UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MORFOLOGIA HUMANA

ARI FREITAS BARROSO

REVISÃO DA MAMA HUMANA FEMININA EM ESTADO NORMAL E PATOLÓGICO COM ÊNFASE EM NEOPLASIA MALIGNA

Revisão bibliográfica apresentada ao ProgramadePós-graduação em Morfologia Humana da Universidade Federal do Amazonas, como requisito para obtenção do título de Especialista em Morfologia Humana.

Orientador: Profº Dr. José Fernando Marques Barcellos

Co-orientadora: Profª MSc Ana Lúcia Basílio Carneiro

MANAUS

2005

RESUMO

As mamas são anexos da pele, pois seu parênquima é formado de glândulas cutâneas modificadas. Apesar de existirem nos dois sexos, elas só se desenvolvem e funcionam no sexo feminino, existindo variações anatômicas que justificam determinadas exceções. O câncer de mama é a neoplasia maligna mais freqüente na mulher brasileira, ele começa quando uma célula irregular se divide, perde o controle de seu mecanismo de crescimento e começa a proliferar. Em pouco tempo, sobrepujam o tecido sadio circundante, transformando um órgão sadio em órgão doente. Com o intuito de investigar a incidência desta patologia no Amazonas e na Capital Manaus desta neoplasia maligna tão freqüente entre as mulheres devido a vários fatores genéticos e externos, foi realizado um levantamento dos casos de câncer de mama ocorridos nos anos de 2000 a 2003 e estimativas para o ano de 2005. Informações estatísticas atuais mostram que 70% dos casos são diagnosticados hoje na fase inicial e que as chances de cura chegam a 90%. No Estado do Amazonas do total de 214 casos de câncer de mama, 118 fazem a mastectomia (retirada total do seio) como forma de tratamento. Mesmo com a existência de um grande número de programas de controle do câncer de mama, associados a uma tecnologia eficaz na prevenção e na detecção desta, não tem sido registrado uma queda na incidência. Ter um câncer de mama não significa uma morte anunciada, já está disponível no mercado conhecimentos suficiente para salvar mais de 90% das pacientes. Tudo depende do diagnóstico precoce, a chave para a cura do tumor.

INTRODUÇÃO

Acredita-se que a mama tenha se originado, mais provavelmente, da modificação evolutiva de uma ou mais glândulas da pele, amplamente distribuídas pela superfície dos mamíferos (ARCOVERDE, 2004).

As mamas são duas formações simétricas em relação a linha mediana, estão presentes tanto no homem quanto na mulher, com a mesma origem embrionária e desenvolvimento pubertário  (LATARJET e LIARD, 1993).

A mama consiste de tecido epitelial glandular, de tecido fibroso de conexão de seus lobos, e de tecido gorduroso no intervalo entre os lobos que estão em número de 15 a 20 (GRAY, 1977).

Apesar de existirem nos dois sexos, elas só se desenvolvem e funcionam no sexo feminino, após a puberdade. Apresentando-se muito rudimentares no homem, reduzindo-se a um pequeno disco de tecido glandular, apenas a aréola e a papila mamária são comparáveis as da mulher (LATARJET e LIARD, 1993).

Elas variam em forma e em tamanho de acordo com a raça, a idade, o sexo e o estado funcional. Sua consistência é firme e elástica na mulher jovem, nulípara, mole e flácida na mulher idosa (LATARJET e LIARD, 1993).

Tão importante quanto o conhecimento morfológico nesta revisão da mama humana feminina, deve-se reconhecer que as patologias são freqüentes e de fundamental interesse para esse ramo da morfologia no que diz respeito a diagnóstico precoce, tratamento e possível cura das neoplasias malignas.

O termo câncer ou neoplasia maligna, descreve uma classe de doenças caracterizadas pelo crescimento descontrolado de células aberrantes. Os cânceres em si, matam pela invasão destrutiva de órgão normais por extensão direta e disseminação para pontos distantes através do sangue, da linfa ou das superfícies serosas. Todos os cânceres invadem ou metastatizam, mas cada tipo específico tem características biológicas e clínicas singulares que precisam ser avaliadas para o apropriado diagnóstico, tratamento e estudo (BENNETT e PLUM,1997; COTRAN, 2005).

