SÃO JOSÉ DE RIBAMAR: forte atrativo turístico e grande impulsionador do setor de entretenimento de São Luís

1 INTRODUÇÃO Pesquisas recentes em revistas específicas da área turística, como a revista Turismólogo in focco (2004, p. 16), constataram que a área de prestação de serviço tem crescido sobremaneira nos últimos anos; e dentre os setores que englobam tal segmento, o que mais tem ganhado destaque no mundo, atualmente, é o turismo de entretenimento. Isso, porque, verificaram que apesar do estilo de vida acelerado que a sociedade moderna enfrenta hoje e de um ritmo de trabalho cada vez mais estressante, algumas pessoas já começaram a se dar conta que precisam aproveitar melhor seu tempo livre. Sendo assim, é notório que, uma das áreas de maior alcance da indústria de entretenimento em São Luís são os seus atrativos naturais e culturais, já que estes aspectos são fatores de extrema relevância na cidade e um dos principais atrativos desta. Daí a importância desse estudo, uma vez que mostrará que a referida cidade é muito mais rica do que muitas pessoas pensam. Afinal, essas diversidades natural, cultural e gastronômica, tão peculiares que São José de Ribamar e São Luís possuem, podem ser fundamentais para alavancar ainda mais o turismo da capital do Estado. Além disso, as informações atualizadas servirão como alicerce para os próximos trabalhos vinculados a este tema. Diante do que foi exposto, vale ressaltar também, que se trata de uma pesquisa que tem como objetivo principal mostrar a realidade que cerca o setor de entretenimento de São Luís e a importância de melhorar o mesmo. Pois apesar da sociedade local saber que a capital maranhense tem um cenário turístico ímpar, este apresenta muitos problemas, e não se trata apenas de questões sócio-políticas, mas de ausência de infra-estrutura básica e mão-de-obra qualificada; criação de projetos, visando aumentar o tempo de permanência dos turistas em solo maranhense; e principalmente, de ações estratégicas, para que os visitantes tenham mais opções de entretenimento durante todo o ano e não somente no período de alta estação. Vale salientar ainda, que o presente trabalho terá abordagens qualitativas e descritivas, pois as informações adquiridas na pesquisa serão analisadas e interpretadas, servindo de subsídios para alcançar os resultados almejados. A obtenção dos dados primários ocorreu através de conversas informais com as pessoas que fazem parte desse lugar e observação in loco, com o intuito de enriquecer e garantir a veracidade das informações relatadas nesse artigo. Já os dados secundários, foram obtidos por meio de pesquisas bibliográficas, livros, jornais, internet e revistas. A estrutura do trabalho é composta de etapas que consistem na conceituação de entretenimento, discutida por alguns autores; na contextualização do setor de entretenimento de São Luís, fazendo primeiro um panorama sobre o turismo local para se chegar de fato no setor de entretenimento da cidade, e finalizando com o objeto de estudo da pesquisa, que é o município de São José de Ribamar, destacando vários aspectos como: sua história, localização, seus principais atrativos turísticos e o setor de entretenimento do mesmo. Além de fazer algumas sugestões para que São José de Ribamar impulsione ainda mais o turismo da capital maranhense. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2. 1 Definição de entretenimento Vive-se em uma sociedade em meio a várias transformações e num ritmo nunca visto. Isso pode ser comprovado através de alguns registros nos diversos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão, que afirmam que, o homem passou a dar mais valor a questões consideradas anteriormente supérfluas, mas que hoje se tornaram fundamentais, tais como: o lazer e o entretenimento. Sendo que, eles alegam que, isso se dá, principalmente, por causa do tempo escasso que a humanidade passou a ter, dificultando, sobremaneira, o aproveitamento de seu tempo livre, além de outras conseqüências com dimensões bem mais negativas. Trata-se, portanto, de uma atividade que reúne altíssima tecnologia, métodos de gestão, planejamento específico e muita criatividade, ou