A segurança privada possui como atribuições a preservação do patrimônio privado e público (quando for o caso), através da presença ostensiva e pró-ativa de seus agentes propiciada por ações e medidas preventivas objetivando manter a incolumidade física de pessoas e a integridade material de instalações e processos produtivos.

Sabemos que a sociedade é formada por diversas pessoas, então a diversidade faz parte do nosso dia-a-dia.

Nos cursos de formação de Vigilantes, são ministrados conteúdo julgados necessários ao desempenho deste profissional com maior eficiência e objetividade, entretanto mesmo após a reformulação dos conteúdos com a Portaria 387/06, algumas lacunas continuam abertas e dentre elas é o atendimento ao público em especial as PPD's (Pessoas Portadoras de Deficiências).

Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), 01 em cada 10 pessoas possui algum tipo de deficiência (física, mental ou sensorial). No Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) cerca de 14,5% da população brasileira ou aproximadamente 26 milhões de pessoas, sofrem algum tipo de deficiência; para cada PPD existem 03 pessoas direta ou indiretamente envolvidas nas questões de deficiência, elevando este índice para um terço da população. É essencial para a sociedade superar os preconceitos e estereótipos , ou seja, as opiniões prévias e precipitadas sobre as outras pessoas.

Preconceito: trata-se de possuir um conceito ou uma opinião formada antes de se ter o conhecimento adequado sobre uma pessoa ou situação. O mais comum é julgar uma pessoa precipitadamente sem conhecê-la ou sem conhecer as razões que levaram a expressar determinada opinião.

Estereotipar é perceber as pessoas com base em juízos a partir de pré-julgamentos. As primeiras impressões de uma pessoa podem estar alicerçadas em estereótipos. Portanto, em geral, são enganosos.

O uso da expressão "É mulher, não sabe dirigir" é um bom exemplo. Em função deste julgamento, passamos a interagir com as pessoas esperando, inclusive, atitudes que podem não chegar a ocorrer.

A partir do momento que se obtêm mais dados a respeito de uma pessoa os estereótipos vão sendo reformulados e nova percepção será formada a respeito da pessoa, facilitando o relacionamento dentro da sociedade.

Para as PPD's as barreiras físicas, culturais e sociais restringem sua mobilidade e por conseqüência o exercício da cidadania.

Em 03/12/1982 a Assembléia Geral das nações Unidas através da Resolução 37/52, aprovou o Programa de Ação Mundial para Pessoas Portadoras de Deficiências.

Deficiência

Sensorial

Visual
Perda total ou parcial da visão.
Auditiva
Perda total ou parcial da audição.

De fala
Padrão de fala limitada ou reduzida.
Mental Padrão intelectual reduzido e consideravelmente abaixo da média.
Paralisia cerebral Termo amplo para designar um grupo de limitações psicomotoras resultantes de uma lesão do sistema nervoso central no seu desenvolvimento.
Física Perda ou redução da capacidade motora e engloba vários tipos de limitações.
Múltipla Efeito conjugado de duas ou mais deficiências.

Impedimentos x Equiparação de Oportunidades

Impedimentos : são as perdas ou limitações de oportunidades de participar na vida da comunidade em igualdade de condições com os demais;

Equiparação de oportunidades : é o processo mediante o qual o sistema geral da sociedade se torna acessível para todos.

Conforme a Constituição Federal:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;"

Existem legislações municipais que reservam nos transportes coletivos, bancos para uso preferencial de PPD's, idosos e gestantes, mas alguns usuários destes serviços desconhecem ou desrespeitam tais normas.

Dicas e conceitos

a) Pessoas com deficiência visual

- baixa visão (visão subnormal): possuem acesso à leitura com letras ou símbolos ampliados;

- cego: possui acesso à leitura com sistema Braille**.

** " O Braille é um dos códigos de apoio da língua, e sua importância está no fato de habilitar o ser humano a compreender o mundo através de um sistema organizado de símbolos, substituindo o alfabeto convencional por um alfabeto de pontos em relevo, o que possibilita ao deficiente visual a escrita e a leitura.

