RIO GRANDE DO SUL: UMA EXPLANAÇAO DAS CARACTERISTICAS DA CULTURA HISTÓRICAS DO GAUCHO

Sheila Lima de Souza¹


RESUMO
A partir de uma curiosidade de saber um pouco mais do estado do Rio grande do Sul, esta pesquisa buscou trazer alguns itens importantes para o conhecimento da cultura sul-rio-grandense. Esse tema remete a necessidade de conhecer e entender os fatores que integram o contexto cultural especifico deste estado que fica no extremo sul do Brasil. Este trabalho tem por objetivo examinar, a partir de algumas características culturais do gaúcho, como o vestuário, comidas típicas e história do CTG (centro de tradições gaúchas). O referencial teórico da pesquisa está situado no campo dos estudos da Antropologia e Cultura Brasileira, cujo conceito central é justamente os costumes deste povo. Sendo assim, buscou-se produzir um material que mostre algumas partes interessantes da cultura desse estado. Para isso, metodologia utilizada neste estudo apresenta uma reflexão sobre outros estudos, não havendo trabalho em campo, somente criação e pesquisa teórica com o auxílio da literária existente. Foi possível perceber durante a execução da pesquisa que a cultura deste estado é retrata de forma bem real e atual.

PALAVRAS-CHAVE: Cultura; Historia, Rio Grande do Sul

ABSTRACT
From a curiosity to know a little more of the great Rio do Sul state, this research sought to bring some important items for the knowledge of South Rio Grande culture. This theme refers to the need to know and understand the factors that make up the specific cultural context of this state which is in the extreme south of Brazil. This study aims to examine, from some cultural features of the gaucho, such as clothing, typical food and history of CTG (center of gaucho traditions). The theoretical framework of the research is in the field of anthropology studies and Brazilian Culture, whose central concept is precisely the customs of this people. Therefore, it sought to produce a material that shows some interesting parts of the culture of this state. For this, the methodology used in this study reflects on other studies, there is no work in the field, only creation and theoretical research with the help of the existing literature. It was revealed during the execution of the research that the culture of this state is portrays real and current form.

KEYWORDS: Culture, History, Rio Grande do Sul


1 INTRODUÇÃO

A partir de uma ideia de analisar os materiais já publicados e fazer uma abordagem mais simples voltado para a visão da antropologia, foi como nasceu esta pesquisa. Conhecer e produzir um material sobre o estado do Rio Grande do Sul, foi uma maneira encontrado para promover essa cultura tão envolvente e cheia de detalhes.
Com isso, esta pesquisa tem a intenção de fazer uma descrição simples de maneira clara de alguns fatores pertencentes da cultura sul-rio-grandense. Sendo assim, iremos descrever algumas considerações envolta de conceitos sobre a cultura gauchesca.
Então questiona se quais fatores culturais sobre os gaúchos e sobre o estado do Rio Grande do Sul são mais abordados na literatura?
Procurou-se trazer neste trabalho questões culturais e históricas, abordadas de maneira simples. Para que seja possível responder ao objetivo geral, foram destacados como objetivos específicos: (1) trazer conceitos para um melhor entendimento da cultura gaúcha; (2) descrever alguns aspectos culturais do Rio Grande do Sul; (3) verificar trechos da história do gaúcho para entender seus costumes e tradições.
Sendo assim, dentro do tema proposto, esta pesquisa possui como justificativa contribuir para novas pesquisas com a criação de um material que fale da cultura do Rio Grande do Sul, retratando alguns aspectos específicos do gaúcho.
Nesta pesquisa foi realizado uma verificação e analise da bibliografia relacionada ao tema abordado neste trabalho, o que conforme Lakatos e Marconi (2010, p.166), se classifica como pesquisa bibliográfica, pois “sua finalidade é colocar pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito, ou filmado sobre determinado assunto”, e tem como objetivo a consolidação das informações de cada abordagem sobre a cultura do RGS.
Portanto apresenta propriedades exploratória, por que procura levantar algumas características culturais gauchescas a partir de livros e de artigos publicados na internet. Assim, segundo aponta Gil (2010, p.27) as “pesquisas exploratórias são desenvolvidas como objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo”.
2 ANTROPOLOGIA