O câncer de mama é a neoplasia mais freqüente na mulher brasileira, atingindo-a preferencialmente após os 40 anos de idade, embora nos últimos anos tenha se observado um fenômeno em nível mundial, ainda inexplicado, que é o aumento sensível de sua incidência em faixas etárias mais jovens (FREITAS et al,1997).

Os nódulos não palpáveis podem ser detectados por meio de mamografias e ultrassonografias. Estima-se que 10% deles tem causa genética e os outros 90% são desenvolvidos por conta dos vários fatores normalmente associados ao câncer de mama: alimentação inadequada, fumo, álcool, estresse, entre outros (SABRINA- A CRÍTICA, 2005).

A incidência de neoplasia mamária ainda vem aumentando nos últimos anos, embora a população esteja mais consciente no dever de diagnosticar e tratar esta patologia. Inúmeros tratamentos que vão desde a mastectomia profilática, mamotomia e a medicina genética são recursos utilizados na cura desta patologia (NEIVA - VEJA, 2005).

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 A EVOLUÇÃO DA MAMA HUMANA

A mama acredita-se que tenha se originado, mais provavelmente, da modificação evolutiva de uma ou mais glândulas da pele, distribuídas pela superfície corpórea dos mamíferos. A homologia mais próxima parece ser com glândula sudorípara que secreta líquido opalescente, e cujos componentes atuam como feromônios, importantes na atração sexual. A região onde as glândulas mamárias aparecem (superfície abdominal e peitoral ventral bilateral), equivalem à região usada pelos répteis para chocar (ARCOVERDE, 2004).

Essas áreas, abundantemente irrigadas, favoreceriam, pelo posterior desenvolvimento da camada de pêlos o crescimento de glândulas associadas. A transformação de répteis em mamíferos não foi repentina, mas os répteis ancestrais dos mamíferos, terapsídeos, possuíam pêlos. A emergência da lactação exigiu mais do que o órgão secretor de leite foi necessário também comportamento instintivo de sucção pelo recém-nascido (ARCOVERDE, 2004).

Presume que fêmeas de répteis ancestrais vivendo em clima quente e seco, mergulhavam periodicamente na água para refrescar os ovos com o corpo molhado. Após a eclosão, o filhote saciava a sede sugando o pêlo molhado da mãe, resposta comportamental que se tornou instintiva. Assim o comportamento de sucção precedeu o surgimento da glândula mamária e foi capaz de usá-la quando ela surgiu. Supõe-se que por seleção natural as mudanças na composição da secreção das glândulas da pele resultaram no leite (MUKHERJEE e SINHA, 1965).

O primeiro indício na formação de glândulas mamárias é um espessamento nastriforme da epiderme, a linha ou crista mamária, que na sétima semana se estende da base do membro superior à do inferior de cada lado. A maior parte da linha desaparece logo após a sua formação, exceto um pequeno segmento na região peitoral; esse segmento, sob a forma de 16 a 24 brotos epiteliais, aprofunda-se no mesênquima subjacente (MOORE e PERSAUD, 2000).

Cada broto de mama primário logo dá origem a vários brotos secundários que se transformam em ductos lactíferos e suas ramificações. A canalização desses brotos para formar ductos é induzida pelos hormônios sexuais placentários que penetram na circulação fetal (MOORE e PERSAUD, 2000).

A glândula mamária no adulto é, pois, realmente resultante da associação de 20 glândulas iniciais, cada uma com o seu ducto próprio (MOORE e PERSAUD, 2000).

Durante o período fetal tardio, a epiderme, no local de origem da glândula mamária, sofre uma depressão, formando a fosseta mamária. Os mamilos são pouco desenvolvidos e deprimidos nos neonatos. Logo após o nascimento, em geral os mamilos brotam das fossetas mamárias devido à proliferação dos tecidos conjuntivos em volta da aréola, que é a área circular da pele em volta do mamilo. As fibras de músculo liso do mamilo e aréola diferenciam-se a partir das células do mesênquima circundante (MOORE e PERSAUD, 2000) (Figura 01).


