SAÚDE DO ADOLESCENTE: Uma breve revisão de literatura

 

Janicio da Mata Silva 1

Jiselia Cruz de Oliveira1

Mariana Amaral Moura1

Nilzete Miranda de Souza1

Tâmara Romana Leite Silva 1

Thais Carvalho de Almeida 1

 

 

RESUMO

A adolescência pode ser definida de diferentes formas. Trata-se de uma etapa de crescimento e desenvolvimento do ser humano, marcada por grandes transformações físicas, psíquicas e sociais. Mais precisamente, entende-se adolescência como o período de desenvolvimento situado entre a infância e a idade adulta, delimitado cronologicamente pela Organização Mundial da Saúde como a faixa dos 10 aos 19 anos de idade, esta também adotada no Brasil, pelo Ministério da Saúde. O presente estudo tem por objetivo geral conhecer a percepção dos adolescentes frente a problemas de saúde publica nas quais são eles os de maior vulnerabilidade, como objetivos específicos mostrar o que é a adolescência e a juventude, como acontece o desenvolvimento físico como também o inicio da curiosidade sobre a sexualidade; compreender a visão dos mesmos sobre a contracepção, DSTs, drogas, e violência; como também conhecer o cuidado que eles possuem com a alimentação e a saúde bucal. A metodologia utilizada é de caráter qualitativo, descritivo, onde foram utilizados livros bibliográficos de literaturas nacionais, artigos científicos, manuais do ministério da saúde, entre outros.

Palavras-chave: Adolescência; Saúde; Vulnerabilidade.

SUMMARY

Adolescence can be defined in different ways. It is a stage of growth and development of the human being, marked by great physical, psychological and social. More precisely, it refers to adolescence as the period of development situated between childhood and adulthood, chronologically delimited by the World Health Organization as the range of 10 to 19 years old, this also adopted in Brazil, the Ministry of Health The this study aims to know the general perception of adolescents facing problems of public health in which they are the most vulnerable, specific objectives show what is adolescence and youth, as the physical but also the beginning of curiosity about sexuality; understand the vision of them about contraception, STDs, drugs, and violence, as well as knowing the care that they have with food and oral health. The methodology is qualitative, descriptive bibliography of books were used national literatures, papers, manuals ministry of health, among others.

Keywords: Adolescence, Health, Vulnerability.

 

1 Acadêmicos de Graduação em Enfermagem, da Faculdade São Francisco de Barreiras. FASB-BA.

2 Docente do curso de Enfermagem, da Faculdade São Francisco de Barreiras. FASB-BA.

  1. 1.    INTRODUÇÃO

 

 

A adolescência pode ser definida de diferentes formas. Trata-se de uma etapa de crescimento e desenvolvimento do ser humano, marcada por grandes transformações físicas, psíquicas e sociais. Mais precisamente, entende-se adolescência como o período de desenvolvimento situado entre a infância e a idade adulta, delimitado cronologicamente pela Organização Mundial da Saúde como a faixa dos 10 aos 19 anos de idade, esta também adotada no Brasil, pelo Ministério da Saúde.

De acordo com os princípios da Constituição Brasileira de 1988, “É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, descriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”, assegura ainda que o “Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades governamentais...” (BRASIL, 2008).

O PROSAD (Programa de Saúde do Adolescente) foi criado em 1989, através da Portaria n. 980/GM de 21/12/1989 do Ministério da Saúde. Ele fundamenta-se numa política de Promoção da Saúde, respeitando as diretrizes do SUS, garantidas também pela Constituição Nacional (BRASIL, 2008).

Os adolescentes representam, aproximadamente, 25% da população mundial e, além de sua grandeza numérica, a gravidade de seus problemas (abuso de drogas, gravidez, violência, DST, etc) e sua singularidade transformam essa faixa etária num grupo mais vulnerável para diversos problemas de saúde.

Os processos de crescimento e desenvolvimento do adolescente são influenciados pelo potencial genético e por vários fatores ambientais, complexos e interligados, com destaque para a nutrição que é fundamental importância para uma vida saudável.

É imprescindível que os diferentes profissionais que prestam assistência à saúde dos adolescentes estejam familiarizados com as peculiaridades que acometem os adolescentes durante a fase de desenvolvimento, de modo a conhecer sua percepção sobre o assunto.

O presente estudo tem por objetivo geral conhecer a percepção dos adolescentes frente a problemas de saúde publica nas quais são eles os de maior vulnerabilidade, como objetivos específicos mostrar o que é a adolescência e a juventude, como acontece o desenvolvimento físico como também o inicio da curiosidade sobre a sexualidade; compreender a visão dos mesmos sobre a contracepção, DSTs, drogas, e violência; como também conhecer o cuidado que eles possuem com a alimentação e a saúde bucal.

A metodologia utilizada é de caráter qualitativo, descritivo, onde foram utilizados livros bibliográficos de literaturas nacionais, artigos científicos, manuais do ministério da saúde, entre outros.

2. DESENVOLVIMENTO

 

 

2.1 ADOLESCENTES E JUVENTUDE

 

            A adolescência pode ser entendida de diversas formas. Trata-se de uma fase de crescimento e desenvolvimento do ser humano, marcada por várias transformações classificadas físicas, psíquicas e sociais. Define-se, adolescência como o período de desenvolvimento localizado entre a infância e a idade adulta, delimitado cronologicamente pela Organização Mundial da Saúde como a faixa dos 10 aos 19 anos de idade (CODEPPS, 2006).

A adolescência é o período situado entre a infância e a vida adulta. Começa com os primórdios físicos da maturidade sexual e termina com a realização social e a situação de adulto independente. No mundo ocidental corresponde mais ou menos a época entre os 12 e 20 anos (MYERS,1999, p.81).

 

2.2 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

De um modo geral, considera-se o crescimento como aumento do tamanho corporal e, portanto, ele cessa com o término do aumento em altura (crescimento linear). De um modo mais amplo, pode-se dizer que o crescimento do ser humano é um processo dinâmico e contínuo que ocorre desde a concepção até o final da vida, considerando-se os fenômenos de substituição e regeneração de tecidos e órgãos. É considerado como um dos melhores indicadores de saúde da criança, em razão de sua estreita dependência de fatores ambientais, tais como alimentação, ocorrência de doenças, cuidados gerais e de higiene, condições de habitação e saneamento básico, acesso aos serviços de saúde, refletindo assim, as condições de vida da criança, no passado e no presente (BRASIL,2002).

O crescimento é influenciado por determinantes intrínsecos como a genética, o metabolismo e extrínsecos como a alimentação, saúde, a moradia, higiene entre outros. Esses determinantes serão os fatores essenciais para que o individuo atinja o crescimento linear ou seja a estatura final. (BRASIL, 2002).

As distintas partes do corpo apresentam diversos ritmos de crescimento. A cabeça no feto aos 2 meses de vida intra-uterina representa, proporcionalmente, 50% do corpo; no recém-nascido representa 25% e na idade adulta 10%. A menarca representa o crescimento reprodutivo, inicia-se na fase de declínio do pico de crescimento da puberdade (BRASIL, 2002).

A avaliação periódica do ganho de peso permite o acompanhamento do progresso individual de cada criança, identificando aquelas de maior risco de morbi/mortalidade, sinalizando o alarme precoce para a desnutrição, causa básica da instalação ou do agravamento da maior parte dos problemas de saúde infantil (BRASIL,2002, p.27).

Para que haja um atendimento à criança o Ministério da Saúde propõe o Calendário Mínimo de Consultas para a Assistência à Criança: 1 ano ( 7 consultas), 2 anos ( 2 consultas), 3 anos a 6 anos  (1 consultas). Além de  forma mais adequada para o acompanhamento do crescimento de uma criança, como nos serviços básicos de saúde, através do registro periódico do peso no Gráfico Peso/Idade do Cartão da Criança (BRASIL, 2002).