A Antropologia, em um conceito bem simplificado, está dividido em duas partes, anthropos quer dizer homem, e logos remete a estudo, então a soma de tudo significa o estudo dos homens, quer dizer ciência que estuda a humanidade no todo. O todo que no geral trata de características sociais, homem integrante de sociedades, humanas tratando da história, costumes, crenças e linguagens e por último natural que busca da evolução do homem (MARCONI; PRESOTTO, 2011).
Em suma a Antropologia é definida como o estudo do homem e de seus trabalhos abordando múltiplas áreas do ser humano em sociedade, assim como afirma o Linton (2000, p.12-13) que os “Como campos principais de estudo são as origens do homem, a classificações das suas variedades compreender a natureza da sociedade e da cultura”.
Contudo conforme Laplantine (2012), o estudo está dividido em cinco campos de atuação:
i. A antropologia biológica ou física busca entender as relações entre a geografia, a ecologia, a sociologia e a herança genética, procurando descrever a características biológica do homem no espaço e no tempo.
ii. A Antropologia pré-histórica desvenda a história do homem em sociedades antigas através de objetos que estão enterrados no solo. Esta modalidade está bem próxima da arqueologia.
iii. A Antropologia linguística estuda a linguagem com a qual o homem representa o que pensa, o que sente e repassa seus valores, procurando compreender a influência cultural integrada na linguagem utilizada na comunicação.
iv. A Antropologia psicológica é o “estudo dos processos e do funcionamento psiquismo humano”, essa modalidade se dá, pois, o antropólogo se depara primeiro com os indivíduos para depois sim vir a interagir a conjuntos sociais, esses que serão analisados.
v. Antropologia social e cultural (ou etnologia) observando suas características e suas formas de organização religiosa, política, econômica, jurídica, suas famílias, formas de educação, suas obras artísticas, enfim, fala sobre os itens que compõe uma sociedade.
Então, a Antropologia procura conhecer o homem e suas caracterizas físicas e culturais, pois como afirma Marconi e Presotto (2010, p.1) a antropologia tem como objetivo o “homem, suas manifestações culturais desenvolvimento da sociedade e cultura humana. Seu comportamento. Busca compreensão das manifestações culturais, do comportamento, e da vida social”.
A antropologia cultural que será abordada neste trabalho vai estudar o comportamento da cultura do Rio Grande do Sul, analisado em algumas dimensões, o folclore (alimentação, danças, datas comemorativas, vestuário ou indumentária, festivais).

3 ANTROPOLOGIA CULTURAL

Cultura é o conjunto de crenças, costumes, arte e todo conhecimento deixado de herança por gerações anteriores, e que quando adquirido passa a fazer parte vivencia em sociedade (LINTON, 2000)
A Antropologia cultural é a área mais ampla no conteúdo da antropologia. Estuda o homem como ser cultural, como agente ativo de cultura. Área que pesquisa as culturas humanas, suas diferenças e semelhanças, suas origens e continuidade. A análise está focada no conhecimento do movimento cultural humano oriundos pelo aprendizado, em todos os seus seguimentos (MARCONI, PRESOTTO, 2010, P.4-5).
O desenvolvimento dos indivíduos está diretamente ligado a antropologia cultural, que são reconhecer as culturas a qual fazem parte. Sendo assim, a cultura não deixa de ser o comportamento do grupo social, e olhando pela ótica do desenvolvimento humano o centro da discussão volta-se para a apresentação do comportamento individual dos membros desse grupo, assim como suas produções artísticas, artesanais, religiosas. Em resumo a cultura é composta pelos fatores de comportamentos, aprendizados, vivencias, característicos de um grupo humano ou de uma sociedade dada, e repassado aos membros do seu grupo, ou seja, seres humanos que fazem parte da mesma cultura, dando origem a sociedade a qual fazemos parte (LAPLANTINE,2012, p.119-121).


3.1 FOLCLORE, TRADIÇÃO E COSTUMES

Folclore são manifestações culturais espontâneas que surgem em uma população, como por exemplo as crenças populares, as superstições, as cantigas, as obras artísticas sendo assim, tudo o que surgiu de uma população e foi se fixando através das gerações (MOVIMEMTO TRADICIONALISTA GAÚCHO, 2016).
Tradição são recordações de fatos culturais de uma população, como os costumes, que são transmitidas de pais para filhos de em geração em geração. O gaúcho busca preservar o tradicionalismo através da vivência dos costumes, dos valores, dos hábitos, da cultura e da divulgação das tradições gaúchas (MOVIMEMTO TRADICIONALISTA GAÚCHO, 2016).
Costumes são normas de uma população que advém de práticas distendidas e constantes, efetuadas por todos os integrantes de um grupo social, o que resulta em princípios firmes, e com uma sensação de compromisso no seu cumprimento (KONFLANZ, 2013).
Tendo visto essas disposições, o Rio Grande do Sul está repleto de tradições e costumes, pois cultua o gauchismo, através de suas festas e festivais de danças, música nativista e rodeios. E confirmando a força do tradicionalismo gaúcho, muitas de suas festividades começaram a ganhar força, em função da quantidade de pessoas envolvidas na elaboração das festas e o grande número de visitantes de fora do estado (BRUM, 2013).