 

1.2 ANATOMIA E HISTOLOGIA DA MAMA

Homens e mulheres possuem mamas; normalmente as glândulas mamárias são bem desenvolvidas apenas nas mulheres. As glândulas mamárias estão localizadas no tecido subcutâneo da parede torácica anterior. Na maior proeminência da mama está a papila mamária, circundada por uma área de pele circular pigmentada – a aréola. Cada uma das 20 glândulas iniciais (lobos) é drenada por um ducto lactífero, que se abre na papila mamária. Profundamente à aréola, cada ducto possui uma porção dilatada, um seio lactífero. A base da mama feminina, aproximadamente circular, estende-se, transversalmente, da margem lateral do esterno até a linha axilar média – uma linha vertical que cruza um ponto a meio caminho entre as pregas axilares anterior e posterior; verticalmente, da 2ª a 6ª costela (LOPES FARIAS, 1999; NETTER, 2003; MOORE e AGUR, 2004) (Figura 02).

As mamas são as características de superfície mais proeminentes da parede torácica anterior, especialmente nas mulheres. Suas faces superiores planas não apresentam demarcação acentuada a partir da face anterior da parede torácica. Entretanto, lateralmente e inferiormente, suas margens são bem definidas. A área (clivagem) na linha mediana anterior – o sulco intermamário – está entre as mamas. A papila mamária, na linha medioclavicular, é circundada por uma área circular pigmentada e ligeiramente elevada - a aréola. Sua cor varia com a compleição da mulher (Figura 02). Torna-se escura durante a gravidez e conserva sua pigmentação escura depois disso (NETTER, 2003; MOORE e AGUR, 2004).

Uma parte pequena da glândula mamária pode estender-se ao longo da margem ínfero-lateral do músculo peitoral maior até a axila, formando um processo axilar da mama (cauda de Spense). Dois terços da mama repousam sobre a fáscia peitoral que cobre o músculo peitoral maior. O outro terço repousa na fáscia que reveste o músculo serrátil anterior. Entre a mama e a fáscia peitoral está um espaço ou plano potencial de tecido conectivo frouxo – o espaço retromamário (bolsa). Este plano, contendo uma pequena quantidade de gordura, permite à mama um certo grau de movimento da fáscia peitoral (GRAY, 1977; NETTER, 2003 ; MOORE e AGUR, 2004).

A glândula mamária está firmemente fixada na derme da pele suprajacente por ligamentos subcutâneos (retináculos da pele) – os ligamentos suspensores (de Cooper). Estes ligamentos, especialmente bem desenvolvidos na parte superior da glândula, ajudam a sustentar os lóbulos da glândula. Durante a puberdade (dos 8 aos 15 anos), as mamas normalmente crescem em razão do desenvolvimento glandular e da deposição aumentada de gordura. As aréolas e papilas mamárias também aumentam. O tamanho e formato da mama são resultantes de fatores genéticos, raciais e alimentares. Um desenvolvimento ulterior das mamas ocorre também em associação com a gravidez (MORRE e AGUR, 2004).

No estudo anatômico da mama, o papel da mamografia e da ultrassonografia é detectar possíveis alterações no órgão como um tumor. O progresso em técnicas da imagem latente trouxe uma solução ao problema do diagnóstico adiantado do câncer de mama (MACIEJEWSKI et al., 2003).

Na década de 80, não importava o tamanho do tumor, a cirurgia para sua retirada implicava a extirpação total da mama, isto é, fazia-se a remoção de todos os gânglios linfáticos e dos músculos peitorais. Era uma cirurgia drástica, de resultados desfigurantes, pois as estruturas retiradas e exploradas implicavam na total perca do órgão. Duas décadas depois, tumores de até 3 centímetros de diâmetros são eliminados numa operação chamada quadrantectomia, na qual se extrai apenas um quarto da mama segundo (SABRINA - VEJA, 2005). A Experiência é, sem dúvida, bem menos traumática, devido a mama ser um órgão que representa a femilinidade (BARBOSA - GERAÇÃO SAÚDE, 2005).







