Em ruas largas, muito largas
Donde o horizonte se avista
Duas metades que ladeiam duas listras
Sepulcro de idéias vagas.

Templo mortífero de meros idiotas
Ninho de abutres poliglotas
Rampa que senda ofídica
Reino da sagrada perfídia.

Ruas largas e desertas
Aonde meus passos alcançam
Donde eu vejo a turba mansa
Cantar a hora e a vez do alerta.

Reino, que no afã, ignora
O avanço da fome em prelúdio
Ruas largas, onde o concílio mora,
Valas... valas em valas eflúvio.

Templos em volta do templo
Que o vento volta a marcar o tempo
Templos, tempo, tempo de nódoas
Marcas vivas da soberana horda.

Ruas largas, entrelaçadas
Quadras contadas em contos e versos
Morada eterna de rudes perversos
Eterna residência de fábulas malvadas.