As primeiras tentativas de criar um método de acesso à linguagem escrita aos cegos datam do século XVI e XVII. Entre eles estavam a gravação de letras e caracteres em madeira ou metal (usando parte da idéia da imprensa de Gutenberg), sistemas de nós em cordas, caracteres recortados em papel e até mesmo alfinetes de diversos tamanhos pregados em almofadas.

Até 1829, os portadores de deficiência visual aprendiam a ler através desses e de outros complicados métodos de leitura. Naquele ano um jovem francês de 15 anos cego desde os 3 anos de idade, chamado Luis Braille, desenvolve o sistema que é até hoje o mais efetivo recurso para a educação de cegos. Braille era aluno da escola Haüy, a primeira escola para cegos do mundo e foi influenciado por um método de transmissões de mensagens sigilosas criadas pelo oficial de exército francês Charles Barbier, que consistia na combinação de 12 pontos em relevo com valor fonético.

O Braille é composto por 6 pontos, que são agrupados em duas filas verticais com três pontos em cada fila (cela Braille). A combinação desses pontos forma 63 caracteres que simbolizam as letras do alfabeto convencional e suas variações como os acentos, a pontuação, os números, os símbolos matemáticos e químicos e até as notas musicais. Para os cegos poderem ler números ou partituras musicais, por exemplo, basta que se acrescente antes do sinal de 6 pontos um sinal de número ou de música.

Antes do invento da máquina Braille, e ainda no Brasil por razões econômicas, o Braille era escrito com reglete e punção. Hoje em dia, além da máquina Braille, que é produzida no Brasil na Laramara , já existem impressoras de Braille ligadas ao computador. Alguns programas podem "traduzir" as letras digitadas e marcar em relevo o papel.

Assim como a escrita convencional abriu um novo mundo para o homem comum, o Braille fez o mesmo para os portadores de deficiência visual. E mais, o Sistema Braille impulsionou uma revolução para os deficientes visuais, através dele as pessoas cegas podem resgatar sua cidadania. Alfabetizando-se tem condições de estudar e estudando tem mais chances de conseguir emprego e ter um emprego significa estar socialmente incluído e ser independente.

O mercado editorial aceitou rapidamente este novo método e hoje existem milhares de livros e material em Braille na maioria dos países. Mas será que são suficientes?Hoje em dia são mais de 1,5 milhões de deficientes visuais, só no Brasil, beneficiados pela existência do Sistema Braille, imagine quantos não o serão pelo mundo inteiro?!"

Para ajudar ou auxiliar:

- pergunte primeiro, para onde ela quer ir, pois você pode mudar sua referência sem querer;

- fale em tom de voz normal;

- avise que está saindo de perto, para não deixá-la conversando sozinha;

- quando a estiver guiando, avise-a dos obstáculos tipo degraus, meio-fio e o que estiver em cima e puder bater na cabeça;

- para orientá-las em travessias de ruas, localização de endereços, subir e descer escadas ou se deslocar em qualquer ambiente utilize sempre as noções direita ou esquerda, acima ou abaixo, frente ou atrás e nunca "ali" ou "aqui".

b) Pessoas com outras deficiências e usuárias de cadeiras de rodas

Ao combinar sair junto sugerir locais, considerando a existência de barreiras arquitetônicas nos locais escolhidos e facilidades de acesso.

Dispositivos de auto-ajuda: bengalas, andadores, muletas, cadeiras de rodas...

- órteses: aparelhos com a finalidade de obter-se a função máxima com esforço mínimo, além de posicionamento adequado para prevenção de deformidades;

- próteses: aparelhos que substituem seguimentos corporais.

Conclusão

"A maneira equivocada com a qual nos referimos às pessoas com deficiência pode expor a falta de conhecimento ou preconceito que temos em relação a elas. Por isso devem ser evitados os termos que causem constrangimentos ou que dificultam um relacionamento baseado no respeito mútuo entre as pessoas".

*Alexandre Moura de Oliveira,
Consultor em Segurança, colaborador da Prosegur Brasil S/A.

www.alexandremoura.com

FONTES:

- http://www.jornalismo.ufsc.br/acic/braille/braille_gr.htm

- Constituição Federal

- Curso "Transporte para Todos" – SEST/SENAT – www.sestsenat.org.br