As dimensões da mama são variáveis e não tem relação com a altura da mulher. Na mulher adulta, mede de 10 a 11 cm de altura, 12 a 13cm de largura e 5 a 6 cm de espessura, existindo contudo, muitas variações, como a que ocorre na hipertrofia menstrual. A diferença no volume de ambas as mamas da mesma mulher é um achado freqüente (LATARJET e LIARD, 1993).

Embora os tecidos especializados em nosso organismo difira de várias maneiras, todos apresentam certas necessidades básicas, normalmente proporcionada por uma mistura de tipos celulares (ALBERTS, et al, 1999)

As glândulas mamárias, que formam o principal componente das duas mamas femininas, são glândulas tubuloacinosas compostas, constituídas por 15 a 25 lobos. Estes lobos estão separados entre si por tecido conjuntivo denso e tecido adiposos. Cada lobo está dividido em um número variável de lóbulos por tecido conjuntivo denso.Os lóbulos contem os ácino secretores e seus ductos, envolvidos por tecido conjuntivo celular, especializado, intralobular.Um sistema de ductos drena o tecido glandular. Os ductos intralobulares, que drenam os ácinos, unem-se formando 15-25 ductos lactíferos, que se abrem na ponta do mamilo. Os ductos intralobulares são formados por epitélio cubóide simples, eos interlobulares e lactíferos são revestidos por epitélio cubóide estratificado (principalmente em camada dupla). Pouco antes de se abrirem na superfície do mamilo, os ductos lactíferos se dilatam formando os seios lactíferos, que são revestidos por epitélio pavimentoso estratificado contínuo com a epiderme do mamilo (ZHANG, 1999).

O mamilo e a aréola (a pele em torno do mamilo) são cobertos por epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, de cor castanha-clara, ou escura, por causa da forte pigmentação local, que aumenta durante a gravidez.A derme do mamilo e da aréola se caracteriza pela presença de numerosas fibras musculares lisas, dispostas circularmente. Glândulas sebáceas, sudoríparas, écrinas e apócrinas também podem ser encontradas na derme. Além disto, o mamilo é rico em terminações nervosas sensitivas (ZHANG, 1999) (Fogura 03).


Após o término da lactação, a maioria dos ácinos glandulares degenera e a glândula retorna a seu estado de repouso. Depois da menopausa, a glândula involui, o que inclui atrofia da porção secretora enquanto o tecido conjuntivo se torna mais denso (ZHANG, 1999).

1.3 VARIAÇÕES ANATÔMICAS DA MAMA

A mama varia segundo a espécie animal, de 6 a 7 pares. No ser humano, são duas, mas existem variações numéricas, a maior ou a menor mamas supra-numerárias podem existir, sendo representadas simplesmente por papilas mamárias (politelia) ou por mamas verdadeiras (polimastia), que podem ser mais ou menos rudimentares (LATARJET e LIARD, 1993).

As variações raciais podem ser devidas a influências genéticas que causam predomínio de forma – discóides, hemisféricas, piriformes ou cônicas e tamanho, a direita é em geral maior e tem localização mais baixa. Por outro lado, elas podem ser devidas a práticas intencionais do lugar onde se mora e da cultura que compartilha (ambiente), tais como: supressão do desenvolvimento por uso de corpetes muito apertados na adolescência, ou desmesuradamente alongados por manipulações com o fim de amamentar crianças presas as costas e até mesmo o uso de cirurgias para a diminuição ou aumento da mama utilizando-se próteses (ALVES, 1962).

1.4 PATOLOGIASDA MAMA HUMANA

Entre os processos patológicos da mama, observam-se: ginecomastia no homem, neoplasia e carcinoma da mama, podendo ocorrer em ambos os sexos (LOPES FARIAS, 1999; COTRAN, 2005).

Do ponto de vista clínico, as lesões geralmente se apresentam como nódulos, cujo diagnóstico diferencial deve estar entre processos hiperplásicos e neoplásicos benignos ou malignos, por serem raras as inflamações. Quanto à localização das lesões, a maioria surge no quadrante superior externo da mama porque a maior parte do parênquima mamário está aí localizada (LOPES FARIAS, 1999).