seja, ultrapassa a recreação e o lazer. Conforme Gabler, (1999, p.25), etimologicamente, a palavra entretenimento vem de inter (entre) e tenere (ter). Em inglês, a evolução da palavra entertainment levou-a a significar tanto uma forma de servidão quanto o fornecimento de apoio ou sustento, a maneira de tratar alguém, uma forma de ocupar o tempo, dar hospitalidade a uma pessoa, bem como aquilo que diverte com distração ou recreação e um espetáculo público ou mostra destinada a interessar ou divertir. Em outras palavras, o entretenimento pode significar mais tempo que o turista fica em um destino, gerando mais recursos para a economia local, sendo que o chamado e-factor (fator entretenimento) surge não apenas como um diferencial, mas também como atração principal em várias regiões, ou seja, o entretenimento pode ser considerado um grande diferencial para aqueles que precisam e querem se destacar no mundo competitivo (BENI, 2001). No entanto, o papel de entreter também é considerado por muitos antropólogos e profissionais de relações públicas, como um subproduto ou até mesmo como um desvio da atenção do receptor frente a assuntos considerados de maior relevância. Para Galindo (2004) é notório o aspecto persuasivo que os meios de comunicação de massa possuem sobre essa sociedade da informação, uma vez que esta se encontra cada vez mais consumista. Além de ser caracterizada por um caráter hedonista, que tem como gênese o discurso do tempo livre e a conseqüente oferta do prazer, do divertimento, do entretenimento e do lúdico como busca da eterna gratificação emocional. Daí muitos teóricos analisarem o entretenimento como um instrumento ideológico, utilizado, principalmente, pelos meios de comunicação de massa para manipular a audiência, esquecendo seu caráter socializador. Conforme Wolf (1995, p.91) a contribuição mais eficaz dos meios de comunicação de massa é justamente o de entreter o expectador, fornecendo-lhe um meio de se evadir das ansiedades e dos problemas da vida social, através do divertimento diário para as massas cansadas da sua força de trabalho. Por isso que o setor de entretenimento e o lazer têm crescido tanto atualmente, visto que a sociedade moderna os procura com a intenção de aliviar as pressões do cotidiano. Galindo (2004) acredita que esse é o maior motivo do entretenimento ter ganhado mais espaço na mídia, transformando-se na maior característica dos meios de comunicação de massa. Mas, o que fica evidente, é que apesar de todos os conflitos que envolvem essa conceituação, a palavra entretenimento está relacionada a qualquer atividade que leve o ser humano ao prazer. Sobretudo, que lhes proporcionem um maior conhecimento, experiências novas e contato com outras culturas e pessoas. 2.2 Contextualização sobre o setor de entretenimento de São Luís 2.2.1 Panorama sobre o turismo de São Luís São Luís é uma cidade com características bem singulares, e apesar de ainda não possuir uma infra-estrutura satisfatória para receber uma grande demanda, apresenta alguns atrativos bastante relevantes, tais como: suas belezas naturais, sua gastronomia típica, suas manifestações populares e um patrimônio histórico inigualável. Trata-se de um lugar que tem um potencial turístico muito significativo, mas que exige mudanças urgentes, caso deseje realmente se tornar um grande destino turístico. Pois de acordo com Beni (2001) de nada adianta ter todos esses atrativos, se não pode oferecer uma infra-estrutura básica e serviços de qualidade aos seus visitantes. Lage e Milone (2000, p.25), afirmam que, o mercado turístico possui características particulares e deve merecer uma análise pormenorizada já que o turismo é "a arte de atrair, transportar e alojar visitantes, a fim de satisfazer suas necessidades." Todavia, conforme Mendes (COMISSÃO MARANHENSE DE FOLCLORE, 2004, p.15), "o legado cultural que a cidade possui também é de tamanha relevância para se alcançar um turismo sólido, bem como para fortalecê-lo nesse mercado cada vez mais competitivo". Isso, porque, o turismo é um somatório de vários fatores, e estes não podem se sobrepor um ao outro, assim como não se pode considerar um mais relevante