Desenvolvimento é um conceito amplo que se refere a uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, a maturação, a aprendizagem e os aspectos psíquicos e sociais (BRASIL, 2002, P.76).

As mudanças anatomofisiologicas femininas mais comuns na puberdade são: crescimento dos pelos embaixo dos braços, desenvolvimento dos seios, aumento do útero, inicio da menstruação, crescimento dos pelos púbicos, liberação de hormônios estimulantes (MYERS, 1999).

Durante a puberdade, a nossa menina de 10/11 anos sofre ação dos hormônios sexuais que vão provocar, fisicamente, o crescimento das mamas e dos pelos axilares e pubianos, o arredondamento do corpo pelo acúmulo de gordura no padrão ginecoide, o estirão de crescimento, culminando com a menarca (PEREIRA et. al,2007 p.17).

O sistema reprodutor feminino é formado por órgãos externos e internos. Os órgãos externos incluem a genitália externa (vulva) que apresenta o monte de púbis (tecido adiposo sobre proeminência óssea), os grandes lábios (bordas carnosas localizadas ao lado da abertura vaginal), pequenos lábios(pregas finas localizadas dentro dos grandes lábios), o clitóris (órgão que responde a estimulação que gera o orgasmo), o meato uretral, as glândulas de skene (situam-se dentro e na parte posterior da uretra e produzem lubrificantes) e de bartholin (glândulas mucosas situadas na parede lateral do vestíbulo da vagina que produz lubrificantes) e o orifício vaginal. Os órgãos internos incluem a genitália interna que apresenta aos ovários (dois corpos em formato de amêndoa, que contem os óvulos e hormônios estrogênio e progesterona), as trompas de falópio (estreitos ductos que estendem lateralmente ao útero) o útero (órgão muscular, consiste em três partes: fundo, cavidade e colo) e a vagina (tubo que forma a passagem do útero a vulva) (CRAVEN; HIRNLE, 2006).

O ciclo ovariano e menstrual são controlados pelo hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) secretado pelo hipotálamo. Esse hormônio faz com que o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), seja liberedo pela adenoipofise. O FSH é responsável por iniciar o desenvolvimento folicular e a secreção de estrogênios, pelos folículos em crescimento. O LH estimula o crescimento adicional dos folículos e a secreção total de estrogênio que como conseqüência terá a ovulação que formará o corpo lúteo e estimulara a síntese de estrogênio, progesterona, relaxina e inibina através do corpo lúteo (TORTORA; GRABOWSKI, 2002).

O estrogênio secretado pelos folículos possuem inúmeras funções: 1- realiza o desenvolvimento dos genitais, das características sexuais secundarias feminina (distribuição do tecido adiposo nas mamas, abdome, monte de púbis e quadril, altura da voz, alargamento da pelve e crescimento de pelos pelo corpo) e mamas; 2- aumentam o metabolismo das proteínas; 3- diminuem o nível de colesterol no sangue. O progesterona secretado pelas células do corpo lúteo age em sinergia aos estrogênios para preparar o endométrio para receber o óvulo fertilizado e as glândulas para secreção de leite. A relaxatina relaxa o útero, inibindo contrações. A inibina é secretada pelas células granulosas do folículos em crescimento, inibe a secreção de FSH e em grau menor de LH  (TORTORA; GRABOWSKI, 2002).

As mudanças anatomofisiologicas masculinas mais comuns na puberdade são: crescimento dos pelos no rosto e embaixo dos braços, aumento da laringe, crescimento dos pelos púbicos, crescimento do pênis e dos testículos, primeira ejaculação, liberação de hormônios estimulantes (Myers, 1999).

Fazem parte do sistema reprodutor masculino órgãos externos e internos. Os externos são compostos por pênis e escroto, Onde o primeiro é um órgão cilíndrico, penduloso e erétil, onde ainda é incluso a díafase (onde apresenta a uretra) e glânde (cabeça do pênis em forma de cone, composta pelo prepúcio que pode ser retraído para limpeza e ato sexual), O escroto (saco frouxo) contém os testículos, ou seja, glândulas onde os espermatozóides e a testosterona são produzidos. Fazem parte dos órgãos internos a próstata e as vesículas seminais, essas glândulas sintetizam e armazenam parte do liquido seminal. A junção do liquido seminal com os espermatozóides formam o sêmem, que é liberado pela uretra durante o orgasmo (CAVEN; HIRNLE, 2006). 

As alterações hormonais são sentidas de forma análoga nos meninos por volta dos 13 anos. Em nossa sociedade falocrata, eles já estão desesperados para verem seus pênis crescerem rapidamente. E, este desespero só aumenta, pois o crescimento genital se inicia pela bolsa escrotal. Na verdade, a impressão deste menino é a de que seu pênis diminuiu de tamanho. Depois é que o falo começa a crescer em comprimento e só por último, ele cresce em volume, o que ocorre lá pelos 16 anos. É o tempo da ereção involuntária e da poluição noturna (ereção e ejaculação durante o sono). Reação? Ele é baixinho, arrogante e revoltado, só pensa “naquilo” e já tem idéia do que “fazer” com as meninas. Procuram incessantemente pelo espermatozóide e sua única compensação é que não vão menstruar (PEREIRA et.al, 2007 p.17).

Os hormônios androgênios são os responsáveis pelo crescimento dos órgãos masculinos e femininos, na qual são produzidos em maior quantidade pelos testículos, e em menor pelas adrenais, ovários e placenta. A testosterona é o principal hormônio sexual masculino e age sobre estruturas sexuais primarias (ductos que transportam espermas, próstata) e secundarias (timbre de voz, distribuição de pêlos, barba), na fase dos dez anos sua concentração é baixa, no decorrer da puberdade ocorre um aumento constante de forma pulsátil (AIRES, 1999).

 

2.3 SEXUALIDADE

A maturação física dos adolescentes gera uma grandeza sexual em sua identidade. Como e quando a sexualidade se anunciar depende do tempo e da cultura em que se vive (MYERS, 1999).

Os adolescentes possuem o direito de conhecer as informações sobre a saúde sexual e reprodutiva através da educação desenvolvida pelos profissionais da saúde além de ter acesso a meios e métodos que ajudam a prevenir uma gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis. A vida sexual ativa entre os jovens inicia-se cada vez mais precocemente, devido a esse fato extremamente importante que adolescentes estejam informados sobre como realizar um sexo seguro, incentivando-se o uso de preservativos durante o ato sexual. Os serviços de saúde devem promover um atendimento aos adolescentes, antes da primeira relação sexual, para ajudá-los a compreenderem a sexualidade de forma saudável, responsável e segura, orientando-os quanto as formas de prevenção, mudanças corporais fisiológicas e autocuidado. Os Adolescentes têm direito a uma assistência sem discriminação, com garantia de privacidade e segredo, garantindo assim seu livre-arbítrio (BRASIL, 2006).

Alguns aspectos de comportamentos sexuais na adolescência devem ser levados em conta como: A masturbação (procura independente pelo prazer sexual, pela auto estimulação), polução noturna (eliminação dos espermatozóides durante o sono), jogos sexuais (fase homossexual), O ficar (namoro sem compromisso) (CODEPPS, 2006).

O ficar é uma grande inovação entre os adolescentes, que possibilita um relacionamento afetivo e sexual. Não se sabe onde surgiu, mas tornou-se uma alternativa mais flexível do que o namoro. O namoro, contratualmente, é visto como compromisso e fidelidade, com pensamentos duradouros e tem como preocupação especial o medo da traição. Porém hoje em dia o sexo acontece mais freqüente, tanto para homens quanto mulheres no namoro o que mostra uma mudança de visão após a Revolução Sexual da década de 1970, antes da geração “paz e amor” era costume que a mulher perdesse sua virgindade na noite de núpcias com seu marido, e o homem fosse ensinado por uma prostituta. (PEREIRA, 2007).