No no sexo masculino oaumentodamama(ginecomastia)pode estar associado afatores externos como: álcool, maconha, heroína e alguns agentes psicoativos, isto é, o uso de cremes ou loções contendo estrógenos, bem como de medicamentos hormonais ou a ingestão de alimentos contaminados. Algumas drogas como a clorpromazina, os digitálicos, a reserpina, os fenotiazídicos, os mepobramatos, também podem ser responsáveis, talvez por interferência ao nível hipotalâmico (HEGG, 1993 e LOPES FARIAS, 1999).

Os hermafroditas verdadeiro podem apresentar manifestações de atividade estrogênica com conseqüente crescimento de mamas. Também no pseudo-hermafroditismo masculino incompleto observa-se acentuada ginecomastia (QUAGLIA, 1980).

1.4.1 NEOPLASIAS

Os cânceres são o produto de mutações que liberam as células dos controles normais de proliferação e sobrevivência celular. Uma célula no corpo sofre mutações por meio de uma série de acidentes ocasionais, e adquire acapacidade de se proliferar sem as restrições normais. A progênie desta célula herda as mutações e origina um tumor com capacidade ilimitada de crescimento (ALBERTS, et al., 1999).

Os tumores benignos crescem até um determinado tamanho e param, enquanto que o tumores malignos crescem descontroladamente, invadindo as células normais à sua volta. As células malignas podem também cair na circulação e chegar a outros locais do corpo, distantes do tumor inicial. Esse processo é chamado de metástase (COTRAN, 2005) (Figura 04).

NEOPLASIA BENIGNA DA MAMA

O fibroadenoma é o tumor benigno mais comum da mama, composto de glândulas e tecido fibroso. Ocorre em qualquer idade, porém, é muito mais freqüente entre 21 e 30 anos. Seu crescimento é relacionado ao estrógeno ou à hipersensibilidade individual aos níveis do estrógeno, pois há parada do crescimento ou involução, na época da menopausa (LOPES FARIAS, 1999; COTRAN, 2005).

O aspecto macroscópico típico do fibroadenoma é característico: o nódulo arredondado único ou múltiplo, bem delimitado, móvel, mais freqüentemente localizado no quadrante superior externo da mama. Tem consistência dura, pelo componente fibroso, cor branca e o volume médio de 3,5 cm, embora sejam descritos casos de até 15 cm de diâmetro, os fibroadenomas gigantes. Microscópicamente, há uma combinação variada dos componente glandular e fibroso, predominando este último (LOPES FARIAS, 1999; COTRAN, 2005).

NEOPLASIA MALIGNA DA MAMA

O carcinoma mamário é a neoplasia maligna mais freqüente e agressiva, ocorre em qualquer idade, porém é raro antes de 25 anos, estando o pico de incidência ao redor dos 50 anos. Frente a um nódulo de mama, quanto mais idosa for a mulher, maior a possibilidade de ser neoplasia maligna (LOPES FARIAS, 1999).

As células neoplásicas podem invadir os vasos sangüíneos e linfáticos, sendo transportada, através do organismo, até que alcancem uma área em que não possam mais progredir. Neste ponto, assentam-se, um novo tumor. A metástase, a propagação do câncer de sua localização original para outras partes do organismo, é a característica mais destrutiva da doença (UNIFESP, 2005) (Figuras 04, 05).


O câncer de mama pode originar-se nos ductos de tamanho intermediário ou nos ductos terminais e nos lóbulos. Na maioria dos casos, o diagnóstico de carcinoma lobular e intraductal baseia-se mais no aspecto histológico que no local de origem. O câncer pode ser invasivo (carcinoma ductal infiltrante, carcinoma lobular infiltrante) ou in situ (carcinoma ductal in situ ou carcinoma lobular insitu). Os subtipos morfológicos do carcinoma ductal invasivo podem ser descritos como cirroso, tubular, medular e mucinoso. Aproximadamente 70 a 80% dos casos são classificados como carcinoma ductal invasivo sem tipo histológico especial (FREITAS et al., 1997. BEREK et al., 1998 e LOPES FARIAS, 1999; COTRAN, 2005).

