assim, um envelhecimento bem sucedido é acompanhado de qualidade de vida e bem estar e deve ser fomentado ao longo dos estados anteriores de desenvolvimento (SOUSA, 2006).
Frente ao crescente envelhecimento do país, o Brasil tem como desafio para o século XXI oferecer um sistema de saúde que garanta a qualidade de vida para mais de 32 milhões de idosos, os quais representam em nível financeiro e educacional baixo aliado à alta prevalência de doenças crônicas e incapacitantes (MARTINS, 2007).
O pé diabético no idoso causa preocupação, pois se tornou um problema de saúde publica mundial. Desta forma torna-se importante trabalharmos com a educação do profissional de saúde para que ocorra o reflexo na educação dos próprios pacientes. O reconhecimento do pé em risco e de lesões iniciais é a responsabilidade mais importante dos profissionais de saúde. Infelizmente, o exame do pé é quase sempre negligenciado, apesar das claras diretrizes e recomendações. Exames incompletos dos pés são relatados ema até 50% dos pacientes que se submetem a amputações. Além disso, um estudo demonstrou que 22 de 23 amputações abaixo do joelho foram realizadas em pacientes que não haviam recebido informações sobre cuidados terapêuticos ou medidas preventivas (PEDROSA, 2001).
Para que as medidas de saúde sejam realmente eficazes é preciso compreender a magnitude de fatores que influenciam o homem até que ele chegue à velhice, isto é, estabelecer relações entre hábitos de vida e o meio que o cerca mesmo antes da senescência. Feito isso, será mais fácil estabelecer as prioridades que cercam o processo de envelhecimento e assim poderá se reduzir e até mesmo evitar certas complicações que acabam por deteriorar a qualidade de vida do idoso (PAVARINI, 2005).

" A exclusão é um impedimento, uma barreira, uma fronteira elaborada socialmente em relações de poder, que dividem os grupos, de forma a estabelecer hiatos tanto nas condições objetivas de vida ou de meios de vida como na percepção de si mesmo como sujeito historicamente situado, numa sociedade e num determinado Estado em se que pactuam direitos e se compactuam com exclusões ( FALEIROS,2006).

O impacto de uma doença na qualidade de vida de um individuo ou de uma população é de grande importância para nortear a distribuição do dinheiro público aplicado em saúde, bem como para proporcionar subsídios para a eleição de metas de políticas publicas condizentes com a atual visão sobre saúde.
O diabetes mellitus é uma doença crônica muito comum no idoso. É considerado um importante problema de saúde, uma vez que freqüentemente está associado á complicações que com prometem a produtividade, a sobrevida dos pacientes e a qualidade de vida destes (CARVALHO,2008).
A qualidade de vida de um idoso e sua avaliação sobre os efeitos de numerosos fatores, entre eles os preconceitos dos profissionais e dos próprios idosos em relação à velhice.
O idoso deve ter participação ativa na avaliação do que é melhor e mais significativa para ele, pois o padrão de qualidade de cada vida é um fenômeno altamente pessoal. Esta é uma questão não apenas metodológica, mas também ética (FREITAS, 2006).
Segundo Carvalho (2008) campanhas que buscam o diagnóstico precoce, bem como o oferecimento gratuito de medicamentos, associados ao acompanhamento rigoroso do tratamento para várias doenças crônicas que afligem a população idosa são de fundamental importância para uma melhor qualidade de vida nesta população.
Na velhice a qualidade de vida é um evento determinado por múltiplos fatores, os quais nem sempre são fáceis de serem cientificamente avaliados. Um importante indicador da qualidade de vida, especialmente na velhice, é a capacidade funcional, que pode ser mais preditiva do estado de saúde do idoso do que os próprios diagnósticos médicos (NERI, 1993).
Lawton (1991) relata que o bem-estar físico objetivo está diretamente relacionado à ausência de doença ou de comprometimento, mesmo que leve, da capacidade funcional e do conforto; portanto, uma boa saúde física seria um forte indicativo de bem estar psicológico satisfatório. Desta forma frente ás varias inquietações acerca das conseqüências da amputação na vida de um idoso está, entre elas, a questão da satisfação com a própria vida. Estariam esses idosos satisfeitos com a vida no decorrer do processo de reabilitação? A capacidade funcional seria um elemento determinante na sua avaliação de satisfação com a vida?
A perda de um membro pode desencadear nos idosos diferentes percepções sobre seu bem estar subjetivo, uma vez que as emoções flutuam ao longo da vida segundo a ocorrência de eventos, o estado psicológico num determinado momento e fatores relacionados à personalidade (DIOGO, 2003).
Desse modo, mesmo que as experiências emocionais sejam importantes, passado o tempo tais experiências raramente parecem diminuir a avaliação subjetiva das pessoas sobre o seu próprio bem-estar. Valendo a pena ressaltar que irá depender de todo o decorrer de uma vida. Afinal a velhice é vivenciada de forma bem pessoal por cada indivíduo.
A qualidade de vida também apresenta-se reduzida em diabéticos com amputações maiores (TENNVALL,2000).
No entanto, pessoas incapacitadas podem ter boa qualidade de vida quando ultrapassam limites e conseguem equilíbrio entre mente, corpo e espírito(ALBRECHT,1999) .


