Saia do vermelho

Ficar sem dinheiro pode afetar sua saúde, sua vida pessoal, sua vida familiar e até seu relacionamento. Eu, assim como muita gente já fui muito endividada. Tão endividada a ponto de receber o salário e este não dar nem para cobrir o saldo negativo no banco. Isso me indignava pelo motivo de ser professora de matemática e não saber usá-la a meu favor. Todas as contas que eu fazia não me ajudavam em nada. Por mais que eu trabalhasse não conseguia reverter o quadro. Então, comecei a pensar... Controlar a vida financeira é fácil. Basta controlar duas coisas. A primeira é a entrada de dinheiro. A segunda é a saída do mesmo. Não importa a quantidade de dinheiro que irá entrar se você não souber controlar a saída. Vou dar algumas dicas para quem quiser sair do vermelho.

Primeira dica: não faça empréstimos em bancos. Eles te dão corda para você se enforcar. Se você já fez o empréstimo e está em dia com as prestações, termine de pagar e não faça outro. Se você está em atraso com as prestações, renegocie. Fale com o banco. Faça um acordo que esteja dentro de suas possibilidades reais.

Segunda dica: se você não é organizado, não use cheques. Se for imprescindível usar cheques, evite os pré-datados. Se em último caso, você tiver realmente que usar o cheque pré-datado, preste bastante atenção ao valor e a data prevista para o cheque cair para que você não fique no negativo.

Terceira dica: cheque especial não é dinheiro seu. Cheque especial também é uma forma de empréstimo. Só use em ocasiões extremas e pague o quanto antes.

Quarta dica: tenha conta bancária em apenas um banco. Isso facilita o controle e diminui as taxas que você paga. Banco em dobro, taxas em dobro.

Quinta dica: tenha um único cartão de crédito. Lembre-se que tudo o que você comprar terá que pagar. Cada centavo comprado será pago.

Sexta dica: dê preferência para cartões de crédito que não cobrem anuidade.

Sétima dica: não compre por compulsão. Comprar alivia a tensão, as angústias e as decepções temporariamente. As contas, porém, levam muito tempo para serem pagas.

Oitava dica: evite compras a prazo. Pague tudo à vista e peça desconto. Se for necessário parcelar uma compra, faça na menor quantidade de parcelas possível e sempre dentro das suas possibilidades.

Nona dica: só faça uma compra depois que você terminar de pagar a anterior.

Décima dica: só compre o que realmente você precisa. Use as três palavras: necessito, preciso e quero. Pense. Há algumas coisas que necessitamos e não podemos viver sem. Exemplos: alimentos, remédios, água, luz, gás, aluguel, transporte. Há coisas que nós precisamos, mas podemos viver sem. Exemplos: salão de beleza, internet, celular, passeios de final de semana. E há coisas que são só para nosso capricho mesmo. Exemplo: o sapato da moda, a bolsa de marca, um celular novo. Essas coisas podem esperar. Se você já tem trinta blusas, pode viver sem uma blusa nova. Se você já tem trinta pares de sapatos, irá sobreviver sem o sapato da moda. Bonito é não ter dívidas.

Décima primeira dica: se você já tem dívidas no cartão de crédito, sempre pague o valor total da fatura. Os juros sobre os valores que ficam para a próxima fatura são muito altos. Caso contrário a dívida vira uma bola de neve.

Décima segunda dica: se você perdeu o controle do cartão de crédito, faça um empréstimo com juros menores do que o do cartão e quite a dívida.

Décima terceira dica: tenha sempre em mente o seu salário. Nunca gaste além desse valor. Esse é seu limite. Faça seu orçamento numa folha de papel. Escreva tudo o que você deve, para quem você deve e quando irá pagar. Destaque as dívidas de todos os meses, as chamadas despesas fixas.

Décima quarta dica: peça ajuda para alguém que entenda, mas não passe a responsabilidade de sua vida financeira para ninguém. Você foi responsável pela entrada do dinheiro, deve ser responsável também pela saída dele.

Algumas dessas dicas eu aprendi com a vida e ela ensina de uma forma muito dura. Outras, porém, aprendi assistindo a um programa chamado “Globo Repórter”. No programa que eu assisti, uma mulher ganhava salário mínimo, não tinha dívidas e tinha até computador. Eu, ao contrário dela tinha dívidas imensas e nem sonhava em comprar um computador. Era uma mulher de origem humilde e sabia controlar perfeitamente a vida financeira e eu com tantos diplomas não sabia controlar a minha. Então pensei: se ela pode, eu também posso. E fui aprendendo aos poucos, com acertos e erros e reverti minha situação. Aprendi a equilibrar a entrada e a saída de dinheiro. Hoje em dia estou no azul.

Educação financeira deveria ser ensinada nas escolas, mas isso não agradaria aos donos de bancos e financeiras. Eu aprendi errando, mas você pode fazer diferente. “Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros.”