Quando atinge o limiar de detecção clínica, em torno de 1 cm, o tumor apresenta uma massa celular de aproximadamente 109 células e pesa cerca de 1g, tendo duplicado 30 vezes em média, com um tempo médio de duplicação que varia de 30 a 200 dias. Desse modo, uma neoplasia considerada clinicamente precoce já existindo em fase pré-clínica por um período de 2 a 17 anos, tendo evoluído ¾ de sua vida biológica antes de causar a morte no hospedeiro (BENNETT e PLUM, 1997; FREITAS et al., 1997; COTRAN, 2005).

Devido à longa fase pré-clínica de crescimento do tumor e à tendência das lesões infiltrantes metastizarem precocemente, muitos clínicos consideram o câncer de mama como uma doença sistêmica já no momento do diagnóstico. A observação das taxas de cura e sobrevida aos 10 anos, tem demonstrado que o potencial metástico, muitas vezes, já se manifestou antes do diagnóstico clínico. Embora células cancerosas possam ser liberadas do tumor antes do diagnóstico, variações na capacidade do tumor de crescer em outros órgãos e a resposta do hospedeiro ao tumor podem inibir a disseminação da doença (BENNETT e PLUM, 1997. FREITAS et al., 1997. BEREK et al., 1998 e COTRAN, 2005).

Quando o tumor atinge uma faixa clinicamente evidente, dependendo do tumor, ele tende a crescer cada vez mais devagar com o aumento de tamanho. Esta desaceleração provavelmente ocorre porque o crescimento prejudica seu suprimento de sangue. A evolução do tumor depende do equilíbrio dinâmico entre a s forças de propagação tumoral e da resistência do hospedeiro (BENNETT e PLUM, 1997; FREITAS et al., 1997. BEREK et al., 1998 e COTRAN, 2005).




1.5FATORES IMPORTANTES NA INCIDÊNCIA E INDUÇÃO DE CÂNCER DE MAMA

Vários defeitos genéticos que afetam as quebras e o reparo cromossômico (protooncogeneses e genes supressores tumorais), bem como a falta de vigilância imunológica na presença de carcinógenos ambientais, provavelmente produzem neoplásias. Fatores genéticos adicionais aos carcinógenos ambientais estão relacionadosao metabolismo anormal de agentes ambientais carcinógenos (LOPES FARIAS, 1999; MOTULSKY, 2000 e COTRAN, 2005).

Os fatores hormonais aumentam entre as mulheres que começaram a menstruar mais cedo e que tiveram o primeiro filho acima dos 30 anos e os fatores ambientais sendo a mama uma das partes mais radiossensíveis do corpo, as mulheres expostas à radiação ionizante correm um risco maior de contrair o câncer (COTRAN, 2005; BARBOSA - GERAÇÃO SAÚDE, 2005).

Alguns estudos demonstram ainda que outros fatores, não como causa, mas como indutores do da neoplasia, tais como: consumo de gordura, prolongada estimulação hormonal, estresse extremo ou prolongado que reduz as defesas no sistema imunológico (COTRAN, 2005; BARBOSA - GERAÇÃO SAÚDE, 2005).

2.MATERIAL E MÉTODO

Foi feito uma revisão bibliográfica utilizando-se livros, revistas, internet, artigos e jornais, levando em consideração itens como a evolução, anatomia e histologia normal e patológica da mama humana feminina com alguns pontos da mama humana masculina.

De forma corroborativa, foram utilizados dados estatísticos da incidência de neoplasia maligna da mama feminina obtidos no Instituto do Câncer (INCA), no período de 2000 à 2003, na cidade de Manaus - AM.

3. SÍNTESE DOS RESULTADOS E COMENTÁRIOS DA DISTRIBUIÇÃO DOSCASOS DE NEOPLASIA MALIGNA MAMÁRIANO PERÍODO DE 2000 A 2003.

A distribuição da incidência e da mortalidade por neoplasia é de fundamental importância para o conhecimento epidemiológico, desde os aspectos etiológicos até os fatores prognósticos envolvidos em cada tipo específico de neoplasia maligna, podendo gerar hipóteses causais e avaliar os avanços científicos em relação às possibilidades de prevenção e cura bem como a resolutividade da atenção à saúde (INCA, 2005).