Sentimentos versus Amputação de extremidades inferior


"... Segundo CHINIZ; BOEMER (2007) vivenciar uma amputação implica em experiência marcada por alterações biopsicossociais,espirituais e culturais, repleta de estigmas, decorrentes da deficiência instalada e de sentimentos

Os sentimentos gerados em idosos com amputação de extremidades inferior proveniente de pé diabético.
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diversos, convergentes e divergentes, que se entrelaçam e se unem formando um todo. É uma vivência constituída por sentimentos que se confundem, sendo permeada pela razão, que visualiza a cirurgia como necessária, e a emoção que não aceita a perda".

Aproximando-se da amputação, enquanto fenômeno, percebe-se que pode ser, aos olhos de quem a vivencia, boa e ruim, alegre e triste, feliz e infeliz, fácil e difícil. Co-existem, em um mesmo cenário, sensações e sentimentos opostos, mas unidos entre si. Como, então, considerar boa uma cirurgia que é mutilante e leva a alterações tão importantes na vida do ser humano e de sua família? Essa experiência torna-se mais amena à medida que é percebida, pela pessoa amputada, como fonte de esperança para o retorno à vida, para continuar vivendo, como ser-aí-no-mundo, singular em suas vontades e seus desejos. No caso dos pacientes acometidos por problemas vasculares, o alívio definitivo da dor mostra-se como algo prioritário (LINCK, 2009).

A dor é desconfortante, insuportável, triste e limitante e, nesse momento, qualquer tentativa para aliviar/eliminar a dor é bem vista, mesmo que custe a perda de uma parte do corpo. A amputação passa a ser vista como mal necessário.

"... a esperança na salvação do corpo todo é fator imprescindível para a tomada de decisão e opção pela cirurgia. A morte é finitude que deve ser evitada, sendo valorizado o sacrifício de perda de uma parte do corpo. A dependência como possibilidade de uma existência marcada pelo sofrimento diário A dependência é questão que se mostrou ser motivo de preocupação da pessoa amputada. Tornar-se dependente é assustador, motivo de infelicidade, de insegurança, de medo (CHINIZ;BOEMER,2007).

A não realização de atividades cotidianas, ou a realização com auxílio, leva o paciente a sentimentos de inferioridade, baixa auto-estima e preocupação. É extremamente doloroso e desconfortante ser dependente e, em Os sentimentos gerados em idosos com amputação de extremidades inferior proveniente de pé diabético.
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alguns casos, o paciente chega a preferir a morte a ser motivo de piedade, compaixão ou mesmo trabalho/esforço para seus familiares (CHINIZ; BOEMER, 2007).

