SABER VIVER COM  SIMPLICIDADE!

Prof. Me. Ciro José Toaldo

 

Estimados leitores, nesse artigo pretendemos fazer uma análise de uma experiência que vivemos na semana que passou. Quando estávamos no seminário, o orientador espiritual enfatizava que deveríamos aprender com os outros as grandes lições da vida. Quem já não ouviu aquele velho jargão: a maior escola é a da vida! Realmente, nos últimos dias, ao realizarmos um levantamento da realidade de um bairro periférico em Naviraí, surpreende-nos o modo de viver daquelas pessoas.  Aliás, muitas vezes ficamos nos queixando, reclamando, pensando que somos as mais infelizes das criaturas e, imaginamos que até Deus se esquece de nós. Quando estivermos com esses pensamentos negativos em nossa mente, deveríamos sair de nosso casulo e ‘visitar’ algum bairro da periferia.

Infelizmente, existem muitos políticos que aparecem nesses bairros a cada quatro anos, nas eleição, atrás do famigerado voto. Não é pretensão desse artigo fazer uma reflexão a respeito das ações desse tipo de político. Quem vive apenas de ‘política de interesse’, vai disseminando a  politicagem e, essa atitude é muito maléfica. Mas, deixemos essa questão para outro artigo. Desejamos realmente destacar como as pessoas que vivem nos bairros periféricos, mesmo ganhando pouco e vivendo em casas simples, muitas com um ou  dois cômodos, conseguem criar um estilo de vida, com uma fantástica adequação para a realidade de suas vidas. A simplicidade de nosso povo, atrelada a sabedoria popular, leva-os a viver com padrões de qualidade que nos causam uma certa inveja. Isso sim, deveria servir como a grande lição para quem só leva a vida na loucura diária, corre-corre, atropelos e, principalmente, para aqueles que apenas ficam maldizendo o seu viver.

A mais de dois mil anos, na Galiléia, um jovem também ficou fascinado com as pessoas simples que muitas vezes eram excluídas da sociedade daquele tempo. Mas, na verdade, as pessoas  que vivem hoje, como dizem as estatísticas e os estudos demográficos, não estão nem aí para esse termo ‘exclusão’: as crianças com nove e dez anos que devem cuidar de seus ‘irmãos’ menores, pois os pais trabalham fora, elas não deixam de viver, mesmo cuidando da casa e de seus irmãos e elas vivem felizes. Não se sentem coitadinhas!

Queremos deixar claro que não é nossa pretensão justificar nada. Muito menos atacar ou então defender algum sistema sócio-político-econômico. Nossa finalidade é apenas enfatizamos que com o povo  humilde, precisamos aprender que grandes  prazeres da existência estão contidos junto as coisas mais simplicidade e singelas.

            Esse modo de viver  indaga nosso estilo de vida, principalmente questiona a forma que educamos nossos filhos. Vivemos no tempo da insegurança, do medo, da incertezas e nessa perspectiva nos enveredamos para a  ‘superproteção’ e para o completo ‘isolamento’. Nesse prisma, pouco importa a realidade do mundo; ganha valor apenas nossos ‘problemas’. Assim, o mundo real é aquele traçado por nossa cabeça. Portanto, vivemos num mundo irreal:  para nossos filhos o que vale é o vídeo-game; as conversas dos colegas da escola; os programas televisivos desde o da Xuxa até as ilusões dos cantores e atores. Essa é a triste constatação. Na sofisticação e ‘segurança’ do dito ‘mundo moderno’, os pais e os filhos não encontram o gosto nas coisas simples da vida. E, olha lá, muitos pais, nos seus idos tempo de infância, já tiveram o prazer de saborear as delícias do viver na simplicidade.

Oxalá possamos aprender, com as crianças e os adultos, que vivem sem as parafernálias e ditames da vida agitada e complexas dos centros das cidades, os deleites que vêem da vida simples: brincar na rua com os pés descalços, empinar pipa, correr e se esbaldar; conversar com os vizinhos sem a preocupação com o tempo; tomar um tereré (ou um chimarrão) num roda de amigos; atender uma visita sem desconfiança e falar sem preocupar-se com o sentido das palavras. Quem sabe que com essas pessoas iremos encontrar a grande terapia para sobreviver com as mazelas e complicações do agito do mundo moderno.