Em termos de saúde, o estabelecimento de medidas efetivas de controle são tomados com base em informações de qualidade sobre a ocorrência de neoplasias malignas de mamaManaus - AM no período de 2000 a 2003. Considerando-se que a neoplasia maligna da mama feminina é um dos casos de melhor prognóstico e freqüência, é levado em consideração, as incidências e estimativas referentes as datas estipuladas neste trabalho (INCA, 2005).

A mortalidade tem sido uma fonte essencial para compreensão do perfil epidemiológico das populações. No entanto, utilizar apenas as informações sobre óbito para o conhecimento da ocorrência de neoplasias malignas não permite o entendimento real da magnitude do problema, visto que, existem diferenças entre os vários tipos de cânceres em função da letalidade e sobrevida (INCA, 2005).

Como exposto, o acesso a informação sobre incidência é fundamental para definir o papel de fatores de risco e estabelecer prioridades na prevenção, planejamento e gerenciamento dos serviços de Saúde. Apesar de no Brasil existirem órgãos de divulgação oficial de dados, não se possui um registro de câncer nacional, e portanto não é possível conhecer o número de casos novos de câncer que são diagnosticados a cada ano na sua totalidade (INCA, 2005).

Observa-se que do período de 2000 a 2003 os índices de casos novos de neoplasia maligna da mama feminina aumentaram paulatinamente tanto no Estado do Amazonas como na capital Manaus (Gráfico 01).

A estimativa para o ano de 2005 das taxas brutas de incidência de neoplasia maligna da mama feminina na cidade de Manaus são em torno de 260 casos novos e 31,78 a taxa bruta. Para o Estado do Amazonas como um todo, são de 280 casos novos e 17,55 a taxa bruta (Gráfico 02).

Em demanda dos dados apresentados serem copilativos, os sites de divulgação apresentam apenas os dados do período de 2000 a 2003 e as estimativas de neoplasias malignas para 2005 (Gráfico 02). O período de 2004 encontra-se ainda em processo de tabulação dos dados para posterior liberação oficial.






4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o primeiro entre as mulheres (INCA, 2005).

A incidência por câncer de mama feminina apresentou um crescimento contínuo nos últimos anos, o que pode ser resultado de mudanças sócio-demográficas e acessibilidade aos serviços de saúde. Seu prognóstico é relativamente bom se diagnósticado nos estágios iniciais (INCA, 2005; BARBOSA - GERAÇÃO SAÚDE, 2005; NEIVA - VEJA, 2005).Não existem medidas práticas específicas de prevenção primária do câncer de mama aplicável à população, embora estudos observacionais tenham sugerido que a prevenção do tabagismo, alcoolismo, obesidade e sedentarismo reduzam o risco de câncer de mama. Tal fato pôde ser também observado para a cidade de Manaus e o Estado do Amazonas, inclusive nas estimativas para o ano de 2005 onde é nítido um aumento nas incidências do câncer de mama e que deve ter aumentado ainda mais em 2005 em si.

Tal fato é explicado e corroborado pela melhoria nos meios de divulgação de doenças de planos de ação conjuntas do Governo e melhora também no campo de diagnóstico e tratamento (INCA, 2005; BARBOSA, GERAÇÃO SAÚDE, 2005; NEIVA, VEJA, 2005).

As mamas, na mulher, não representa apenas o correspondente a uma estrutura anatômica ou são apenas destinadas à produção de leite,como nos mamíferos placentários 

inferiores, ou devem serconsideradasexclusivamentecomo glândulassudoríparas. Mas, fundamentalmente,constituemórgãosde inter-relações humanas de inquestionável significado estético-sexual.

Em termos futuros, o presente trabalho evidência e propões que, a falta de conscientização por parte das mulheres da importância e da realização dos exames para detecção do câncer de mama, tem sido considerada a principal causa da alta incidência por esta neoplasia e que a busca do diagnóstico do câncer de mama em fases iniciais juntamente à incorporação e adoção de condutas terapêuticas sempre atualizadas, poderá acelerar o passo no sentido de aumentar e melhorar a sobre vida das mulheres com câncer de mama.