No processo de iniciação sexual que se predomina nos adolescentes principalmente os do sexo masculino é a masturbação revela-se como uma pratica bastante comum, sendo vista de forma construtiva pelo fato do autoconhecimento de si próprio, são atribuídos a masturbação diversos sentidos como: algo natural, descoberta do prazer no próprio corpo e preparo para a relação sexual. A masturbação é uma pratica rotineira realizada por praticamente todos os adolescentes, porem ainda é motivo de vergonha e constrangimento e que é acompanhado por diversos mitos e tabus como: que fica calo na mão, que cresce cabelo, diminuí a inteligência, concentração, tamanho do pênis, entre outros (NASCIMENTO; GOMES, 2009).

A iniciação sexual é o caminho de afirmação da virilidade e feminilidade em que os jovens vão “tornar-se” homem e mulher, respectivamente. O exercício da sexualidade é um direito de todos e os direitos vêm acompanhados de obrigações, por isto, há obrigações a serem observadas como a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e as gestações inoportunas. Pesquisas nacionais nos dão conta de que estatisticamente os meninos iniciam a vida sexual mais precocemente do que as meninas. A média de idade das meninas é aos 15 anos e a dos meninos aos 14 anos (PEREIRA et.al, 2007, p.22).

 

 

Estudos mostram que quando o adolescente passa por uma experiência sexual em que a insatisfação prevalece, seja por medo de falha erétil, ejaculação precoce, ou quando não atinge o orgasmo pelo coito, eles tendem a não se preocupar com a prevenção, assim como também os indivíduos que abusam do álcool e os que possuem relacionamentos duradouros como os namorados, com isso gera um crescimento de gravidez indesejada, abortos, doenças sexualmente transmissíveis (DST), contaminação pelo HIV e etc. As pesquisas mostram ainda que a grande parte dos adolescentes quando buscam por um profissional da saúde já apresentam vida sexual ativa, mesmo não tendo uma compreensão sobre o seu corpo e acesso às orientações de como evitar a concepção (FEBRASCO, 2005).

Existem alguns distúrbios de identidade sexual que podem aparecer durante a adolescência ou idade adulta, como: a assexualidade, homossexualidade, bissexualidade ou heterossexualidade, em relação ao padrão sexual principal (FEBRASCO, 2005).

O relacionamento com pessoas do mesmo sexo, não obrigatoriamente genital, constitui o que chamamos de comportamento homossexual. Por outro lado a homossexualidade existe quando o desejo sexual é predominante ou quase exclusivo pelo mesmo sexo. Não implica, entretanto, em uma obrigatória conduta homossexual (FEBRASCO, 2005, p.94).

A bissexualidade é conceituada pela atração por indivíduos de ambos os sexos. Essa identificação é bem mais comum do que se pensa e não é anormal, simplesmente, uma variação sexual que é determinada por fatores que se desenvolvem na infância seja por influencias ambientais, familiares ou hereditários, no entanto, ninguém opta em ser bissexual de repente, pois, a manifestação da orientação sexual é independente da vontade do individuo (VITIELLO; MULLER, 2001).

A heterossexualidade é o desejo ou sentimento de se sentir atraído sexualmente por pessoas do sexo oposto e está presente na maior parte da opção sexual durante a adolescência (NEDEFF, 2003).

A assexualidade é a ausência do desejo sexual, eles não optam por tal opção simplesmente não os possuem e nem se importam diferente dos celibatos que é a abstinência da atividade sexual por escolha por mais que sintam desejo sexual. Para muitas pessoas a assexualidade é vista como distúrbio da hipoatividade sexual, disfunção sexual ou moral e até mesmo como patologia, no entanto, é uma orientação sexual legitima, livre de quais quer anormalidade (VEIGA, 2010).

Reconhecendo as variações comportamentais percorridas pelos adolescentes nos diferentes estágios de desenvolvimento, o profissional necessita compreender que irá se deparar no cotidiano com adolescentes de personalidades diversas, aqueles que se comunicam naturalmente, com facilidade, clareza, sinceridade e que confiam no atendimento profissional, seguindo corretamente prescrições e mantém acompanhamento na unidade. No entanto encontrará outros que apresentará um perfil isolado, restrito, de negação, omiti informações, não aderem ao tratamento, na qual a comunicação é baseada em expressões faciais, pois, o mesmo acredita que a busca de informações pelo profissional é uma forma dos pais saberem seus segredos, recusando-se a seguir os cuidados direcionados ao seu bem-estar. Sendo assim não existe um modelo definido de abordagem, o ideal é adequar o atendimento de forma individualizada respeitando as fases da adolescência (COSTA; SOUZA, 2005).

Existem diversas formas de orientação sexual, por isso é importante o atendimento individual, falar de sexualidade primeiramente é conhecer a identidade sexual algumas pessoas são heterossexuais que se relaciona com pessoas de sexo diferente; bissexuais relacionam-se com ambos os sexos e homossexuais que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Os enfermeiros devem respeitar e compreender a percepção de cada cliente sobre sua opção sexual para melhor orienta-lo (CRAVEN; HIRNLE, 2006).

  Os profissionais de saúde que assistem os adolescentes necessitam de competência ampla, pois, alem de enfrentar problemas biológicos, os comportamentos sociais também geram situações preocupantes como drogas, violências, conhecimento sexual insuficiente, que muitas vezes passa por despercebidos e se torna mais freqüente, exigindo dos profissionais habilidades para intervir de forma ética, livre de preconceitos, hostilidade, sarcasmo, recriminações ou mesmo demonstrar desinteresse, pois, seu compromisso não está em julgar, mas em orientar (COSTA; SOUZA, 2005).

A sexualidade envolve aspectos físicos, culturais e psicossociais e para a maioria dos adolescentes falar de assuntos sexuais é constrangedor. Dessa forma o enfermeiro deve ter capacitação e estrutura teórica adequada para intervir efetivamente na assistência a saúde (POTTER; PERRY, 2004).

Na promoção a saúde o enfermeiro deve ajudar o cliente a obter uma sexualidade saudável que envolve a consideração dos fatores que influenciam satisfação sexual. O enfermeiro precisa educar os clientes a respeito da saúde sexual, incluindo as medidas para a contracepção e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Os auto-exames regulares da mama e o esfregaço de papanicolau são importantes medidas de saúde sexual para as mulheres, que devem ser estimuladas, da mesma forma que os auto-exames testiculares para os homens (POTTER; PERRY, 2004, p. 490).

Segundo Potter e Perry (2004, p. 486) na obtenção da historia sexual, o enfermeiro deve considerar os fatores físicos, funcionais, de relacionamento, estilo de vida e de auto-estima que podem influenciar o funcionamento sexual.

Os profissionais de saúde durante o atendimento devem informar ao adolescente e acompanhante sobre a confidencialidade mantendo sigilo sobre o conteúdo da consulta. Essa confidencialidade pode ser quebrada quando existem riscos a saúde e a integridade, tais como, suicídio, agressões contra si ou outrem entre outras situações (COSTA; SOUZA, 2005).

Quando se trabalha sexualidade com os adolescentes, o objetivo principal é suavizar tensões através do esclarecimento de dúvidas, seja durante consultas ou palestras, na qual incentivem a presença dos pais que também enfrentam dificuldades para compreender os filhos, podendo assim melhor conhecer a respeito dos fenômenos reprodutivos, comportamento sexual, dificuldades conforme a idade. Alem das mudanças fisiológicas e anatômicas, os adolescentes costumam demonstrar curiosidade sobre masturbação, jogos intersexuais e homossexuais, virgindade, prostituição, anticoncepcionais, doenças sexualmente transmissíveis, orgasmo, ejaculação precoce, alguns tabus e preconceitos (COSTA; SOUZA, 2005).