Figura 1 - Gaúcho

Fonte: Clickgratis²
Nesse contexto se inserem os concursos promovidos pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, passando a movimentar milhares de pessoas não apenas em suas datas comemorativas, como o mês farroupilha. Inúmeras de suas atividades começaram a adquirir formato de megaevento, exigindo estrutura hoteleira de grande porte, restaurantes e espaços que permitam acolher grande público (BRUM, 2013).
A cultura do rio grande sul está representada pela música regional, por alguns pratos típicos, pela indumentária e principalmente pelo CTG (Centro de Tradições Gaúchas) onde é cultuada as tradições do Rio Grande do Sul. O tradicionalismo gaúcho começa conhecendo os termos usados para denominar o homem nascido no estado RGS, é o gaúcho, e a mulher a gaúcha (ANTUNES, s. d.).
O CTG foi criado no ano de 1948 por um grupo de estudantes de um colégio estadual chamado Júlio de Castilhos, situado em Porto Alegre, capital do estado RGS. Foi criado com objetivo de zelar pela história, lendas, canções e costumes vivenciado no estado. Um grupo de rapazes, estudantes do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, com a finalidade de delimitaram regras, normas e práticas à serem vivenciadas, incentivadas, controladas e unificadas, acerca da tradição gauchesca, preservando a história, as lendas, as canções e os costumes, enfim as práticas regionais as quais formam das tradições do Rio Grande do Sul (OLIVEN, 2016).
Dentro da cultura gaúcha, o Movimento Tradicionalista (enquanto instituição) produziu e continua a produzir sentidos e significados em torno da identidade gaúcha. Através dessas práticas de culto ao tradicionalismo gaúcho, dentre as quais a comemoração da Semana Farroupilha é um exemplo importante, em torno da identidade cultural, a unidade do grupo (regional). Em Porto Alegre, o Parque da Harmonia se transforma em grande acampamento tradicionalista, com atividades diversas (OLIVEN, 2016).
Associada a essa figura está a ideia de nação gaúcha, existem diversas ocasiões de encenação – festas, eventos, rodeios, concursos – as Comemorações da Revolução Farroupilha são, sem sombra de dúvida, o seu ponto alto. Durante a Semana Farroupilha há festividades em todo o Estado: desfiles, fandangos, acampamentos, missas crioulas, preparo do chimarrão e do churrasco em locais públicos, entre outro. Nas escolas, alunos e alunas são incentivados a irem pilchados, e há toda uma mobilização em torno da data e do resgate do seu significado. Desta forma, segue à análise da construção da figura mítica do gaúcho, a qual é utilizada como referência quando se discute “a” identidade gaúcha. Associada ao mito do gaúcho está a ideia de nação gaúcha, a qual obteve, durante o período da Revolução Farroupilha, uma concretude cuja visibilidade se estende até os dias de hoje (OLIVEN, 2016).
Um outro símbolo gauchesco é a Chama Crioula, que foi criada em 1947 para simbolizar a Tradição Gaúcha. Liderando um grupo de rapazes que fundou o Departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil Júlio de Castilhos, foi pega uma centelha do Fogo Simbólico (da Semana da Pátria, em comemoração ao 7 de setembro). A Chama Crioula foi inventada para representar a cultura regional gaúcha, da mesma forma que o Fogo Simbólico representa a pátria, a nação. A Chama Crioula ganha notoriedade maior, no âmbito do tradicionalismo, na semana em que se comemora a Revolução Farroupilha. Dessa forma, é esse também um símbolo que quer representar significados materializados nos ideais de justiça e liberdade, entendidos pelo grupo como sendo o espírito encarnado dos heroicos farroupilhas. Significados de orgulho e de ideal dos gaúchos, de fraternidade e de busca de aproximação dos povos na convivência social, o que seria, da mesma forma, um aspecto de diferenciação desse grupo regional comparado a outros grupos regionais (ANTUNES, s. d.).
Podemos perceber algumas das características básicas presentes do gaúcho: a oscilação entre a rudeza e a gentileza, a coragem e a bravura, a prontidão para a peleia, o amor à terra, ao pago, tão citado hoje em dia no discurso tradicionalista, sendo todas essas características supostamente adquiridas pela influência do meio e transmitidas aos gaúchos de todas as épocas (FREITAS; 2007).
No período colonial o habitante do Rio Grande era chamado de guasca e depois de gaudério, este último termo possuindo um sentido pejorativo e referindo-se aos aventureiros paulistas que tinham sendo nosso objetivo neste. No final do século 18, eles são chamados de gaúchos, vocábulo que tem a mesma conotação pejorativa até meados do século 19, quando, com a organização da estância, passa a significar o peão e o guerreiro com um sentido encomiástico. O que ocorreu foi a transformação do termo, através da qual um tipo social que era considerado desviante e marginal foi apropriado, reelaborado e adquiriu um novo significado positivo sendo transformado em símbolo de identidade do Estado. As práticas e o discurso tradicionalistas buscam justamente estabelecer uma continuidade histórica, tentando fixar certos rituais e fazer com que os/as gaúchos/as se constituam como tal, valendo-se, para isso, das tradições, e do discurso que privilegia o passado e a memória que seria comum a todos/as (FREITAS; SILVEIRA, 2004).
Os CTG’s estão organizados em uma federação denominada MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho – e formam uma cadeia hierárquica administrativa que organiza e regulamenta todas as atividades do Movimento. Muitas pessoas contribuíram para que o MTG se tornasse uma organização reconhecida e respeitada. Nas atividades diárias, nos congressos e convenções, nos eventos de âmbito estadual, nos debates sobre a história, música, folclore, cavalgadas, fandangos, jovens, família, valores, princípios, crenças e tudo o mais que fascina os tradicionalistas, destacaram-se figuras importantes do movimento. No exterior há mais de 20 núcleos em que a cultura, a história e os costumes do Rio Grande são vivenciados diariamente (MOVIMEMTO TRADICIONALISTA GAÚCHO, 2016).
Podemos destacar também as competições artísticas como o Encontro de Artes e Tradição (ENART) que chega a congregar aproximadamente entorno de quatro mil competidores e setenta mil expectadores. O ENART é um festival que reuniu centenas de tradicionalistas e arte amadora da América Latina e reúne dezenas de CTGs em uma festiva competição de dança (BRUM, 2013).

