Exercer função de repórter, aquele que vai atrás de notícias, que leva porta na cara, escuta “pseudas” fontes, sem saber que o único interesse é divulgar alguma meia verdade, aquele que desconfia de verdades absolutas, não é fácil.

Digo isso baseado em quase 30 anos de experiência jornalística, hoje voltada ao ramo de assessoria de imprensa, mas a maior parte de minha vida foi trabalhando em rádios e jornais, gastando sola de sapatos atrás da informação importante para ser divulgada em primeira mão. Hoje em dia, com a velocidade de ano luz da Internet, os chamados “furos jornalísticos” praticamente viraram mitos.

Mas, sem tem uma coisa que me incomoda muito é falta de consideração, eu diria até falta de educação que algumas pessoas que se consideram fontes têm para com os profissionais de jornalismo, obviamente há situação inversa também. Só para citar casos recentes, achei de mau gosto o Rafinha Bastos xingar Luciano Huck, que tinha sido flagrado numa blitz da Lei Seca. Depois houve pedido de desculpa e em seguida mais zoação. Coisas do Rafinha, mas quem manda tanta gente achar que ele é comediante, não é?!

Outra situação deselegante, que soube pela Internet, teria envolvido a ex-chefe de estado norte-americana Condoleezza Rice, durante a Women of the World, realizada em São Paulo. Ela teria mudado de humor ao ser apresentada a um rapaz e saber que se tratava de um repórter, para em seguida dizer em alto e bom inglês: “Não falo com jornalistas”. Seria a deixa para o cara dizer em alto e bom português: “Empatamos, não falo com chefes de estado norte-americano”.

Se isto tivesse ocorrido, poderíamos comparar com um episódio que considero dos mais corajosos de nossa História, envolvendo o ator Procópio Ferreira. Na Ditadura Militar, o então governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha se recusou a receber Procópio, dizendo “Não falo com atores”. O tempo passou e a peça “Deus lhe Pague”, que trazia Procópio como protagonista, fazia enorme sucesso e o governador Flores decidiu assistir.

Ao ver Flores na plateia, Procópio subiu ao palco, pediu desculpa ao público e disse: “Não represento para governadores”. Ah, se isso virar moda para profissionais de jornalismo... sobraria pouca estrela para formar uma constelação...