A sexualidade deve ser abordada de forma integral e não isolada na vida do adolescente, isso inclui família, companheiro, amigos, escola e trabalho, é comum acontecer que por frustrações, vergonha, receios o jovem procure o profissional direcionando o seu problema ou dúvida a um familiar ou conhecido, cabendo aos profissionais técnicas e habilidades para reconhecer e abordar os problemas referidos (COSTA; SOUZA, 2005).

Foram fundamentadas algumas normas em relação à saúde sexual dos adolescentes conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), respaldadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Organização das Nações Unidas (ONU), tais como: O direito a privacidade e a confidencialidade durante atendimento de saúde; conduta ética do profissional, respeitando os preceitos culturais, morais, sociais, religiosos e econômicos; presença de acompanhante durante a consulta em caso de solicitação pelo adolescente ou caso possua déficit intelectual ou distúrbios psiquiátricos; em caso de relato ou suspeita de abuso sexual o profissional é obrigado a notificar ao conselho tutelar ou a vara da infância e do adolescente, sendo necessário o acompanhamento e outro profissional; a orientação sobre os métodos anticoncepcionais deve ocorrer em todas as consultas, levando se em consideração a escolha do jovem; nos casos de violência sexual o uso de contracepção de emergência, o direito de informação sexual, sigilo e acesso gratuito a métodos são autorizados conforme preconiza o ministério da saúde (COSTA; SOUZA, 2005).

O profissional diante da orientação sexual deve exercer uma postura ética e com diálogo aberto com os adolescentes, enfatizando que todo ser humano tem direito de decidir pela sua orientação sexual. É importante, portanto, que o orientador crie um dialogo de confiança livre de preconceitos explicando os quarto tipos de identificação sexual (CEFAE, 2003).

           

2.4 CONTRACEPÇÃO

A adolescência é a fase onde a falta de comprometimento dos jovens com sua saúde esta bastante explicita. Tal fato, ganho fundamenta em suas atitudes que mesmo conhecendo os riscos e suas conseqüências, os adolescentes têm um “pensamento mágico” que os leva a testar seus limites, experimentar emoções novas, acreditando fielmente “isso não vai acontecer comigo”. Contudo, não se pode deixar de ressaltar que o grupo tem papel fundamental na influencia de comportamentos, atitudes, praticas e sexualidade. (BRASIL2, 2005).

A contracepção na adolescência reveste-se de grande importância por ser a fase da vida em que há dúvidas e temores acerca da própria feminilidade. Na adolescência há incertezas sobre fertilidade, atividade sexual e ciclicidade menstrual. Há o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários femininos, sendo a jovem vista pela sociedade não mais como menina, mas como mulher, com modificações do comportamento sexual. (GIORDANO, GIORDANO, 2009)

Para Brasil2 (2005), a equipe multiprofissional que lida com o adolescente de vê ter em consciência a importância da sua participação na promoção das orientações sobre gravidez na adolescência, estando sempre preparados a informar com segurança sobre sexualidade, relações do gênero, métodos contraceptivos e DST/AIDS. Na execução dos serviços a confidencialidade e privacidade nunca devem faltar, mas sempre preservados e garantidos.

Na escolha do método busca-se alcançar os objetivos, como a eficácia. Com ação reversível, pouco ou nenhuma contra-indicação e efeitos colaterais, de baixo custo e fácil acesso. Deve-se, também, levar em relevância o método com o qual a adolescentes se sinta confortável para ser usado, de maneira correta e continuada. A proteção contra DST/AIDS é um elemento altamente importante quando falamos sobre os métodos contraceptivos. A dupla proteção, ou seja, a associação do método escolhido com o preservativo masculino ou feminino, caso estes não sejam a primeira escolha, deve ser levado em consideração à singularidade de cada adolescente, visto que não existe alternativa ideal. (BRASIL2, 2005)

O método de orientação e assistência à contracepção na adolescência necessita de uma abordagem multidisciplinar e intersetorial, englobando educação, saúde, mídia, dentre outros. A família também é uma importante ferramenta, principalmente, no incentivo a continuação e consolidação da utilização dos métodos contraceptivos, contribuindo para eficácia do serviço dos profissionais de saúde junto aos adolescentes. (GIORDANO, GIORDANO, 2009)

Salienta Brasil2 (2005) que os fatores que influenciam a escolha do método contraceptivo, somando as características próprias da adolescência, estão inseridos, a freqüência das relações sexuais, a possibilidade de planejamento das relações sexuais, a existência ou não de parceira fixa, questões relacionadas à própria saúde, a eficácia, os efeitos colaterais, a aceitabilidade, disponibilidade, facilidade de uso, reversibilidade e a proteção a DST e AIDS. A pílula anticoncepcional é um medicamento de eficácia comprovada, quando seu uso feito de maneira correta. É um método seguro e reversível, sendo a forma mais popular de anticoncepção conhecida mundialmente, inclusive entre ao adolescente. Como também, é nesse faixa etária que ocorre a maior incidência de uso incorreta e abandono, fato esse, que pode esta ligada aos mitos em relação às pílulas no desenvolvimento e comportamental. Devido à falta de proteção as DST/AIDS, deve-se enfocar a importância da associação com o preservativo, masculino ou feminino.

A formulação do anticoncepcional hormonal pode ser composta somente progestogeno ou por uma combinação de estrógeno e progesterona. O seu uso deve ser abordado na ocasião do adolescente e jovem sexualmente ativo possuam dificuldade na adesão ao uso de contraceptivos orais. O primeiro tipo, com progesterona, é uma opção eficaz e interessante para os adolescentes que apresentem contra-indicação ao uso de estrógenos. Para ser prescrito aos adolescentes deve-se levar em consideração o possível efeito de diminuição da densidade óssea no uso prolongado. (BRASIL2, 2005)

Conforme Brasil2 (2005), a utilização do preservativo masculino ou feminino diminui o risco de DST/AIDS e possivelmente diminui também a incidência de câncer de colo de útero. Não há contra-indicações. Existe muito mais que um preconceito contra seu uso, fato que pode ser vencido pela conscientização da sua importância e efetiva adoção deste método. Entende-se que seu uso irregular diminui as falhas e dificuldades em sua utilização. A interferência na espontaneidade da relação sexual também pode ser superada tornado colocação como parte das preliminares sexuais. A esterilização deve ser desaconselhada para o adolescente e jovem. Existem também outros métodos de barreira como o DIU, o diafragma e o espermicida. Os métodos comportamentais. Apresentam baixo custo e inocuidade, mas é também de baixa eficácia e pouca aceitação entre os adolescentes. A conhecida pílula do dia seguinte atua inibindo ou adiando a ovulação, seu uso ocasional, evita em cerca de ¾ dos casos, sua eficácia é maior conforme a precocidade de sua utilização, que deve ser feita até 72 horas após a relação sexual.

 

           

2.5 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

As doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) são afecções que tem como característica a transmissão através de relações sexuais. Já foram citadas como doenças venéreas pela correlação com a deusa Vênus a deusa do amor. Atualmente, tem sido denominada de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Por sempre estarem diretamente com praticas sexuais, algumas vezes tabus, desinformação, a vergonha, constrangimento e a busca precoce por assistência. As IST’s podem ser transmitidas por parasitos, bactérias ou por vírus, com exceção daquelas causadas por vírus, todas curáveis quando tratadas adequadamente. O preservativo é mais eficazes forma de prevenção das DST/AIDS. (BRASIL2, 2005)

As doenças sexualmente transmissíveis são comuns no mundo e podem ter conseqüências graves, como infertilidades feminina e masculina, aumento do risco de infecção pelo HIV e transmissão, na gestação, da mãe para o filho. Estima-se que a incidência de DSTs seja alta na adolescência, apesar de não dispormos de dados estatísticos oficiais. A experiência clínica no atendimento de adolescentes e alguns estudos de prevalência, acrescidos do fato de a AIDS ter sua maior prevalência em adultos jovens, permitem-nos inferir que essas infecções são freqüentes nessa etapa da vida.  (TARQUETTE, 2007)

De acordo com Brasil2 (2005), no Brasil, conforme dados do IBGE (2003), 30% da iniciação sexual se dão por volta dos 19 anos de idade. Atualmente, as DST’s vêm aumentando na população de adolescente e jovem, geralmente no sexo feminino. Esta tendência também se estende a faixa etária de20 a 24 anos. As DST são os problemas de saúde publica mais comuns em todo o mundo, estando às cinco principais causas de procura dos serviços de saúde nos países em desenvolvimento (OMS). A falta de notificação compulsória leva ao desenvolvimento da magnitude do problema. As DST são consideradas a principal porta de entrada para infecção pelo HIV, aumentando em 18 vezes sua inoculação.