3.3 CULINÁRIA GAÚCHA

A história da culinária do RGS vem de adaptações do meio e das maneiras de preparar a comida, receitas, utensílios empregados. No RGS alimentação sofreu a influência dos colonos de várias culturas do mundo, percebe-se a influência de pratos internacionais em especial nos restaurantes em área urbana. Para o estudo da cozinha gaúcha, devem-se considerar as particularidades regionais: a Praiana (à base de produtos do mar), a cozinha da Campanha e Missões (predominando as carnes), a da região dos Campos de Cima da Serra (onde o pinhão tem presença e o café com graspa sobrepõem-se ao chimarrão). O churrasco, assimilado por diversos grupos, é largamente apreciado reunindo pessoas em dias festivos. O arroz “carreteiro” aparece em quase todo o Estado.
A influência Indígena na cozinha gaúcha vem na utilização da mandioca (farinha, tapioca, beju, pirão, mingau); uso do milho (canjica, pamonha, pipoca, farinha). O Aproveitamento, de plantas nativas (abóbora, amendoin, cara, batata-doce, banana). Uso de bebidas estimulantes: mate e guaraná.
A contribuição Portuguesa vem da utilização das especiarias da Índia (cravo, canela, noz-moscada). Criou novos pratos, adaptou outros e conservou algumas receitas tradicionais (bacalhoada, caldo verde, pão-de-ló, sonhos, pães, compotas, marmeladas, frutas cristalizadas.
A participação da colônia Alemã está claro pelo wurst (lingüiça), chucrut (conserva de repolho), nudeln (massa), kles (bolinhos de farinha de trigo com batata cozida), conserva de rabanete, sopa com legumes e ovos, kas-schimier (ricota), kuchen (cuca), leb-kuchen (cuca de mel), mehldoss (doces de farinha de trigo), schimier (pasta de frutas), syrup (frutos cozidos com melado), weihmachts (bolachinhas), bolinhos de batata ralada, Das bier(cerveja), chop, Spritzbier (gengibirra).
Da colônia Italiana brodo (caldo de carne), carne Lessa (carne cozida n´agua), capeleti (massa com recheio de carne picada) o mesmo que Agnolini, menestra ou aminestra (sopa, canja), galeto a menarôsto ( frango no espeto), ravióli (massa com recheio), tortei (pastel cozido recheado com moranga ou abóbora), macarôn (massa), spagueti (massa cortada), fidelini (massa fina), polenta (angu de farinha de milho), risoto (arroz com galinha e queijo ralado), pera cruz (bolo fervido em calda de frutas), panetone (pão com frutas cristalizadas).
Os Açorianos, trazem a canja de galinha, feijão fervido (com legumes e carne), feijão mexido, “roupa velha” (sobras), pão de panela, biscoitos, “calça-virada”, pudim de laranja, ambrosia de laranja, “manjar celeste”, pudim de pão, mandolate, gemada com vinho, licor de vinho, vinho de laranja.
A influência luso-brasileira trouxe o pirão de água fria, fervido de suquete (osso buco), mocotó, bolo de aipim, melado com farinha de mandioca, roscas de polvilho, rosquetes, “negro deitado” (bolo de panela), bolo frito, sonhos, omelete de bananas, rapaduras (com diferentes misturas), pé-de-moleque, “puxa-puxa”, bebidas concertada (vinho com água e açúcar), queimadinha (queimar cachaça com açúcar), mate-doce, licores de vinho, de ovos, de butiá, de abacaxi, e outros.
