Santa Maria, por quem os sinos hão de dobrar

¹ Raimundo Senzala 

Porque chorar, porque lamentar, porque blasfemar gente de toda a cidade de Santa Maria? Por que choras João, Maria e todo o José de mil e umas cercanias e de terras longínquas? Porque, nós pobres miseráveis, ainda, não aprendemos a amar. Mas, ainda bem que Ele falou há mais de dois mil séculos: “Deixai que os mortos enterrem, seus próprios mortos”. Alguém entendeu? E não vai entender. Porque,  todos enxergam a morte, apenas, com os olhos da escuridão espiritual.

Melhor, seria  que, as manifestações de condolências e histerias fossem praticadas a bem dos que ficaram diante, da exorbitante cobrança de um passado, atroz. Não adianta lágrimas, tampouco, orações por aqueles que se foram tragados  pelas tragédias fatais. Quem na terra estiver, pouco, irá lembrar dos terríveis açoites, sofridos pelo Cristo. Cristo, só na hora dos indecentes rogarem pela intenção  da ganância comercial, na época natalina. Nem as prédicas diante dos  altares dos céticos religiosos, em que na sagacidade de seus domínios absolutistas poderão ressarcir dívidas transcendentais, das cobranças, atemporais. Quem pode bater no peito e dizer que não tem algo a pagar (pecado para os católicos), quem pode? Nas aflições da vida, ninguém lembra para o que, O Cristo vaticinou.

Hoje, Santa Maria chora, não, a mãe de Deus, como os católicos teimam em perpetuar esse grande erro na cabeça dos infelizes, fiéis. As tragédias que se sucedem contra a humanidade têm um endereço transcendental muito interessante, a partir, de toda espécie de atentados sobre os humanos. E, em particular, o colonialismo, os assaltos, as invasões e assédios aos países indefesos. A África é,  de um certo continente. À César o que é, de César.

Olhem, só!  Atentem para este fato: Quando os invasores e escravistas se apoderaram do seio da África desestabilizando famílias, e, naquela condição de escravos, os negros sofreram do processo escravista, já, dentro dos navios negreiros o banzo atroz, como companheiro de desespero e solidão,  seguidamente, dos maus tratos físicos, a perda dos seus entes queridos, e, quando em terras estranhas aqui chegaram e, que foram usados como buchas de canhão nas maledicentes guerras do Brasil. Engraçado! Certamente, que ninguém se  lembrará.

Hoje, o negro continua sofrendo com o tal processo de branqueamento, (teoria racista e nazista sugerida por Gobineau), para estar inserido numa sociedade civil, ainda que, consubstanciada de prerrogativas animalescas e bestiais, tão medonhas, como o processo de alienação do burro sistema de cotas para o ingresso de negros, mulatos e indígenas, nas Universidades. E, cujo processo, não passa da averbação do racismo. Aliás, só mesmo os preconceituosos não enxergam o lamaçal de suas ignomínias. Os paternalistas do saber acadêmico,  deveriam dar um exemplo de pura sanidade mental e não  se locupletarem pelas vias, da insensatez.

 Absolutamente, que eles, não passaram pelo crivo das filosofias de Epcteto, Arquelau, Epicuro, Heráclito de Éfeso, Diógenes, Sólon, Péricles, Heródoto, (o pai da história) e outros mais, para não termos que citar Platão, tampouco, Sócrates.

Pois, é exatamente desta maneira, que as aves de mau agouro, através, das cotas raciais querem manter as gentes na escuridão, da mesma forma, em que o catolicismo denegriu para sempre a mente de seus adeptos, de maneira tal, que os levou à estiolação, causando-lhes forçosamente  o etnocídio total. Por isso, é que, Santa Maria irá chorar a morte de seus filhos, sem poder nunca entender, tanta dor. Enfim, a resposta maior estará quando alguém se perguntar: O que foi que eu fiz? Ora bolas, busquem, o seu transcendentalismo. Reflita o seu passado, de aberrações.

Nossos corações, desesperadamente, choram todos os dias, ao lembrarmos, Dele, o Calvário.

Nossas mentes despedaçadas por nada poderem fazer continuam à busca de soluções, quase enigmáticas.

A dor  maior do calvário é acreditar, que lá, todos nós estávamos atirando-lhe toda espécie, de torpezas. Enfim  choramos, os nossos martírios. E, como dói, a nossa consciência. Um dia esperamos estar diante, D’Ele, rogando-Lhes, desculpas. Mas,  para lá chegarmos, quantos milênios mais, quantos?...

No Brasil, as tragédias logo se tornam tragicomédias. Deixemos o carnaval passar, que os políticos, aos seus interesses, se refestelarão, sempre, sempre. O Brasil, não conhece o “Brazil”.

¹Raimundo Senzala- Licenciatura  em Dança /UFba
Pós Graduação em Gestão Educacional/Faculdade Atlântico/SE
Pós Graduação em Educação,Desenvolvimento e Políticas Educativas/IDEB-PB
Mestrado em Ciências da  Educação/Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias/Lisboa
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