do que o outro, principalmente, no que se refere ao aspecto cultural de São Luís, haja vista que este é bastante expressivo na cidade, ao ponto de lhe conceder os títulos de "Patrimônio Histórico-Cultural da Humanidade" e o de "Capital Brasileira da Cultura 2009". O primeiro, concedido pela UNESCO, graças ao seu acervo arquitetônico e histórico. Já o segundo, em reconhecimento à tradição literária e às manifestações populares ludovicenses. Nesse contexto, é de suma importância citar os muitos benefícios que uma cidade obtém ao ser eleita como "Capital Brasileira da Cultura", destacados por Lima (2009), sendo os principais: incremento na auto-estima da população que se sentirá parte de um projeto em comum, inclusão social dos setores menos favorecidos economicamente, enriquecimento cultural dos cidadãos, promoção nacional e internacional, valorização e conservação do patrimônio histórico e incremento no fluxo turístico com a conseqüente atração de investimentos e receita para a cidade. Conforme o atual secretário de turismo do município, Liviomar Macatrão, numa entrevista dada ao Jornal Cazumbá (RODRIGUES, 2009, p.8): São Luís vai ganhar em vários aspectos com esse título. A cidade atrairá muitos investimentos, devido ao envolvimento direto dos ministérios da Cultura e do Turismo. E mais turistas serão atraídos para a cidade, porque uma série de eventos está sendo programada para este ano. Tudo que acontecer na cidade em termos culturais, especialmente, ganhará uma visibilidade bem maior. Daí a importância de se criar novas opções de entretenimento na cidade, voltadas, principalmente, para os segmentos natural e cultural, como já foi tão salientado anteriormente. Pois, apesar de ser notório, o valor que o Centro Histórico possui, (por exemplo), não só para a cidade, mas para o desenvolvimento da atividade turística desta, é inegável, que precisa ser bem mais conservado a fim de melhor receber seus turistas. Segundo Trigo (1998, p.25) "a exploração irracional, baseada exclusivamente nas regras de mercado, pode trazer prejuízos irreparáveis a regiões geográficas e a grupos humanos". Por isso que se faz oportuno citar mais uma vez o ponto de vista do secretário de turismo do município, ao dizer que: "O Turismo de São Luís precisa ser repensado e os espaços públicos precisam estar bem cuidados [...] e uma das primeiras metas do governo é fazer do destino São Luís, um dos melhores do país" (RODRIGUES, 2009, p.4). Mas como o Turismo de uma cidade não pode deslanchar apenas com a gestão municipal, o apoio do governo e de todo o trade turístico é fundamental. Para Venturini (FOCCO, 2004, p.14) "os governos precisam ser menos centralizadores e mais participativos". Portanto, diante do que foi exposto, percebe-se, que apesar de todos os atrativos que o município dispõe, as opções de entretenimento em São Luís estão cada vez mais restritas, sendo que são pelos mais diversos fatores, se tornando, assim, um "problema", não só para a comunidade local, que não tem onde e como desfrutar de seu tempo livre, mas para os turistas também, devido à carência de lugares e atividades para se divertirem. 2.2.2 O Setor de entretenimento de São Luís Segundo Paladini (2006, p. 12) "a indústria do entretenimento tem se tornado cada vez mais abrangente, pode-se constatar desde pequenos cinemas, simples parques de diversões, zoológicos, até grandes parques temáticos, além de hotéis de grande porte, como é o caso dos resorts; cruzeiros; praias, bares e sofisticados restaurantes". Enfim, a lista de opções de entretenimento hoje em dia é bastante vasta. Conforme esse mesmo autor, o segmento do entretenimento vai variar conforme a classe social e a localidade em que a pessoa reside. Todavia, dependendo de sua abrangência e estrutura, pode-se atender não apenas os moradores locais, mas os turistas também. Afinal, estes saem de suas terras natais para conhecer e vivenciar experiências novas, ou seja, desfrutar de momentos que não estão habituados a viver freqüentemente, e com pessoas, que na maioria das vezes, nem conhecem. Por isso que Nan Sousa em entrevista ao Jornal Cazumbá diz que: "o setor de entretenimento de São Luís