A Formação da Vila de Santo Antônio do Salgueiro está ligada à história da Família Sá, com o desaparecimento do menino Raimundo de Sá, filho de Manuel de Sá Araújo em uma fazenda de gado que pertencia à Freguesia de Cabrobó. Passou à condição de freguesia, em 1853 sob o nome de Santo Antônio do Salgueiro. Nos registros de criação dos municípios do sertão de Pernambuco consta que Manoel de Sá Araújo foi o fundador de Salgueiro. Casou-se com Quitéria, filha do tenente Cruz. Seus filhos: Antônio de Sá Araújo Neves (Toinho de Sá, do Cantinho), Mariana, Ana, Maria, coronel Joaquim de Sá Araújo (coronel Quincas de Sá, condecorado como tenente, na Guerra do Paraguai, e deputado provincial em Pernambuco durante muitos anos), Francisca, Generosa, Isabel, major Raimundo de Sá Araújo Neves, Clara, Francisco de Sá, José de Sá (solteiro), Antônia e Manoel de Sá Araújo Neves. Em seguida, Manoel casou-se com Cândida, filha do capitão Tunico e neta do major Cruz. São filhos desse casal: Donira, Jacinta, Maria, Quitéria, João de Sá Araújo, Amâncio de Sá Araújo e Antônio de Sá Araújo. A procedência das famílias da mesma região campesina de Portugal para outra região agrária no Brasil, na qual exerceriam as mesmas funções e atividades explica o relacionamento das famílias Sá e Araújo com as demais famílias de Belém do São Francisco, Floresta, Cabrobó, Terra Nova e Parnamiri.
A Lei Provincial nº 580, de 30 de abril de 1864 elevou a freguesia de Santo Antônio do Salgueiro à condição de Município do Salgueiro. Seu primeiro administrador intendente foi o Major Raimundo de Sá, filho do Coronel Manuel de Sá. Os municípios de Serrinha (1892), hoje Serrita (1943) e de Verdejante (1958) foram, no passado, distritos de Salgueiro. Em 1867 foi nomeado outro Intendente, o Coronel Romão Filgueira Sampaio. De 1870 a 1892, foram nomeados como intendentes: o Tenente Joaquim de Sá Araújo, o Tenente João Leônidas da cruz, o Major Odilon de Barros Alencar, o Major Aureliano Lopes de Barros, o Major Antônio de Marins e o Major Manoel de Sá Araújo. A história de Salgueiro está marcada pela sequência de governantes intendentes, coronéis, tenentes, majores, capitães e outras patentes da Guarda Nacional. No dia 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República, quando assumiu o primeiro Presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca, foi nomeado intendente de Salgueiro o Tenente Quincas de Sá, pelo General José Damião de Oliveira, Governador do Estado de Pernambuco na época, quando então se decide realizar a primeira eleição para prefeito. Daí em diante, um elenco de prefeitos passa a ser escolhidos por voto popular, conforme lista a seguir dos 33 administradores de Salgueiro, de 1892 a 2009. Desses prefeitos que já governaram Salgueiro, 10 eram da família Sá, considerada a pioneira da região.
Administradores de Salgueiro de 1892 a 2009:

1ºCoronel Romão Filgueira Sampaio ? eleito( 1892 a 1895)
2ºCapitão Cornélio Gomes de Sá ( 1895 a 1898)
3ºTenente Coronel Francisco Noberto de Barros ( 1899 a 1905)
4º Major Gomes de Sá ( 1906 a 1910)
5Joaquim de Sá Araújo ( 1911 a (1913)
6ºAntonio Henrique Callou (1914)
7ºFrancisco de Sá Araújo (1914 a 1917)
8ºCapitão Joaquim Alves Gondim ( 1918)
9ºBenjamim Oto Soares( 1919 a 1922)
10ºGumercindo Filgueira de Sá (1922 a 1925)
11º Capitão Veremundo Soares (1925 a 1928)
12ºJoaquim Pereira Angelim(1929 a 1930)
13ºJunta Governativa Revolucionária ?Joaquim Araújo, Àlvaro de Lima Soares e Alberto Soares dos Santos ( 1930)
14ºCapitão Manoel Correia de Menezes ( nomeado pelo Interventor de Pernambuco Carlos de Ima Cavalcante
( 1930 a 1932)
15ºAlberto Soares ( 1932 a 1933)
16ºJosé Vitorino de Barros ( nomeado e depois eleito de 1934 a 1937);
17ºFrancisco Correia e o Interventor Luiz Soares Diniz
( 1937 a 1946)
18ºAudísio Rocha Sampaio (1946)
19ºOsmundo Idalino Bezerra ( 1947 a 1951)
20º Raul Soares ( 1951 a 1955);
21ºGumercindo Filgueira Sampaio (1955 a 1959)
22º;Audísio Rocha Sampaio(1959 a 1963)
23º Severino Alves de Sá (1963 a 1969)
24ºCornélio Parente Muniz (1969 a 1973)
25º Romão de Sá Sampaio ( 1973 a 1977)
26º Cornélio Parente Muniz ( 1977 a 1982)
27º Cornélio Parente Muniz ( 1983 a 1988)
28º Cornélio Parente Muniz ( 1989 a 1992)
29ºCreusa pereira do Nascimento (1993 a 1996)
30ºPaulo Afonso Valença Sampaio (1997 a 2000)
31º Creusa Pereira do nascimento ( 2001 a 2004)
32ºCreusa Pereira do nascimento. ( 2005 a 2008)
33ºMarcones Libório de Sá ( Atual).