O uso irregular de preservativo; a automedicação ou consulta com balconista de farmácia; a estimulação sexual da mídia; a incidência elevada de portadores assintomáticos; características biopsicossociais na adolescência; praticas sexuais com múltiplos parceiros; o relacionamento com parceiros mais velhos aumenta à possibilidade de exposição anterior a infecção; a informação superficial ou incompleta, em folhetos, revistas ou mesmo através de amigos; dificuldade de acesso aos serviços de saúde capacitados para acolher o adolescente sexualmente ativo ou com suspeita de DST. Todos esses fatores citados contribuem para o aumento das DST na adolescência. (BRASIL2, 2005)

Para se obter uma diminuição destes riscos são necessários investimentos estruturais em nossa sociedade, principalmente no que diz respeito ao acesso universal à educação e saúde. Os adolescentes não podem e não devem ficar fora da escola. Em relação ao uso de drogas, o meio social de modo geral e principalmente pais e educadores devem dar o exemplo e ser menos tolerantes em relação a seu uso e abuso, sem, contudo, apelar para atitudes policialescas, punitivas, etc. Quanto ao preservativo, campanhas de incentivo à sua utilização em todas as relações sexuais precisam ser intensificadas. Esta é a principal tarefa a ser abraçada pelas equipes de saúde que trabalham com adolescentes. No Brasil o preservativo é muito pouco utilizado, principalmente entre os jovens. (TAQUETTE, VILHENA, PAULA, 2004).

O aconselhamento clinico é aquele construído em amplo e completo diagnostico da situação apresentada é fundamental a relação de confiança entre o profissional e adolescente, no intuito de alertar o jovem para que ele tenha possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde. Tal fato compõe-se de apoio emocional, apoio educativo: troca de informação. Avaliação de riscos, propiciando reflexão sobre valores, atitudes e condutas, sobretudo, possibilita a percepção do risco, promove a adesão ao tratamento e induz a comunicação e tratamento de parceiros. (BRASIL2, 2005)

Em geral, a atividade sexual na adolescência não é planejada e, freqüentemente, é escondida, o que dificulta o uso de medidas de prevenção às DSTs. Muitas vezes, por pressão do grupo de iguais, ocorre antes de o jovem estar preparado para este momento. Adolescentes com menos escolaridade, aqueles que consomem bebidas alcoólicas e/ou outras drogas, assim como os que têm famílias desestruturadas, nas quais não há diálogo, apresentam maior risco para contrair DSTs. (TARQUETTE, 2007)

Afirma Brasil2 (2005) que a assistência de enfermagem deve assegurar o atendimento no serviço, evitar constrangimentos, prestar atendimento ágil e resolutivo, avaliar tratamento anterior inadequadas, colher a historia e fazer o exame físico de forma minuciosa, promover o uso de preservativos convocarem parceiros, tentar obter informações como: o uso de proteção nas ultimas relações sexuais, ser ou ter parceiro sexual usuário de drogas, se há pluralidade de parceiros, queixas ou relatos de secreções, prurido, lesões todos esses nas áreas genitais.

Ainda conforme Brasil2 (2005), a sífilis apresenta tempo de incubação de 10 a 90 dias, seu agente etiológico é o Treponema pallidum, a sífilis recente tem menos de um ano de evolução e a tardia deve apresentar mais de um ano de evolução. Pode ser também congênita e adquirida. O tratamento é à base de penicilina. A uretrite gonocócica, gonorréia ou blenorragia apresenta um corrimento purulento, prurido uretral, ardência e 70% dos casos em mulheres são assintomáticas. O agente etiológico é a Neisseria gonorrhoeae. O tratamento é feito por antibióticos. A candidiase possui sintomas como pruridos, corrimento branco, edema e fissuras, seu agente etiológico é a Cândida albicans, que junto às sífilis, gonorréia e AIDS acometem com maior freqüência os adolescentes. Há também o cancro mole, a herpes genital, a donavonose, o linfogranuloma venéreo, as uretrites não gonocócica, a DIP, o condiloma acuminado e o Hepatite B, representam as IST menos comuns em jovens.

2.6.DROGADIÇÃO

 

 

2.7 VIOLÊNCIA

Segundo a OMS, é todo ato que tenha ou possa ter como resultado dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico para a mulher, criança e adolescente assim como ameaça de tais atos, também a coação, ou a privação arbitrária da liberdade, pode acontecer dentro ou fora da casa. (BRASIL, 2002)

Afirma Brasil (2002) que a violência é todo ato ou omissão praticada por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e/ou adolescentes capazes de ocasionar danos físico, sexual e/ou psicológico à vítima, implica, de um lado, numa transgressão do pode/dever de proteção do adulto e, de outro, numa coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.  Ato: é a forma operacional da violência. Omissão: forma passiva da violência.                           

Conforme Brasil (2002) existem diversos tipos de violência, tais como: violência física caracterizada por emprego da força física, que também pode ser usada erroneamente na educação de um filho por parte de seus pais ou responsáveis (Ex: Lesões Corporais, Vias de fato, Infanticídio e Homicídio). Violência Sexual: é todo jogo ou ato sexual, afinidade heterossexual ou homossexual, entre um ou mais adultos e uma criança menor de 18 anos, tendo por intenção estimular sexualmente a criança ou adolescente e utilizá-la para obter uma excitação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa. (Ex: Abuso, Atentado Violento ao Pudor, Sedução, Corrupção de Menores, Proxenetismo e Tráfico de Mulheres). Violência Psicológica: também denominada “Tortura Psicológica” ou “Perversa Doçura”, ocorre quando um adulto firmemente rebaixa a criança, bloqueia seus esforços de auto-aceitação, causando-lhe grande sofrimento mental. Ameaças de desamparo também podem tornar uma criança medrosa e ansiosa, representando formas de sofrimento psicológico. (Ex: Ameaça, Crimes Contra a Honra, assédio moral etc).

Para Brasil (2002), a negligência representa uma falha no fornecimento das necessidades físicas e emocionais de uma criança ou de um adolescente. Configura-se quando os pais ou responsáveis falham em termos de sustentar, de vestir adequadamente seus filhos, entre outras atitudes (quando estas falhas não são resultado das condições de vida além do seu controle).Tipos de Negligência: Desamparo Material, Entrega de Filho Menor à Pessoa Idônea, Abandono Intelectual.

O estupro mediante o Artigo 213 do Código Penal é o ato constranger a mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça. Pena – reclusão de seis a dez anos. Súmula nº 608 do STF. Parágrafo Único Revogado na Lei nº 9.281, de 04/06/1996. (BRASIL, 2002)

Os fatores de prevenção a violência infantil se dá pela relação de boa qualidade entre os pais, absorção com modelos positivos, participação da comunidade contra a violência, ,educação pela paz,compreensão do outro, evitando brigas, estímulo à expansão do pensamento reflexivo,desenvolvimento do autocontrole e domínio da impulsividade. (BRASIL, 2002).