Na região da campanha carnes (vacum, ovino), arroz “carreteiro”, espinhaço de ovelha ensopado, pão “catreiro” ou “de pedra” (aquecidos sobre pedra ou chapa quente), ambrosia de pão, doces de “panela” (marmelada, e em calda), e o chimarrão.
A culinária serrana carne assada, mocotó, charque com mandioca, paçoca de pinhão com carne assada, couve refogada, couve com farinha, sagu com vinho, doce de frutas (pêssego, figo, pêra), “chico balanceado” (doce de aipim), doce de batata doce, “Camargo” (café com apojo), quentão de vinho, café com graspa.
A culinária da região missioneira sopa de lentilhas, sopa de cevadinha, “gringa” (moranga) caramelada, pirão de farinha de milho, canja, couve com farofa, matambre com leite, fervido de espinhaço de ovelha com aipim. Canjica, guizado de milho, pão de borralho, geléia de mocotó, doce de jaraquatia, pêssego com arroz, tachadas (marmelo, pêssego, pêra), doce de laranja azeda cristalizada, gemada com leite, mate com leite (MOVIMEMTO TRADICIONALISTA GAÚCHO, 2016).
Na culinária gauchesca o chimarrão, se destaca entre os símbolos de representatividade da cultural gaúcha, representa a hospitalidade, simplicidade e cordialidade, assim como o churrasco (FREITAS; 2007).

Imagem 1 – O chimarrão e a chaleira

Fonte: www.google.com.br³

3.2 A ENDUMENTARIA RIO GRANDENSE

As roupas típicas deste estado se chama Pilcha, e quando o homem gaúcho está vestido com roupas típicas, pode se dizer que está pilchado. É tradição do RGS na semana Farroupilha (semana do 20 de setembro), homens mulheres e crianças circularem pela cidade com roupas tradicionais. A bombacha para o homem e o vestido de prenda para a mulher, são considerados trajes de honra e de uso preferencial para o Tradicionalismo Gaúcho, representariam a imagem atual do homem e da mulher gaúcha (ANTUNES, s. d.).

Imagem 2 – Casais em trajes típicos

Fonte: www.tumblr.com⁴

Algumas regras da pilcha vestida pelo gaúcho:

Peça Descriçao Vedado
Pilcha Masculina
BOMBACHA espécie de calça vedado plissadas e coloridas
CAMISA cores sóbrias, claras ou neutras, preferencialmente branca. Evitando cores agressivas e contrastantes. vedado o uso de camisas de cetim e estampadas
BOTAS material de couro liso, de cano longo que vai até o joelho, normalmente vedado o uso de botas brancas. Proibidos quaisquer tipos de bordados ou palavras escritas nas botas.
COLETE se usar paletó poderá dispensar o colete.
CINTO (GUAIACA) material de couro. vedado cinto com rastra (enfeite de metal com correntes na parte frontal)
CHAPÉU Material de feltro ou pelo de lebre. vedado o uso de boinas e bonés é proibido
LENÇO cores vermelho, branco, azul, verde, amarelo e carijó (nas cores citadas e ainda, marrom e cinza)
PALETÓ usado especialmente para ocasiões formais vedado o uso de túnicas militares substituindo o paletó
PALA poderá ser usado no ombro, meia-espalda, atado da direita para a esquerda, com todos os trajes
FACA o uso é opcional, para grupos adultos, veteranos e no ENART, nas apresentações artísticas vedado o uso nas atividades sociais, exceto apresentações artísticas
Fonte: www.mtg.org.br⁵

A Pilcha Gaúcha reproduz com elegância, a sobriedade da nossa indumentária histórica com autenticidade, conforme os ditames e as diretrizes traçadas pelo MTG (ANTUNES, s. d.).