ainda é bem "indiferente" comparado a outros municípios de igual potencialidade turística" (SANTOS, 2009, p.19). Pois apesar de possuir diversos atrativos como: teatros, destacando o Arthur Azevedo, que possui uma riqueza inquestionável; museus, como o Museu Histórico e Artístico do Maranhão; restaurantes com comidas bem típicas como o arroz de cuxá e o peixe frito; praias e belezas naturais, como a Laguna da Jansen. Assim como seus centros culturais, tais como a Casa do Maranhão, que tem tudo sobre o Bumba-meu-boi, e o Ceprama, que tem obras riquíssimas que marcam o artesanato local, e suas manifestações populares bastante diversificadas como o Bumba-meu-boi, Cacuriá, Tambor de Crioula, Dança do Lelê, do Caroço, entre outras; ainda assim, não se consegue perceber investimentos nestes, a fim de pelo menos transformá-los em produtos capazes de proporcionar significativos dividendos para a economia local, e nem mesmo um aproveitamento dos atrativos que já possuem, mas não são bem explorados, como é o caso de São José de Ribamar, que poderia contribuir sobremaneira para a solidificação do turismo de São Luís. De acordo com Zelinda Lima, durante o Ciclo de Palestras sobre Influência Afro-Brasileira na Cultura Maranhense, "muitos maranhenses estão contribuindo para o desaparecimento do nosso patrimônio não dando a devida importância para a preservação deste, uma vez que sempre se sobrepõem as questões políticas e econômicas." (COMISSÃO MARANHENSE DE FOLCLORE, 2009). Tal concepção é reafirmada por Lemos (2000, p.30) quando diz que: Os próprios interesses econômicos estão confirmando que hoje se preserva em atendimento às exigências do turismo, a grande indústria moderna, que maneja quantias incríveis enquanto vai forjando nos sítios visitados, imagens às vezes, ressuscitadas e definidoras de peculiaridades culturais regionais aptas a estar sempre despertando a curiosidade dos viajantes ávidos de novidades. Por isso São José de Ribamar ser considerada como um excelente exemplo de quem sabe preservar o seu patrimônio natural e cultural, aproveitando, inclusive, todo seu potencial turístico (ecoturismo, artesanato, gastronomia local e turismo religioso) de maneira bastante responsável, como afirma o informativo da Prefeitura de São José de Ribamar (2009, p. 22). No entanto, fazendo um balanço do setor turístico de São Luís, o ex secretário de turismo do Estado, João Martins Neto, em entrevista ao Jornal Cazumbá (SECRETÁRIO, 2009, p.3), diz que: Não se pode negar que o setor de entretenimento da capital maranhense não tenha evoluído, mesmo que seja a passos curtos. Mas, é claro, que ainda precisa melhorar muito para atender de forma satisfatória todos que o busca. Pois se a demanda existe, o que está faltando é investimento nesse segmento que tem crescido cada vez mais. Nesse sentido, é oportuno destacar, que existem algumas formas de entretenimento na cidade, tais como as diversas casas de shows espalhadas por São Luís; os festivais, como o Maranhão Forró Fest, a Expoema e o Festival de Verão, que englobam diferentes ritmos e passaram a fazer parte do calendário fixo de eventos do município; assim como as micaretas, como é o caso do Marafolia, que já acontece há 15 anos na cidade, e aumentam significativamente o fluxo de turistas no lugar. Contudo, São Luís tem tido um aumento significativo no fluxo anual de turistas, conforme Liviomar Macatrão, em entrevista dada ao jornal O Estado do Maranhão (CIDADE, p.4), o que exige maiores opções de entretenimento ou mais investimento em lugares como São José de Ribamar que apresenta um potencial turístico salutar e poderia ser fundamental para que os turistas permanecessem mais tempo na capital do Estado em vez de ir para outras localidades. 