Rosa

Era tão linda!

Um botão de rosa

E nas manhãs orvalhadas

Exalava seu perfume

Perturbava os olhares

Que curiosos esperavam

Vê La desabrochar.

Um dia

Um olhar foi contemplado

Abria se em flor

O espectador ficou encantado

Com tão formosa rosa,

Cheirosa,

Deslumbrante!

Em uma noite talvez...

Não se sabe ao certo quando

Colheram a sublime rosa

E a colocaram num vaso.

Inicialmente

A rosa ficou feliz

Em frente a uma janela

Avistava um horizonte inatingível...

Aos poucos

Seu perfume esvaía

Seu brilho ofuscava se

Suas pétalas foram murchando...

Com saudades do jardim

Onde diariamente era regrada

Por um esmerado jardineiro...

Vivendo naquela água parada

Aquele ar condicionado

E aqueles olhos...

Aquele olhar tão desprezível!

A rosa

Que já não era tão formosa

Desejava ao menos

Que a trocassem se lugar

Que a colocassem em outro vaso...

Ou a água renovassem.

E sem esperança

A rosa se despetalando

Debruçou se sobre o seu caule.

Não lhe restava auto-estima,

Sem sonhos, não olhava mais para a janela...

A mesma mão que a colheu

Jogou a pela sacada

Pensou a rosa “é meu fim!”

Chorando desconsolada.

Então...

Uma mão caridosa

Levantou com delicadeza

A rosa.

_“Que grande sorte eu tenho...

Encontrei uma espécie rara,

Da mais bela entre as rosas!”

E podou lhe as murchas pétalas...

E seu caule amarelado

Em um canteiro bem fofinho

Foi plantado...

E aos poucos renasciam

Verdes folhas bem viçosas

Todo dia era regrada

E em uma bela manhã orvalhada...

Nascia um lindo botão de rosa.

E a  Rosa

Que um dia fora botão,

Que cedo fora colhida,

Pela ilusão ou pelo destino,

Que murchou,

Que se feriu,

Que até pensou ser tarde demais...

Descobriu

Que dentro de si mesma

Existirá sempre mais um botão de rosa

Que precisa desabrochar,

Exalar seu perfume enquanto durar...

E que seu valor é sem igual

Para um sábio jardineiro!