Algumas informações sobre a pilcha usada pela gaúcha:

Peça Descriçao Vedado
Pilcha Feminina
SAIA saia com a barra no peito do pé, godê, meio-godê ou em panos vedado enfeites dourados, prateados, pinturas à óleo e purpurinas
BLUSA OU BATA mangas longas, três quartos ou até o cotovelodecote pequeno, sem expor os ombros e os seios, podendo ter gola ou não vedado o uso de “boca de sino” ou “morcego”, e enfeites dourados, prateados, pinturas à óleo e purpurinas
SAIA E CASAQUINHO tecidos lisos. Nas Blusas ou batas, mais encorpados este traje não é autorizado para as categorias mirim e juvenil
VESTIDO devem ser harmoniosas, sóbrias ou neutras, evitando-se contrastes chocantes vedado a preta e as cores da bandeira do Brasil e do RS (combinações)
SAPATOS e BOTINHAS cores preta, marrom (vários tons de marrom) e bege, Salto de até 5 centímetros vedado o uso de sandálias e sapatos abertos
CABELOS arrumação podem ser soltos, presos, semi-presos ou em tranças, com flores naturais vetados os brilhos, purpurinas e peças de plástico. Para prendas adultas e veteranas é permitido o coque
MAQUIAGEM discreta, de acordo com a idade e o momento social
JÓIAS são permitidas as jóias e semi-jóias com uso de pérolas, nas cores branco, rosado, creme e champanhe, nos brincos, anéis e camafeus
Fonte: www.mtg.org.br⁶

A indumentária é um símbolo oficial que representa muito bem a identidade cultural do povo gaúcho, que movimenta e impulsiona o artesanato na produção de trajes típicos, calçados, acessórios como chapéus, cintos e indumentárias em geral (KONFLANZ, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa pretendeu abordar, de forma muito objetiva, as principais características da cultura gaúcha encontradas na literatura. Para alcançar este objetivo, optou-se por uma estruturar enxuta trazendo os componentes típicos deste estado. O resultado obtido atingiu os requisitos de objetividade e de pequena dimensão que almejava alcançar. Sendo assim, após esta pesquisa, fica a convicção de que o RGS tem uma cultura real e com diversas influencias exercidas por seus imigrantes, vindos de diversas partes do mundo, e que se mantem viva junto com o orgulho desse povo.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Luis Orestes Pacheco. Identidade Cultural Gaúcha: Produzindo significados Gauchesco. RS: Ed. da UFRGS, [s. d.].

BAQUERO, Marcello, et al. Diversidade étnica e identidade gaúcha. Santa Cruz do Sul, RS: Ed. da UNISC, 1994.

BRUM, Ceres Karam. Em Busca de um Novo Horizonte: O Encontro de Artes e Tradição Gaúcha e a Universalização do Tradicionalismo. Santa Maria, RS: Ed. da PUC-RS, 2013.

FREITAS, Leticia Fonseca Richthofen de; SILVEIRA, Rosa Maria Hessel. A Figura do Gaúcho e a Identidade Cultural Latino-Americana. RS: Ed. da UFRGS, 2004.

FREITAS, Leticia Fonseca Richthofen de. A Sala de Aula como um Espaço de constitui a Identidade Gaúcha. RS: Ed. da UFRGS, 2007.

KONFLANZ, Celso. A Moderna Tradição Gaúcha. RS: Ed. da PUC-RS, 2013.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.

LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à antropologia. 12.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010

MOVIEMTO TRADICIONALISTA GAÚCHO (MTG). Disponível em:
http://www.mtg.org.br/fol_gastronomia.php. Acesso em: 27 de janeiro de 2016.

OLIVEN, Ruben George. Em Busca do Tempo Perdido: o movimento tradicionalista gaúcho. Disponível em:
http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_15/rbcs15_03.htm. Acesso em: 27 de janeiro de 2016.