3 SÃO JOSÉ DE RIBAMAR 3.1 Histórico Conforme Conceição (2000), somente em 1757 que a cidade, antes considerada uma aldeia indígena, recebeu a titulação de "lugar". Deixando de ser aldeia, o município ganha a categoria de vila com a denominação de São José de Ribamar, pela lei estadual nº 636, de 11 de Março de1913, separando-se de São Luís. Neste mesmo ano a aldeia denominou-se Ribamar, e por muitas vezes este nome sofreu modificações por questões políticas da época. Os vários atos e leis alteraram muitas vezes a vida política e por força da Constituição de 1946, São José de Ribamar, que já tinha sido desmembrado, voltou a pertencer à comarca de São Luís. A partir de 24 de setembro de 1952 foi instituído em caráter definitivo. E em 1969, foi nomeado São José de Ribamar em homenagem ao Padroeiro do Município. Vale ressaltar também, que segundo Reis (2001) o seu nome resulta da lenda que, conta que, um navio com bandeira portuguesa, vinha de Lisboa para São Luís e afastando-se de sua rota foi impelido aos bancos de areia da Baía de São José, ocasionando fortes sinais aos navegadores de um presumível naufrágio devido às fortes tempestades. Diante de tanto desespero, o capitão, em nome dos tripulantes, invocou a proteção de São José, pedindo com veemência que abrandasse a tempestade e fazendo a promessa de construir uma capela na localidade. Tantos foram os apelos que em fração de minutos aconteceu à bonança do mar e com isso o navio seguiu com segurança, levando-os até a margem são e salvos. Reis (2001) relata ainda, que, passados alguns anos, o capitão retorna ao local do ocorrido e junto com as lembranças dos momentos de aflição, tem consigo a certeza de que havia sido ouvido pelo Santo, e entrega ao povoado a mais esplêndida obra estatutária religiosa produzida em Lisboa. E para cumprir com o prometido, leva a imagem do Santo ao altar da modesta igrejinha coberta de palha, então construída, de frente para o mar. Passou a chamar o local de Riba-mar, por estar "arriba", ou seja, acima do mar. A partir de então a cidade passou a chamar-se São José de Ribamar, em homenagem ao Santo Milagroso que usa botas como os navegadores portugueses. São José, no entanto, transforma, com seu ato sobrenatural, o seu cajado em luzeiro, e desce da Igreja de Anindiba, acompanhado e protegido por anjos e santos, regressando a Ribamar. O caminho por onde passaram encheu-se de ternos rastros de luz. Apenas dessa maneira foi que os moradores de Anindiba compreenderam que o santo almejava continuar na sua capela, de frente para o mar (RIBAMAR, 1938). Tempos depois, arquitetada uma nova igreja, agora maior e mais imponente, resolveram construí-la de frente para a entrada da cidade, intenção esta que não deu certo, pois mesmo com toda beleza da igreja, as paredes ruíram por várias vezes, até que os fiéis entenderam que ela deveria permanecer de frente para o mar. Enfim, independente de ter surgido por meio dessa lenda ou de ter se tornado uma crendice popular, as narrativas fantasiosas contadas desde os primórdios sobrevivem através dos tempos, acordando fatos autênticos e históricos com fatos imagináveis que são puramente criados e tornados crença de um povo, uma vez que fornecem explicações admissíveis mesmo não havendo comprovações científicas. Entretanto, através dos acontecimentos místicos e/ou milagrosos, tal mito sofre pequenas modificações de geração em geração na medida em que vão sendo recontados, mas sua essência permanece. 3.2 Localização São José de Ribamar é o quinto município mais populoso do Estado brasileiro do Maranhão e é a sede de um dos quatro municípios que integram a Ilha de São Luís. Situa-se no extremo leste da ilha, de frente para a Baía de São José, e dista cerca de 32 quilômetros da capital maranhense. Além do que, é considerada a quinta cidade mais importante do Maranhão. Vale salientar ainda, que nesta, encontra-se um dos santuários mais relevantes do norte-nordeste. 3.3 Principais atrativos turísticos Os atrativos turísticos do município são percebidos tanto no âmbito natural quanto no cultural, através de um povo humilde e hospitaleiro que sobrevive do precioso artesanato e do comércio local, com ênfase no comércio pesqueiro que é empregado na excelente culinária de frutos do mar. A Praia de Banho é a que possui maior acesso a população ribamarense, devido sua localização central no balneário e por proporcionar uma constante programação ao turista. Outras praias que se destacam são: Panaquatira, Caúra, Ponta Verde, Itapari, Juçatuba e Boa viagem. Faz-se oportuno frisar, que São José de Ribamar é