"... a psicologia do envelhecimento é hoje a área que se dedica à investigação das alterações comportamentais que acompanham o gradual declínio na funcionalidade dos vários domínios do comportamento psicológico, nos anos mais avançados da vida adulta" (NERI,2002).

Os sentimentos gerados em idosos amputados são variados, eles constituem-se com base na individualidade de cada um, haja visto que cada individuo produz suas formas de vivenciar seus problemas e/ou dificuldades, neste caso as limitações impostas pela intervenção ocorrida os obriga a experimentar sentimentos negativos que outrora poderão ser superados desde que haja um acompanhamento sistematizado pelos profissionais e pelos familiares. O idoso amputado assume um caráter de dependência inicial, pois a fragilidade do momento, da situação em si produz preocupações inerentes a sua nova realidade de vida pessoal.
As pessoas amputadas preocupam-se com a dependência e apresentam dificuldade em visualizar as ações que podem executar. Os idosos, principalmente, mostram-se dependentes para a realização de atividades diárias, sendo importante que o profissional de saúde estimule o paciente ao autocuidado, à aceitação de suas limitações e ao retorno às atividades (CHINIZ; BOEMER, 2007).
A amputação deverá ser trabalhada, junto ao idoso como sendo um horizonte de possibilidades, tornando-se parte integral ao corpo deste individuo, o fazendo perceber que suas limitações serão sustentadas por alicerces que o próprio poderá criar. A dependência deverá ser descaracterizada frente sua forma negativa, a partir daí deverá ser experimentada como uma ligação entre o indivíduo e sua nova etapa da vida, etapa esta que deverá ser conquistada a cada dia um pouco mais.
Os sentimentos produzidos neste idoso são ambíguos que interagem entre si e permanecem unidos, permeando a existência ao longo de todo o processo vivenciado.

"...Haverá uma infinitude de sentimentos todos envolvidos no processo de alterações do corpo e, portanto, de todo o existir, já que o corpo tem importância vital enquanto meio de inserção e de relação com o mundo, pela percepção" (CHINI;BOEMER,2007).

O sofrimento vivenciado em razão da iminente perda, o indivíduo vê na família um motivo para tentar mascarar o sentimento de dor sofrida. Preservar a família do sofrimento vivenciado parece ser questão primordial. De certo modo, a preocupação com a família mostra-se como algo determinante para a tentativa de manutenção das aparências e do contínuo esforço para não deixar transparecer a dor vivida.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Perder uma parte do corpo é doloroso, talvez imensurável, frente aquele que o vivencia, pois impõem um novo modo de se relacionar com o mundo e com a sua própria vida.
Exigi-se a partir de então um redimensionamento, pois o corpo sofreu alterações irreparáveis física e emocionalmente, conseqüentemente, os sentimentos gerados, que acabam por lhe rondar também foi afetado, passando então a se fazer existente uma visão diferenciada do mundo, do outro e de si mesmo.
Entender a essência desta etapa da vida vivenciada por este indivíduo idoso e amputada é extremamente importante, pois guiará o desempenho de ações que possam viabilizar melhores condições de vida para este. Devemos ter uma visão de uma pessoa amputada, a partir de seus sentimentos, os quais nos revelam expectativas frente sua nova vida. A particularidade de cada um deverá ser respeitada e integrada dentro de suas limitações, desta forma o idoso não reterá sentimentos de exclusão frente o seu meio, mas sim evidenciará sentimentos de re-inclusão, uma vez que ele já pertenceu aquele meio e por motivos patológicos, a ele fora imposta esta nova condição de vida. O idoso deverá sentimentalizar o desejo de quere continuar vivendo, a amputação que o limita deverá ser fator motivador de felicidade por estar vivo.




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