Brasil (2002) relata que no levantamento dados o histórico obtido com a família, os dados podem discordar dos sinais clínicos e não fazerem sentido com a história relatada. É função da equipe de saúde investigar, documentar e analisar a ocorrência de violência durante o exame físico.

As manifestações mais perceptíveis são: lesões e abrasões, na face, lábios, nádegas, braços e dorso, danos que reproduzam a forma do objeto agressor (fivelas, cintos, dedos, mordedura) Equimoses e hematomas no tronco, dorso e nádegas, Alopécia resultante de arrancamento violento dos cabelos Queimaduras no dorso e genitais, com cigarro, por exemplo. (BRASIL, 2002).

Outras manifestações incluem fraturas múltiplas ossos extensos em diferentes estágios de consolidação, com etiologia de sacudidelas violentas, acelerando e desacelerando rapidamente; Fraturas de ossos da  costelas em crianças menores de dois anos; fraturas de crânio ou traumatismo craniano por choque direto ou sacudida vigorosas (síndrome do bebê sacudido), concomitantes com edema cerebral. Lesões períneogenital presença de dor, sangramento, infecções, corrimento, hematomas, cicatrizes, irritações, erosões, assaduras, fissuras anais, hemorróidas, pregas anais rotas ou dilatação do esfíncter anal, infecções urinárias recidiva sem etiologia determinada. (BRASIL, 2002).

De acordo com Brasil (2002), os transtornos psicológicos também podem ocorrer observando Horror ao contato físico, retardo psicomotor sem etiologia definida, perturbação do sono ou da alimentação, eventos de medo e pânico, Isolamento e depressão agressividade e irritabilidade, precocidade sexual sedutora, Choro tolo sem motivo aparente, Baixo nível de desempenho escolar, Fugas, mentiras, furto, Fadiga, Baixa-estima e não participa de brincadeiras de cunho sexual.

A Abordagem Terapêutica deve obter um atendimento multidisciplinar, sendo que o auxílio ambulatorial ou hospitalização precisa ser decidida pela equipe,  e individualizar cada caso.O trabalho junta a família é indispensável e não deve ser apenas exato. Essa família deve ser seguida durante um período que permita avaliar a possibilidade de volta da criança à casa. (BRASIL, 2002).

A internação hospitalar é uma medida terapêutica empregada apenas para casos graves e específicos. A probabilidade de manutenção ou reinserção da criança/adolescente na família de origem deve ser permanentemente considerada. A hospitalização é apontada somente quando: Há risco de homicídio ou risco de morte  pelo agravamento do quadro clínico (indicação clínica e psicossocial)  ausência  de outros recursos para a proteção contra novos episódios (risco de novas agressões). (BRASIL, 2002).

Mediante Brasil (2002), a prevenção contra a violência em criança e  adolescente é de grande  importância na sociedade, dada a gravidade de seus efeitos físicos e psíquicos, e nesse sentido  cabe à equipe: Avisar pais, mães e comunidade sobre as necessidades das crianças e adolescentes, esclarecer seus direitos e normas de amparo,identificar pais e mães de elevado risco desde o período pré e perinatal,  desenvolver grupos de auto-ajuda para pais e mães de alto risco defender a vinculação das famílias com uma rede de apoio da comunidade (unidades de saúde, associação de bairros, grupos religiosos,estimular o pai  nos cuidados do bebê  etc.

As táticas de humanização para promover acolhimento integral às vítimas são: O trabalho em rede que ajuda a intercomunicação e concretiza as bases do acolhimento, fortalecendo o conexão criança - adolescente- família - equipe e resultando no atendimento integral. O saber ouvir provavelmente seja a estratégia mais humanizada que se possa oferecer como meio de acolhimento desse adolescente. O processo de educação permanente da equipe para promover a adequação entre o saber técnico-científico e o processo de atenção humanizada. O emprego de técnicas empíricas e recreativas é uma estratégia empregada de acordo com o grau de desenvolvimento da criança/adolescente, podendo instituir vínculo com a equipe e evitar a recidiva dos maus tratos. O plano mais importante e acolhedor é a implementação de políticas públicas para a redução da violência e enfrentamento de suas causas (BRASIL, 2002).

2.8 NUTRIÇÃO

 

A ingestão dietética do adolescente tem por objetivo oferecer nutriente e calorias (energia) suficientes para manter suas necessidades vitais fisiológicas, físicas tais como: crescimento físico, maturação sexual entre outras atividades. Uma dieta não equilibrada em energia/nutrientes pode ocasionar seleção inadequada e comportamento incoerente provocando complicações como sobrepeso, obesidade, desnutrição, anemia ferropriva entre outra (COSTA; SOUZA, 2005). 

Na fase da adolescência é onde se encontra maior risco nutricional e de consumo alimentar inadequado. Nesta fase de vida, o comportamento alimentar, reflete transformações no seu crescimento físico e desenvolvimento psicológico e social, como também influencias ambientais (amigos, escola, família, mídia). Os adolescentes apresentam comportamentos alimentares impróprios ao substituir quaisquer das três refeições principais em lanches; horários irregulares das refeições e adesão a dietas da moda. Outro fator de grande relevância é a escolha dos alimentos entre os jovens, pois os mesmos aderem com facilidade a alimentos de alto conteúdo energético, com alto teor de gordura, sal, açúcar que são prejudiciais à saúde tais como: batata frita, chocolate, doces, pizzas, lanches, refrigerantes (BRASIL, 2006) .

Entre os alimentos não apreciados pelos adolescentes, encontram-se as hortaliças, vegetais verdes folhosos e frutas, que representam fontes ricas de vitaminas e minerais. Essa atitude de rejeição aliada à ingestão freqüente de alimentos refinados e industrializados contribui para uma ingestão deficiente de vitaminas e minerais, alem de determinar um baixo teor de fibras na dieta (COSTA; SOUZA, 2005, p. 187).

Uma visão incoerente da nutrição saudável pode levar os adolescentes a apresentarem transtornos alimentares, os mais freqüentes são a anorexia, bulimia nervosa e compulsão alimentar, dentre outras também comuns como a falta de apetite e vômitos associados a transtornos psicológicos (BRASIL, 2006).

Entre os adolescentes, a obesidade, a hipertensão arterial e as hiperlipedemias já acenam também como problemas importantes de saúde e se mostram fortemente associadas às condições de nutrição e ao estilo de vida adotado (ASSIS et.al,2002).

A anorexia nervosa tem como grupo alvo os jovens, predominante no sexo feminino e ocasionam perda de peso excessiva, muitos apresentam caquexia, no entanto possuem uma imagem de obesidade, sendo muitas das vezes hospitalizados devido à desnutrição onde pode repercutir no organismo, lesionando órgãos vitais como o coração e cérebro (BRASIL, 2006).

A bulimia nervosa é caracterizada pela ingestão excessiva de alimentos (episódios bulímicos) seguidos de praticas para eliminar o excesso de calorias, tais como: jejuns prolongados, vômitos auto-induzidos, uso de laxantes. Devido ao “comer compulsivo seguido de eliminação” em segredo, e ao fato de manterem seu peso normal ou acima do normal, as pessoas com bulimia conseguem muitas vezes esconder seu problema de familiares, amigos e médicos. Regimes rigorosos entre tais episódios são também comuns. Com o passar do tempo, as pessoas com bulimia podem desenvolver anorexia nervosa (BRASIL, 2006).

            A compulsão alimentar ou transtorno do comer compulsivo onde é semelhante à bulimia, pois o individuo apresenta episódios bulímicos, ou seja, ingestão exagerada de alimentos de forma compulsiva, a diferença é que não ocorre eliminação induzida e geralmente o individuo adquire sobrepeso (BRASIL, 2006).