provido de belezas naturais e de praias ainda repletas de ecossistemas virgens. Existem também outros atrativos turísticos na cidade, mas estes voltados para os aspectos cultural e religioso, afinal, ambos têm bastante expressividade na mesma, sendo eles: o monumento a São José de Ribamar, a Igreja de São José de Ribamar, a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, a Casa dos Milagres, o Museu dos Ex-votos, as lojas de artesanato, o Centro de Cultura e Turismo, dentre outros. A religiosidade é outro aspecto que merece destaque, haja vista que, a própria origem da cidade envolve o lado religioso, como já foi salientado. Além disso, a cidade é considerada o principal destino da fé no Estado. Tanto que a festa do seu milagroso santo padroeiro já se tornou famosa por arrastar cerca de 500 mil romeiros, durante dez dias, no mês de setembro, sempre por conta da lua cheia, para virem a Ribamar, depositarem os ex-votos na Casa dos Milagres e visitarem a estátua de 17,5 m erguida para o protetor. 3.4 Setor de entretenimento de São José de Ribamar O povo ribamarense possui um rico entretenimento, o qual é explorado através das famosas lendas históricas que movimentam a cidade durante todo o ano e trazem milhares de pessoas. Conforme Reis (2001), as lendas mais conhecidas são: A navegação de São José de Ribamar e a chegada do Santo; A lenda da praia da Barbosa; A lenda da praia do Vieira; A lenda da queda da Igreja por três vezes; A lenda da praia da moça; A lenda do pilão para socar sal na praia de Banho e as lendas do Caúra. Na concepção desse mesmo autor o entretenimento mais famoso do município de São José de Ribamar é baseado na principal lenda: "A navegação de São José de Ribamar e a chegada do Santo", a qual originou a grande festa do padroeiro e que já foi ressaltada acima. Contudo, o setor de entretenimento desse município não se restringe a religiosidade e as suas belezas naturais. São José de Ribamar possui uma festa que não é nada sagrada, e sim profana, e que é bastante significativa para o turismo e economia do local. Trata-se do Carnaval Lava Pratos, que acontece sempre no final de semana após o carnaval tradicional e é considerado como o primeiro Carnaval fora de época do país, além de encerrar oficialmente a temporada momesca no Estado. De acordo com historiadores ribamarenses, o Lava Pratos, teve sua origem no ano de 1946, no então chamado "Carnaval da Vitória", assim batizado após a vitoriosa participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945. Tudo começou quando a Escola de Samba Batuqueiro Naval, de São José de Ribamar, resolveu, na terça-feira de Carnaval, visitar outras agremiações em São Luís, levando em conta que a cidade de Ribamar leva o nome do padroeiro do Estado, dentre elas a Turma da Mangueira, Turma do Quinto e Águia do Samba. Por esse motivo que as escolas visitadas resolveram retribuir a gentileza, no primeiro domingo da Quaresma, na sede do Batuqueiro Naval, fazendo com que outras agremiações começassem também a peregrinação até São José de Ribamar, em razão de terem se consagrado campeãs do Carnaval da capital maranhense. Com o passar do tempo, outras Escolas de Samba e outros grupos carnavalescos da Ilha, começaram a se deslocar todos os anos para Ribamar para abrilhantar o evento. Atualmente, a micareta recebe visitantes do Brasil inteiro, sendo mais de 200 mil pessoas brincando o carnaval em plena quaresma. Há quatro anos também o município tem realizado a Parada LGBT que tem atraído milhares de pessoas de vários municípios maranhenses como Imperatriz, Humberto de Campos, Bacabal, Itapecuru, Paço do Lumiar e da própria São Luís. Além de caravanas do Ceará, Piauí e Pará (SÃO JOSÉ DE RIBAMAR, 2010). Outro aspecto bastante relevante em relação ao setor de entretenimento de São José de Ribamar refere-se à sua gastronomia, uma vez que traz a culinária tradicional da capital do Estado, que é baseada em frutos do mar, sendo que, o prato mais experimentado e que se tornou referência popular é o famoso peixe pedra com arroz de cuxá. Outros tipos de peixes, camarões, sururus, caranguejos e sarnambis, também possuem demanda significativa. Essa