Onde o rio era doce, hoje eu só vejo tanta amargura

Peixe, pássaro, cão e gado cobertos de lama escura

Progresso que mata sem dó, onde a mata seria melhor

Dinheiro não compra sonhos, pois todos tem uma vida só


Pena minhas lágrimas serem só pingos, não fazem encher o rio

A tenebrosa lama espessa, assusta, de medo até o olhar desvio

É triste ver gente e bicho perderem o lugar onde sempre viveram

Nem nos "tempos de Noé", creio que tantas vidinhas pereceram

Dizem que a poesia, quando bonita, é chamada de arte

E quando dá voz a quem não fala? Ela faz a sua parte? 

Choro a lama dos pobres bichos, que desfrutavam sua paz

Vejo a ganância dos homens atrás de lucrar muito e ainda mais

Destrói, em poucos minutos, o que em milhões a natureza constrói

Multam, mas dinheiro não ressuscita e não têm banco, os animais...