Os profissionais de enfermagem orientar os adolescentes sobre a importância de consumir alimentos saudáveis ricos em proteínas, carboidratos, minerais, vitaminas, água, entre outros que são essências para o seu desenvolvimento, como também ouvir as sugestões do jovem e observar quaisquer situações que indiquem risco nutricional, e se necessário encaminha-lo ao nutricionista (ASSIS et.al, 2002).

2.9 SAÚDE BUCAL

A cavidade bucal é composta pela abertura do sistema digestivo, o caminho percorrido pelos alimentos, sendo muitas vezes, o veículo responsável por infecções dos aparelhos digestivo e respiratório. A obtenção da saúde bucal proporciona a ação adequada das funções de digestão, fonação e respiração. Dessa forma constitui grande importância nas ações de promoção a saúde bucal, sendo está indispensável nas diferentes fases da vida (COSTA; SOUZA, 2005).

No Brasil, os serviços de saúde bucal têm sido oferecidos, predominantemente, por instituições privadas, o que não constitui um sistema ideal de atenção global, deixando de lado a população de baixa renda. Embora tenha ocorrido aumento desses serviços pelo setor publico a partir da década de80 acondição de inexistência de infra-estrutura adequada proporciona o predomínio da atividade profissional privada. Estima-se que mais de 70% do tempo disponível dos cirurgiões-dentistas são dedicados ao trabalho no setor privado. Apesar da mudança do paradigma cirúrgico restaurador para a promoção da saúde, ainda há um predomínio das ações curativas (COSTA, SOUZA, 2005, p. 213).

 

Os principais problemas de saúde bucal na adolescência são as cáries dentais, a doença periodontal, a gengivite e a periodontite. A carie dental é caracterizada em uma doença infectocontagiosa, com etiologia diversa, na qual para se proliferar precisa de três fatores: hospedeiro, microflora e substrato, o diagnostico precoce permite a recuperação do dente. A doença periodontal é um processo infeccioso e crônico que acomete a gengiva e depois os tecidos de sustentação do dente. A gengivite ocasiona a gengiva através da colonização de patógenos na superfície dentaria por tempo prolongado, sendo a mais predominante na adolescência. A periodontite pode ser crônica e agressiva: a crônica onde acontece a destruição óssea e a agressiva ocasiona a destruição óssea rápida e perda de inserção, sendo menos freqüente na adolescência quando comparada às demais citadas (COSTA, SOUZA, 2005).

No entanto, é nela que se apresenta um período de risco para a saúde bucal, devido à maior independência em relação ao consumo de alimentação mais açucarada e certa repulsa em relação à higiene bucal, além de outros fatores agregados. Mas sabe–se que as doenças bucais prevalentes podem ser prevenidas com medidas de autocuidado e de proteção específica (GARBIN et.al, 2009).

A alta prevalência de perdas dentárias em adolescentes, evitáveis em grande parte dos casos, mostra a necessidade de priorização pelos serviços odontológicos dos grupos de indivíduos mais afetados, garantindo a recuperação dos danos instalados. A manutenção funcional e estética na adolescência pode se constituir em medidas preventivas de maiores agravos na fase adulta. Complementarmente, devem ser garantidas medidas preventivas em período etário mais precoce à adolescência de forma a prevenir a principal causa de perdas, possibilitando o acesso a outras formas de apresentação do flúor à parcela da população usuária do sistema público de saúde. Como medida eficaz, amparadaem Lei Federaldo Brasil desde 1974, é de extrema importância um maior empenho dos gestores de todas as esferas de governo em garantir a universalização do acesso à água fluoretada, uma vez que as perdas dentárias são manifestações evidentes das desigualdades sociais (BARBATO; PERES, 2009, p.02).

No atendimento ao adolescente existem algumas barreiras a serem ultrapassadas principalmente quando se fala de ansiedade e medo, pois existe o medo subjetivo que se constitui mediante informações negativas do tratamento odontológico, seja por familiares, amigos, meios de comunicação entre outros e o medo objetivo que se origina mediante experiências negativas vividas pela pessoa anteriormente (COSTA; SOUZA, 2005).

Ao intervir na saúde bucal com adolescentes os profissionais de saúde devem realizar uma entrevista criteriosa considerando a idade do jovem, o vocabulário a ser utilizado, instruções, conteúdo a ser abordado, a forma das respostas, preocupando-se com a percepção do adolescente de forma que haja uma interação, orienta-lo sobre os cuidados e o higiene com os dentes e as conseqüências de uma higiene insatisfatória, e se necessário encaminha-lo ao odontologista (BARBOSA et.al, 2010).

2.10 ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS

BRASIL2 (2005) afirma que a organização dos serviços de atenção à saúde dos adolescentes e jovens é uma proposta que visa atender as necessidades biopsicossociais e ambientais dos adolescentes.

Os desafios almejados pela organização dos serviços são: o poder de decisão política em assegurar o atendimento através da decisão dos gestores estaduais e municipais, além da intervenção dos profissionais de saúde, sendo de grande importância à relação interpessoal para garantir a adesão de todos na organização coletiva dos serviços. Ser flexível ao atendimento da clientela em seus diferentes níveis de crescimento e desenvolvimento, avaliando a destreza de comunicação do adolescente e compreensão de informações, e ainda atentar para as diferenças raciais, étnicas e religiosas. Contextos socioculturais, uma vez que exercem influências sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes. Logo os serviços devem se adequar a esta realidade. (BRASIL2, 2005).

Para Brasil1 (2005) a adolescência e juventude se associam a uma etapa da vida de crise, irresponsabilidade; um problema social a ser resolvido, que merece atenção pública. Os problemas mais visíveis durante essa fase são: gravidez precoce, DST´s, risco de uso de drogas ilícitas e risco de morte frente à violência. O risco generalizado parece, assim, definir e circunscrever negativamente esse período da vida, gerando expressões, ações e posturas absurdas em relação aos adolescentes.

Salienta Brasil2 (2005) que os serviços tem como objetivos a utilização de dados epidemiológicos possibilitando a organização das ações em saúde através do levantamento de dados que disponibilizará informações sobre agravos ou doenças em uma comunidade (ex: SIAB- Sistema de Informação da Atenção Básica). Promoção de saúde e prevenção de agravos viabilizando melhoria na qualidade de vida e valorização das condições de saúde utiliza-se ainda medidas interventivas com intuito de prevenir ou coibir agravos na populaçãoem geral. Diagnóstico e tratamento o qual é fundamental que a equipe profissional promova minuciosamente uma atenção integral com execução de anamnese exame físico eficiente e eficaz e  tratamento conforme protocolos da unidade. Reabilitação oferecendo suporte físico, emocional e social aos pacientes em nível ambulatorial.

Nos serviços de saúde da comunidade deve conter programas de atividades com adolescentes e jovens, voltadas para aspectos educacionais, religiosos, de lazer e ação comunitária. Sendo necessária realizar um mapeamento do local, recursos disponíveis e decisão política local, além de capacitação profissional. Para favorecer maior aceitabilidade pelo adolescente o espaço físico deve ser capaz de atender a demanda, o ambiente deve ser acolhedor e agradável, sendo ventilado, amplo e limpo. É importante o uso de materiais educativos: vídeos, jogos, murais, painéis, revistas, livros. (BRASIL2, 2005).

A equipe multidisciplinar em saúde deve manter requisitos como competência técnica, disponibilidade para o atendimento, conhecimento do perfil epidemiológico, atitude ética e ser capaz de desenvolver trabalho em equipe. Deve ter ambiente favorável para atendimento. Ter os insumos corretos (ficha clínica, tabelas de IMC, gráficos de PA, cartões de vacinação, material educativo. (BRASIL2, 2005).

De acordo com Brasil2 (2005), o ambiente de atendimento tem que ser um ambiente com privacidade assegurando o jovem para expor as questões particulares ao profissional de saúde. Deve se respeitar a privacidade do adolescente durante o exame físico. Opta-se por realizar de forma segmentar, sempre esclarecendo as etapas do exame e sua importância.