gastronomia se tornou tão salutar no município, que foi criado o Festival do Peixe-Pedra, em 1977, na tentativa de atrair turistas e movimentar a economia local, conforme os relatos históricos. Mas segundo Conceição (2000), na década de 1990, sua realização foi interrompida, sendo retomada somente em 2005. Assim, esse festival já está na sua 20ª edição e promove ao seu público uma vasta programação cultural, esportiva e, consequentemente, gastronômica. Há também uma multiplicidade de frutas: manga, pitomba, caju, maracujá, murici, goiaba, juçara, tamarindo, carambola e outras que contribuem sobremaneira para a degustação do povo ribamarense e serve como atrativo para pessoas de outros Estados. As compotas de doces de frutas regionais de cupuaçu, bacuri, jenipapo, melancia, jaca, acerola, melão, mamão e o famoso e tradicional doce de leite possuem evidência singular para o turista. Enfim, São José de Ribamar apresenta um povo hospitaleiro, festivo e humilde, que movimenta a cidade com suas famosas histórias, que giram em torno do Santo Padroeiro e milagroso São José de Ribamar, assim como de suas lendas que motivam seus festejos. Trata-se ainda, de uma cidade balneária que atrai pessoas de todos os lugares e que oferece a contemplação de um meio ambiente natural com suas lindas praias, clima agradável e solo fértil. Dispõe também de um artesanato peculiar e comidas típicas saborosas à base de frutos do mar como foi salientado. Diante do que foi exposto, São José de Ribamar apresenta de fato aspectos bastante relevantes para incrementar o turismo de São Luís. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente artigo conclui-se que o turismo é uma indústria que vem crescendo cada vez mais, e dentro dos diversos segmentos que esta possui, o turismo de entretenimento tem se destacado sobremaneira, se tornando assim, um grande aliado de todo o trade turístico. Afinal, sua abrangência hoje em dia, é muito significativa, indo muito além da recreação e dos equipamentos de lazer. Contudo, em São Luís o turismo de entretenimento ainda se encontra bastante "amador", uma vez que as pessoas ligadas à atividade turística, seja de forma direta ou indireta, não se deram conta ainda para sua importância, contribuindo para essa carência de atividades de lazer e entretenimento. Por isso, que diante de tudo que foi relatado, é notório, que o município de São José de Ribamar seja um atrativo turístico de suma relevância para o turismo de São Luís, além de um grande impulsionador do setor de entretenimento da referida cidade, haja vista que dispõe de muitos elementos que são preponderantes para a indústria do entretenimento. Vale salientar ainda, que embora São José de Ribamar seja um dos quatro municípios que compõem a zona metropolitana de São Luís, tendo assim, sua própria economia, política e administração, a criação de uma parceria entre os poderes público e privado de ambos é fundamental para solidificar o turismo da capital maranhense e conseqüentemente da própria cidade balneária de São José. Isso, juntamente, com um trabalho realizado com todo o trade turístico, visando ampliar ainda mais a oferta turística de São Luís e satisfazendo seus visitantes, que na maioria das vezes não passam mais de dois dias na capital. As agências de viagem e os hotéis também poderiam participar desse projeto, colocando em sua página na internet um link do município, mostrando tamanha é a beleza desse lugar e como a capital maranhense é rica natural e culturalmente falando. Ainda em relação a essa parceria com o trade turístico seria interesse desenvolver roteiros integrados que dinamizassem os roteiros turísticos locais, que se encontram cada vez mais restritos ao Centro Histórico de São Luís, como já foi tão ressaltado ao longo desse artigo. Afinal seria mais uma opção de entretenimento e lazer para seus visitantes. Enfim, é possível desenvolver um bom trabalho até mesmo com poucos recursos, basta aproveitar o que possuem de melhor e não deixar escapar as oportunidades que surgem, como São José de Ribamar vem fazendo ao longo de sua história. Portanto, se espera que os poderes público e privado passem a ver com