Com a República também a liberdade de credo se fez sentir até no sertão. O Jornal do Evangelizador, de 1945, dá conta do falecimento do Pastor Marcolino Carvalho, atuante na região nordeste, Sousa na Paraíba, Ceará e Pernambuco com atuação em Salgueiro, Santa Maria e Serra Talhada, sendo o reconhecimento do trabalho desse pastor, uma prova de que o monopólio da religião católica na região havia acabado. (Ver reportagem do Jornal ?O Evangelista? de 1945, em anexo). Também as ações de inclusão social de quilombolos remanescentes do periodo escravagista sinalizam para a participação visível de negros e mestiços no processo de resgate da identidade e cidadania. Atualmente, Salgueiro possui os seguintes Distritos: a Sede, Conceição das Crioulas, Umãs, Vasques e Pau Ferro. A origem do povoado de Conceição das Crioulas deu-se, segundo conta-se, início do século XIX, quando seis negras livres chegaram à região e arrendaram uma área de 3 léguas (1 légua = 6 km) em quadra. (website da Cidade,2009).
Com a produção e fiação do algodão que vendiam na cidade de Flores, conseguiram pagar a renda e ganharam o direito à posse das terras. Em 1802, as crioulas receberam a escritura com o carimbo da Torre, dezesseis selos, feita por José Delgado, escrivão do cartório de Flores. Esta história é contada nos mais diversos sítios, ligando a identidade da comunidade de Conceição das Crioulas à descendência das suas fundadoras, que através do trabalho tomaram a iniciativa de legitimar o terreno, antes mesmo dos homens que também aqui vieram.Um deles de nome Francisco José, fugido da guerra, trouxe consigo uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Ao encontrar-se com as crioulas, tiveram a idéia de construir uma capela e tornar a santa sua padroeira. Surgia assim o nome do povoado: Conceição das Crioulas.
Dizem que a identidade de "remanescente de quilombos" está relacionada à origem das crioulas e às relações de cooperação entre os sítios que formaram a comunidade. A descendência de determinadas famílias tradicionais é sempre resgatada de forma a confirmar o pertencimento e a participação na história de Conceição das Crioulas. No portal de Salgueiro consta a seguinte citação: "Ao contrário de outras comunidades negras que ainda lutam pelo reconhecimento como "remanescente de quilombos", Conceição não se utiliza de elementos que reportem à condição de escravos. Sempre a imagem das crioulas lembra o poder da autonomia e a articulação entre os sítios, reforçando o sentido de unidade e sua capacidade política-organizativa. Tudo isso torna o povo de Conceição ciente da sua condição e do seu papel na sociedade, trazendo comprometimento com a construção de um novo futuro para a comunidade quilombola".
Em meio a uma vegetação composta por árvores de pequeno e médio porte, como juazeiro, baraúna, jurema preta, aroeira, caroá, catolé, está o povoado de Conceição das Crioulas. Até 1987 o algodão foi o sustentáculo da economia quilombola, mas com o ataque da praga do bicudo e a entrada dos fios sintéticos, a população assistiu a sua decadência. Hoje, através de uma agricultura de subsistência, seus habitantes sobrevivem plantando milho, feijão, mandioca, jerimum e melancia. Há também pequenos criatórios de ovinos, caprinos, bovinos e suínos. Com o sucesso da ação voltada para a valorização e desenvolvimento do artesanato, três recursos naturais ganharam destaque, como o caroá, o barro e o catolé. O catolé, palmeira silvestre da espécie rhapis pyramidata, bem comum no sertão, fornece uma amêndoa de onde se extrai óleo. A sua palha é aproveitada no artesanato, transformando-se em chapéus, cestas, bolsas e outros Em Conceição, a palha de catolé sempre esteve presente na produção de vassouras e esteiras, sendo considerada uma atividade típica dos mais velhos. Em meados do século XX, existiu uma fábrica de caroá em Conceição, mas foi desativada com a concorrência do sisal. O caroá, bromélia da espécie neoglaziovia variegata que fornece uma fibra para tecelagem. De caule curto, o caroá possui espinhos em sua borda, com folhas dispostas em roseta. Outra matéria-prima utilizada no município de Salgueiro, em Conceição das Crioulas é o barro. Ele está presente até os dias atuais nos utilitários do povo de Conceição.
Até a década de 50, aproximadamente, usava-se apenas louças de barro. Muitas dessas peças eram vendidas em feiras e lojas da cidades circunvizinhas, tais como: Cabrobó, Floresta e Salgueiro, em pequenos povoados e por encomenda de famílias influentes. As louceiras, mulheres que trabalham com o barro em Conceição pertencem todas a mesma família consangüínea e agregados através do matrimônio. Para acompanhar e contribuir com a comunidade foi fundada, em 17 de julho de 2000, a Associação Quilombola de Conceição das Crioulas, uma sociedade civil sem fins lucrativos, formada por 10 associações de produtores e trabalhadores rurais provenientes dos diversos sítios que compõe o povoado.Nascida da necessidade de intensificar a luta pelo bem comum de Conceição das Crioulas, a AQCC tem com objetivos o desenvolvimento da comunidade, levando em conta sua realidade e sua história, a valorização das suas potencialidades, a conscientização do povo negro da sua importância para construção de uma sociedade justa e igualitária, a quebra da barreira do preconceito e discriminação racial. A área da sesmaria dos Sá de Salgueiro abrangendo os sítios, povoados e vilas do periodo colonial é o espaço que corresponde aos municípios de agora, os quais estão abaixo representados no mapa da região da Transposição do rio São Francisco. No passado muitas famílias negras eram escravizadas e indígenas eram banidos de suas terras, por ordem dos que governavam em nome do progresso; atualmente, o governo federal busca meios legais de como devolver ao povo remanescente de escravos seu espaço de cidadão e a terra que ajudaram a colonizar, em nome da inclusão e da lei.