 2.11 PRATICAS EDUCATIVAS

São atividades pedagógicas destinadas aos usuários no objetivando a construção do conhecimento apartir das informações e vivências. Essas atividades utilizadas nos serviços, comunidades, escolas ou em outras instituições visa à promoção da saúde mediante projetos participativos. (BRASIL2, 2005).

As práticas educativas são primordiais para promoção em saúde, pois a comunicação grupal e comunitária permite a identificação dos problemas, decide se é preciso intervir ou não, se há chances de modificação, procurando sempre a melhor alternativa. Os adolescentes e jovens desempenham um papel fundamental na construção de projetos e programas para superação dos problemas da atualidade, pois esse grupo etário detém uma visão crítica e transformadora sobre as dificuldades da sua realidade em diferentes níveis sócio-políticos. (BRASIL2, 2005).

Segundo Brasil1 (2005), a promoção da saúde incorpora a importância e a influência das dimensões políticas, culturais e socioeconômicas nas condições de saúde, objetivando propiciar o bem-estar físico, mental e social, e que indivíduos e grupos satisfaçam necessidades e modifiquem favoravelmente o meio ambiente, adquirindo hábitos e estilos de vida saudáveis.

A participação juvenil contribui para a construção da cidadania, da autonomia, auto-estima e projeto de vida juvenil, além de contribuir decisivamente para a eficácia, a resolutividade e o impacto social das ações de saúde, devendo ser considerado no planejamento, na execução e na avaliação das ações do setor, beneficiando tanto os jovens quanto o setor saúde (BRASIL1, 2005)

Os profissionais de saúde manter uma organização para execução das praticas educativas devendo escolher dois coordenadores, um irá mediar às discussões e outro as falas e situações. O número de pessoas do grupo deve ser adequado ao espaço físico e aos temas propostos. (BRASIL2, 2005)

Ao se propor aos adolescentes espaços de reflexão e ação sobre a realidade no qual vivem contribui-se para o processo de conscientização. O conhecimento da sua realidade é indispensável para a tomada de consciência de si mesmo, de posição e papel nesta realidade e possível tomada de decisão. (BRASIL2, 2005)

Segundo Brasil2 (2005), as atividades educativas a serem realizadas mediarão sobre informações cientificas atualizada; reflexões sobre interesse, sentimentos, questionamentos e necessidades dos adolescentes e jovens; oferecer ações de interesse e participação grupal; contribuir para a apreensão crítica do novo conhecimento usados pelos participantes do grupo; ações sobre compreensão da realidade, dos valores e projetos de vida , transformação da sociedade em que vivem e compreensão do mundo dando nexo a seus conteúdos.

As atividades e práticas educativas são escolhidas segundo aos objetivos almejados, temas selecionados e tempo disponível. Devem ser facilitadoras do processo educativo. Devem favorecer a expressão criativa com: expressão espontânea, vivencia de novas experiências, realização pessoal, engajamento sócio cultural, modificações positivas na auto estima, garantir a participação de todos, reconhecer a subjetividade de cada cliente para síntese do novo conhecimento. (BRASIL2, 2005).

O processo metodológico de escolha de temas a serem abordados será feita conforme interesse do grupo. Os temas de maior abrangência nesse cenário são: sexualidade, conhecimento do corpo, gravidez, anticoncepção, DST/AIDS, violência e drogas. (BRASIL2, 2005)

O uso de técnica lúdicas (dinâmicas) favorece o processo de aprendizagem do adolescente, uma vez que promove discussões de experiências individuais (corta e colagem, desenhos, jogos, dramatização, músicas) com intuito de aflorar os objetivos trabalhados. (BRASIL2, 2005)

2.12 SAÚDE DO TRABALHADOR

Brasil2 (2005) afirma que os adolescentes e jovens estão susceptíveis aos agravos inerentes ao ambiente de trabalho, logo estão sujeitos a doenças ocupacionais. Pela falta de qualificação e experiência profissional esse grupo é condicionado a exercer trabalhos impróprios para sua fase de crescimento e de desenvolvimento.

Conforme Brasil2 (2005), a organização nacional do trabalho estabelece em seu artigo n° 138 os 15 anos a idade mínima para trabalhar. Para essa organização a adolescência e a fase compreendida entre 15 e 18 anos. De acordo com a constituição federal de 1988, nas leis trabalhistas do estatuto da criança e do adolescente é proibido o trabalho para menores de 16 anos de idade.

O trabalho precoce afeta a saúde do adolescente de diversas formas, pois estão mais vulneráveis ao aparecimento de doenças pela imaturidade do sistema imunológico. A atividade exacerbada determina um alto gasto calórico prejudicando o processo de crescimento e desenvolvimento, podendo está ou não associado a nutrição inadequada. Detém maior risco de acidentes de trabalho por não possuir experiência necessária, por apresentar comportamento destemido e intrépido, por não ter controle sobre os riscos os quais está exposto. (BRASIL2, 2005)

O trabalho precoce ocasiona ainda problemas a nível mental, visto que o trabalho pode coibir o desejo de brincar, a exigência do trabalho acarreta no desenvolvimento de baixa auto-estima. O trabalho diminui o tempo de lazer, de está com a família, de educação e convívio com pessoas da comunidade. (BRASIL2, 2005)

Para Brasil2 (2005), como forma de planejamento para minimizar o número de trabalhadores adolescentes, se deve intervir em orientar e estimular  o ingresso dos adolescentes em instituições de ensino (ex: escolas) voltada para a realidade da comunidade e inserida na vida da criança e de suas famílias. Elaboração e operacionalização de políticas e programas para dizimação do trabalho infantil e proteção do trabalhador adolescente, pois o número de crianças e adolescentes trabalhadores assegurados pelos direitos trabalhistas são relativamente alto.

3. CONCLUSÃO

A adolescência é caracterizada como uma fase de muitas mudanças físicas, psicológicas e sociais, fazendo do adolescente um “investigador” do mundo, das pessoas, das coisas e, principalmente, de si próprio. Desta forma, muitos temas, como sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, preservativos, drogas, todos eles diretamente relacionados à saúde, podem ser bastante atraentes.

A vulnerabilidade desta faixa etária é outra questão que faz com que ela necessite de um cuidado ainda mais amplo e sensível. Essa maior vulnerabilidade aos agravos, determinada pelo processo de crescimento e desenvolvimento, pelas características psicológicas peculiares dessa fase da vida e pelo contexto social em que está inserido, coloca o adolescente na condição de maior suscetibilidade às mais diferente situações de risco, como gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis (DST), acidentes, diversos tipos de violência, maus tratos, uso de drogas, evasão escolar, etc.

Os adolescentes devem ser motivados a cuidar da sua saúde, assumindo responsabilidades por suas atitudes. A valorização da aparência, da alimentação e do desempenho deve ser explorada de forma positiva, no sentido de associá-lo a saúde.

Fatores sócio-demográficos, psicossociais e o estilo de vida adotado pelo indivíduo podem influenciar seus hábitos e comportamentos de saúde em todas as etapas da vida. O adolescente, no entanto, mostra-se mais vulnerável a esses fatores, uma vez que já não é mais beneficiado pelo cuidado e atenção dispensados às crianças nem desfruta da proteção associada à maturidade da vida adulta. Além disso, a adolescência é considerada um período de risco para doenças bucais como cárie, gengivite e doença periodontal.

Trabalhar com adolescentes na área da Saúde remete os profissionais questões que nem sempre é levado em conta, quando se deseja, realmente, ter uma atuação eficaz no trabalho com essa faixa etária. É aconselhável que se possa desenvolver uma visão mais abrangente para a compreensão das demandas e das ações que deverão ser desenvolvidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERENCIAS

 

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