outros olhos a importância de investir no turismo de entretenimento da cidade a fim de melhorar o sua atividade turística e contribuir para o desenvolvimento econômico do município. ABSTRACT Contemporary society is undergoing changes, social and economic policies in an ever accelerating pace. In this scenario, the man begins to realize the importance of using their free time, as their day-to-day is increasingly stressful. Thus, tourism entertainment begins to stand out, as if entering a new management model in this highly competitive market. It was performed a search on São José de Ribamar in order to further increase tourism to St. Louis and leverage it as a strong cultural attraction in the city. Therefore, this study proposes to show the importance of innovation in the tourist site, with new entertainment options. The methodology was a qualitative approach, since it's presented under the aspect of the city and if this is essential for its tourism. In addition to on-site observation by means of an exploratory research in the field of study. The data obtained in the survey were analyzed and interpreted, in giving an opinion if the São José de Ribamar is a very strong cultural attraction for the city. Thus, the proposed theme is quite healthy, for analyzing the survey results, it was found that, while recognizing the importance of tourism entertainment and the bodies connected with tourism still reluctant to invest in attractive as São José de Ribamar, even though this task is fundamental to the development of both the city and for local tourism, as well as for the rescue of their culture. Key-words: Tourism Entertainment. Cultural attractive. São Luís. São José de Ribamar REFERÊNCIAS BENI, Mário C. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: SENAC, 2001. CONCEIÇÃO, Marli de Jesus, São José de Ribamar: cidade de encantos. São Luis- MA, 2000, Halley S.A. FLUXO de turistas aumenta bastante. O Estado do Maranhão, São Luís, 17 fev. 2010. Cidade, p. 5. GALINDO, Daniel. Entretenimento e Publicidade: presente ou futuro? Revista Acadêmica do Grupo Comunicacional de São Bernardo, São Paulo, ano 1, n.1, jan./jun. 2004. Disponível em: . Acesso em: 24 set. 2009. GLABER, N. Vida o filme: como o entretenimento conquistou a realidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. INFORMATIVO SÃO JOSÉ DE RIBAMAR. Investir na cultura é investir no povo. São José de Ribamar, 2009. LAGE, B. H. G.; MILONE, P. C. Impactos socioeconômicos do Turismo. Revista de Administração da USP, São Paulo, v. 33, n. 4, out./dez. 2000. LEMOS, Carlos C. O que é Patrimônio Histórico. São Paulo: Brasiliense, 2000. LIMA, Paula. A capital brasileira da cultura inicia o ano com uma vasta programação. Cazumbá: jornal turístico e cultural do Maranhão, São Luís, ano VIII, nº 57, p. 08, jan 2009. MENDES SILVA, Josimar. Cultura Popular em Festa. Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, São Luís, nº 29, p. 15, ago 2009. PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da Qualidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. REIS, José Ribamar Sousa dos, São José de Ribamar: a cidade, o santo e sua gente. São Luis ? MA, 2001, Halley S.A RIBAMAR, Paróquia Santuário de São José de, Tombo do curato, São José de Ribamar ? MA, 1938. RODRIGUES, Reginaldo. Liviomar Macatrão é o novo secretário de Turismo de São Luís. Cazumbá: jornal turístico e cultural do Maranhão, São Luís, ano VIII, nº 57, p. 04, jan 2009. SANTOS, Anne. SLC&VB faz balanço das atividades em 2008. Jornal Cazumbá: jornal turístico e cultural do Maranhão, São Luís, ano VIII, nº 57, p. 19, jan 2009. SECRETÁRIO, de turismo faz balanço do setor e projeta maior otimismo para este ano. Jornal Cazumbá: jornal turístico e cultural do Maranhão, São Luís, ano VIII, nº 57, p. 03, jan 2009. TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Turismo e qualidade: tendências contemporâneas. São Paulo: Papirus, 1998. VENTURINI, James Luiz. Empreendedorismo e mercado de trabalho: novas tendências em hospitalidade. Revista Turismólogo in foco, São Luís, ano 2, nº 13, p. 14, dez 2004. WOLF, M. Teorias da Comunicação. 4. ed. Lisboa: Editorial Presença, 1995.