Desta forma, o tratamento do câncer de mama, hoje, exige uma equipe multidisciplinar que trate a mulher na sua integridade física e psíquica e não apenas no aspecto da doença câncer (FEDRIZZI et al., 1999).

 

5. REFERÊNCIAS

ALBERT, et al. Fundamentos da Biologia Celular - Uma introdução à biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 1999.

ALVES, Emmanuel. Anatomia Topográfica. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1962.

ARCOVERDE, Denise - Amamentação - Online. Disponível em: <hrrp://www.aleitamento.org.br/arquivos/funcbio.htm> Acesso em: 06/09/2004.

BARBOSA, Márcia Tânia. Câncer de Mama: Doença características de mulheres que se doam demais. Revista Geração Saúde. São Paulo, 09, 01, 24-27, 04/2005.

BENNET, Jc e PLUM, F. Cecil. Tratado de Medicina Interna. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

BEREK, et al. Tratado de Ginecologia . 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

COTRAN, R.S. Robim – Base Patológica das Doenças. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

LOPES FARIAS, José de – PatologiaEspecial Com Aplicações Clínicas. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

FEDRIZZI, E. N. et al. Manual de Terapêutica Ginecologica e Obstetrícia. Associação Catarinence de Medicina. 2. ed. Florianópolis, 1999.

FREITAS, et al. Rotinas em Ginecologia. 3. ed. Porto Alegre: Artes médicas, 1997.

GRAY, Henry. Anatomia .2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan , 1977.

HEGG, Roberto -Doença Benignas da mama. São Pulo: Sandoz, 1993.

INCA. Coordenação Nacional de Controle do Tabagismo, Prevenção e Vigilância do Câncer (Comprev). Falando sobre câncer de mama. Rio de janeiro: MS/INCA, 2000).

INCA, Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: http: www.inca.gov.br – Acesso em: 03/09/2005.

Dr. SABRINA. Novas armas contra o câncer de mama. A Crítica,Manaus, 22 maio 2005. Caderno de Saúde, p.3.

LATARJET, e LIARD, A. R. Anatomia Humana. 2. ed. São Paulo: Panamericana, 1993.

MACIEJEWSKI et al. Mammary fland anatomy and the role of mammograplhy and ultrasonography in the early diagnostics of breast câncer. A case report. Departament of Human Anatomy, Medial University School of Lublin, Poland, ffolia Morphol (Warsz). 2003 Nov; 62(4):519-21. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=14… Acesso em 24/09/2005.

MOORE, Keith L. ; AGUR, Anne M.R. – Fundamentos de Anatomia Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

MOORE e PERSAUD - Embriologia Básica – 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

MUKHERJEE e SINHÁ; Burdon, John Sanderson Haldane. Jornal Indian Med. Assoc. Oct. 1st, 45(7):391-2., 1965.

QUAGLIA, D.R.G.E. – O paciente e a Intersexualidade: Aspectos clínicos, Endócrino, Anatomopatológicos e Genéticos. São Paulo: Editora Sarvier, 1980.

NEIVA, Paula – Os triunfos sobre o câncer de mama – Revista Veja, Porto Alegre, 37, 46, 150-157, 11/2004.

ZHANG, Shu-Xin – Atlas de Histologia - Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 1999.

NETTER, Franck H. M.D. Atlas de Anatomia Humana. São Paulo: Panamericana, 1993.

ROCHA, Breno - Sistema Reprodutor Seios III. Disponível em: http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/genitais/seios/seios/3.html. Acesso em: 09/09/2004.

UNIFESP. Disponivel em: http://www.unifesp.br/dgineco/mama.htm(http://www.sbmastologia.com.br)(http://www.cancerdemama.org.br) . Acesso em: 09/09/2005.

Online: Disponível em: planeta.terra.com.br/.../image004.jpg, Acesso em: 08/08/05.

CBFÍSIO. Disponível em: http:www.cbfísio.com.br/.../notícias/cancermamar.jpg. Acesso em: 03/09/05.